Já é de praxe que situações desesperadoras, muitas vezes, requerem medidas desesperadas. Ora, desde o começo daquela bendita missão havia tido de se equilibrar pateticamente em uma corda bamba - a única diferença é que, até então, em momento algum tinha batido com a testa em um maldito de um beco sem saída como aquele no qual estava agora.
Não tinha muito tempo, mas era suficiente. Podia tentar sair do contêiner e fugir, correr uma maratona e não olhar para trás - entretanto, porém, contudo e todavia, não sabia se estava muito interessada em uma perseguição que podia custar muito, muito para si. Foi por isso que, abandonando a ideia de sair daquele contêiner, a moça respirou fundo e retornou para a respectiva esfera o belíssimo elétrico que a auxiliava ao que ele voltou e apresentou negativa para sua pergunta de se a barra estava limpa, libertando mais uma vez Cofagrigus e, dessa vez, Nidoking. O roedor torceu o focinho e observou, com certa confusão, o interior relativamente apertado e fechado no qual estavam presos daquela vez.
— ...Navi. — Chamou, retirando a Rocket Ball perdida em seus pertences e arremessando-a ao pokémon, despretensiosamente. Encolhida e consequentemente inutilizada, efeito algum o objeto teve no fantasma. — Guarde. — Instruiu, observando a maneira simplória com a qual a tampa do sarcófago se abriu e, sem nenhum cuidado, o animal arremessou aquele projeto de bola de gude para seu interior oco, batendo a superfície e aprisionando o objeto ali dentro. A situação não a preocupava: Não seria a primeira vez que faria algo do tipo, e também não eram raras as ocasiões que havia testemunhado pokémons engolindo e sumindo com pokéballs por aí - e pontuo isso apenas como um back-up para a situação. — Incinere isso aí. — Acrescentou, estendendo o crachá para o espécime egípcio, que se divertiu criando flâmulas e forçando-as contra o artefato.
— ...Zuby. — Virou para o arroxeado, então, um suspiro inquieto escapando enquanto os dedos trabalhavam em retirar o macacão vestido por cima das roupas. — Eu preciso que você me bata. — Sentenciou, encolhendo os ombros com discrição ao passo que o bípede torceu a expressão em uma careta indignadíssima, negando ferozmente com a cabeça e recuando, cruzando os braços em frente ao peito e emitindo um grunhido incomodado, nervoso. Em contrapartida, foi Cofagrigus que desviou brevemente a atenção de sua tarefa para prestar atenção à conversa, um brilho sádico cintilando com certa excitação em seus olhos escuros. A ruiva tinha consciência de que aquele era um problema que não poderia tomar mais ainda seu tempo; De qualquer jeito, foi com paciência que arremessou o macacão de qualquer jeito no lado oposto do contêiner, como se alguém o houvesse feito com certa pressa enquanto abandonava o local. Sobre ele, a treinadora jogou o walkie talkie, voltando-se para a mochila e se abaixando perto dela.
— Escute, eu sei que você não quer. — Disse, balançando a cabeça e retirando um par de cordas abandonado ali dentro desde a exploração à Granite Cave. — ...Mas, se você não fizer, acabou pra mim, Zuby. Eu tô ferrada. Eu preciso da sua ajuda. — Insistiu, retirando um pedaço de tecido da mochila, o colocando em volta da cabeça para se certificar de que o comprimento era suficiente. Por fim, retirou de um bolso interno um pequeno cadeado com senha numérica, passando-o pelo fecho de um dos zíperes e o deixando aberto para receber o outro.
Ainda tinha o fato de que, mesmo com tudo isso, acabasse entrando pelo cano de uma maneira ou de outra.
Mas, sabe como é... Não precisava revelar esse detalhe, sabe?
— Vai ficar tudo bem. — Disse, enfim, ao novamente se erguer e encarar o dócil dinossauro. — Você precisa confiar em mim. — Acrescentou, rápido, a respiração indo e vindo com inquietação. — ...Bate, Zuby. Só... Não precisa ir com toda a força, tá? — Deixou um riso sem jeito escapar, a cabeça balançando com suavidade e os orbes esmeralda cintilando na direção de seu pokémon. Ela ainda era capaz de perceber a hesitação faiscando em cada um dos movimentos do venenoso mas, oh, aquele era um laço firme o suficiente para que o espécime não tivesse tantas dúvidas quanto às decisões de sua dona.
...não que isso fosse, necessariamente, uma coisa boa. Sabe como é, às vezes nem ela tinha a menor ideia do que estava fazendo. Ha, ha...
