[MISSÃO] Perdido na Selva

Ao resgate!

Responsabilidades terminadas, olhei o Rotom Phone uma última vez para verificar se havia alguma outra pendência que deveria ser sanada. Para minha surpresa, um chamado havia sido emitido pela remota cidade de Arborville a respeito de uma criança perdida na Safari Zone e, com isso, estiquei até o vilarejo suspenso entre as árvores para resolver essa missão já que ninguém havia se prontificado até o momento.

Desci de Icarus e depositei a sua Poké Ball no Centro Pokémon, assim estando preparado para aquela missão. Como era na Safari Zone, deixei uma quantia em dinheiro no bolso para questões de praticidade, afinal eu não sabia se teria que pagar para entrar ou se aquela entrada seria por cortesia dos clientes.

Diante da situação que demandava certa celeridade, chamei Apollo para que me carregasse até o Safari em suas costas. Pela distância, não o deixaria tão cansado e faria uma positiva primeira impressão. Afinal, chegar montado em seu Pokémon tem lá seu charme e boa aparência.

Era hora do resgate. Naquele momento, era necessário que eu me agrupasse com o time de buscas para ter um esclarecimento melhor sobre a situação e assim cair nela de cabeça. Aquela era uma ótima oportunidade para levantar a moral da sociedade com o vilarejo e de quebra, encontrar algum tipo de Pokémon exótico pelo briefing informativo da missão.

Perdido na Selva

Arborville estava exatamente como qualquer um imaginaria durante um dia ensolarado: feliz. Voadores selvagens pairando sob o céu, crianças correndo pelas ruelas, famílias conversando em barzinhos... Parecia que a pequena cidade de Johto estava normal, apesar do motivo preocupante de ter trazido Black Star e, consequentemente, Aiden até aqui.

O caminho até o Safari não era longo, mas grande o suficiente para que o rapaz chamasse bastante atenção com seu canídeo de quase dois metros de altura. Arcanine não é exatamente um monstrinho raro, mas algo sobre a maturidade estampada no rosto de Apollo fazia com que todos os olhares se direcionassem ao ígneo, com até mesmo algumas crianças correndo atrás dele para tentar pegar na sua cauda. Toda aquela atenção era passageira e, ao cruzar uma pequena ponte, Apollo e Delano se deparavam com uma área fechada por faixas policiais. Aquela era a clara entrada da Safari Zone, com árvores de altas copas abraçando o caminho a seguir, com algumas cercas que poderiam ser vistas à distância. Um agente da lei, acompanhado de seu Litleo — que inclusive usava uma boina policial, uma gracinha — sinalizou para que parassem e se identificassem.

— Essa é uma área restrita. — comentou, não muito simpático, mas também não áspero; aquela perfeita indiferença necessária de um agente de lei — O Safari está fechado até segunda ordem.

Ao resgate!

É engraçado perceber como as pessoas se interessam pelo tamanho do Apollo e tentem interagir com ele. Depois de evoluir, ele começou a fazer muito mais sucesso com as crianças do que quando era apenas um filhotinho carismático. Ele parece gostar dessa atenção, instigando os moleques a correrem mais rápido com um balançar da cauda.

Quando percebi a alta concentração de árvores, detectei que estava próximo do meu destino e avisei ao Apollo para que apertasse o passo.

A situação era complicada nos arredores da zona do safari. A área toda protegida por faixas policiais indicava que algo realmente havia acontecido por ali. É bom ver que a polícia pelo menos decidiu agir dessa vez ao não permitir que o estabelecimento continuasse aberto e arriscar mais um incidente. Geralmente a corporação é tão incompetente que já virou um consenso que é mais fácil procurar um treinador comum do que esperar eles chegarem e que, se chegarem, há a possibilidade de atrapalharem tudo.

Fomos parados por um agente com um Litleo. Pediu nossas credenciais e então eu as providenciei vide o contrato. - Black Stars. Eu sou o Aiden, vim ajudar no caso da criança perdida.

