[GYM BATTLE] - VS Fantina #01

Hearthome City

O Ginásio de Hearthome City.

Conhecido mundialmente por conta das performances extravagantes de Fantina, sua líder entusiasta de Contests, o local era absurdamente fácil de ser localizado na cidade: procure o edifício mais purpurinado no centro e pronto, você o encontrou. Foram essas as direções que Winnie recebeu de um transeunte para encontrar o ginásio e não tardou em conseguir enxergá-lo à distância, muito devido alguns holofotes que balançavam de um lado para o outro no céu estrelado de quase nove da noite, pintando as carregadas nuvens que enfeitavam o céu da cidade e ameaçavam um temporal dentro de poucos minutos.

Ao chegar no local, a Rocket era recebida com um tapete vermelho e garçons com taças de champanhe - na rua mais próxima era possível ver também um serviço de chofer com algumas pessoas muito bem vestidas chegando ao ginásio, com alguns com monstrinhos felinos presos em coleiras de ouro, uma futilidade bem comum dentre a alta sociedade Pokémon. Não dava para saber exatamente o que estava acontecendo, mas um evento estava ocorrendo, certo? A decoração era belíssima, com cortinas em veludo púrpura e buquês de hortênsias espalhados pelos mais diversos lugares.

Uma recepcionista, vestida com um terno de cetim preto e longos cabelos cacheados presos no alto, aproximou-se de Winnie para perguntar se seu nome estava na lista. Obviamente a resposta seria negativa, mas o desafio estava lançado: a Rocket queria desafiar Fantina para uma batalha. A mulher consentiu com a cabeça e pediu para que se dirigisse até a entrada do campo de batalha: "Não existe nada no mundo que Senhora Fantina prefira do que mostrar seu talento diante de um lugar lotado de pessoas, senhorita... Winny?. Espero que não se importe em aparecer em revistas de moda e entretenimento, mocinha." e com uma piscadela se despediu na direção oposta. O que quer que fosse acontecer no ginásio, teria que aguardar já que o desafio de Winnie tornara-se um showcase orgânico do dom da líder fantasma.

É mole? Ao menos a Rocket tinha champanhe de graça...

Imagine um local lotado. Não aquela coisa meia bomba que tem alguns bancos vazios aqui e ali, mas cheio mesmo, abarrotado de gente. Era assim que estavam as arquibancadas da arena, com até mesmo Pokémons sentados nos banquinhos de veludo roxo que forravam o concreto - esse também pintado para combinar com a estética do edifício. Tudo de uma chiqueza ímpar, viu? Quem quer que tenha patrocinado gastou uma boa, boa grana. Não que Winnie não soubesse o que é isso, já que também é milionária, né?

Em determinado momento as luzes da arena se apagaram e o burburinho acumulado da arquibancada se extinguiu. Um único holofote acendeu, do lado oposto onde Winnie estava, mas não havia nada lá. Aos poucos, a temperatura do ginásio começou a cair e era possível sentir um vento gélido correr em círculos, até tornar-se um pequeno e contido tufão branco, com faixas arroxeadas que cresciam e sobrepujavam a cor inicial, até tornar-se completamente roxo, mas com faixas brancas. Dissipou-se, então, em uma grande explosão de vento que fez com que flocos de neve magenta caíssem por toda arena, com a arquibancada entrando em êxtase. Em seguida, Fantina surgia naquele exato spot, com uma Froslass vestindo uma capa exatamente no tom do vestido da líder de ginásio, em pose de vitória.

- Bem-vindos, bem-vindos! - Fantina acenava para os convidados, voltando sua atenção para Winnie logo em seguida - Bem-vinda, ma chérie! Que timing perfeito! - a líder abria um sorriso - Teremos um evento da Mareanie Claire em alguns minutos, mas nada como um desafio para mostrarmos o potencial de Hearthome! - a Froslass soltava sua capa roxa e sumia da frente de Fantina, aparecendo já na arena - Vamos dar um belíssimo show para os convidados, Winnie!

OFF: OIE, QUE HONRA TER VOCÊ POR AQUI.