Enfim, o fato é que: Os ponteiros do relógio corriam e, querendo ou não, o terrestre era capaz de detectar a urgência nas palavras e nos trejeitos de sua mentora. Apesar do receio, então, o grandão aproximou-se devagar, respirando fundo e cerrando as garras em um projeto de punho, os olhos escuros passeando pelo corpo frágil antes que as pálpebras caíssem em silêncio, indo contra tudo aquilo que todos os seus instintos lhe ordenavam fazer ou deixar de.
O primeiro soco veio na boca do estômago, duro, áspero - e, ainda que não fosse com força total, a diferença de ofensiva e resistência entre moça e réptil se demarcou com violência ao arrancar-lhe o ar de uma vez e forçá-la a cuspir uma pequena parcela de saliva. O equilíbrio do corpo foi-se quase que de imediato, as pernas cambaleando para trás e os membros quase de imediato sendo aprisionados pelas mãos negras de Cofagrigus, fortes, o sorriso aberto do sarcófago cintilando na escuridão. Mas, oh, não se engane; Ele não o fazia simplesmente para auxiliar sua treinadora, não; Suas atitudes eram meramente para que a imobilização facilitasse o trabalho de Nidoking para seu próprio bel-prazer, e foi com uma careta irritada que o arroxeado recebeu as atitudes do fantasma.
Impotente, porém, obedeceu em silêncio ao pedido da ruiva, soco pós soco, pancada pós pancada, colorindo a tez pálida e macia com tons sórdidos de roxo e vermelho, tecendo uma colcha de retalhos maldita que minava as energias da donzela e impunha marcas que demorariam sabem-se lá quantos dias para começar a desaparecer. Músculos trêmulos, visão quase embaçada pelo murro bem dado do bípede venenoso na face esquerda, roupas bagunçadas como consequência - e foi com um gaguejo de "chega" que o pokémon enfim se aliviou em retroceder com mais violência do que a qual havia utilizado para espancar a jovem, muito pouca sendo a distância que quase o fizera cair pra cima do sádico fantasma que, divertido, deliciava-se com aquela amaldiçoada situação.
Respira, respira.
...um riso oco e abafado na garganta foi a prova de que devia estar perdendo a sanidade para optar por aquele tipo de saída. No fim das contas, porém, se tudo desse errado, queria no mínimo fazer o possível para se passar por inocente, independente do que isso pudesse significar.
— Obrigada, Zuby. — Sussurrou. Um puxão fraco foi suficiente para que Navi a largasse de vez - e foi graças ao terrestre que não se estabacou com tudo no chão, dando um olhar de esguelha e estreito na direção do fantasma. Consciente de que não tinha muito tempo, os músculos forçaram através da dor (ora, não seria a primeira vez) e a moça agarrou uma das cordas largadas na frente, amarrando cuidadosamente os tornozelos um com o outro, firmando um nó forte. Então, retornou o dinossauro para sua esfera, largando-a dentro da mochila e volvendo a atenção para o sarcófago. — ...Preciso que você amarre minhas mãos. — Pediu, simplesmente, apontando com a cabeça para o pedaço de corda restante. Primeiro, amordaçou-se com o tecido retirado anteriormente, fazendo um nó firme atrás da cabeça - então, tomando a esfera de Navi entre os dedos, colocou os pulsos juntos atrás das costas, revirando os olhos com a graciosidade e a firmeza nada gentil com a qual o egípcio fazia questão de aprisionar os braços. Apesar da dificuldade da movimentação, não foi preciso muito para pressionar a pokéball e retornar o fantasma para seu interior, puxando a mochila com as pontas dos dedos livres e enfiando a esfera do animal com todo o cuidado ali dentro. Após isso, bastou um pouco de paciência para que puxasse o zíper e o juntasse ao primeiro fecho, pressionando o cadeado e trancando o conteúdo da mochila do lado de dentro.
...respira, suspira. Largou-se com peso no chão do contêiner, girando para um pouquinho longe da mochila, os cabelos espalhando-se pelo metal e as pálpebras enfim se permitindo cair, o corpo rogando por um pouco de descanso após forçá-lo além do limite - mas, hah, sobrevivência era essencial e, bem, não queria apodrecer na cadeia por estar tentando consertar as burrices daquela organização maldita, sabe?
...as pálpebras caíram, cansadas. Não devia levar muito tempo antes que curiosos percebessem funcionários abrindo os contêineres e, sinceramente, duvidava que precisasse se preocupar tanto até que algum vídeo escapasse na internet para que o verdadeiro fuzuê começasse. A verdade é que ali estava presa entre um oito ou oitenta - e não sabia se preferia que a achassem ali dentro ou que fosse forçada a se livrar, devagar e sempre, sozinha.
