Pokémon Mythology RPG
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Ground Zero

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Route 111
Ground Zero
Minha respiração era pesada e ofegante, meu olhar fixo em um único ponto, o "rosto" da criatura com a qual eu estava conversando e o silêncio reinava por um tempo. Pequenos fatores que pesavam na minha saúde mental e me deixavam extremamente ansiosa. Mas, não tinha como ficar calma naquele momento. Era quase que uma situação de vida ou morte, isso se não fosse literalmente uma. Eu precisava que aquele "homem" concordasse em libertar Ren e eu de maneira pacífica, porque se isso não acontecesse, eu não sei o que aconteceria.

E então um suspiro de alívio, como se um peso enorme tivesse sido tirado de minhas costas vinha quando o silêncio era finalmente quebrado pelas palavras do misterioso. Até os meus pokémon se aliviaram com isso, porém, tanto eu quanto eles sabiam que não era momento de baixar a guarda. Eu começaria a seguir aquele pelotão, quer dizer eu seguia o líder, o resto do pelotão na verdade me seguia, de maneira desconfiada. Hmm... pelo visto não sou a única desconfiada daqui, afinal eu resolvi não retornar meus pokémon para suas pokébolas.

- Não se preocupem, eu realmente não vou fugir. E se não se importarem, eles vão continuar ao meu lado. - Eu dizia me referindo a Zen e Dimentio, ambos a esquerda e direita de mim respectivamente. Acho que eles não teriam motivos para se oporem ao fato de meus pokémon estarem ao meu lado, afinal eles sabem que não tenho coragem de iniciar uma luta, se eu tivesse, eu já teria feito isso faz tempo. Nem um ataque surpresa era viável, pois eu tinha inúmeros pares de olhos em cima de mim a ponto de nem existir a possibilidade de uma surpresa. Zen e Dimentio estão ali apenas para me protegerem de um ataque surpresa, mas na verdade, principalmente, porque gosto da companhia dos dois.

- Eu só tenho mais uma pergunta a fazer. Vocês não tem planos de machucarem meu amigo nem nada do tipo? Posso ficar segura de que não vou encontrá-lo, por exemplo, sem um braço? - Eu tentava falar aquilo da maneira mais natural o possível, mas aquilo era visivielmente uma preocupação que eu tinha e ficava ainda mais preocupada com a possibilidade deles levarem essa pergunta como impertinente e se irritarem comigo. Porém, as palavras já saíram de minha boca e lá estava eu, a espera de outra resposta enquanto andava sob o calor do deserto.

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BY MAHIRO

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~ Kathryne
Ninguém respondia ou se opunha ao desejo de Kath de ir acompanhada de seus Pokémon, reforçando um desejo mútuo de conter hostilidades, mas manter a desconfiança. Aliás, de um modo geral, aquele grupo incomum tinha algo que sugeria uma falta de liderança, ou forte senso comunitário, tanto faz. Sempre que precisavam tomar alguma decisão ou dar uma resposta firme, haviam pausas, trocas de "olhares", como se estivessem se comunicando entre si mesmo que a garota não conseguisse ouvir nada. Assim, foi depois de um longo minuto que seu "guia" respondeu:

– Sim. Desde que colaborem, nada vai acontecer com vocês. – deu uma olhada para trás, na diagonal, na direção de uma das figuras que caminhavam mais ao lado da moça; aquele indivíduo então começou a se aproximar dela, estendendo-lhe um saco de pano – Pode continuar com os Pokémon, mas ponha a venda e deixe que o colega te guie. Não podemos revelar o caminho por onde vamos.

Era uma proposta prudente, já que os psíquicos de Kath não aceitavam bem a aproximação da outra pessoa, que então se manteve a metros seguros de distância, a mão ainda estendida com o saco de pano. Também, uma vez que Kath podia se manter com os Pokémon, talvez ela pudesse dar um voto de confiança em ser levada às cegas, não?!

~ Ren
Quando finalmente seu corpo parou de chacoalhar, Ren foi então posto sentado na própria areia, esta mais fria e agradável por não ter estado exposta ao sol intenso. Sem muito jeito ou delicadeza, o rapaz teve a sacola tirada da cabeça e o que ele viu, ainda que com os olhos embaçados de choro... Bem, podia ser um bocado surpreendente.

