Pokémon Mythology RPG
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Chapter I: New Beginnings - [ Part I ]

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THE FOOL
Chapter I: New Beginnings - [ Part I ]


Tentava me concentrar na sensação do tato ao tocar o pelo macio e bem curto de Themis pensando em como poderíamos sair daquela situação. Me sentia tão vulnerável e tão... Inútil. Era um momento em que o dom da visão teria feito toda a diferença mas eu respirei fundo tentando não pensar nisso. Algumas vezes ao longo da vida tive a tentação de ficar pensando como seria se eu pudesse enxergar mas esse era um exercício inútil que só me trazia frustração então eu fiz um acordo comigo mesmo de não mais me torturar dessa forma. Continuei acariciando Themis na esperança de que um lampejo me trouxesse uma ideia que pudesse nos tirar daquela situação mas a forma como o corpo da houndour enrijeceu repentinamente me fez ficar em alerta.

— O que foi, garota? Viu algo? - Perguntei em um tom médio por estar perto dela e fui respondido com um grito animado vindo da houndour.

Não pude evitar o sorriso que começava a se formar e por um momento esqueci da tempestade que notei em seguida ter diminuído por um instante, como se o céu estivesse tentando nos dar uma chance depois de testemunhar nossa crise.

Maior ainda foi minha surpresa ao conseguir ouvir o grito que vinha de uma distância que me parecia relativamente longa mas ainda assim achou um caminho até nossos ouvidos, Themis bradou novamente como que pedindo para que a gente fosse de uma vez e decidi não prolongar aquele momento.

— Certo, vamos com calma. - Estendi meu bastão, segurando firmemente em seu cabo emborrachado e bati no chão à minha frente, deixei que Themis fosse adiante e fui seguindo, recostando o bastão nela para garantir que permanecia ao seu lado.

Conseguimos acelerar o passo, a chuva forte por outro lado não nos poupou e felizmente minha mochila era a prova d'água como a grande maioria das mochilas para treinadores já que esse tipo de obstáculo é de se esperar. Ainda assim, meu sobretudo preto ainda que por dentro fosse impermeável, estava mais pesado conforme eu caminhava por absorver a água e eu sentia meus cabelos encharcados molhando minha venda não importava o quanto eu abaixasse a cabeça. Continuei ouvindo a voz que sinalizava e a usei como um guia extra para garantir uma travessia mais segura até perceber as gotas diminuírem ao ponto de não sentir mais nenhuma.

Eu sabia que tinha alguém nesse momento me olhando provavelmente com curiosidade. Apertei a mandíbula e cerrei o punho livre, apertando o cabo do bastão com a outra e minha cabeça ainda estava baixa, sentia as gotas escorrendo pela minha nuca, bochechas e queixo... A água estava fria, Themis se colocou entre mim e a pessoa que eu podia notar que estava do meu lado esquerdo.

Um momento de silêncio se seguiu, um momento que me pareceu eterno. Fiquei pensando no que dizer e isso me fez parecer mais estranho ainda. Eu sabia pelo que aprendi com minha mãe que o mais educado é a pessoa que está chegando, cumprimentar a outra... Ainda assim não me parecia tão fácil na prática. O silêncio estava me torturando, tinha a sensação de que estava sendo analisado mesmo que aquilo não estivesse acontecendo. Talvez a pessoa só estivesse esperando eu estar pronto, talvez não quisesse ser invasiva, talvez também não soubesse como agir ou sei lá... Tinha vários motivos que eu não poderia listar.

Percebi que o desconforto iria se instalar de forma permanente se eu não fizesse algo e então sem me virar, com certo esforço murmurei:

— O-Obrigado.


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011

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O tempo em que Andrew ficou em silêncio foi o tempo de entender que aquela moçoila não se importava de começar os bons modos:
- Que bom que conseguiu! - Disse de imediato, assim que os dois chegaram no pontinho de ônibus - Eu sou Dora, tudo bem com vocês?!