Era tarde demais para pensar a respeito, de qualquer forma.
Missão maldita.
Não tinha muito tempo, mas era suficiente. Podia tentar sair do contêiner e fugir, correr uma maratona e não olhar para trás - entretanto, porém, contudo e todavia, não sabia se estava muito interessada em uma perseguição que podia custar muito, muito para si. Foi por isso que, abandonando a ideia de sair daquele contêiner, a moça respirou fundo e retornou para a respectiva esfera o belíssimo elétrico que a auxiliava ao que ele voltou e apresentou negativa para sua pergunta de se a barra estava limpa, libertando mais uma vez Cofagrigus e, dessa vez, Nidoking. O roedor torceu o focinho e observou, com certa confusão, o interior relativamente apertado e fechado no qual estavam presos daquela vez.
— ...Navi. — Chamou, retirando a Rocket Ball perdida em seus pertences e arremessando-a ao pokémon, despretensiosamente. Encolhida e consequentemente inutilizada, efeito algum o objeto teve no fantasma. — Guarde. — Instruiu, observando a maneira simplória com a qual a tampa do sarcófago se abriu e, sem nenhum cuidado, o animal arremessou aquele projeto de bola de gude para seu interior oco, batendo a superfície e aprisionando o objeto ali dentro. A situação não a preocupava: Não seria a primeira vez que faria algo do tipo, e também não eram raras as ocasiões que havia testemunhado pokémons engolindo e sumindo com pokéballs por aí - e pontuo isso apenas como um back-up para a situação. — Incinere isso aí. — Acrescentou, estendendo o crachá para o espécime egípcio, que se divertiu criando flâmulas e forçando-as contra o artefato.
— ...Zuby. — Virou para o arroxeado, então, um suspiro inquieto escapando enquanto os dedos trabalhavam em retirar o macacão vestido por cima das roupas. — Eu preciso que você me bata. — Sentenciou, encolhendo os ombros com discrição ao passo que o bípede torceu a expressão em uma careta indignadíssima, negando ferozmente com a cabeça e recuando, cruzando os braços em frente ao peito e emitindo um grunhido incomodado, nervoso. Em contrapartida, foi Cofagrigus que desviou brevemente a atenção de sua tarefa para prestar atenção à conversa, um brilho sádico cintilando com certa excitação em seus olhos escuros. A ruiva tinha consciência de que aquele era um problema que não poderia tomar mais ainda seu tempo; De qualquer jeito, foi com paciência que arremessou o macacão de qualquer jeito no lado oposto do contêiner, como se alguém o houvesse feito com certa pressa enquanto abandonava o local. Sobre ele, a treinadora jogou o walkie talkie, voltando-se para a mochila e se abaixando perto dela.
— Escute, eu sei que você não quer. — Disse, balançando a cabeça e retirando um par de cordas abandonado ali dentro desde a exploração à Granite Cave. — ...Mas, se você não fizer, acabou pra mim, Zuby. Eu tô ferrada. Eu preciso da sua ajuda. — Insistiu, retirando um pedaço de tecido da mochila, o colocando em volta da cabeça para se certificar de que o comprimento era suficiente. Por fim, retirou de um bolso interno um pequeno cadeado com senha numérica, passando-o pelo fecho de um dos zíperes e o deixando aberto para receber o outro.
Ainda tinha o fato de que, mesmo com tudo isso, acabasse entrando pelo cano de uma maneira ou de outra.
Mas, sabe como é... Não precisava revelar esse detalhe, sabe?
— Vai ficar tudo bem. — Disse, enfim, ao novamente se erguer e encarar o dócil dinossauro. — Você precisa confiar em mim. — Acrescentou, rápido, a respiração indo e vindo com inquietação. — ...Bate, Zuby. Só... Não precisa ir com toda a força, tá? — Deixou um riso sem jeito escapar, a cabeça balançando com suavidade e os orbes esmeralda cintilando na direção de seu pokémon. Ela ainda era capaz de perceber a hesitação faiscando em cada um dos movimentos do venenoso mas, oh, aquele era um laço firme o suficiente para que o espécime não tivesse tantas dúvidas quanto às decisões de sua dona.
...não que isso fosse, necessariamente, uma coisa boa. Sabe como é, às vezes nem ela tinha a menor ideia do que estava fazendo. Ha, ha...