Não foi difícil achar o ginásio de Hearthome; não só pelo fato dele ficar no coração da cidade, mas também pelo caráter espalhafatoso da arquitetura. Foi com muita - mas muita - caminhada que cheguei no ambiente de luxo, decorado com veludo, cetim e... servos?! Sei que não é o melhor dos termos, mas há um tom serviçal nos trabalhadores que aqui estão hoje: já chegaram com uma taça de champagne e se preocuparam integralmente com meu bem estar.

Olhei para o chão acetinado e avermelhado do local e logo em seguida foquei em meus pés, revestidos com uma havaiana laranja. Pisquei algumas vezes, na tentativa de que - magicalmente - o "fator cinderela" ocorra e eu repentinamente deixe de ser uma gata borralheira. Drama? Talvez, mas todo o bom milionário sabe fazer um cospobre de vez em quando: infelizmente arranjei a situação errada para fazer.

Meu shorts jeans surrados que me acompanham desde o início da viagem que os diga: a única coisa que eu tinha em comum com aquele cenário era a vontade de beber. Peguei a primeira taça e engoli de vez. Talvez assim aquele cenário de um filme de David Lynch faça sentido...

... e agora você me questiona: porque diabos estou fazendo referência a filmes cults? Porque depois de um bom tempo de férias em Lilycove, eu vi a grande maioria do arsenal de filmes da Amazônia Pride. Talvez uma sequência de blue velvet fosse ser filmada aqui. Se pararmos para pensar um tiquinho, perceberíamos que ginásios são formas de monumentos turísticos, o que significa que muitos filmes devem ser filmados dentro, fora e entre eles.

Dito isso, fui caminhando junto da recepcionista, até que o escuro me encontrasse. As pistas que a moçoila de terno me dava não era apenas o contraste torpe que eu tinha com o lugar - também pelo tom rosado e feliz, que certamente Matthew acharia estúpido de ter. Eu deveria ser uma melhor aprendiz -, mas também a pista de que era um evento social, ou melhor, um evento socialite. Isso, meus queridos fazia muito sentido.

Talvez por gastar todo o meu tempo livre em filmes e séries, eu não sabia quem era Mareanie Claire. Arrisco ser alguém, mas podia muito bem ser uma marca de vestido para contests, uma revista ou qualquer outra coisa... ou os três ao mesmo tempo. Não tentei adivinhar, muito menos fingir que sabia do que se tratava, apenas segui e me posicionei exatamente onde me mandaram, aproveitando da escuridão para...

... bem, pra coçar o sovaco. Acho que tem algo de vergonhoso nisso, mas é algo natural e comum, não é?! Bem, o escuro me permitiu fazer isso sem muitas vergonhas: o pior foi perceber - já com a luz acessa - que eu tinha público.

Sim. Pú-bli-co. Não há ar gélido que possa se comparar com o frio que senti quando entendi que o êxtase que ouvi não era só sonoplastia: eram pessoas de verdade. Olhei, estarrecida, toda aquela gente. De imediato fiz o ato mais rude que podia fazer: assobiei para um garçom e fui atrás de três taças de champagne seguidas. A primeira, eu tomaria de imediato e deixaria na bandeja. As outras duas seguraria uma em cada mão, revezando o copo para que não ficassem em temperaturas muito distintas.

Fantina falava comigo...  ou não. Seu tom performático me deixava em dúvida se o dito era para mim ou para a arquibancada, ainda mais com o tom de francês que desconheço por completo. Por isso, apenas lhe encarei em silêncio, até reparar que todos esperavam que eu dissesse alguma coisa. Minha resposta imediata fora a mais idiota e sem sentido delas:
- Desculpa - Ao menos, foi em baixo tom. Não sei se ouviram - Mas... vamos sim! Vamos sim! Vai ser uma ótima batalha! - Disse, dando uma bicada numa das taças.

Abaxei-me, deixei a taça da mão esquerda repousar no chão por um instante e cacei no bolso do shorts uma esfera bicolor. Era de Ran; ao menos não troquei - literalmente - as bolas. Joguei a Greninja perneta em campo e lhe dei a honra de estar no seu primeiro ginásio:
- Ei Ran! - Acenei em uma felicidade sublime. Por um instante eu tinha esquecido da minha situação, sinal que o Álcool fez efeito rápido. A sapinha virou-se para mim e acenou de volta, com aquelas mãozonas engraçadas. Dei um riso - Vamos de Taunt e Dark Pulse.

