Ato 1: Funeral de Gold

Perspectiva de Yellow.

Uma vez ouvi minha avó dizer que quem não sabe o que é a vida, jamais poderá saber o que é morte.  

Muito provavelmente era só uma daquelas frases ditas por algum pensador que viveu muito tempo atrás, sabe? Mas aquilo ressonou dentro de mim ao ponto de nunca esquecer, mesmo estando feliz e pensar positivo quase cem por cento do tempo. Todo mundo sabe que geralmente sou eu a que anima todo mundo, que sempre traz alegria, lembra dos aniversários, para com as brigas. Sabe aquelas coisas que você escuta uma vez na vida e, pá, você lembra pra sempre? Pois é. Aquela frase que eu falei mais cedo ficou para sempre gravada na minha memória e, é, não tinha serventia nenhuma até que tudo aconteceu.

Era para eu estar ali. Se eu não tivesse sido tão fraca e deixado Jirachi tomar conta do meu corpo, era para eu, Yellow, estar aprisionada uma pedra. "Um brinde à liberdade", argh. Gold se sacrificou por mim e sequer consigo olhar sua imagem por muito tempo sem sentir calafrios. Uma covarde, eu sei. Parece que algo estalou dentro de mim desde aquele fatídico dia, como uma chave que liga e desliga um interruptor... O meu desligou qualquer alegria que sentia e transmitia para os outros. Fazem meses que não sei o que é rir de verdade. Crystal se preocupa e não saiu do meu lado um único dia, ela até tenta me animar, mas em vão.  

O mínimo que podia fazer era tomar um banho depois de incontáveis dias deitada na cama. Ele merece pelo menos isso. A fresta da porta da casa de Crystal, em New Bark, mostra sombras e mais sombras passando de um lado para o outro. Sei que são a própria e Silver, preocupados. Se eu fizer um esforço até consigo ouvir a conversa... Mas esforço é a última coisa que quero fazer. O travesseiro está confortável, Chuchu finalmente parou de tentar me animar a qualquer custo e a coberta está quentinha. Às vezes... Às vezes fico parada por muito tempo sem me mexer ou respirar, para tentar me sentir como ele. Uma pena que o corpo humano aja involuntariamente, né? Se dependesse de mim, eu ficaria nessa posição para sempre.  

— ... — deve ser Crystal batendo na porta. Queria poder responder para me deixar em paz, mas não sei. Apesar do banho tomado e do vestido preto já amarrotado de estar deitada na cama, eu devo isso ao Gold — Já vou.

Crystal respondia um "Sem pressa, iremos te esperar lá na frente!" com um pesar muito bem disfarçado na voz. E não posso culpá-la, huh? Perseverança é o sobrenome dessa garota. Todo dia cuidando de mim — ou pelo menos tentando — com tanto carinho. Sou uma ingrata, eu acho. Estou aqui reclamando de ter que levantar para ir ao velório do garoto que deu sua vida por mim, por nós, e dificulto a vida da que está aqui por mim todos os dias.  

Mas tudo bem, acho que tenho esse direito.  

— Tem um terninho pra você ali no armário, Chuchu. Uma vez comentei com a Crystal que você gosta de se fantasiar e ela nunca esqueceu. — consegui sentir um meio sorriso surgindo, mas que logo despontou com o levantar da cama — Vem cá que eu te ajudo a vestir.  

Não dá para negar que um Pikachu vestido de terninho melhora o humor de qualquer um, até o meu, que estava no fundo do poço. Animado, Chuchu deu um pinote e já saiu correndo pela casa, abrindo a porta sozinho. Outro meio sorriso que conseguiu arrancar... Que ratinho bobo.  

Alguns minutos e finalmente criei coragem de sair do quarto. Cada passo que dava na direção da porta era como um soco no estômago. Os dígitos tocaram a maçaneta gelada e a giraram, empurrando com gentileza a porta para o lado de fora. À distância eu conseguia ver tudo muito bem organizado. Pokémon House estava coberto das flores mais lindas e sua entrada com um arco que mostrava que qualquer transeunte era bem-vindo para prestar sua homenagem. Na porta, Crystal e Silver, ela acenando de leve para mim e o garoto completamente indiferente. Foi difícil pra ele também. Para todo mundo, na verdade. Desde que o evento com Jirachi aconteceu, ficamos sem saber o que fazer. Um período de luto difícil para todos.  