Perdido na Selva

— Oh- — o rapaz e seu pequeno leãozinho observavam a credencial minuciosamente, abrindo um sorriso em seguida — Pode prosseguir sem problemas! É só seguir em frente que você encontrará os agentes Ranger responsáveis pela busca. — acenou para Delano, enquanto o pequeno quadrúpede o fez para Arcanine — Desculpe a demora, mas com esse tanto de gente ruim por aí... Sempre bom checar tudo direitinho.

Liberados, Aiden e Apollo seguiam na direção indicada pelo policial e, graças ao tamanho enorme do ígneo, em pouquíssimo tempo chegaram a entrada principal do Safari. Recebidos por uma estrutura enorme, alguns Ranger conversavam do lado de fora das roletas que dividiam o público pagante dos curiosos. Atrás, um infinito esverdeado que nossos heróis em breve desbravariam.

— Você deve ser Aiden, da Black Stars. — uma jovem-adulta, de madeixas castanhas e uniformizada diferente dos demais Ranger sinalizava com a mão que segurava um walkie-talkie — Bem-vindo. A ajuda de vocês ajudará bastante. Me siga, por favor. — enquanto caminhava, voltou seu olhar para Apollo — Esse seu garotão é lindo, mas se pudesse te dar um conselho, diria para retorná-lo. Como o Safari é uma reserva natural, os pequenos daqui são extremamente pacíficos e é bem difícil de encontrar Pokémon de grande porte, já que tendem a não evoluir. Seu Arcanine pode assustá-los. — passaram pelas roletas, finalmente adentrando a área verde, que iniciava com um grande hall com diversas esculturas em forma de planta — Só uma dica, acho que facilitará sua vida. — finalmente parou de andar, voltando seu olhar para Delano — Ah, desculpe a grosseria... Me chamo Samantha. Sou a responsável pela busca. Leve um walkie-talkie com você. — apontou na direção nordeste — Nossas pistas indicam que a criança foi para lá, mas não conseguimos encontrar nada até agora. Como vocês da Black Star são os especialistas, sinta-se livre para explorar como quiser. — apontou para o seu walkie-talkie — Qualquer coisa é só chamar!

Com diversas trilhas mata adentro, nosso herói escolheria o caminho dito pela Ranger?

Ao resgate!

- Ouviu, né, amigão? Por enquanto, terei que te trazer de volta para não atrapalhar nas nossas buscas... - Anunciei ao Pokémon de fogo, puxando-o para a sua Poké Ball por enquanto. Mesmo que Apollo parecesse um grande bobão, sua aparência realmente podia aterrorizar um Pokémon menor que ele.

A moça Ranger, que logo mostrou-se responsável pelo incidente, aparentava solícita e interessada em dar-me alguns conselhos. Samantha exalava amor pelo seu trabalho, assim como preocupação com os Pokémon selvagens, com os meus e com a própria criança, embora continuasse atrás de um certo decoro que a sua posição hierárquica demandava.

- Obrigado pela preocupação! - Respondi com um tom de voz grato, após ouvir tudo o que a moça tinha a dizer. - Espero poder ser um aliado e não atrapalhar as buscas da sua equipe. Reforço que não estou aqui pra ser melhor que ninguém, afinal meu objetivo é colaborar e assegurar que tenhamos sucesso na missão como um todo.

Dado o fim de toda a burocracia inicial, comecei a marchar adiante almejando o interior do Safari. Prendi o walkie-talkie na barra da calça e desativei o meu microfone, assim o usaria quando fosse necessário.

Pensei: se as pistas indicavam a direção nordeste, ir para aquela posição seria redundante. Eu só encontraria os Rangers lá. Como se trata de um alvo que provavelmente estaria em movimento, criei um plano de ação: seguiria ao leste, cruzaria a área que Samantha havia indicado e assim finalizaria no norte. Desse jeito, eu conseguiria interceptar a criança se ela estiver vindo na direção contrária ou descobrir mais pistas do seu paradeiro se ela estiver na mesma direção. Era um tiro no escuro, mas não custava tentar.