As duas frases vieram anteriores ao "Obrigado" torto de Andrew, mas ela não parecia nem um pouco incomodada com isso. Sentou-se no banco novamente, fazendo um barulho parecido com um rangido de banco, provavelmente por forçar as cantoneiras que seguravam o objeto ali. Já sentada, jogou suas costas para trás e bateu na "parede" de madeira que sustentava o telhadinho, fazendo um "pow". Logo em seguida, deu um suspiro:
- De nada! - Abriu um sorriso um pouco cômico - Eu tava esperando o ônibus, mas nada dele passar... ai veio a chuva. Agora que eu acho que vou tomar um chá de cadeira mesmo...

Bom, pelo menos ela já tava coberta e segura quando a chuva veio, né?! Diferente daqueles dois ali. Houndour, a mais prejudicada, se afastou um tico e balançou seu pelo assim que pôde, tentando se livrar o excesso de água. Isso infelizmente molhou os dois outros personagens da cena, mas a menina não pareceu se incomodar - de novo. Na verdade, emitira tanto silêncio ao fato de ser molhada que dificilmente Andrew saberia que isto ocorreu; além disso, Themis estava ocupada se sacodindo, então não viu bem a consequência de seus atos...

... mas que seja, né?! Se ta na chuva, é pra se molhar.

Depois de ver que ambos se ajeitaram, ela chegou um pouquinho para lá e deu espaço no banco para que sentassem. Depois disso, puxou um assunto, pois começava a achar o silêncio muito constrangedor:
- Vocês também vão pegar o ônibus? A chuva deve ta passando. Essas tempestades de início de outono não duram muito...


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O Mahiro é o melhor do mundo <3

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THE FOOL
Chapter I: New Beginnings - [ Part I ]


Passei a mão pelo braço ainda de cabeça baixa enquanto ouvia a pessoa ao meu lado falar seu nome e me senti compelido a responder. — Sou Andrew, essa é Themis. - acenei na direção em que ouvia a respiração acelerada da minha houndour.

O tom de voz dela parecia trazer uma leveza estranha para um clima chuvoso, era como se tivesse algo de solar nessa pessoa que me dava a impressão de ser alguém que não se abala com facilidade. Senti alguns respingos e o som de chacoalhar de Themis, me preocupei imaginando se estava molhando a moça também mas como não ouvi nenhum som sendo emitido por ela, decidi não comentar. Talvez fosse só a minha imaginação, afinal.

Ouvi o som de arrastar que provavelmente vinha do banco significando que ela estava dando espaço e relutantemente me sentei, encostando o bastão primeiro para verificar a altura do assento, sentindo com a mão a madeira do banco que me parecia firme apesar de rústica e então tratei de me acomodar. O silêncio se instalou novamente e eu estava um pouco menos desconfortável do que da primeira vez mas ainda não gostava disso. Esfreguei as mãos me inclinando para frente e levantei a cabeça, focando no som da chuva colidindo contra o telhado do abrigo que descobrira que se tratava de um ponto de ônibus. Fazia todo sentido afinal. O silêncio foi cortado então pela voz ao meu lado que me fez virar o rosto em sua direção sem que eu sequer me desse conta disso.

— Na verdade não. - foi tudo o que eu consegui dizer, com um tom mais firme e seco embora eu pudesse pensar em várias coisas para comentar, sobre estar iniciando a jornada agora, sobre ter a intenção de explorar... Mas minhas habilidades sociais teriam que melhorar muito até eu conseguir falar com clareza.

Ainda assim, eu sabia que as coisas não iriam melhorar se eu não me esforçasse para isso. Lembrei das lições da minha irmã, seus conselhos. "Demonstre interesse no que a outra pessoa tem a dizer, isso passa uma boa impressão."

— Ahm, mas e você? Tá indo pra Lavender ou Saffron?

Pelo tempo em que estava caminhando já sabia que me encontrava mais ou menos perto de Lavender ou talvez ainda estivesse mais próximo de Saffron então não tinha certeza, decidi perguntar isso a ela pois também seria uma forma de me localizar. Ser sociável tem sua utilidade, afinal.

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012

Treinador Iniciante

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OFF: Desculpa não postar ontem, é que eu fiz o post todo e ai caiu a internet quando eu enviei e eu perdi ele, ai fiquei puta e falei "vou fazer mais tarde" e... não fiz QQQ

Ao meio da conversa, ela deu um bocejo desgostoso e esticou os braços. O ato podia ser visto como mal-educado, mas ela não conseguiu se segurar. Themis, um pouco confusa, olhou-a piscando algumas vezes, tentando entender a cena. Ela, por outro lado, seguiu, tratando o bocejo longuíssimo como algo extremamente natural; afinal, é, não é?!
- Lavender - Respondeu, depois de se espreguiçar, por isso o fez sem muita animação - Mas já que ta aqui, porque não pega o ônibus?!

