The Start
QUOD ERAT DEMONSTRANDUM
Em um pequeno barco que havia partido de Pacifidlog em rumo à Slateport
E pensar que apenas alguns anos atrás, eu era apenas uma filha mimada de uma família rica, agora sou uma errante, pulando de um barco fedorento pro outro. Isso é uma simplificação extrema de minha situação, mas é basicamente isso, já cheguei a roubar e cometer outras infrações menores para sobreviver, coisas da qual eu não me orgulho muito e apesar de parecer que estou reclamando das condições do barco em que estou no momento, essas condições estão mais próximas da minha vida com minha família do que da minha vida nas ruas de Goldenrod.
O motor daquele barco tinha um barulho estranho, até me lembrava tosse, tosse de alguém que está bem mal. O que me lembra do motivo de eu estar nesse barco. No fim o velho que estava cuidando de mim está realmente mal e não vai durar muito tempo, então ele resolveu me mandar embora de vez. Não tenho um apego muito forte pelo homem, mas ele e sua esposa foram as únicas pessoas nesse mundo junto com minha mãe que me fizeram algum bem. Me sinto triste por ele, mas no fim não há nada que posso fazer e ele sabia disso e queria que eu vivesse minha própria vida, logo ele me arranjou um barqueiro pra me levar até Slateport, alguns mantimentos e um certo presente.
E esse presente me deixava ansiosa. Geralmente, durante essa viagem, eu estaria estudando, sim, estudando, com livros velhos que foram a única coisa que salvei de minha velha mansão. A matemática é a única coisa que evita minha mente de gravitar em direção a pensamentos sombrios, que são um completo detrimento para o meu intelecto. A forma como a mente humana consegue ser fascinante, a ponto de formular axiomas que são a fundação de basicamente tudo nesse universo. E a mesma mente humana é capaz de um outro extremo, absoluta irracionalidade ao ponto de se incinerar a si e a outros em chamas. Tch, não tem necessidade de rever tais memórias.
Enfim, a tal coisa que me impedia de me engajar com a minha principal válvula de escape era uma caixa de presente, uma confecção de alta qualidade, que não parece ter vindo de um pescador pobre. E o conteúdo da caixa era algo que me perturbava. O velho havia dito que era um pokémon, mas não chegou a mencionar o que era, apenas disse que era uma espécie exótica. Não me entenda errado, os Pokémon são criaturas maravilhosas, talvez o maior milagre e ao mesmo tempo o maior enigma desse universo, mas há um certo grupo que me preocupa: os tipo fogo.
O fogo é o caos e eu necessito de ordem. Como eu mencionei, o ser humano é capaz de atear a si mesmo em chamas sem aviso prévio, mas o fato de um pokémon, que a princípio deveria ter uma veemente confiança em seu treinador e protegê-lo, ser o iniciador de tais chamas? Os Pokémon de fogo me parecem ser tão destrutivos assim, afinal a única memória que eu tenho de um, é justamente uma afirmação desse fato. Isso pode ser apenas um teorema que precisa ser deduzido, mas eu não queria ser a pessoa a qual o provaria. Não sei como reagiria ao ver um ser destrutivo, como aquela figura das chamas fantasmagóricas que destruiu minha vida, sair da pokébola que estava dentro daquela caixa.
No fim, eu passava a maior parte da viagem, apenas fitando aquela caixa, de uma maneira que me fazia parecer insana. A pequena tripulação do barco, quando passava por mim, lançavam olhares desconfiados e intrigados, não que eu me importasse muito, apenas tinha a ciência de que aquela minha ansiedade não parecia saudável de maneira alguma.
Enfim, cheguei ao meu destino, Slateport e apenas aguardava para que pudesse descer do barco, sem trocar uma única palavra com a tripulação, apenas levando uma mochila um tanto surrada e a caixa de presentes chique que contrastava com a mesma. E falando na caixa, decidiria por um fim a esse dilema, procurando um canto silencioso da praia e abrindo a caixa de presentes sem muita cerimônia.
Depois de um longo suspiro, eu pegava a pokébola e decidira revelar o seu conteúdo e quando o ser que ali residia se materializava, alívio ia gradualmente tomando conta de mim. Não era um ser do caos, mas sim um espécime interessante, de minha região natal inclusive.
- Oh, obrigada...
Nunca pensei que ficaria tão aliviada de ver aquele pequeno hipopótamo.
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BY MAHIRO