[DUNGEON - POKÉMON MANSION] De férias com o ex?!

Sentia a compulsão pelo riso aumentar cada vez mais, fazendo pressão no meu diafragma e, consequentemente, nos meus pulmões. Eu tentava resistir, mas minha atenção à batalha já tinha sido comprometida de tal forma que eu fiquei meio confusa com a sucessão de eventos. Registrei com mais ênfase os feixes brilhantes das esferas, quando Ayzen fez sua troca, e isso me deu uma luz do que fazer em seguida.

Estava virada pra minha bolsa quando ele começou... Um "há!" gritado, seguido de uma tapada de boca e alguns espasmos... O que tava acontecendo com Ayzen? Era algum tipo de soluço esquisito? Soluço é igual espirro, cada um tem o seu e alguns podem ser realmente excêntricos.  

— "Há"?! KKKKKKKKK! "Há" o que, homem?! Hihihi. "Há" de haver; B de baixinho; C de coraçã-ão... KKKKKKKKKK... — okay, essa foi em parte de forma bastante consciente, porque eu achei estranho e engraçado aquilo vindo de Ayzen.

Problema de ter lançado a piadícula, é que eu acho que ela não me fez bem. Meu corpo chega a doer, de rir e de tentar controlar o riso. Sinto que a qualquer momento meu fôlego pode ir, sem volta. Pelo menos, Muk foi de base, sem volta - assim eu espero. Okay, okay. "Foco, Kiki, foco!", preciso agir!

Remexia a mochila com a velocidade de uma pessoa em situação crítica, que eu estava. Procurava, e encontrava, duas coisas. A primeira, foi um frasquinho de vidro com "coisinhas" que lembravam balinhas doces, cor de rosa, minhas Pecha Berry! Liofilizei as frutas pra que pudessem durar mais dentro da bolsa, assim como caber melhor nela. Tem o mesmo potencial da fruta in natura, e os efeitos também. Acreditem em mim, eu sou graduada pela Universidade de Pewter! Pois muito que bem, vou enfiar uma na minha própria goela pra tentar combater o efeito do gás tóxico, se é que dá.

— Merkkkkkaaa! — a segunda coisa eu não demorei pra achar, mas me atrapalhei muito na hora de usar. Era minha vez de fazer trocas! Sauron voltava pra sua esfera e dava lugar a Auri, a Yanmega — OLHA, KKKKKKKK! — apontava o inseto pra Ayzen ver seu design e invejar por um dia ter me negado uma dessas — Bzzz-bzz-bzzz-bzzz... Bzzz! Bzzug Buzzzz! Bzzug Buzzzz! (lê-se Bug Buzz, o golpe) — essa parte é culpa da desorientação.

Off escreveu:

Só pra pontuar que os stats da Yanmega estão errados na Bag, assim como esqueceram de atualizar o apelido dela pra Auri. :B
O uso da Pecha foi em mim, por efeitos interpretativos, mas se isso for me custar um movimento então vamos só fingir demência e desconsiderar.
Thks

— Con... Tin... Nue... — cada sílaba era uma dor para ser pronunciada em meio ao esforço que precisava fazer pra conter o riso e conseguir proferir alguma coisa — B-Bug... Buzz... Repi... Ta (x2)!

Eu faltava gritar por conta dos espasmos, mas ainda assim me faltaria fôlego suficiente pra fazer isso. Sentia os músculos do rosto doerem e se contorcerem no que me parecia ser um estado de constante riso dos lábios. Já tinha perdido a noção da dor na cabeça e em algumas outras partes. Agora, eu só virava com certo frenesi olhando à volta, procurando um lugar por onde sairmos dali. O elevador não era uma opção, eu sei, mas não é possível que não houvesse sequer uma escada de emergência, uma nova passagem escondida ou algo do tipo... Né?!

Sem saída, então. A explosão de Weezing me deu arrepios e medo, pois deusas sabem o perigo que é um lugar como esse, no subsolo. Qualquer coisa podia ser motivo pra todo o resto desabar sobre nós. Alguns "troços" desabaram naquele salão, e eu nem arriscaria passar por ali agora. Contudo, parece que era nossa única saída.

Enquanto as coisas se desenrolavam durante e após o fim da batalha, eu tinha amarrado uma scarf qualquer para proteger nariz e boca, usava a própria parte de dentro do pano para mordê-lo, tentando achar uma forma de conter meus risos histéricos, frenéticos e dolorosos. Vi Ayzen seguir naquela direção, estranhamente montado em Absol. Eu conheço a fama desse Pokémon, graças a Lysander. Em todo caso, se tudo que nos resta é seguir seus instintos...

— Vam!! — indiquei as costas do loiro pra que Yanmega e eu o seguíssemos. Para quem não sabe a onde vai, qualquer caminho serve.

(In)Felizmente, eu tava tão agoniada pra sair daquele lugar e me livrar dos efeitos incômodos, que só agradeci quando senti que iam diminuindo, aí segui sem hesitar pelo corredor adiante, pra me afastar ao máximo do laboratório lá atrás. Não tinha como ser racional demais agora, ou ficar resmungando por desejos não atendidos. Era uma situação de vida ou morte e só. Nesse caso, nossa vida dependia de pararmos de rir.

Parei antes de chegarmos na escada, pra tomar fôlego agora que meu próprio corpo me permitia isso. Retornava Yanmega pra sua esfera pra que, entre outras coisas, aquele corredor estreito não me sufocasse com seu pouco espaço. Definitivamente, eu não queria descer mais ainda ao subsolo, mas se essa era a única direção e nos levaria pra longe dos gases tóxicos... Bem, ainda tenho esperanças de que em algum lugar por aqui tenha um outro elevador, escada, rota de fuga, qualquer coisa.

— O que é...? — ainda ofegante, segurei Ayzen no topo da escada e apontei pras luzes que chegavam até ali, vindas do andar debaixo. Não estávamos sozinhos? Não era pra ser diferente?