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Hearthome City

Acho que posso dizer que qualquer um no lugar de Winnie faria o mesmo. Champanhe de graça? Numa batalha contra uma líder mega conhecida e prestigiada? Na frente de uma arquibancada lotada de gente rica? Eu certamente já teria bebido até entornar. Conforme aproveitava e degustava as taças de bebida numa velocidade agora não-tão-considerável, Fantina ordenava que sua Froslass utilizasse Thunder Wave:

- Vamos combinar com um Icy Wind, ma fille. Hora de montar um espetáculo para o nosso público.

Fantina aproveitava para rodopiar e fazer uma de suas características poses, assim como Froslass, que lançava um Thunder Wave tão rápido quanto podia em Greninja. Rapidamente a fantamasma caía no Taunt inicial de Ran como uma patinha, mas sem quebrar a compostura. Para quem não é desse meio, era no mínimo um pouco cringe assistir uma senhora de meia idade fazer todo aquele show para anunciar dois ataques, mas para a arquibancada era um prato cheio: tanto que vibravam até demais para o que era esperado de pessoas, bem, elegantes. Aliás, quem vos fala aqui desconhece com exatidão como pessoas absurdamente ricas se portam, então, vamos jogar as coisas no lúdico um pouco, beleza?

O principal ponto era o número de fotógrafos presentes na primeira fila, com as dezenas de flashes que saíam a cada vez que Fantina se movia nem que fosse um único milésimo. O segundo é que alguns também faziam questão de fotografar Winnie, ou seja, a garota certamente aparecia nas páginas de alguma revista por aí. Se estiver devendo algum agiota, melhor se preparar.

...

Assim que Froslass começava a usar o seu Icy Wind, a arquibancada ficava em silêncio, maravilhada pela forma como a Pokémon produzia os seus ventos gélidos: a fantasma cruzou as pernas, esticou o pescoço e o braço direito para o alto, movendo somente a mão para que um pequeno tufão de vento se formasse diante de si e rapidamente encontrasse Greninja, que não sofria tanto assim com o dano, mas o frio começava a incomodar e diminuir sua velocidade de movimento. Retribuindo com um belo Dark Pulse, Ran criou esferas negras que acertaram Froslass diretamente e a lançaram alguns centímetros para trás, transformando a cor de Icy Wind em marrom com alguns brilhinhos brancos.

- Winnie, me diga, querida! O que lhe traz até Hearthome? - Fantina, apesar de caricata, parecia ser legitimamente simpática - Veio aproveitar nossas grifes, nossa culinária, nossas adegas? - a líder fez outra pose e apontou na direção de Ran - Froslass, duplo Icy Wind!

Primeiro de tudo preciso reforçar: eu não devo agiota, agiotas que me devem, ok?! Deixando claro que sou milionária, podemos continuar.

Vamos lá, isso aqui é bem parecido com o Twitter, que fica batendo palma pra doido dançar. Sei que contests fazem com que a excentricidade se torne arte, mas essas coisas fora de um contexto viram bagunça. Vi Lísia agora pouco, devo admitir que mesmo a jovem contesteira não era tão maluca quanto esta ai; mas admito que sempre há um ar cringe em todo adulto...

... inclusive em mim. Vocês não acharam cringe quando eu acenei pra Ran? Pois bem.

Mas o pior mesmo era essa questão um pouco espalhafatosa que Fantina fez questão de me incluir. Não houve meio termo, não houve percepção, não houve... convite?! A menos que a recepção tenha sido um convite, preciso reforçar que cai nisso de paraquedas. Por longos instantes, encarei os fotógrafos como se fossem parte do cenário, com uma sobrancelha um pouco arqueada e um ar de curiosidade.

Só depois de dois flashs fortes em minha direção que entendi que se eu olhasse-os assim, eu acabaria saindo em capas de revista com cara de quem está cagando. Isso não seria legal.

Entornei mais uma champagne e sorri em direção ao que outrora pensei ser só um cenário, dando mais um aceno cringe para os rapazes, raparigas e rapariguez. Não houve um tempo em que eu me concentrei 100% no campo, afinal de contas, todo aquele evento GRITAVA DISTRAÇÃO. Gritos, fotos, purpurinas, luzes e... bem... Froslass.