Perdido na Selva

A ideia de Aiden parecia ser ótima: utilizar a informação da Ranger da melhor forma possível, de jeito que otimizasse a procura pela criança. Walkie-talkie no lugar, microfone desligado e o rapaz de cabelos negros seguiu na direção indicada. Caso olhasse para trás, veria Samantha acenando e desejando boa sorte.

A princípio a mata não era de difícil acesso, afinal, se tratava de um Safari com uma manutenção ímpar, com parte da grama cortada perfeitamente e árvores podadas com extremo cuidado. Alguns insetos e pequeno mamíferos percebiam a presença do nosso herói, mas... Nem ligavam. Não atacavam, não se aproximavam, só continuavam vivendo suas vidas. São pequenos em "cativeiro", então, já devem estar acostumado com presença humana. Mas nenhum se diferenciava, pelo menos não dentre os Zigzagoon, Volbeat, Illumise no campo de visão de Aiden. Nenhum sinal da criança também.

Passaram-se cerca de cinco minutos e, por estar mata adentro, o clima já era bem ameno, fresco de certa forma. O aroma das árvores e das frutas da época dançavam pelo local, aproveitando a brisa que a estação do ano trazia para Hoenn. A tranquilidade, infelizmente, era quebrada por um grito estridente: "AHAAAA!", que ecoava mais ao norte. Caso se aproximasse com cautela e escondendo-se atrás de alguns arbustos e troncos de árvore, Montecchio veria três adolescentes, muito bem vestidos e com um certo ar de arrogância se reunindo em uma clareira.

"Quase, quase...", o primeiro falava, revirando os olhos diante do Zigzagoon desmaiado pelo que parecia ser seu Alolan-Persian. O outro retrucava que estavam há horas ali, fugindo dos policiais e sempre desmaiando selvagens mas nunca o que procuravam. "Esse merdinha só pode estar por aqui! Quer saber de uma coisa, Incineroar, taca foco nessa merda toda. Vamo fazer ele aparecer por mal, foda-se a polícia... Só pagar.", o terceiro abria um sorriso e seu ígneo parecia pronto para seguir suas ordens.

Aiden estava em minoria, apesar de serem adolescentes.

E agora?

Ao resgate!

Acabei me acostumando a trabalhar com o som ambiente dos Pokémon que faziam do Safari a sua morada e com a tranquilidade e paz que o lugar trazia. Confesso que tomei um grande susto quando ouvi um berro do outro lado da floresta.

Eu só pensava: "O que essa gente tá fazendo aqui?" ao ver aquele trio de jovens procurando um Pokémon específico. Parecia raro, afinal ninguém estaria com tanta raiva daquele jeito por um Zigzagoon ou um Taillow. A princípio, não parecia nada tão incomum até que um dos rapazes ameaçou colocar fogo no Safari inteiro por causa do Pokémon. E aí, estamos num impasse: procurar a criança e assegurar que esse Pokémon não caia na mão desse povo ruim.

Eu tinha que fazer alguma coisa. Lancei a Poké Ball de Gyarados na direção dos arbustos mais densos e ordenei que usasse o Rain Dance antes que o Incineroar pudesse continuar com aquela loucura. Hora de agir.

MULHER DESCULPA ESQUECI Q TINHA ROTA KKKKKKK

Perdido na Selva

Aiden estava com uma linha de pensamento interessante: provavelmente esses três adolescentes mal encarados já tiveram contato com o monstrinho-sequestrador e, bom, sua raridade parecia ser bem alta. Não fazia sentido todo esse trabalho a troco de um Zigzagoon ou um Taillow. A surpresa vinha quando um dos garotos ordenou que seu Incineroar colocasse fogo na mata, com o intuito de encurralar o Pokémon que trouxe o treinador até ali.

Pensando na melhor solução possível, o rapaz de olhos âmbar decidiu liberar sua serpente marinha e ordenar que mudasse o clima. Rain Dance produz uma chuva torrencial em um pequeno espaço, mas serviu para que ao menos fizesse o noturno do adolescente recuar em seu ataque.