Cruzou as pernas e chegou ainda "mais-pra-lá", dando um bocado de espaço para Andrew sentar. Bateu com cuidado ao lado dela e descreveu:
- Aqui tem lugar pra vocês dois sentarem e esperarem. É um banco de madeira, mas é seguro, só vir um pouco mais pra frente que seu bastão vai alcançar ele.

Com a referência, o mesmo "pow" foi ouvido, mostrando que ela repousou - sem nenhuma pena - as costas no encosto. Parecia um pouco entediada pelo tempo de espera, afinal de contas, quem não estaria?! Por outro lado, sentia um pingo de ânimo pela presença de outro ser para lhe acompanhar; ainda que este fosse um ser muito silencioso.
- Muito bonita sua doguinha... Ela morde?! - Pergunta clássica. Mais uma vez pareceu só uma forma de quebrar o silêncio.

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THE FOOL
Chapter I: New Beginnings - [ Part I ]


Fiquei um tanto atordoado pela chuva de palavras que saía da boca daquela garota me dando a sensação de que tinha saído de uma tempestade para entrar em outra. Eu não conseguia responder a tempo e ela já emendava outra fala enquanto eu acabei aceitando meu papel de ouvinte e apenas acenei com a cabeça. Não é como se eu nunca tivesse lidado com uma pessoa tão extrovertida antes, eu me lembrava do garoto de minutos atrás e também de minha irmã com quem convivi durante toda a minha vida. Parece que meu destino afinal era acabar atraindo sempre esse tipo de pessoa e eu podia perceber que até mesmo Themis parecia um pouco perdida.

Me assustei um pouco com o som atrás de nós que parecia ser causado por ela e ouvi então sua última pergunta seguida de uma pausa que me dava a entender que parecia não ser uma pergunta retórica dessa vez.

— Huh... Ela não é minha "doguinha", é minha melhor amiga. - foi a primeira coisa que me ocupei de responder, fazendo aspas com as mãos na palavra "doguinha", um termo um tanto estranho demais pro meu gosto. Percebi que acabei soando mais áspero do que o esperado e pigarreei, recobrando a compostura. — Ela não é fã de pessoas desconhecidas. Se perguntou isso porque quer acariciá-la eu recomendo fortemente que não o faça, ao menos não até ela achar que pode. - O som familiar de Themis soltando o ar pelas narinas me deu a resposta de que ela concordava.

Cruzei os braços e apertei a mandíbula com força como que mordendo as palavras que acabaram de sair da minha boca. Eu queria ser uma pessoa gentil e fácil de lidar, uma pessoa sociável e aberta como Alessa... Acho que as coisas seriam mais fáceis para mim se eu fosse desse jeito. De qualquer forma, não posso nascer de novo e torcer pra ser mais agradável, se minha mãe estiver certa essa jornada vai me ajudar a melhorar nesses aspectos mas até lá sou só eu e meu mau humor de sempre. Bom... Eu, meu mau humor e Themis que sei que enfrenta desafios semelhantes aos meus quanto a isso e por tal motivo é a única que realmente me entende.

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OFF :



013

Treinador Iniciante

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Quando recebeu a resposta ríspida de Andrew, ela só soube dar aquela risada escapulida, sabe?! Que não se reflete em um riso de fato, mas sim num assoprar de narinas que decora uma expirada forte. Ali, ela denunciava algo importante de sua personalidade: não se ofendia fácil e tentava ler as pessoas e compreendê-las antes de mais nada. Um exemplo forte é exatamente o que passava em sua mente neste exato momento; Dora tinha certeza de que o garoto era muito mais parecido com sua Houndour do que imaginava e, ao descrevê-la, acabou botando um pouco de si no caldo.

Por isso, riu por dentro, deixando escapulir um pouco pra fora. Depois disso, só respondeu um simples "Tá bom!" e deixou-os em paz. Foi assim por longuíssimos 10 minutos - ao menos, Dora achou muito longo o silêncio -, onde algo aconteceu.