Estava num acampamento razoavelmente amplo, com pelo menos três tendas montadas em uma formação triangular. Cada tenda era feita de um material peculiar, um tecido aerado mas claramente resistente, com uma camada interna diferente da externa, que em si tinha um padrão de cores e texturas que podiam facilmente se camuflar na região, se vistos de certos ângulos. Ao redor dessa formação, uma alta duna se erguia, projetando um bocado de sua sombra sobre o lugar.

Cada tenda parecia servir para um propósito distinto, a julgar pelos objetos neles dispostos. Ren parecia estar num tipo de enfermaria, com poucos colchonetes dispostos no chão e malotes com a cruz vermelha dos primeiros socorros. A tenda à direita, a que continha suportes improvisados para sustentar equipamentos eletrônicos, desde uns mais elaborados cuja função seria um mistério, até simples notebooks. Laylah estava lá, desacordada e dentro de uma jaula estreita; os olhos de seu treinador a reconheceriam sem problema, o rosa e branco contrastando com os cinzas e terrosos do restante.

O captor de Ren se afastava sem lhe dirigir a palavra. Caminhava para a tenda à esquerda, onde um par de mesas se dispunha com garrafões de água sobre elas. Ali havia uma meia dúzia daquelas figuras reunidas, parte de suas máscaras faltando - correspondente a área da boca e nariz - o que permitia ver que eram humanos debaixo daquilo tudo.


Ren & Sleepy – Manhã | 46ºC – Shimmer Desert

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Hiro ♡

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Route 111
Ground Zero
Com uma confirmação que me trazia alívio, ao mesmo tempo vinha algo que me deixava incomodada. Eu de fato podia andar com os meus queridos ao meu lado, o que de certa forma era uma garantia de segurança. Mas como diz o ditado: uma mão dá e a outra tira. Eles queriam que eu os seguisse vendada. Não queriam que eu soubesse como se chega aonde eles querem me levar. Eu hesitava e franzia minha testa e meus pokémon também mostravam bastante desconfiança em suas feições, principalmente Zen, é claro. O que fazer?

Eu precisava encontrar Ren. Isso era fato. Não iria descansar até ter certeza de que ele está seguro. Nem pareço uma garotinha covarde falando isso, mas é certo que sou covarde, a única diferença é que eu tenho medo da culpa, da culpa que viria com pessoas que encontram o infortúnio ao andar ao meu lado. Depois do meu segundo dia de jornada, nenhum medo superava o medo dessa culpa, então, andar vendada com aquelas figuras duvidosas não era problema. Além do mais, tinha os meus Pokémon e claro, também minha audição, pra ouvir caso eles tentassem algo engraçado.

- Ok, eu aceito. - Eram apenas essas palavras que eu dizia antes de pegar o pano que eu voluntariamente colocaria no meu rosto. Antes de minha visão ser coberta eu olhava para os meus Pokémon que me acompanhavam e dava um sorriso para tentar confortá-los, de que está tudo bem. Eles como psíquicos devem saber que eu estou realmente confiante sobre isso. Realmente não acho que esse pessoal vai tentar algo comigo.

Apenas preciso encontrar Ren.


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❁ lost under the surface





Route 111

Numb ♪

Ele lentamente abriu os olhos, confuso. Por um doce momento, esqueceu-se de onde estava e da situação em que se encontrava.

Não durou muito tempo, no entanto. Bastou alguns toques confusos para sentir a areia sobre a qual estava, e poucos instantes depois, fez-se a luz em seu campo de visão. Com a sacola retirada de sua cabeça, as memórias voltaram-lhe com um baque. Ele estava no deserto, havia encontrado criaturas estranhas, amedrontado-se e feito de cativo. Lembrou-se também que, por culpa sua, Laylah tinha sido nocauteada e sabe-se lá que destino sofrera.

Sua face ainda estava irritantemente úmida e inchada. Quaisquer grãos de areia que flutuassem em sua direção acabariam grudando-se nas bochechas recém-molhadas de lágrimas e suor, mantendo um constante incômodo.

