O especialista em feéricos sentiu o sangue subir-lhe a cabeça. Brawly era, de fato, bastante atencioso. Talvez, até mais do que deveria ser. Mas Ren não reclamaria disso. Muito pelo contrário, tendo sua face completamente ruborizada, passaria a olhar diretamente para o líder de ginásio por algum bom período, pensando no que este dissera, assim como na forma adequada de respondê-lo. Fora até ali pensando que encontraria alguém que não costumava usar muito a cabeça, mas a realidade era bastante diferente.
O homem de madeixas azuladas mostrava-se bastante reflexivo — apenas não deixava tais sentimentos à mostra o tempo todo. O coordenador sentia-se grato por Brawly confiar-lhe tais pensamentos. — Obrigado, eu acho... Mas sabe, às vezes eu penso que simplesmente precisamos parar de comparar tudo e todos. Sempre haverá algo maior. Talvez, o importante seja apenas... Estarmos nos sentindo bem com nossa própria pessoa — proferiu então, lentamente, divagando dentro de sua mente.
Então, fez uma careta. — Ah, desculpe. Não estava querendo dizer que você não se sente dessa forma, ou qualquer coisa do tipo. Acho que estava falando comigo mesmo mais que outra coisa — disse, tentando explicar-se para o caso de o mais velho pensar algo indelicado. O que, é claro, fez com que o rosto de Ren ficasse ainda mais vermelho. — Desculpe... — murmurou mais uma vez.
O rapaz suspirou. Nos últimos dias, entrara em conflito consigo mesmo diversas vezes. Em algumas, o resultado fora benéfico — como no Dreamy Lake —; contudo, em outras, não fora assim tão bem — tomando como exemplo as notas da apresentação de Arboville. A vida era inconstante, imprevisível. Ren não tinha como saber o que viria em seguida. Mas havia aprendido a agir com o coração, independentemente das circunstâncias.
E era isso que iria fazer, então. Ele tentou abrir um sorriso, enquanto levava a mão esquerda até um bolso de sua mochila. — Eu agradeço por esta conversa que estamos tendo. De verdade, significa bastante para mim — disse ele, em voz baixa. Aproximou-se então de Ísis, colocando a outra mão sobre seu ombro. — Assim sendo, não posso deixar as coisas desse jeito. Se vamos abrir nossos corações, acho justo que a batalha seja travada da mesma forma. Com os sentimentos.
— Ísis, você já fez demais por mim. Por favor, venha para cá — continuou ele, apontando para um espaço atrás de si. Em seguida, lançou uma outra esfera ao ar, uma bastante especial. Enquanto ela se abria, com uma colorida explosão cor-de-rosa, Ren foi concluir sua fala. — Nós falaremos com o coração. Laylah, meu amor, diga a eles tudo que tem em seu peito: Hyper Voice — e com isso, a Sylveon pisava o campo, com suas fitas enrolando-se nas pernas de seu treinador, antes de bramir seu cry, indicando que havia entendido.
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