Não, a chuva não passou, mas o inesperado ônibus - que já estava a horas atrasada - surgiu. Quer dizer, era o ônibus, não era?! O som automobilístico denunciava o veículo, além do cheiro de combustível queimado. Dora, ao ouví-lo, levantou imediatamente e ficou na beirinha do ponto de ônibus, tentando enxergá-lo ao meio daquela tempestade. Quando finalmente conseguiu completar a gestalt, falou em voz baixa:
- Não vai para Lavender, mas passa perto da entrada... - Ponderava dentro de seus miolos se deveria pegar - Hmmm, um pouquinho de chuva não faz mal, né?!

E deu sinal. Em alguns segundos, o barulho do motor podia denunciava a posição do ônibus, que parara bem ali na frente. Themis, sem saber se seu treinador ia ou não seguir viagem por lá, ficou de pé e se preparou para - talvez - dar um pulo para dentro. Enquanto isso, a porta elétrica se abria e rangia de forma irritante, enquanto o som da chuva era finalmente abafado por algo mais barulhento.

Lá de dentro, o motorista grita:
- Ei, rapaz, o preferencial é gratuito nessa linha! - Alertou Andrew.

Só que a peculiaridade nem fora muito essa. Na janela do meio, aproveitando a gretinha entre-aberta que a chuva permitira abrir, uma figura amarelada põe parte do rosto para fora e choraminga. Ao seu lado? Ninguém. Themis, ao vê-la pela janela, analisa um pouco a imagem. Depois de entender que não se tratava de um humano, late sete vezes seguidas para chamar-lhe a atenção. A figura, inevitavelmente, olha para a direção do som e emite um ruído esquisito em resposta.

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THE FOOL
Chapter I: New Beginnings - [ Part I ]


Aquela garota era muito difícil de se ler, mais difícil do que aparentava. Tudo o que eu conseguia captar dela eram seus sons de risada, isso me incomodou ao ponto de pensar em perguntar qual era a graça ...imaginei que você perguntaria... é que eu pensei numa pia- parei mas me contive e continuei em silêncio até perceber que não ouvia mais nada vindo dela. Deduzi que não tinha ido embora por causa da chuva e tive certeza quando com o som do veículo se aproximando, notei a agitação da garota ao lado e suspirei inconscientemente, talvez um tanto aliviado dela não ter saído na chuva? Talvez. Percebi que ela murmurava alguma coisa que eu não conseguia distinguir mas não me esforcei para tal, apenas acariciei o focinho de Themis levemente e levantei a cabeça com o grito do que deveria ser o motorista.

— Hum... O ônibus vai até Lavender? - levantei segurando o bastão com destreza caminhando na direção do som.

Ouvi a resposta do motorista que dizia que o ônibus não entrava em Lavender mas que ele poderia parar perto da entrada e deduzi que talvez fosse por isso que a garota estava murmurando para si mesma já que tinha o mesmo destino em mente que eu e provavelmente optaria pelo veículo ao invés de esperar aqui com uma esfígie tediosa - não poderia culpá-la, não fazia ideia de quando um ônibus direto para Lavender iria passar. Sabia que não era uma rota tão popular graças à fama da cidade e por isso a frota de ônibus provavelmente era bastante reduzida.

De qualquer forma sabendo que agora eu estava por conta própria, a palavra "gratuito" me soava bem mais atrativa que de costume. Me preparei para entrar no veículo mas notei que Themis estava agitada e então ouvi um estranho ruído que me fez virar em sua direção. Me perguntei o que seria aquilo mas não queria ficar atrasando a viagem das pessoas então apenas chamei Themis para perto e avisei que iríamos entrar. Ela pareceu relutante, como se estivesse focada no objeto de sua repentina atenção mas ouviu meu comando e seguiu subindo primeiro, eu indo logo em seguida. Podia ouvir o estranho som se projetando para fora do veículo então prossegui passando pelo motorista e indo na direção dele. Era como se estivesse choramingando mas não podia dizer quem fazia isso, só imaginava que não era uma ser humano, a menos que estivesse bem mal da garganta.

