OFF: Ai gente hoje também não parei pra fazer o progresso, desculpa ):

Ashura foi atrás do Rocket, mas não voltaria por agora. O homem correu um bocado e se escondeu, dificultando o achado. Enquanto a pokémon não voltava com o meliante, íamos até a cabana e lindávamos com a menininha...

... que desolada, permitia a aproximação de Tony e de Rafa. Ela sabia que, no fundo, não teria muito o que fazer.
- O que você quer?! - Perguntou, se mostrando um pouco aberta, mas nem tanto assim.

Ela abraçou sua única esfera, jogou seus pés para frente e tentou ficar um pouco mais confortável. Nesse meio tempo, Tony conseguiu dar uma explorada visual naquela cabana. Descobriu o que?! Isso mesmo, que ela era uma faixada. Não havia nada lá além de um grande tapete que - obviamente - escondia um buraco.

Ao que tudo indica, a Rainbow Rocket era meio 'topeira'... gostava de viver de baixo da terra.
- Se meu Fearow não sobreviver, vão se ver comigo... - Um bico grande tomou a expressão dela, apesar de estar atrás da máscara.

Eram duas propostas completamente diferentes: ficar e ajudar, ir embora e sumir. Nenhuma das duas pareciam ruins, mas nada lhe dava uma opção segura para viver. Um pouco triste, e fazendo uma pequena progressão de futuro, a mocinha manteve-se sentada no chão e trouxe seus joelhos para rente ao seu peito, murmurando algo um pouco melancólico:
- Eu que sou a troxa aqui... - Uma lágrima escorrera de seu rosto.

Entre o joelho e o queixo, a menina equilibrou a Potion que acabara de ganha. A gota d'água salgada que saiu de seus olhos gotejou no frasco, fazendo um barulho tão melancólico quanto a cena...

... mas que despertou a menina do transe.

Balançou a cabeça, ajeitou o moletom e guardou a Potion no bolso, não iria agradecer com palavras, afinal de contas, não estava ali (1) nem porque queria e (2) nem porque podia estar em outro lugar. Sendo obrigada a estar ali, era difícil engolir que dois marmanjos invadiram seu barraco, queimaram seu pokémon e ainda paguem de bons moços.

... certo e errado é muito uma questão de perspectiva, né?!

Mas ela, apesar de nova, entendia bem o que era uma vida com opções escassas, por isto foi logo sincera (e prática):
- O tio, eu não posso ajudar muito não. Eu sou bem inútil, tanto que os caras me mandaram pra cá  - Foi sincera, revirando os olhos instantes depois de direcionar a frase a Rafael - Mas a base... eu sei lá, tipo... eu até sei, mas não sei, sabe?! - Deu uma pausa um pouco estranha, suspirou e tentou começar de novo - Ta, já tinham me dito que esse jeito de falar meu não ajuda muito. Mas é difícil chegar lá, justamente por ser fácil. Meio que todos os túneis podem levar a base, só que por causa disso, todos os túneis podem levar a todos os túneis também... então vira um bagulho meio Minotauro, sabe?! Tu tem que ficar atento de onde tu veio e pra onde tu vai, se não anda em círculos - Foi um pouco mais esclarecedor, mas ainda bastante vago - O que eu posso te fazendo é te levar lá em baixo sem passar pelo inferninho que ta aqui, mas tirando isso sou bem inútil.

O peculiar é que, com 'inferninho que ta aqui' ela deu um pisão forte no chão e apontou para baixo, indicando que logo ali teria alguma coisa.

De "Freud explica" para "Freud guia"... eu diria que isso é usar a psicanálise ao avesso, mas quem sou eu para julgar?! O que tínhamos aqui era uma menina cabisbaixa, que ouvia os conselhos com atenção & melancolia, sem querer falar muito sobre. Era um pouco estranho como ela tinha uma postura adulta em alguns aspectos, endireitando a coluna e se silenciando quando achava necessário.

Numa dessas 'adultezas' da mocinha, ela decidiu que não pensaria nos seus problemas agora, afinal de contas, se distrair ajudando aleatórios é uma boa forma de conseguir esquecer dos problemas.

Pois então ela foi na frente, indo para o único alçapão visível ali, pedindo para que o tal Freud fosse na frente para só depois adentrar. O local era uma escada simples, porém estreita, com um corrimão de ferro do lado direito. Quando já estava com os pés nos degraus, começou a responder a pergunta bastante complicada de Tony:
- Hmmm, prisioneiro deve ter mais que Rainbow aqui em baixo - Fez referência ao subterrâneo - Eu mesma to guardando ao menos 15... vivos. Uns 20 morreram de ontem para hoje e por isso esse cheiro HORROROSO - Nesse exato momento, ela se rememorou de algo muito importante, pôs uma mão no bolso enquanto deixava a outra rente ao corrimão da escada e tirou de lá duas máscaras - Inclusive, aconselho vocês a colocarem isso...