Tentando livrar-se do estado sonolento em que estava, observou seus arredores. Apesar de apreciar o fato de não estar mais sendo castigado pelo fulgor do sol vespertino, não era exatamente um ambiente que Ren descreveria como confortável. Tendas estranhas que doíam-lhe os olhos se observasse muito fixamente, tecidos de dupla-face, dunas de areia constituíam o exterior do lugar. Mais próximos dele, via-se colchões e, imagino eu, uma variedade de instrumentos como seringas, gaze, pílulas e relacionados.

E claro, o mais perturbador de tudo aquilo. De um lado, uma Sylveon enjaulada, inconsciente, caída sobre as grades metálicas que a envolviam. Do outro, uma evidência desconcertante de que seus captores eram humanos. Por algum motivo, acreditar que seres tenebrosos haviam sequestrado-lhe parecia bem menos aterrorizante que a perspectiva de que pessoas, que pensavam da mesma forma que ele, tinham capturado-lhe e planejavam fazer algo. Ren Hughes tinha mais confiança em lida com criaturas mitológicas que enfrentar humanos pretenciosos, afinal. Para alguém sempre tão vidrado em histórias, um monstro feio era apenas mais um monstro feio qualquer.

...

Chega de devaneios. Agora sozinho, acordado e ciente de seus arredores, o coordenador tomou sua decisão em relação ao que fazer. Tentaria aproximar-se de sua Sylveon, independentemente do método. Não se importava de arrastar-se e esfregar-se nos grãos amarelados, sua prioridade era a monstrinha. Não havia muito mais em sua cabeça senão a feérica: ele precisava estar ali com ela. Se conseguisse encontrar a Poké Ball da mesma por ali, seria ainda melhor, mas mesmo uma simples aproximação sem a interferência dos captores já seria o bastante.

Ren queria sua amiga, mais nada.

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~ Kathryne
O deserto não era um lugar com tantos obstáculos, exceto o próprio relevo produzido pelas dunas. Por isso, Kath não encontrou tanta dificuldade em ser conduzida às cegas. No fim, podiam ter andado em círculos ou em linha reta e, realmente, seria difícil determinar sem ter pontos de referência para se orientar. Importante é que, sem resistência, puderam seguir com pressa.

Dimentio se mantinha por perto, a garota podia sentir, fazendo sua cauda bifurcada roçar nas pernas dela ocasionalmente. Às vezes até parecia que ele queria fazê-la se assustar achando que um inseto ou coisa do tipo tinha encontrado seu pele fina e branca. Coincidência ou não, nesses instantes Zen podia ser ouvido resmungando qualquer coisa do outro lado da especialista.

O sinal de que haviam chegado foi a redução dos passos, até que parassem numa área sombreada e fresca - dava para sentir na pele - tanto quanto os murmúrios de vozes mais humanas. Sua venda foi retirada e, depois da vista se readaptar à luz, Kath se veria sob uma tenda larga o suficiente para abrigar um trio de mesas de quatro assentos, duas das quais já estavam ocupadas pelas figuras sem a parte bucal do disfarce, revelando bocas e queixos humanos.

– Hey, o que pensa que tá fazendo? – diria a figura que vinha guiando Keyron, a mão ainda no ombro dela, olhando na direção de uma outra tenda, à esquerda, que era nada mais, nada menos, do que Ren jogado no chão, o rosto colado nas grades da jaula de Laylah...

~ Ren
Tendo só as mãos amarradas, haveria formas de Ren se por de pé e tentar caminhar, mas a pressão da situação e de suas reações, quando ele finalmente conseguiu recuperar o discernimento de ambas, o fez se jogar na areia e se arrastar na direção de Laylah. Deve ter adquirido alguns arranhões nas partes expostas dos braços, mas seu foco era tanto que isso sequer seria notado por hora.

A distância entre o garoto e os captores não era tanta, mas o suficiente para que eles pudessem se distrair em sua conversa sem serem ouvidos, tal qual os gemidos do especialista ao se arrastar até a gaiola. Assim, pode fazê-lo sem ser notado.

Definitivamente aquela na jaula era Laylah. O deserto não possui rosas tão rosas quanto aquele. A fada dormia um sono sereno, sem agonia ou pressa, quase como se tivesse sob efeito de Hypnosis ou Spore - de fato era este último, num aspecto técnico. Ela não apresentava nenhum machucado aparente, nem nada do tipo.

