— Mais importante? — A moça repetiu, erguendo as sobrancelhas em inevitável surpresa.
— Sério? Mais que o prédio principal? Mas achei que eram só barcos de entrega ou viagem, sei lá... — Pontuou, pendendo com discrição a cabeça para a lateral. Aquilo, por si só, não era uma enrolação; Claro, podia ser que o homem estava simplesmente aumentando a importância do próprio posto mas, caso não, era... Um fato extremamente anômalo, De qualquer jeito, não acreditava que aquilo por si só era digno de sua atenção, principalmente levando em consideração que, uh, tinha um trabalho a fazer, sabe?
— Ah! Precisa disso, é? — Ela piscou, endireitando o pescoço e, despretensiosamente, apoiando os braços cruzados sob o limiar da janela da guarita, um sorriso ameno brincando nos lábios.
— E o que precisa fazer pra ser convidada? Mas, mais importante... — Inclinou um pouquiiinho mais, interessada.
— Você pode oferecer esse convite? — Quis saber, os orbes esmeralda cintilando despretensiosamente na direção no homem. Particularmente, não tinha certeza se queria ou não ir para o outro lado da cerca mas, bem, agora que já tinha apontado o interesse, não podia simplesmente virar as costas e ir embora, né?
...Foi a baderna e a gritaria repentina, porém, que a fez desviar a atenção daquele projeto de segurança/porteiro. Ciente de que não poderia simplesmente ignorar a situação sem parecer suspeita, o tronco se moveu com suavidade para que pudesse olhar para trás; A ruiva suprimiu um sorriso, então, quando as pupilas identificaram um dos navios da corporação se afastando rapidamente do litoral - a preocupação também veio, porém, pois não imaginava que
todo mundo perceberia a estranheza do ato
tão rápido daquele jeito. A única coisa que lhe acalmava era que, querendo ou não, a recuperação daquele veículo não seria tão simples; E, mesmo que o fizessem, uma investigação mais apurada seria necessária por cada um dos cômodos daquele meio de transporte para descartarem a possibilidade de invasão.
— É sempre assim quando um dos navios vai embora? — Perguntou ao homem, então, um riso manso escapando dos lábios, a faceta de quem não compreende a gravidade de toda a situação - e nem poderia, afinal, não estava só conversando com o cidadão, até aquele exato instante?
— Vocês aqui são um pessoal estranho! Fazem barulho por pouca coisa, fazem instalações até nos esgotos... — Comentou, deixando um gancho mais que óbvio para atrair a atenção do segurança.
— Sinceramente, nunca vi isso antes, em nenhuma cidade que fui. Aqui é mesmo tudo diferente, né? Uma aventura a cada esquina! — Riu, balançando a cabeça com suavidade enquanto retirava, discreta, uma de suas pokéballs do bolso.
Dela, liberou Reuniclus mais uma vez, e isso por um motivo bem simples: Seria mais fácil que seu amado Rotom enxergasse um grande, gelatinoso, verde e flutuante pokémon no meio do porto do que se tivesse que ficar procurando por isso, aquilo ou aquilo outro para localizá-la. Paciente, a treinadora afagou com delicadeza a cabeça de seu psíquico, um sorriso simples no rosto por conta do
cry animado que ele deixou escapar.
— Kal, dá uma subidinha. — Pediu, para não soar esquisito simplesmente ter tirado o monstrinho da cápsula porque
sim.
— Vê se tem algo de interessante nessa arruaça toda. — Disse, apontando para o aglomerado de pessoas no limiar do porto. Desse jeito, também seria uma sinalização para onde Balthazar deveria retornar, então... É. Restava esperar, de certa forma.
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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?