WHIRL ISLANDS DUNGEON #1

Por que caralhos esse Feraligatr não consegue usar Whirlpool direito? Toda hora que encontra a porra de um redemoinho não consegue controlar a força da natureza a nosso favor. Every-Fucking-Time! Logo de primeira foi compreensível... E Matthew NUNCA gritaria com o bff dele, mas PUTA MERDA, DE NOVO? QUAL FOI AMIGÃO? CADÊ O MONSTRÃO?

Era humilhação demais depois de salvar todo aquele ecossistema. Se Arceus existisse, ele não estava grato. Mas tudo bem, karma is a bitch e se esse fucking arquipélago precisar de alguma ajuda minha, mesmo que mínima, não vai ter! Faria o meu trabalho deixando Matthew longe de problemas e não queria mais saber daquele lugar. FODA-SE A LENDA DE LUGIA. FODA-SE OS ESTUDOS DO PAPAI. FODA-SE DA...

— Erfera... ahilo ão wowo? - Forçava a visão antes de tomar qualquer atitude e não conseguia chegar em conclusão alguma... ao menos em nenhuma sensata.

"Eu bati a cabeça com muita força, só pode." - controlei a vontade de manifestar pensamento enquanto mordia aquele cipó da mordaça.

Devagar a cena se revelava. Ainda não fazia sentido, mas ao que tudo indicava eles tinham confiscado as pokébolas... Mas e quanto ao Feraligatr e Blastoise que estavam fora das esferas? Minha cabeça ainda doía, diferente dos pulsos que não foram tão apertados quanto se deveria em um nó.

Todo aquele novo ambiente só me fazia questionar se eu teria de usar a força? Tudo bem que a gente tem músculos de tanto que treinou com Emboar, mas depois de ser sugado por redemoinhos duas vezes, ser arrastado na praia, correr pra desarmar bombas e lutar psicologicamente contra rockets aquele corpo já pedia socorro. O pior era a mente que não conseguia acompanhar, mas se eu não estivesse no controle, quem estaria? O drama queen? Matthew ainda estava fragilizado demais e não sabia se teriam mais rockets na ilha de número 4 marcada no mapa encontrado na cabana dos rockets, identificado no arquipélago e fixada como referência para explorar pela IA, que tinha o código interno com a numeração deles, atrás da grande criatura branca na fotografia encontrada.

Depois de mascar fora o cipó da boca dizia:

— Algum plano mirabolante menino-sereia? Porque essa experiência no mar ta sendo incrível. Muito obrigado pelo convite.

Ironia? Imagina.

Não importava se Tachikawa não pensasse em algo decente. Só precisava de tempo para entrar no eixo e visualizar alguma brecha de sair do filme da disney sem a ajuda dos pokémon. Ou ao menos até encontrar uma maneira de recuperar ao menos um dos pokémon... Talvez os cocos tivessem dado mole e deixado passar uma esfera.

OFF: cóe fanfiqueiro, o matte já ta puto (desculpe o palavreado, mas a persona exige) e o matthew ta em crise em algum lugar lá dentro. vai sobrar até pro daisuke, então se houver massacres, não me responsabilizo por destruir sonhos.

Quando perguntei se ele tinha alguma estratégia, esperava que ele ME CONSULTASSE antes de tomar alguma atitude. Não que eu esperasse que Daisuke me considerasse o líder da exploração, ou algo do tipo, mas não foi assim que tratei ele na primeira ilha. Espera. Que sentimento era esse? Traição? Ainda era novo essa questão de "me importar" com alguém que não fosse nós, mas fazia isso porque era a vontade de Matthew, só que Tachikawa estava deixando essa relação insuportável. Se ao menos tivesse sido um plano sensato, mas como ele chama atenção mesmo com a gente tentando se desamarrar? Como é que o Matthew aguenta alguém tão imprudente?

— VOCÊ TEM ALGA NO LUGAR DOS MIOLOS OU NÃO PENSA NA CONSEQUÊNCIA DAS SUAS AÇÕES? - reclamava, nitidamente irritado, entre as pauladas, querendo me juntar aos cocos para bater no cabeça de alga.

Ao menos durante o espancamento sentia que havia uma pokébola esquecida por eles. Só precisava verificar quem era e como usar as habilidades desse/a para resgatar os outros e destruir a felicidade de uma nação.

— Olha. O Matthew te ama. Eu não entendo porquê, mas também não me interessa, só que isso significa que não posso te abandonar. Então se você quiser sobreviver é melhor pensar muito bem antes de nos colocar em perigo. Eu só existo por causa dos traumas dele, e adicionar a morte de um amigo não vai ajudar o garoto. Então se você puder, por favor, não se matar, eu também não te mato. Fechado? - Enquanto mais coisas sem sentido aconteciam, o que me fazia ter mais certeza que tinha tido batido a cabeça, reparava nos detalhes que mais interessavam, como o caldeirão e as balls próximo a ele. - Eu seguro eles enquanto você recupera nossos pertences.

Eu estava depositando... "fé" mais uma vez em Tachikawa? Certeza que isso era influência do Matthew de alguma forma.

— É por merda desse tipo que eu existo. E tem sim, é só parar de colocar a gente em perigo, cabeça de alga. - respondia à provocação anterior.

Quanto ao plano, aparentemente ele daria conta.

— Sem usar movimentos brutos ou agressivos. Seja discreto.

Com isso, terminava de me desamarrar e esperava ele sair de fininho para me levantar e estragar a festa, já segurando a pokébola em mãos, sem mostrar que estava portando o objeto.

— Hakuna Matata! - ok, péssima ideia ser a distração. - Amigão, podemos conversar ou vou precisar te enfrentar no soco?

Discretamente olhava para a parte translúcida da esfera para saber qual dos pokémon estava em minha posse. Ao menor sinal de ameaça, liberaria o pokémon, mesmo sem saber ainda de quem se tratava, mas esperava que fosse Pinsir, já que diferente dos leais de Matthew ela não tinha problemas em seguir ordens diretas e sem floreios.

Aparentemente não haveria diálogo como estava acostumado, mas pensei que poderia imitar o gestual dele e tentar me comunicar de outra forma. Duas situações poderiam acontecer: ele ficar ofendido com um homem branco estrangeiro se apropriar da cultura dele ou gostar da relação e continuar respondendo com a dança. Gostava mais da segunda opção, pois conseguiria manipular e controlar de alguma forma a situação.

Pensando assim, aceitava o desafio, dançando tal qual a sombra do grande guerreiro e liberava a Pinsir Temiscira dianto do grande fungo, pois ela teria uma surpresinha pro cogumelo.

— Vamos bloquear as habilidades do venenoso com seu Mold Break. Daisuke, libera o Emboar!! - esperava que ele fosse rápido, porque não sabia quais as regras daquele desafio, mas já definia que seria uma batalha de duplas. - Pinsir, usa Focus Energy e em seguida X-Scissor no Carnivine! Emboar, duplo Heat Crash no cogumelo grandão! - dizia, já esperando que o porcão descesse como um cometa sobre o venenoso.

Em momento algum temia um ser pelo seu tamanho. Na verdade quanto maior o desafio, maior minha vontade de enfrentá-lo.

Só esperava que Daisuke compreendesse que eu não era o Matthew e que uma batalha em dupla não aconteceria naquele momento sob aquelas circunstâncias porque isso envolveria confiança e ele já mostrou que estava relutante em aceitar algumas coisas. Pelo nosso bem, só esperava que ele pudesse seguir ordens ao menos aquela vez.