Pouco acima da coxa da Pokémon, do lado oposto da grade e, infelizmente, distante das mãos (amarradas) do treinador, o dardo que a acertou ainda estava fincado. Não era tão grande ou grosso mas, obviamente, a imagem de uma agulha enfiada na parceira não devia ser uma cena muito agradável. Dentro do dispositivo ainda havia uns ml de um líquido amarelo esverdeado.

Sobre as Pokébolas... Bem, há de se notar que em momento algum o rapaz se sentiu ser revistado, ou com seus pertences tomados. Mas, suas mãos limitadas acessavam, no máximo, os bolsos traseiros da calça, se os possuir. Não saberei dizer onde suas esferas normalmente ficam guardadas.

– Hey, o que pensa que tá fazendo? – diria uma figura em voz grave e um bocado distorcida, quase robótica. Ela vinha acompanhada de uma garota loira e familiar, mesmo que vista desse ângulo. A fala atrairia muitos olhos para o jovem Hughes, jogado no chão, o rosto colado nas grades da jaula de Laylah...


Ren & Sleepy – Manhã | 46ºC – Shimmer Desert

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Hiro ♡

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Route 111
Ground Zero
E então eu estava a mercê daquela trupe misteriosa e simplesmente iria para onde eles forem. Claro, meus pokémon ainda estavam fora de suas pokébolas e esse fato me deixava segura. Eles tentariam dar um jeito nos meus Pokémon caso quisessem tentar algo, por mais que eles tivessem a vantagem de número, não comprariam briga, pelo menos é o que eu suponho. Parecem ser um grupo calmo e metódico, o que presumo pelas poucas palavras, logo não tomariam nenhuma decisão arriscada.

Já que os meus pokémon estavam do lado de fora, eu não conseguia deixar de ouvir Zen aparentemente resmungando algo. Ok, agora fiquei preocupada. Será que ele notou intenções perigosas por parte daquela trupe? Não, se ele soubesse algo que eu não sabia, ele não me deixaria simplesmente ir com eles, por mais que fossem muitos, ele iria lutar. Eu acho. Eu também sentia algo tocando as minhas pernas, causando leves arrepios, que no momento estou começando a achar que estou simplesmente sentindo coisas devido as minhas preocupações. Talvez eu estivesse ficando louca mesmo, afinal, ficar exposta por tanto tempo nesse sol não deve fazer bem pra cabeça.

Quando eu sentia que aquela caminhada não ia acabar, começando a pensar que eles estavam procurando um meio do nada para me "apagar", eu sentia os passos diminuindo e então cessando. Ok, aparentemente eles acharam o meio do nada pra no fim dar cabo de mim. Ou pelo menos era o que eu pensava até ter a venda retirada de meu rosto. Cores, eu voltava a ver cores, por mais que sejam apenas tons terrosos, era melhor do que ter uma venda no rosto. A primeira coisa que eu fazia era distribuir carícias aos meus Pokémon, em um gesto de alegria por vê-los de novo.

E quando eu finalmente podia ver, eu notava algo. O local parecia algum tipo de acampamento, não muito grande, apenas algumas tendas, sendo a que onde eu estava, abrigava bastante daqueles seres misteriosos, que agora não pareciam mais tão misteriosos para mim. Eles eram simplesmente humanos, nenhum tipo de mutante ou coisa que se vê em filmes de terror, eram apenas trajes estranhos. Na verdade não sei se o fato deles serem humanos tornava as coisas melhores ou piores. Não eram criaturas sem mente, ou seja, provavelmente tinha algum plano, talvez até mesmo maligno, por trás desse lugar.

Quando eu finalmente tentaria procurar por Ren por mim mesma, eu tinha minha atenção chamada pelo homem que ainda me acompanhava. Ele gritava na direção de outra tenda, e claro, eu tive minha atenção desviada para aquela mesma tenda e então... sorte grande. Não precisaria procurar por Ren, ele estava bem ali, quer dizer, ele não parecia muito bem, mas estava ali. Ele estava tentando libertar sua Sylveon, que se encontrava enjaulada. Hmm... então esse seria o destino dos meus Pokémon se eu tivesse resistido.