É importante dizer que toda a vez que aquela maluca ordenava Ice Wind, a pokémon fazia um show. Chegava a atrasar o confronto, me deixando um bocadinho impaciente. Minha perna começava a bater no chão e depois de certo tempo, eu seria obrigada a voltar ao meu costume nostálgico: sentar no chão durante uma luta.

Segurei-me; apesar de não ser uma luta fácil, eu não faria isso tão cedo. Inclusive, que merda, em?! Seria muito melhor lidar com isso se fosse algo fácil, mas não o é. Para piorar, era Ran que estava em campo. Não que a pokémon seja ruim, mas não há o treino e o conhecimento que minha Jellicent ou minha Houndoom tem. Era uma novata, o que já pesava demais; tanto para ela quanto para mim. Vendo a situação complicada que nos coloquei, tentei manter a ofensiva para tirar leite-de-pedra:
- Dark Pulse e Hidden Power - Ordenei, quase atropelando as perguntas de Fantina. Logo em seguida, tentei assimilá-las para responder alguma coisa, mas falhei um pouco na missão. Eu não sabia muito bem porque estava em Hearthome, salvo o encontro de motoqueiros organizados por "mozinho e mozão"...

... mas eu devia falar isso?
- ... Eu to tentando aprendi a pilotar minha moto. Vim no encontro de motoqueiros daqui. Realmente Hearhome é uma cidade bem plural - Foi o máximo que consegui fazer para diminuir a vergonha da resposta.

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Hearthome City

Antes de qualquer coisa, é necessário falar sobre o motivo de estarmos (quase) todos aqui e a inusitada interação que ocorreu nesse turno do embate: após Froslass usar seu Icy Wind e acertar Greninja, quando a anfíbia revidou e acertou a fantasma com seu Dark Pulse, as esferas negras do ataque aos poucos tornaram-se todas púrpuras. Poderia ser somente um truque de efeitos da contesteira e sua Pokémon, mas não foi o que aconteceu, uma vez que Ran sentiu seu corpo tremer em pavor alguns segundos depois, caindo de joelhos no chão. A gélida havia tomado conta do ataque noturno, ao ponto da pequena de Winnie não conseguir utilizá-lo mais por um curto período de tempo. Aí estava uma demonstração da habilidade principal da espécie adversária: Cursed Body. Fantina quando criou esse moveset para Froslass sabia exatamente o que tava fazendo...

Né?

...... Né?

E se Winnie já tinha ficado impaciente no turno anterior, nesse agora... Foram bons três ou quatro minutos para a fantasma de Fantina terminar de conjurar seu segundo Icy Wind. Isso porque, com ajuda do resquício do Dark Pulse púrpuro no chão da arena, Froslass criou outro tufão colorido que veio acompanhado de uma coreografia. Haja paciência para isso e para os ricaços da arquibancada sempre embasbacados por qualquer coisa.

- Os motoqueiros daqui realmente são ótimos, má cherie! Conhecidos em todo o mundo, assim como moi! - a líder aproveitava para posar para alguns fotógrafos se aproveitando dos resquícios do vento colorido; enquanto isso, Froslass era atingida pelo Hidden Power de Ran - Mas ao bater o olho em você, não me parece ser uma motoqueira! Onde estão suas roupas de couro, seus óculos escuros, suas roupas pretas? Ora, ora, iremos resolver isso! - Fantina estalou os dedos e a assistente da recepção que atendeu Winnie chegava correndo na arena - Busque algumas peças novas na boutique da nossa coleção de Mozinho & Mozão! - a líder abria um sorriso genuíno - Antes de recusar, dê uma olhada nas peças. São merveilleux!

Talvez se Fantina ficasse quieta, o espetáculo até fosse bonito de ver. O tom obscuro do ambiente ajudava o tom púrpura e espesso do Icy Wind + Dark Pulse se dissipar de forma agradável, emitindo uma luz fraca, porém destoante. Aquilo, por um momento, me fez relembrar a beleza que se pode fazer com pokémons ao misturá-los a arte. O problema é que, logo em seguida, aquele "moi" da líder me deu um tremelique, rememorando porque diabos sai dessa vida:

Eu odeio esse tipo de gente que chama atenção.

Tanto quanto odeio ter a atenção voltada para mim.

Não que eu vá tratar mal a mademoiselle por isso, mas certamente não voltaria lá. É até um pouco estranha essa minha relação dúbia com uma líder de ginásio Ghost: lhe congratulo pela tipagem interessante, mas lhe julgo pelo uso do ginásio como trampolim social.