Deu o tempo para eles se vestirem e continuou um pouco a explicação. Ela só sabia de duas coisas possivelmente relevantes àquela questão, mas as diria sem muitos problemas:
- Quase todo mundo que é da Rainbow tem um equivalente nessa dimensão... principalmente os mais velhos. Os novos não tem tanta certeza... - Deu uma pequena pausa, ela tinha algumas teorias do porquê disso, mas não externou por achar bobagem de criança - Então muitos Rainbows raptaram eles mesmos destas dimensões e a maioria está aqui em baixo. Tem jaulas amontoadas de gente por todo o subterrâneo, e as vezes isso causa alguns... transtornos. O que eu sei é que tem uma que era cheia de gente importante e que tentaram fugir.... DIZEM - Deu uma ênfase bem grande, deixando claro que estava apenas fazendo fofoca e não falando fatos - Que uma parte dos que foram pegos eles mandaram pra cá... que é o pior lugar pra se estar, inclusive - Respirou fundo, engasgou e deu duas tossidas - Esse é o laboratório de armas biológicas da Equipe Rainbow. Faz um tempo que eles estão fazendo besteira aqui...

Talvez fosse coincidência... talvez não. Fato era que, quando ela disse isso, o grupo parou em frente a uma porta com a placa escrita PERIGO: ÁREA CONTAMINADA e apontou para lá, deixando mais que óbvio que ela estava se referindo a área por trás daquela porta.

Bem, vocês realmente poderiam seguir sem entrar lá, na verdade, a criança preferia que fosse assim... Freud que estava um bocadinho curioso, mas ele é ainda uma criança, tem o direito de estar, né?!

Um pouco irritada com a situação que se colocava, a mocinha levou as duas mãos na cabeça e coçou-a um pouco. Suspirou fundo e ouviu a dúvida de Rafa com certo ceticismo: Se Tony não tentou lhe responder, seria o papel dela tentar?! Bem, ela até poderia compor uma resposta, mas já estaria falando demais, não é?! Então simplesmente deu de ombros e balançou a cabeça incisivamente, indicando que não sabia como lhe responder.

Não era como se ela não tivesse imaginação, afinal de contas, toda pessoa com 12 anos a tem, né?! Ainda assim, tomou a sábia decisão de ficar quieta, pois ninguém queria saber o que uma menina de 12 anos vinha devaneando... né?!

No mais, ouviu a discussão dos três (logo mais quatro) senhorezinhos com atenção. Apesar da pauta interessante, o que mais causava estranheza e surpresa à moça era o nascimento do Rotom. Seus olhos arregalaram, sua boca se transformara em "o" e ela suspirou admirada:
- TAMAGOTCHI! - Anunciou - MINHA AVÓ SEMPRE DIZIA DELES! Mas eu não sabia que tinha como eles saírem dos aparelhos... eu achei que era só comer, beber e dormir... alguns passavam mal e morriam, mas sair eu nunca vi... posso brin... - Ela já estava avançando em direção ao recém nascido prestes a alcançá-lo com as mãos quando o Rotom-Mow lhe tratara de dar um pequeno choquezinho - AI! Mal educado... - Reclamara, voltando para seu lugar - Ta, ta, vou abrir logo essa porta.

Emburrada, a moça passou a chave pela fechadura e atravessou a porta de vez... agora, Rafael Luck, você queria saber como diabos essas máscaras de pano vão te proteger ou filtrar algo dessa sala não é?! Pois é, meu amor. Você, olhando, já deve ter percebido, mas não irá. O máximo de sua utilidade é abafar o cheiro de morte que há nesse corredor.

Sim, um corredor. Quando a menina bateu a mãos na parede de concreto que emoldurava a porta, ela acionou um interruptor de luz. Repentinamente todo o ambiente estava iluminado e víamos - introdutoriamente - dez jaulas amontoadas de pessoas... ou cadáveres. Difícil dizer em uma olhada só.

E quando isso aconteceu, um coro de gemidos foi ouvido por detrás das grades... Peço desculpa as duas crianças de 12 anos que estou botando nesta situação, mas culpem o Tony por carregar pirralhos em missões Rangers com prisioneiros e equipes malignas intergalácticas.