- Hey, hey hey. Lembra do que a gente combinou? Eu ia pegar o Ren e então ir embora daqui e nunca mais perturbar vocês. Então já que eu estou aqui, apenas deixe ele pegar os pokémon dele de volta e então vamos embora. Ok? - Eu falava para o homem que estava me acompanhando. Não sei se devo muito confiar nas palavras de quem eu pensava nem ser humano, mas tinha grandes expectativas deles cumprirem sua parte no acordo.

Porque no fim, quem não iria cumprir nada sou eu. Afinal, teria que me certificar de que Edna e Albiere estavam a salvo e nesse ponto, é capaz dos mesmos terem já sido capturados.


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❁ lost under the surface





Route 111

Numb ♪

Aquilo era nauseante. Não apenas pelo fato de ele estar arrastando-se pelo chão, cortando-se, suando e sujando-se com a areia, mas principalmente pela visão que acometeu seus globos oculares ao aproximar-se cada vez mais daquela prisão metálica. O característico odor de metal tomava conta de suas narinas, deixando sua mente enevoada. Mas o pior ainda estava por vir.

Por um instante, Ren ficou aliviado por perceber que a Sylveon estava bem, apenas adormecida. Isto é, até que ele engatinhara mais alguns passos (ou engatinhadas?) na direção da feérica e viu algo que fez sua cabeça tombar e seu estômago titubear. Havia uma seringa inserida no dorso da monstrinha, um líquido amarelado reluzindo à luz.

Eles haviam... drogado Laylah?

Esse pensamento foi o bastante para trazer seu sanduíche de volta à garganta. Não era a primeira vez com que lidava com o uso de substâncias químicas, mas nem ele e nem seus Pokémon nunca haviam sofrido com estes. Pensar que sua Sylveon havia sido drogada por sua culpa era doloroso, e pensar no que mais aquelas... pessoas... poderiam fazer era simplesmente enojante.

Ren não sabia o que fazer nessa situação. Suas mãos estavam amarradas, e no meio disso tudo, nem mesmo ele era capaz de lembrar-se onde guardava Poké Balls ou utensílios gerais. Tudo o que se passava em sua cabeça, além de gotas de suor, era ficar próximo de Laylah, não deixar mais nada acontecer à Sylveon. Ren não poderia deixar mais alguma coisa acometê-la; ele não se perdoaria.

Por isso, quando uma voz bizarra e mecanizada interrogou-lhe, ele apertou os olhos e exibiu seus caninos em sinal de hostilidade. Ainda meio tonto e com o cabelo suado sobre sua face, sua visão não era a mais precisa, mas isso não o impediu de rosnar sua resposta. — Eu estou tentando ficar perto da minha Pokémon. Vocês já fizeram o bastante por ela, não acham? — questionou, sua fala carregada de rancor e ironia.

Nem mesmo o som da voz de Kath foi capaz de tranquilizá-lo. Continuava nervoso, confuso, desanimado. Se eu tivesse que imaginar, diria que Ren estava prestes a ter uma crise de ansiedade e começar a hiperventilar.

... Ele gostava da ideia de sair dali, no entanto.

Ground Zero - Página 9 109 69 - Day Care

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– Sim. Vocês... – o "guia" de Kath iniciava a réplica, quando Ren também se manifestou lá de seu lugar – ... e é por isso que tivemos que conter seu amigo e o Pokémon dele. – emendou o homem, lançando um sonoro suspiro; se ele tivesse com os olhos à mostra, Kath podia jurar que o cara tinha revirado os olhos.

– Relaxa. Ela tá bem. Dormindo como se tivesse tomado Spore de um Shroomish. – interrompeu com displicência uma figura feminina que se aproximava da cena. Referia-se à Sylveon.

Obviamente, a situação tinha chamado a atenção das pessoas que conversavam na tenda próxima. Agora o grupo inteiro se aproximava de onde os treinadores estavam.