Claro... não é muito diferente de Juan e outros, mas ao menos eles são menos escancarados, não é?! Ou eu só peguei um dia ruim... é, pode ser. Fato era que eu, sentada no chão, comecei a tomar meu champagne mais devagar. Analisando melhor a batalha, ela não estava tãaao ruim assim. Quer dizer, poderia estar melhor, de fato; Ran estava mais lerda que minha Araquanid e ela provavelmente estava um bocado incomodada com isso. Era possível vê-la olhando para baixo, encarando sua pernoca e se queixando do quão horrível é ser desproporcional. Ela, verdadeiramente, atribuía a dificuldade de andar ao item somado a sua deficiência; não ao Icy Wind.

Isso me deu um enorme aperto no coração. Mais tarde, fora das câmeras, eu precisaria falar com ela, mas por enquanto seguiríamos: ela iria gostar que eu lhe levasse completamente a sério:
- Hidden Power e Taunt! - Só depois disso subi um pouco o rosto e respondi Fantina com um som meio rouco e uma voz meio falhada; características inevitáveis da minha insegurança - Eu... eu... não sei - Procurava uma resposta mais clara, mas ao invés disso só soube sussurrar "Alice disse a mesma coisa" de cabeça baixa, mas depois elevar novamente - Na verdade, isso de aprender ta difícil, eu amei os looks de Mozinho e Mozão, mas eu vou me sentir meio poser se eu parecer tão punk quanto aqueles motoqueiros que realmente sabem dirigir uma moto, sabe? - Isso foi uma espécie de negativa? Acredito que não.

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Hearthome City

Você já conheceu alguém realmente podre de rico? Daqueles que você tem certeza que não declara tudo que ganha e usa laranja pra dever o governo e ficar AINDA MAIS rico? Se sim, você vai entender exatamente do que estou falando aqui: Eles não aceitam não como resposta. Não porque acham que sua ~oferta~ é irrecusável, mas sim porque qualquer coisa que é oferecida da "bondade" de seus corações não pode ser negada. Como assim uma pessoa ~normal~ não quer um pedacinho da realidade incrível e intocável? Fantina não parece ser uma pessoa ruim ou má, só é... Muito rica. E com isso vem a parte de ser sem noção mesmo. Mal sabem eles que Winnie tem grana... Muita grana.

Para mais críticas aos abastados e ao capitalismo, me sigam nas redes sociais. Recomendo "White Lotus", disponível na PokéMAX ou "Triângulo da Tristeza", disponível na PrimePoké. Esse último tenho minhas críticas mas, enfim, de volta a nossa batalha.

- Froslass, Taunt e Confuse Ray! - a líder aproveitava para dar mais um rodopio com seu longo vestido roxo - Ora, que nada, querida! Essas peças ficam guardadas e nunca são usadas, será um prazer lhe presentear com elas! Pense nisso como um agradecimento pela difícil batalha e belíssimo spectacle para meus convidados.

Com Hidden Power e Taunt fica até meio difícil narrar uma combinação colorida e pomposa, então, espero que me perdoe se pular esses dois golpes: o importante é saber que ambos acertaram. O Confuse Ray, por sua vez, foi um espetáculo a parte, com até mesmo os holofotes da arena se apagando para que as esferas fantasmas brilhassem em neon roxo dentre o breu. Certamente é uma técnica utilizada pela líder de ginásio, já que para isso teria que ter alguns técnicos de luz disponíveis o tempo inteiro durante o embate. O público, como já esperado, vibraram com o exagero. Por fim, Ran estava PUTA DA VIDA e não conseguia utilizar Taunt por, bom, já estar irritadíssima com a situação: Taunt + lerdeza absurda + confusa + paralisada. Quem que não estaria, né, bicho?

Não demorou muito para que a assistente e ou recepcionista retornasse, carregando consigo três sacolas enormes de papelão, todas com a marca da Mareanie  Claire estampadas múltiplas vezes no seu entorno. Dentro das sacolas, caso Winnie ficasse interessada, estavam três diferentes jaquetas de couro, uma com rebites prateados em seus ombros, outra lisa mas um pouco mais curta e uma terceira que parecia um blazer com comprimento maior.