— Vamos? — segurei a mão de Crystal, que estava trêmula como um Snorunt — ...

Pesado. Imagine um lugar com uma energia tão forte que é quase possível cortá-la com uma faca. Eram pessoas e mais pessoas chorando, com outras somente observando. O salão, redecorado especialmente para isso, possuía diversos bancos de madeira, enfileirados de forma uniforme, com o bendito monumento em seu centro, repleto de vasos e coroas de flores e algumas velas acesas.  

Mas, o pior não era isso.

Senti minha garganta secar e os olhos encherem d'água quase que de imediato. Exbo, o Typhlosion de Gold estava sentado na frente da estátua. Seu corpo era magro, seu pelo ralinho e duvido que houvesse qualquer força ali para ligar suas chamas. Silver ficou de cuidar dos pequenos dele, mas dizia que, de todos, Exbo era o que mais se isolou. Não comia, não deixava que cuidassem dele, se recusava a voltar para a Pokéball. Inclusive, Aibo e Polibo, também emocionados, se aproximavam de nós três, estendendo as mãos para que nos juntássemos a eles em frente ao monumento.

E juro, ainda assim era muito difícil conseguir olhar para o rosto dele.  

— Gold. — os joelhos caíram sobre o solo e as mãos juntaram-se como em prece; pensei que não fosse ter coragem de conversar com ele, mas saiu naturalmente — Sei que consegue me ouvir. Nesse plano, em outro, onde quer que você esteja. — abaixei a cabeça, engolindo seco uma vez mais — Vamos lá, você é meu irmãozinho mais velho. Volta pra gente. Ou pelo menos mostra um jeito de conseguirmos você de volta. Seus parceiros precisam de você, Crystal, Silver, eu... Todos n-

Um barulho estrondoso me interrompia. Os olhos, cerrados, abriam-se em pressa, procurando a fonte do alarde. E lá estava o ruivo, chutando os vasos de plantas e pisando nas velas acesas. "É injusto demais!", Silver repetia diversas e diversas vezes até Crystal levantar e o amparar. Atônita, tudo que consegui pensar em como aquilo era certamente algo que Gold faria se os papéis estivessem invertidos. Uma atípica atitude para o ruivo, mas típica do moreno, refletida no seu grande amigo mesmo após tanto tempo. De certa forma ele ainda estava por aqui. Era esse o sinal que eu precisava?  

— Espera, Silver! — escapuliu da minha boca ao vê-lo sair como um Tauros enfurecido dali, com Crystal atrás dele; levantei, acariciando um pouco a cabeça de Exbo, que até hesitou em receber o carinho, mas acabou deixando — Não posso te prometer nada, Exbo, mas o sinal que eu precisava estava ali! Vamos fazer de tudo para fazer ele voltar!


Um sorriso estampou meu rosto como há meses não acontecia e senti a energia da Yellow de sempre retornar como uma faísca que atingia todo meu corpo: não adiantava ficar deitada o tempo inteiro afundada em tristeza e não buscar uma solução. Até poderia não dar em nada, mas ao menos tentaríamos. Me pergunto como demorou tanto para isso estalar na minha cabeça! Logo eu que sempre penso positivo e busco soluções a torto e a direito!

Com um sorriso de orelha a orelha e o cabelo desfazendo do coque, corri até o lado de fora e abracei Crystal e Silver ao mesmo tempo. Chuchu pulava de felicidade de um lado para o outro: finalmente sua treinadora estava de volta.

— EU JÁ SE-

— Vou atrás de respostas. — o ruivo me interrompeu, saindo do abraço forçado — Algo sobrenatural deve estar acontecendo por aí. Vou atrás do próprio Jirachi se for possível. Chega de choramingar. — ele não entendia o porquê de eu estar agora chorando e sorrindo ao mesmo tempo, mas concordava plenamente com tudo que dizia! — Sugiro que façam o mesmo.

Obrigada, Silver.  

É exatamente isso que faremos.
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Ato 2: Na fúria do mar

— EEEEEEI! Me espera!

Essa mania do Silver de me deixar falando sozinha não é de hoje. Sei que lá no fundo ele me ama e tudo mais, mas demora para ele prestar atenção nas coisas que eu falo. É quase como quando tem gente que faz aquela leitura diferente de um texto grandão e só lê palavras chaves, sabe? Por aí! Uma coisa ou outra chama atenção dele e o resto ele simplesmente descarta. Mas tudo bem. Faz parte.