– O garoto tava em pânico. O Pokémon atacando desenfreado e sem orientação pra proteger, é óbvio. Essa é nossa medida de contenção de danos, quer queiram, quer não. Uma pessoa desesperada em surto pode ser pior do que um inimigo mau intencionado. – ela tinha uma voz mais autoritária e nitidamente se dirigia à Kath, deixando subentendido que os companheiros já tinham conhecimento do procedimento – Ajude o seu amigo a se recompor e não se preocupem, não temos o mínimo interesse em vocês. Logo estarão livres dessa zona. – era para Keyron, obviamente, e incluía um gesto claro com a cabeça na direção do especialista atirado ao lado da jaula – Quando ele se controlar e se interessar em colaborar nós liberamos as mãos dele e acordamos a Pokémon. – a mulher fez um segundo gesto com a cabeça, em sinal afirmativo.

Em resposta, o homem que acompanhava Kath liberou a mão do ombro dela e se dirigiu até a jaula de Laylah. Não deu muito bem para ver como ele fez, mas sua mão direita se aproximou de um dispositivo na jaula que, no instante seguinte, apitou e fez um ruído baixo quando a grade de um dos lados simplesmente caiu com um baque na areia, abrindo a jaula.

– Aceitem como um gesto de boa fé, nossa. Aguardo quando estiverem prontos. – deu meia volta e retornou para sua tenda com mesinhas, inspirando paciência apesar do ar autoritário.

Muitos dos outros seguiram a mulher, deixando poucos para trás para observar a dupla de treinadores. Uma medida mínima de segurança, é claro. Não vamos esquecer que haviam muitos equipamentos por ali e seria no mínimo imprudente confiar tanto assim numa dupla de jovens recém capturados... Mas por que foram, afinal?


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Route 111
Ground Zero
Tensão, muita tensão. Era uma situação bastante delicada, Ren podia acabar fazendo alguma besteira que pode nos trazer grandes problemas, apesar de ele estar amarrado, ele estava carregado de emoções e pessoas furiosas sempre arrumam um jeito de fazer alguma coisa. E a tensão não se encontrava apenas no garoto, eu me encontrava completamente trêmula, tanto com a possibilidade de dar tudo errado e também com a cena em que a Sylveon se encontrava, se eu que não sou a treinadora da Pokémon me sinto mal, não culpo Ren por estar furioso.

Falando na tal cena, havia outro que se incomodava bastante com isso, Dimentio, o meu Espeon, que começou a rosnar ao ver a Sylveon nocauteada e então rosnava olhando para a tal "trupe misteriosa", compreensível, apesar de não conhecer Laylah direito, ela era sua semelhante de certa forma, uma ramificação da mesma espécie, basicamente o que um humano sentiria ao ver outra pessoa machucada. E no fim, sobrou para Zen, ser o cérebro aqui, coisa que ele está bem acostumado, visto que se encontrava bem calmo.

Então uma outra voz surgia, uma voz feminina, uma voz mais autoritária, deduzo que seja alguém importante em seja lá que operação está acontecendo nesses acampamentos. Se as circunstâncias fossem outras, eu certamente estaria curiosa para saber o que está acontecendo aqui, mas obviamente esse não é o caso. Ela dizia que a Sylveon estava bem, como se tivesse tomado apenas um Spore. Bem, os pokémon são criaturas resilientes, decidiria confiar nela, afinal estavam apenas esperando a nossa cooperação para enfim nos libertarem. Quando a mulher se retirava da sala e a jaula fora aberta, eu me aproximaria de Ren e tentaria conversar com ele, me ajoelhando do lado do menino de cabelos rosados.

- Umm... apenas fique calmo, a gente vai sair daqui. - Eu tenho um jeito com as palavras que é incrível. Com isso eu quero dizer que na verdade não tenho jeito nenhum. É óbvio que pedir para uma pessoa furiosa ficar calma não vai funcionar: - Infelizmente não temos escolha a não ser confiar nessas pessoas, só assim que a gente vai conseguir sair daqui. Por favor. - A minha tentativa de conversa com Ren terminava mais em uma súplica, eu estava ansiosa para terminar todo esse desastre e temia. Dava mais um suspiro antes de continuar a falar.

