[Evento] — Devaneios

Charlie estava mais uma vez em Kanto, o que lhe trazia grandes lembranças da missão que fez em Star City. Dessa vez, ele contava com a capacidade de Swellow de carrega-lo para os lugares voando, então teve bastante tempo de devanear sobre as coisas.

Sem muito rumo, por ter esquecido de mostrar o caminho para a voadora, ela batia asas aleatoriamente, até se cansar e descer na cidade mais próxima: Celadon. O ruivo sentia as pernas tocarem mais uma vez o chão, trazendo-o de volta para a realidade.

- Perdoe-me, eu não reparei o quanto estava distante. Acho que meu corpo está aqui, mas minha alma ficou em Hoenn - comentou, afagando a voadora. - Vamos aproveitar a oportunidade para fazer uma pausa. Saffron não está muito longe, então creio que conseguiremos cumprir nossa tarefa

O Criador então recolheu a voadora e liberou seu fiel sapo com um bulbo de flor, que esticou um cipó para enrolar no pulso dele. Aquela dupla tinha uma missão em Kanto: devolver uma doce Sunflora para seu local natal, em Saffron. Porém, como o destino os colocou naquele local, o mais correto era ver o que lhes aguardava.

O garoto se surpreendia já de inicio com aquela cidade, pois não era a mais convencional. Isso se mostrava principalmente por um jardim de girassóis que traziam a famosa cor da felicidade para os olhos do ruivo, que abria um sorriso. Ivysaur já era um gramíneo descontrolado, mas vendo a flor favorita ele não tardou para se enfiar no meio delas e sentir toda a energia positiva que exalavam. Reparando que havia uma menina por perto, o Criador ficava preocupado e tentava segurar o sapo antes que ele destruísse qualquer coisa.

- Peço desculpas pelos modos dele - disse, dando um abraço no Pokémon, que começou a relaxar. - Ele adora flores. E tem uma peculiar preferência pelos girassóis - continuou, abrindo um sorriso caloroso. - Aliás, essas flores são suas? São realmente muito bem cuidadas - admirou.

Charlie ouvia a garota dizer que aquele era um jardim público e se surpreendia ainda mais. Petalburg era uma cidade com muitas flores, porém não era raro ver pessoas vandalizarem essas plantas. Sem dúvida, aquela era uma cidade peculiar que valia ser conhecida.

- Eu adoro. A alguns anos atrás eu comecei a cuidar do meu próprio jardim no quintal de casa. Peguei o jeito rápido e me apaixonei desde então. Mas, eu queria conhecer o mundo vasto além dos meu cercados, então eu me aventurei na Criação Pokémon - divagou, abrindo um sorriso. - Eu também acredito no poder de comunicação das plantas. Ele é bem complexo, acredito que Ivysaur entenda mais do que eu, mas gosto de pensar que quando elas desabrocham e revelam toda sua beleza e cor, é quando eu sei que estou fazendo algo certo

O ruivo apenas assistia a brincadeira de Ivysaur com a garota e notava o quão bom ele era em socializar com estranhos. Para que não aproveitassem sozinhos, o menino então liberou também Audino e Ponyta, que também pareciam ser grandes fãs das flores locais.

- Gosto de pensar que tudo aquilo que vive, sonha. Podemos não ter os mesmos sonhos, nem a mesma forma de assisti-los, mas com toda certeza temos - respondeu, massageando o cabelo de Ponyta. - E discordo em partes de sua irmã. Embora eu não acredite que elas estejam sempre tristes, imagino que também são capazes de sentir. Como demonstram é particular de cada flor, mas isso também se aplicaria a nós humanos

Charlie começava a estranhar o comportamento da menina, mas não fazia nada. Olhando a Pokébola de Dracovish, ele analisava as possibilidades de caos daquele Pokémon, porém também sabia que não poderia deixa-lo preso para sempre.

- Bom, imagino que pesadelos são sonhos que não planejávamos ter, porém algo o desencadeou. Então, sim, flores tem pesadelos - respondeu, depois liberou Dracovish. - Esse grandalhão é um tanto nervoso. Costumava ser um Pokémon avoado, desligado da nova realidade. Mas agora ele está diferente. Contudo, ainda há uma parte dentro dele que me reconhece. Lá no fundo, ele deve gostar de mim - brincou. - Aliás, falou de sua irmã. São bem próximas? Ela está por aqui?