Enfim, o fato é que: Os ponteiros do relógio corriam e, querendo ou não, o terrestre era capaz de detectar a urgência nas palavras e nos trejeitos de sua mentora. Apesar do receio, então, o grandão aproximou-se devagar, respirando fundo e cerrando as garras em um projeto de punho, os olhos escuros passeando pelo corpo frágil antes que as pálpebras caíssem em silêncio, indo contra tudo aquilo que todos os seus instintos lhe ordenavam fazer ou deixar de.
O primeiro soco veio na boca do estômago, duro, áspero - e, ainda que não fosse com força total, a diferença de ofensiva e resistência entre moça e réptil se demarcou com violência ao arrancar-lhe o ar de uma vez e forçá-la a cuspir uma pequena parcela de saliva. O equilíbrio do corpo foi-se quase que de imediato, as pernas cambaleando para trás e os membros quase de imediato sendo aprisionados pelas mãos negras de Cofagrigus, fortes, o sorriso aberto do sarcófago cintilando na escuridão. Mas, oh, não se engane; Ele não o fazia simplesmente para auxiliar sua treinadora, não; Suas atitudes eram meramente para que a imobilização facilitasse o trabalho de Nidoking para seu próprio bel-prazer, e foi com uma careta irritada que o arroxeado recebeu as atitudes do fantasma.
Impotente, porém, obedeceu em silêncio ao pedido da ruiva, soco pós soco, pancada pós pancada, colorindo a tez pálida e macia com tons sórdidos de roxo e vermelho, tecendo uma colcha de retalhos maldita que minava as energias da donzela e impunha marcas que demorariam sabem-se lá quantos dias para começar a desaparecer. Músculos trêmulos, visão quase embaçada pelo murro bem dado do bípede venenoso na face esquerda, roupas bagunçadas como consequência - e foi com um gaguejo de "chega" que o pokémon enfim se aliviou em retroceder com mais violência do que a qual havia utilizado para espancar a jovem, muito pouca sendo a distância que quase o fizera cair pra cima do sádico fantasma que, divertido, deliciava-se com aquela amaldiçoada situação.
Respira, respira.
...um riso oco e abafado na garganta foi a prova de que devia estar perdendo a sanidade para optar por aquele tipo de saída. No fim das contas, porém, se tudo desse errado, queria no mínimo fazer o possível para se passar por inocente, independente do que isso pudesse significar.
— Obrigada, Zuby. — Sussurrou. Um puxão fraco foi suficiente para que Navi a largasse de vez - e foi graças ao terrestre que não se estabacou com tudo no chão, dando um olhar de esguelha e estreito na direção do fantasma. Consciente de que não tinha muito tempo, os músculos forçaram através da dor (ora, não seria a primeira vez) e a moça agarrou uma das cordas largadas na frente, amarrando cuidadosamente os tornozelos um com o outro, firmando um nó forte. Então, retornou o dinossauro para sua esfera, largando-a dentro da mochila e volvendo a atenção para o sarcófago. — ...Preciso que você amarre minhas mãos. — Pediu, simplesmente, apontando com a cabeça para o pedaço de corda restante. Primeiro, amordaçou-se com o tecido retirado anteriormente, fazendo um nó firme atrás da cabeça - então, tomando a esfera de Navi entre os dedos, colocou os pulsos juntos atrás das costas, revirando os olhos com a graciosidade e a firmeza nada gentil com a qual o egípcio fazia questão de aprisionar os braços. Apesar da dificuldade da movimentação, não foi preciso muito para pressionar a pokéball e retornar o fantasma para seu interior, puxando a mochila com as pontas dos dedos livres e enfiando a esfera do animal com todo o cuidado ali dentro. Após isso, bastou um pouco de paciência para que puxasse o zíper e o juntasse ao primeiro fecho, pressionando o cadeado e trancando o conteúdo da mochila do lado de dentro.
...respira, suspira. Largou-se com peso no chão do contêiner, girando para um pouquinho longe da mochila, os cabelos espalhando-se pelo metal e as pálpebras enfim se permitindo cair, o corpo rogando por um pouco de descanso após forçá-lo além do limite - mas, hah, sobrevivência era essencial e, bem, não queria apodrecer na cadeia por estar tentando consertar as burrices daquela organização maldita, sabe?
...as pálpebras caíram, cansadas. Não devia levar muito tempo antes que curiosos percebessem funcionários abrindo os contêineres e, sinceramente, duvidava que precisasse se preocupar tanto até que algum vídeo escapasse na internet para que o verdadeiro fuzuê começasse. A verdade é que ali estava presa entre um oito ou oitenta - e não sabia se preferia que a achassem ali dentro ou que fosse forçada a se livrar, devagar e sempre, sozinha.
Era tarde demais para pensar a respeito, de qualquer forma.
Missão maldita.