- Talvez isso tudo seja até mesmo culpa minha. Fui eu que te arrastei pra ir atrás de ruínas que a gente nem sabe se existem no meio de um deserto. Me desculpe. Então vamos acabar com tudo isso e você não vai mais precisar me ver. - Típica Kath, sentindo que tudo é sua culpa. Mas se pensar direito, de certa forma era minha culpa. Eu nem conhecia Ren e o arrastei para um deserto. Enfim, culpa minha ou não, eu apenas olhava para Ren, mas não tão fixamente para ele, eu ansiosamente olhava para todos os lados, para os meus pokémon, para as outras pessoas que estavam na sala, até mesmo para o teto. Eu estava desnorteada.






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❁ lost under the surface





Route 111

Numb ♪

Em determinado instante, tudo o que Ren sentia e escutava eram as lágrimas escorrendo continuamente por seu rosto. Ele se sentia perdido, culpado, deprimido, instável. Era como se ele fosse um copo de água perfeitamente fechado: hora ou outra, se continuasse sendo pressionado e estressado por todos os lados, acabaria por explodir.

Ele estava cansado. Não apenas daquele interminável dia no deserto, em que dera uma infinidade de passos sob o sol quente, mas de basicamente tudo. Cansado de levantar-se da cama todos os dias, de forçar sorrisos para todas as pessoas que encontrava, de não ter ninguém para apoiar-se sobre, de não saber o que fazer, de estar sempre machucando a si mesmo e àqueles ao seu redor.

Viver é exaustivo.

Já fazia algum tempo que Ren sentia que estava apenas arrastando-se por aí, deixando o vento levá-lo para onde quiser, em uma infinita jornada onde o último ponto era permanentemente indeterminado. Talvez por isso ele sinta que nunca chega em lugar nenhum, não importa o que esteja fazendo. Sempre indo para todos os lugares, mas nunca chegando a lugar algum.

Sendo sincero, nem sei se compensa muito tentar acompanhar o turbilhão de pensamentos que se passa dentro de sua mente. É uma grande bagunça de hormônios desregulados e neurônios quebrados, que nem mesmo o coordenador é capaz de compreender.

...

Ren piscou repetidamente, saindo de um caótico transe. Ao seu redor, estavam Kathryne e seus Pokémon, dois daquelas coisas estranhas e também... Laylah? Sim, a jaula estava aberta, e apesar de ainda estar amarrado, o coordenador poderia ir até a sua amiga. Ignorando tudo ao seu redor, apenas tropeçou na direção dela o mais rapidamente que conseguiu, afundando seu corpo no pelo cor-de-rosa da vulpina. Não pôde ficar assim por muito tempo, no entanto, uma vez que a treinadora de psíquicos logo aproximou-se para conversar.

Eu... O que houve? Quero dizer... — murmurou, nitidamente desorientado, mas logo tentando voltar aos seus sentidos. — Sim, claro. O importante é que eu estou com Laylah. Não gosto dessas pessoas, mas confio em você. Por algum motivo eu... acho que não estou em minha melhor condição. — concluiu, concordando com Kathryne, acreditando em sua promessa. Ainda sentia a raiva revirar-se em seu estômago, mas de fato seria melhor se...

A seringa.

A Sylveon ainda tinha aquele negócio estranho pendurado ao seu corpo. Ele apertou os olhos e esfregou as bochechas nos ombros, limpando na blusa os resquícios de lágrimas. Não escutava mais o que a loira tinha a dizer, tampouco ligava para o restante das pessoas presentes. O único fator relevante era tirar aquilo da feérica. Tentaria tirar a seringa com as mãos, visto que aparentemente tinha uma pequena mobilidade pelas costas. Assim que conseguisse, deixaria-se cair lentamente no chão, apoiando-se na monstrinha.

Com um suspiro, ele finalmente... sorriu.

Obrigado. — disse, dirigindo o olhar para Kathryne, deixando claro que falava com a mesma. — Obrigado por estar aqui. Agora podemos ficar tranquilos de novo. — completou, permitindo-se fechar os olhos um pouco, alheio às preocupações e ansiedade anunciados pela loira minutos atrás.

Ainda sorrindo, lembrou-se de uma conversa estranha, que diziam que as pessoas podiam enlouquecer sob a fúria do deserto. Tolice. Miragens não eram loiras, não conversavam com você do lado de fora de uma jaula, e certamente não tinham orelhas de gato no topo da cabeça.

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