[Lisanna Rayd] My First Story - Home

Chimchars me mordam! Nem fudendo que o nariz da Flora sangrou mesmo quando me aproximei?! E ainda flertou de volta?! Eu to doida alucinando?! Calma, Lisanna. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Depois você faz alguma coisa a respeito sobre isso, mas por agora, foquemos no problema.

Flora continuava a atuação até o momento em que, subitamente, a figura se chacolhando na grama alta mostrava ser um Slowking. E só de ver ele me fez tremer na base. Eu queria correr de volta pro Centro Pokémon imediatamente e ficar lá durante um bom tempo. Primeiro, Pokémon assassinos e agora um Slowking no meio duma floresta? Eu realmente não tenho sorte alguma. Felizmente, o Sleep Powder da Butterfree fazia efeito na criatura, e eu comemorava silenciosamente, antes de receber outra provocação de Torres.

- Sim... com certeza, sonho com a Liz todas as noites. - Falei, concordando com naturalidade, enquanto visava me aproximar cautelosamente da criatura para ver se estava dormindo mesmo, e então devolvi. - Como se algum dia eu pudesse sonhar em querer dormir de conchinha com você por livre e espontânea vontade. - Disse, no tom mais irônico que pude entonar naquele momento.

Ao confirmar que a criatura estava adormecida, fiquei bem receosa. Sério, não é normal ver um Slowking por essas bandas... eu acho. Eu queria acionar os rangers, mas acho que ele podia ser, apenas, de algum treinador por perto e nós não havíamos visto. Para tomar alguma atitude, eu precisava, primeiro, confirmar se ele selvagem ou não. Para tal, peguei uma Poké Ball da mochila apenas pra lançar no psíquico e descobrir se realmente era selvagem, no entanto, quando virei para o monstrinho de novo, vi Flora, com a boca do Slowking (graças a Arceus) virada pra uma direção diferente de onde eu estava, prontinha para puxar o rabo da criatura. Em alarde total, corri para perto enquanto gritava. - FLORA! NÃ-

Não deu tempo. Ela tinha feito.

Isso é algo curioso. Como duas jovens tão próximas de um pokémon não conseguiram constatar de forma eficaz que o mesmo não estava dormindo? Bom, não dava para culpá-las, na verdade.

Flora estava tendo um pequeno problema de vazamento nasal, mas com toda a certeza uma rinite seria menos problemática. Era um sangramento, do tipo facilmente lido como interesse mais aprofundado em uma pessoa a qual há uma forte carga hormonal envolvida. Acredite, se seres humanos conseguissem sentir a fragrância de feromônios como alguns animais conseguem, dá pra afirmar com certeza que a relva verde seria a última fragrância a ser notada por ali. Enquanto Lisanna ficava entre uma ameaça aparente do grande Pokémon e da sua companheira de viagem em um momento tão incomum.

E mesmo com as comparações entre o Pokémon aparentemente adormecido e sua pessoa a fizeram retroceder. Não, ela avançou com cautela ao lado de seus parceiros. Cautela essa que faltou para sua parceira de viagem, que logo foi para trás do gigante psíquico. O grito para Flora parar veio de forma instintiva, mas também veio com a movimentação de olhos do Slowking. Sim, Lisanna percebeu que o pokémon não caiu no sono! Assim que a pequena e-girl tomou a grande cauda de lontra em mãos, a mesma movimentou sua cabeça para observar sua agressora. Com os olhos semicerrados e um bufar revoltado, o Slowking movimentou sua cauda para cima, fazendo o pequeno corpo de Flora sair do chão, literalmente! Era um Pokémon forte, robusto, com seus dois metros de altura, que com um movimento simples de cauda fez a jovem de um metro de sessenta e nove tirar os pés do chão!

Para a sorte de Flora, logo que o Slowking se ergueu para o movimento, ele o fez de uma forma ainda lenta e cansada, então não a jogou no chão ou a balançou no ar com voracidade. Pelo o contrário, o Slowking apenas tomou a garota em suas mãos e a colocou de volta no chão, dando um tipo de sermão em sua língua nativa e logo se jogando sentado ao chão, novamente. Ali, em um momento de silêncio repentino, as garotas puderam ouvir um som inconfundível: o alto roncar de um estômago vazio. Aquele Slowking estava faminto!                            

Eu só queria fazer um picnic

Que estranho! Será que o Slowking estava quebrado? Quem diria que puxar o rabo dele não resultaria em um jato de água em algum aleatório do mapa? Mas tudo bem, deve ter sido só um incidente de tiro, então vamos tentar de novo e ver que dessa vez deu certo.