Correr sobre essa areia irregular de Olivine é meio difícil com os sapatos que eu estou. Meio aleatório, tá, mas é porque depois de ir atrás de um sequestrador de ovo de Blissey no porto de Lilycove com Mavis, um amigo novo que fiz, a sola do tênis soltou e até agora não consegui colar de volta. A ansiedade era tanta para encontrar Silver de novo que não me importei com mais nada.  

— Ufff. — gosto muito de correr, mas as pernas dele são mais largas que as minhas; estranhamente o ruivo parou em cima de algumas pedras bem grandes, me dando bastante trabalho pra subir sozinha — Agora sim, me ouv-

— Ali, Yellow. É ali.

— O... Quê? — olhei para o horizonte da praia de Olivine e só via mar — Calma! Me deixa falar. — tive que limpar o suor que escorria graças ao esforço e o sol de fim de tarde — Eu estava em Lilycove procurando por pistas e acabei encontrando o menino que estava comigo que acabou encontrando uma peça esquisita, certamente mágica, mas parecia faltar algum pedaço — por que diabos ele parece estar me ignorando? — Não, não, calma! Me embolei! A gente tava atrás de um sequestrador de ovo de Blissey e aí tivemos que ir até o porto e depois não era nos containers era no-

— Yellow.

Era uma das poucas vezes que eu via o sorriso do ruivo escancarado no rosto. Parecia uma criancinha quando ganha o doce que quer, sabe? Aquilo encheu meu coração de ternura, principalmente porque faziam meses e mais meses que eu não via nem um semblante de alegria no rosto dele. Silver havia encontrado algo. Finalmente parei para respirar e consenti com a cabeça para que continuasse.

Era hora de escutar.

— Obrigado por ter vindo tão rápido. — seu indicador direito apontou na direção do alto mar de novo — Encontrei um monte dessas que você mencionou. São relíquias, ao menos resquícios que se separaram e se espalharam pelo mundo. — a mão esquerda do ruivo se direcionou para dentro do bolso do seu moletom, de onde tirou o que parecia ser um rocha bem antiga, e o apontou na direção norte, o que fazia com que o artefato começasse a brilhar em cerúleo — É ali que buscamos a resposta.  

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— Ali... Mas ali onde?  

...

À distância, fortes ondas batiam contra as enormes rochas que abraçavam uma ilha perdida em meio ao mar entre Olivine e Cianwood. Ventos algozes derrubavam qualquer navio que ousasse adentrar seu perímetro, formando redemoinhos capazes de puxar a maior das embarcações para profundidades que ser humano algum ousou chegar até os dias atuais. Dizem as más línguas que a estrela central não possui qualquer jurisdição sobre o local: uma tempestade assola a área há milhões e milhões de anos, com trovões que, assim como os zéfiros, tem como promessa protegê-la de qualquer curioso que se aproxima e procura por seus tesouros.  

Pobres dos tolos que decidem arriscar suas vidas contra forças além da explicação.

Não há como  vencer as Whirl Islands.
Créditos: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Ilustração: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Personagens:
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[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Relíquia dos Perdidos: Key Item. Consumível após o primeiro uso. Inegociável. Formada pela união de três partes diferentes. Permite que a rota de passagem para uma Dungeon, independente do nível, seja feita em uma página. Em caso de Duo, ambos jogadores devem possuir cada qual sua relíquia.
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- Parte de relíquia estranha passa a ser prêmio em potencial em eventos do RPG.
Três partes distintas formam uma Relíquia dos Perdidos
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Parte 1/3 de Relíquia estranha
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[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Parte 3/3 de Relíquia estranha

- Rotas abertas em Goldenrod, Lilycove ou Celadon de 14 de Maio até 31 de Julho de 2021 terão como uma das recompensas uma parte da relíquia que o jogador não possui. Cada jogador só receberá uma parte, independente de quantas rotas fizer e quantas vezes fizer.

- Entrada para o Battle Pyramid só será permitida até o dia 20 de Junho de 2021 às 23h59. Rotas após este horário do fórum não serão aceitas.

- Jogadores que necessitarem encontros com líderes de ginásio, dos ginásios das cidades fechadas, por serem Aprendizes, podem tentar a sorte ao fazer uma rota nas ruas das respectivas cidades. Sujeitos às mesmas recompensas.