— ... Que isso? — exclamou um deles, preocupado primeiro com o feixe luz que surgira do nada, depois com o gigante Gyarados e uma chuva terrível — Porra, vocês não verificaram o perímetro???

As reclamações continuaram, pelo menos até descobrirem onde Aiden estava, baseado na sua serpente marinha. Persian e Incineroar tomavam a frente e o terceiro garoto liberava um Liepard. O rapaz estava em desvantagem, mas era óbvio que ainda tinha alguns monstrinhos para ajudá-lo.

— Quem é você? Não é um Ranger. — o terceiro, talvez o mais caótico de todos, direcionava a palavra ao rapaz — Se veio atrás do Pokémon, vai ter que passar por cima da gente.

Ao resgate!

A chuva logo caía e não pude me conter a não ser esboçar um sorriso em meu rosto. Consegui.

Caminhei para fora dos arbustos com certa tranquilidade. Batendo palmas, de forma sarcástica, reagi ao trio desesperado. Incineroar parecia não gostar nem um pouco de estar debaixo de chuva, enquanto o fantasma adorava. Aquela forma estranha de Persian era neutro - não só pela sua cara sem graça e aparência de morto por dentro, mas porque não conseguia mudar a sua cara daquele blasé.

— Pois bem, não verificaram e cá estamos nós. — Respondi. — Não... Na verdade eu fui atraído mais pela sua ordem de BOTAR FOGO EM TUDO, né? Nada discreto... Agora, não acham que um contra três é covardia? Bem. Eu não acho! Ananda, Polaris, deem cobertura a Gyarados!

Rapidamente as circunstâncias tornaram-se menos desiguais quando a dupla de Pokémon tomou o campo. Aguardaram meus comandos.

— Gyarados, Waterfall duplo em Incineroar! Ananda, Close Combat duplo nele também e Polaris, Light Screen e Thunder Bolt em Jellicent! Se Incineroar cair, foquem o bestão no meio!

Perdido na Selva

Covardia sim, mas pra eles? Puff. Eram três adolescentes claramente mimados, bem vestidos e certamente sádicos... Covadia não entra no vocabulário deles. Sorte foi Aiden ter o dedo rápido no gatilho, liberando prontamente dois ajudantes para sua serpente marinha. O dono do Incineroar dava uma leve gargalhada, revirando os olhos:

— Vai ser bem fácil. E depois ainda vamos machucar mais os seus Pokémon. Se você não é um Ranger, claro que veio até aqui atrás do Pokémon. — apontou para frente, na direção do Gyarados — Duplo Thunder Punch!

Os outros garotos se reservavam a somente ordenar os ataques de seus monstrinhos. Primeiro, Persian: Fake Out no Magneton e Attract no Machamp. Depois, Jellicent: Duplo Scald em Machamp.

E assim a batalha se iniciou. O mais rápido e por conta do ataque ordenado, o felino de Alola saltou na direção de Magneton e fez com que Polaris hesitasse. Gyarados seguiu, utilizando uma corrente de água potente para acertar o ígneo adversário super efetivamente. Incineroar revestiu seu punho em correntes elétricas e acertou a serpente marinha, causando bastante estrago. Jellicent seguia, lançando uma água fervente no lutador, possivelmente para queimá-lo, mas não conseguia; o dano ainda assim era considerável. Por fim, a lutadora de Kanto acertava um poderoso Close Combat no ígneo, deixando em situação crítica.

— Merda. — o principal dos adolescentes resmungava ao ver que seu Pokémon estava sendo focado — Força total nesse próximo Thunder Punch!

Enquanto Gyarados terminava de derrubar Incineroar com mais um Waterfall, Persian já estava perto de Machamp, deixando-a apaixonada, técnica já conhecida com Attract. Magneton acertava Jellicent com seu poderoso Thunderbolt e, por fim, a aquática revidava com um Scald que acabava queimando Machamp. A pobre Ananda, ainda apaixonada, não conseguia atacar.

— Jellicent, continue com o Scald no Machamp! Caso ele caia, ataque o Magneton!

— Persian, duplo Nasty Plot!