-Vamos l-AAAAAAAAAAAHHHHHH!!!

-UUUOOOOOOOOOHHHHHH!!!

-AAAAAAAAAHHHHHH!!!

Parecia uma batalha contra um colosso! Eu estava agarrada à sua cauda que balançava para cima e para baixo, para o lado, diagonais e outras direções não catalogadas. Era muito forte, minhas mãos estavam quase se soltando e eu prestes a voar para a próxima cidade e cair provavelmente em uma loja de colchões.

É isso. Adeus, Lisanna. Foi bom te te conhecido.

-Hã?

Não estava mais balançando. Será que eu fui pro céu?

-Ah!

Ou pro inferno.

Era a figura do Slowking bem à minha frente. Estava me segurando em seus braços e logo em seguida... Isso mesmo! Ele me colocou... no chão?

-Uh?

Ele começou a falar algumas coisas, mas a unica coisa que entendi foi uma voz com eco dentro de minhas cabeça.


E veio o som do perdão. Isso mesmo. Gritos, depois barriga roncando.

-Oh! Já entendi!

Eureka, Flora! Você é um gênio!

-Por favor, me perdoa, ó, alteza. Esta rainha não percebeu que estava diante de um rei, por isso agiude forma imprudente. Como agradecimento por ter poupado minha vida, irei oferecer um presente.

E tirei da minha bolsa um potinho com ração para pokémon. Um dos que eu trouxe, ainda tinha mais pra Vulpiz guardado.

Bem... Será que ele vai aceitar?

Por um momento, meu coração parou. Quando vi o Slowking erguer Flora com um simples movimento de cauda, eu imediatamente me virei para Liz e Butterfree, que entenderam de imediato. Enquanto a Glameow se preparava para se lançar na direção do hipopotamo e Butterfree começava um confusion para segurar Torres no ar, vimos o aquático colocar a garota no chão pacientemente e lhe dar um esporro. Sem entender nada, minhas duas parceiras travaram completamente, enquanto um misto de alívio e fúria começava a se contorcer no âmago do meu ser.

Se por um lado ficava feliz que tudo acabava com pizza, ou quase, por outro eu estava muito irritada com a Flora se limitando, a, sei lá, tirar da paz um Pokémon do qual a gente não tinha a menor CONDIÇÃO de lutar contra. Claro, ainda que tivéssemos como lutar com ele, seria uma ação inconsequente tirar o grande psiquíco da sua paz, mas em nossas condições atuais era suicídio, cara! Como ela pôde cogitar algo assim?

Impaciente, caminhei na direção da Flora, muito puta, e batendo os pés bem fortes no chão. Quando estava do lado da garota, que oferecia pacientemente a sua ração ao rosado, a multilei com o olhar. Em seguida, suspirei fundo, e tentei falar da forma mais doce possível com o Slowking. - Nos desculpe pela brincadeira sem graça. - Disse, e em seguida dava um doce sorriso. - Pode aceitar um pouco de comida para compensar? - Falava, enquanto tirava alguns pestiscos para Pokémon da minha bolsa, que normalmente serviriam aos meus pequenos. Em protesto, Liz, Butterfree e Graveler emitiram seu cry bem alto, eu pisquei duas vezes e me rendi. - Ta bom, tem um pouco pra vocês também. - Disse, enquanto tirava um pouco e dava para os outros três também.

Enquanto comiam, me sentei ao lado da Flora, em silêncio, e fiz uma pergunta bem franca. - O que você faria se ele, sei lá, ficasse irritado o suficiente pra tentar nos partir no meio?

Eu só queria fazer um picnic

As coisas se acalmaram e com certeza foi tudo graças a mim. Seguindo meus passos, Lisanna também ofereceu comida para ele, mas não sem receber um olhar mortal de seus companheiros. Ela estava dando a única comida da equipe dela pra outro pokémon sem pensar em separar antes? Nossa! Como ela é sem noção!

Mas quem liga pra isso? Bora bater um rango. Sentei e peguei um sanduba da bolsa, mas antes de dar a primeira mordida, Lisanna me perguntou algo.
"O que você faria se ele, sei lá, ficasse irritado o suficiente pra tentar nos partir no meio?"

O que eu faria? É óbvio que...

-Eu acho que só ia chorar. Mas não vamos falar sobre isso! Aqui, pega um pedaço.

Separei um pedaço do sanduba e dei na boca dela. Espero que goste.

-Então... O que achou?