- Vamos, experimenta para que a gente ver! Você ficará très belle! - Fantina sorria e os fotógrafos voltaram sua atenção para Winnie - Froslass, duplo Icy Wind!

Pergunto-me o que é pior: aquela batalha ou aquela falação. Ao ouvir o "Taunt + Confuse Ray", meus pelinhos corporais se arrepiaram todos; se Ran já estava incomodada com aquele bocado de empecilho, nada disso a deixaria melhor. Eu precisava pensar um pouco mais em meus pokémons, o que significava deixar a champagne de lado...

... eu sei que nenhum deles deixa de confiar em mim quando eu bebo, mas sei também que deveriam. Lealdade não é desculpa para fazer merda. Dei um suspiro pesado, peguei a pokébola de Greninja e a retirei de campo assim que pude, botando no lugar meu querido Kouman: o bebê chorão.

Deixei-o se entender com o ambiente antes de começar a ordenar golpes e iniciar uma Mega Evolução. Ao invés disso, deixei-o apreciar o bocado de atenção que ganharia com todas essas pessoas a sua volta. Os holofotes apagados (ou assim acredito que tenha ficado) lhe fazia gostar do ambiente escuro, sem sentir tanta falta de seus óculos escuros. O garoto balançou a cabeça, localizou-se por um tempo, balançou os braços e depois de ver um flash-de-câmera, deu um rugido imponente. Não como reclamação, mas sim como adereço.

Depois disso, foi dando passinhos lentos em direção à Froslass. Nesse exato momento, lembrei de nosso momento em Unova, onde Kouman podia falar. Conheci o pequeno-grande T-tar tão bem, que pude até ouvir ele falar "oieee" para a fantasma, enquanto acenava suas mãos carnudas e curtas. Sorri; ele era, em suma, um perfeito bobão. Deixei-o livre por mais tempo, ganhando tempo enquanto respondia:
- Ah, tudo bem. No final das contas, acho que eu fico combinando com eles, né?! - Comentei, dando uma risadinha meio besta e levantando do chão. Minha referência era aos meus pokémons darks - Depois vou mandar uma foto pro Matthew - Peguei da mão do moço a sacolinha de papel; que era tão frágil e barata que me pegou desprevenida. Comecei a fuçar o que tinha dentro dela enquanto perguntava. Era bizarro o quão parecido era com as roupas do "meu" líder de ginásio - Porque nunca foram usadas? Vocês não gostam muito do estilo Punk?

... vamos lá, é uma pergunta válida, né?! Era ainda mais válida quando dava tempo ao tempo. Depois disso, passei a mão nos cabelos e guardei-os para trás da orelha. Acariciei o meu piercing na hélix da orelha e o apertei, começando a esquentar a Mega Stone que carregava lá:
- Kouman, a gente já conversou sobre isso, mas é sua primeira vez. Então lembre-se, é muito parecido com evoluir - Disse, iniciando o processo de mega evolução - Depois disso, duplo Crunch.

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Hearthome City

Antes de qualquer coisa, posso dizer aqui que estou APAIXONADO pelo Kouman? Acho que da mesma forma que certa pessoa amou a Ivy, cá estou eu simplesmente obcecado pela personalidade desse bebêzão de quase... meio metro de altura? Alguém parece ter esquecido de atualizar o tamanho dele, então, vou fingir que ele tem lá seus dois metros de altura.

E não é só eu, não, viu? Assim que Ran foi retornada e Kouman apareceu esbanjando toda sua simpatia, a arquibancada ecoou um fofíssimo "awwwww!", que fez com que os fotógrafos até mesmo voltassem sua atenção total para o pequeno e esquecessem até mesmo da tempestade de areia que o acompanhou para fora da Pokéball. Com todo esse carisma, capaz de a partir de agora o Pokémon aparecer na capa e Winnie virar uma notinha no rodapé da revista, viu?

- Temos muitas roupas e mimos recebidos, Winnie! - Fantina respondeu a pergunta, mas seus olhos estavam fixados no bebê chorão - E esse prince, ele gosta de roupas também?

É... Winnie. Todas atenções estavam voltadas para Kouman, que por sinal gostava desse tanto de atenção. Inclusive, quando a Tyranitarite começou a brilhar, o pequeno foi pego de surpresa - dizem que a primeira vez de uma transformação Mega nunca é fácil, mas apesar do início com um pouco de resistência, o noturno deixou que seu corpo fosse envolto pela brilhosa luz da conexão com sua treinadora e... puff. Acompanhado do brilho, um rugido bem, mas BEM ALTO MESMO, ecoou por toda arena: ou ao menos todos achavam que era, até ele se prolongar por bons segundos e Winnie perceber que se tratava de um... arroto. Isso mesmo, um longo arroto. Sem julgamentos, beleza? A metamorfose da mega evolução é um fenômeno que mexe bastante com o corpo dos bichinhos e, bom, para Kouman, sua nova barriga levemente mais chapada que o normal fez com que fosse incontrolável botar seus gases para fora. Ao menos foi por cima e não por baixo... Imagina o estrago.

Inclusive, o tamanho e as projeções de seu corpo eram um acontecimento a parte. Além de crescer meio metro em tamanho, Kouman parecia mais pesado e o próprio mexia seu pescoço para observar todas as mudanças que ocorreram na sua pele, deixando-o ainda mais "parrudo". Os clicks das câmeras continuavam e, assim como Fantina que observava tudo apaixonadíssima, estava o público da arquibancada vibrando pelo bebê-gigante-chorão.

Após O Show de Kouman, finalmente, o embate continuava. Froslass conseguia acertá-lo com uma sequência de Icy Wind, mas não resistia a profunda mordida do mega evoluído e caía completamente desacordada depois de dar muito trabalho para Winnie.

- Além de ser lindo, também é muito forte! Já pensou em torná-lo um modelo? - Fantina sorria, retornando a gélida e tirando outra Pokéball de dentro do laço do seu vestido - Vamos, Gengar! Temos um grande oponente à altura!

Eu já vi algumas megas, mas nunca nenhuma tão imponente quanto essa aqui. Eu preciso admitir que não era apenas a arquibancada que ficava vislumbrada com a grandiosidade de Kouman: eu também estava boquiaberta. Vê-lo ceder a evolução e tendo seu corpo remontado em uma versão muito maior, era sem dúvidas algo assustador.

Veja bem, Hati, Lamora e até mesmo Lilith ganham apetrechos e habilidades; Kouman ganhou uma enorme quantidade de massa muscular. Era estúpido! Eu estava acostumada com os apêndices de minha Houndoom crescendo, mas com ele foi muito mais. Não fora só suas costas pontiagudas ou suas garras que despontaram mais. Era sua barriga, seu tórax e seus ombros que mais ganhavam alteração.

Diferente de outras mega-evoluções, T-tar não estava "diferente", ele estava "transformado".

Admito que meu queixo ficara caído até ouvir o final do arroto do bicho, o que me fizera mudar de imediato a impressão para uma vergonha do tamanho de um dinossauro.
- KOUMAN?! - Gritei, com a voz falhando no ditongo - Olha Fantina, ele AMA roupas sim, mas ele não ta merecendo não. Viu?! Fica fazendo porquice na frente de todo mundo assim, perde presente - Cruzei os braços e emiti um "humph" irritado, que Kouman entendeu muito bem.

Enquanto ele fazia o que tinha que fazer - e talvez repensava seu ato natural e bastante comum -, eu terminava de fuxicar as roupas que ganhei. A primeira coisa que fiz, foi caçar um vestido que fosse mais fácil de colocar, mas falhei por completo. "Essas roupas punks tem muita corda e zíper, meu pai amado". Logo depois, cacei alguma bota ou algo do tipo. Eu já estava com quatro peças obscuras nas mãos até que chegou minha vez de ordenar:
- Ah, usa Taunt e Crunch, pode ser? - Falei, um pouco dando de ombros. Kouman havia confirmado a ordem e isso pra mim era mais que suficiente. Continuei mexendo nas roupas até ser interpelada por Fantina, falando sobre Kouman virar modelo - Ele?! Modelo?! Depois desse arrotão?! Olha, ele é incrível mesmo, mas eu não sei se leva jeito... é bonitão, mas não tem "jeito"... sabe?

É ridículo o quanto eu mudei de tom depois que as câmeras pararam de apontar pra mim. Eu estava extremamente mais confortável e isso tudo foi num passe de mágica: repentinamente, eu podia ser eu.

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