Por mais clichê que fosse, parece que a bajulação de Flora funcionou. Chamar o Slowking de realeza e o tratar como tal fez o pokémon agir de maneira diferente. Enquanto a jovem falava, o psíquico cruzou os braços e ergueu o queixo, virando o rosto levemente para o lado como se “estivesse de mau” da garota. Mas logo que o item “comida” entrou na jogada, a atitude da lontra gigante mudou tão rapidamente quanto se formou. Não tão lentamente quanto seus semelhantes de espécie, Slowking aproximou seu focinho dos petiscos e analisou o aroma. As garotas então perceberam o semblante da criatura mudar. Seus olhos brilharam e seu maxilar pendeu para baixo, deixando que algumas gotas de saliva caíssem ao chão. Mas uma realeza não agiria de forma tão despojada diante de seus súditos, não é? Não, não, o Slowking não atacou a comida oferecida como um filhote de cachorro desesperado. Ele tomou os petiscos com as mãos e, educadamente, fora se alimentando. Tanto os dotes “fanfiqueiros” de Flora quanto a experiência de estrada de Lisanna denunciavam uma mesma conclusão: talvez não estivessem diante de um Pokémon selvagem.

Uma breve pausa para o almoço iniciou-se, dando espaço para as garotas conversarem mais um pouco e se acalmarem da breve montanha russa de emoções que vivenciavam. Algum tempo depois, não tendo ao certo ciência de pouco ou muito, todos e todas estavam devidamente alimentados e prontos para seguir viagem. O Slowking havia recuperado suas energias e colocou-se de pé diante de suas novas companhias. Em um gesto muito teatral, ele retira sua coroa e saúda a bondade de suas anfitriãs, então aponta para um determinado local fora da estrada, e começa a tomar os primeiros passos na direção apontada. Talvez ele tivesse as convidado para seguir com ele, talvez estivesse apenas se despedindo, mas lá ia, a passos não muito ágeis para o desconhecido. Iria estas belas jovens seguir o misterioso Pokémon ou tomariam um rumo diferente para algum outro desconhecido?                                              

A última frase de Flora me deixava, no mínimo, atônita, sabe? Meio em choque. Ela realmente não tinha nenhum plano de contramedida, não é? Ai, cara, onde é que eu tô amarrando meu burro, a gata quase matou a gente e ta tranquila como uma brisa de verão, eu não sei nem por onde começar. E bom, quase como se lesse meus pensamentos de reprovação, Torres marcava seu record os interrompendo, praticamente enfiando um pedaço de sanduíche na minha boca. E olha, nada contra os atos românticos, mas eu fui quase socada por um sanduíche, ta? E... ah, foda-se, eu gostei, beleza?

O sanduíche tava incrível, e nem sei dizer se é porque tinha uma cota que eu havia comido, mas, sim ele estava perfeito. Segurei o pedaço do sanduíche e o saboreei com vontade. - Cara, isso ta muito bom. - Comentava. - O que colocou neles? - Perguntava, durante o tempo de uma mordida e outra.

Bom, minhas três Pokémon também saboreavam seus petiscos com vontade, e não pude deixar de notar a tranquilidade que aquele momento passava... queria que durasse para sempre. Mas nem tanto, né caro jogador? Enfim, após terminarmos de comer, Slowking nos convidava a acompanhá-lo, acho, para uma direção que fugia um pouco do nosso rumo ao final da Rota 213. - E então... o que acha? A gente segue ele? - Perguntei, esperando uma resposta afirmativa, e caso assim fosse, juntaria minhas coisas e seguiria o psíquico com Flora.

Eu só queria fazer um picnic

-Não, não, não! Sem spoiler, Lisanna! Se quiser mesmo saber, vai ter que me acompanhar na cozinha da próxima vez. Hehe!

Onde já se viu, né? Ela quer que eu saia por aí revelando os meus segredos de culinária? Já sei! Ela quer roubar minhas receitas e me surpreender com elas mesma algum dia desses! mas ela não vai mesmo. Se quiser aprender, vai ter que ser comigo mesma ensinando.

-Mas eu posso quebrar seu galho e dizer que o que eu coloquei aqui foi o "Especial da Flora".

Mas eu devo admitir que tá bem gostoso mesmo. Eu mando muito bem na cozinha. Então a gente comeu e o Rei foi por um caminho nos convidou para segui-lo.

-É claro que a gente vai! Ele parece ser confiável, até me perdoou depois do meu ato desrespeitoso. Tenho certeza que o Rei vai nos levar a algum lugar mágico!