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014

Treinador Iniciante

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O ônibus não ia até Lavender, mas poderia ajudar. No mais, é como dizem: de graça até injeção na testa. Com o intuito de economizar seu escasso dinheiro, pulou para dentro do veículo a contragosto de Themis e procurou um lugar para sentar.

O curioso é que aquele ônibus não tinha catraca, nem cobrador e nem um controle muito específico. Apesar de ter passagem preferencial, não havia ao certo um tipo de assento especial e muito menos delimitação. Lá dentro, Andrew poderia perceber que se tratava de um ônibus ordinário, com pares de poltronas em cada um dos lados do corredor estreitinho. Esbarraria no braço ou no encosto ora ou outra, mas perceberia que quase todos os pares estavam ocupados por ao menos um transeunte.

Talvez por Isso Dora foi até o fundo e sentou com uma velhaca qualquer. Os outros passageiros eram extremamente quietos e se apoiavam na janela, deixando sempre a cadeira do corredor livre. Themis, ainda um pouco incomodada com a figura amarela que olhava para a porta, ficou bípede em um momento e procurou analisar melhor o cenário, tentando ficar "mais alta". Quando achou a pequena criaturinha, latiu em sua direção, sendo respondida mais uma vez com um grunhido engraçado...

... um grunhido que incomodava um pouquinho quase todos ali. Era algo minimamente psicodélico, com uma sensação esquisita de que você não conseguia identificar muito bem de onde o barulho vinha. Para quem enxerga bem, isso não fazia sentido algum, mas para Andrew, isso era complicado... ao ouvir o barulho, questionou sua fonte. Se tentasse, não saberia - nem intuitivamente - para onde olhar, muito menos da onde viera. A impressão que dava era de que seu grunhido era um resquício de som do próprio corpo de Andrews, que surgia de dentro de si e ocupava seus ouvidos de forma involuntária.

Não era, até porque, o garoto nunca produziu aquele som por conta própria, mas a confusão existia.

O curioso é que Themis e o grunhido pareciam se entender. A canina latiu mais algumas vezes, foi respondida um pouquinho e depois um silêncio pairou. Era difícil - ou talvez impossível - entender a conversa deles, mas alguma comunicação rolou...

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by: u/mediokrek

Por um momento foi como se o tempo tivesse parado quando senti aquele som ecoar dentro da minha cabeça. Percebi pouco depois que estava prendendo a respiração quando a urgência tomou conta de mim e quase engasguei. Senti meu rosto queimar, sabia que estava chamando mais atenção do que seria esperado então decidi tentar disfarçar e fui adiante tocando no topo dos assentos do corredor discretamente afim de perceber a presença de alguém mas encontrei vários deles vazios, ainda assim esperei chegar mais ao fundo para de fato me sentar. Themis ainda estava agitada e eu já começava a me preocupar ainda mais que houvesse alguma reclamação sobre ela.

Não é como se andar por aí com um pokémon fosse raro mas eu podia imaginar que a maioria dos treinadoes deixavam seus amiguinhos nas pokébolas, pelo menos ao entrar em veículos. Themis não era assim, ela na verdade sequer tinha uma pokébola própria, sempre esteve comigo desde que nasceu, a intenção de minha mãe era que ela se tornasse um tipo de cão guia mas Themis demonstrava um desconforto e irritação notáveis sempre que minha mãe tentava lhe vestir com o colete e a essa altura eu já me mostrava mais independente do que seria esperado da minha idade.

Nunca vou admitir isso em voz alta mas acho que no fim das contas, Themis era apenas orgulhosa e teimosa demais para se permitir ficar "presa" enquanto eu era orgulhoso e teimoso demais para aceitar ficar "preso" a alguém, o que não deixa de ser irônico pois a amizade que criamos desde aquela época até hoje... Acabamos ligados um ao outro de uma forma única e bem mais intensa. Por essa a gente não esperava.

"Será que mais alguém tá ouvindo isso?" - pensei. Parecia um zumbido no ouvido mas sentia em ambos e não era exatamente um zumbido. Eu não podia olhar em volta e ver a reação das pessoas então tentei ficar em silêncio na esperança de ouvir algum comentário e percebi murmúrios de incômodo.

Puxei Themis um pouco mais para perto acariciando seu pescoço indo até a parte inferior o focinho, seu lugar favorito. Um pouco de carinho geralmente a acalmava mas ela não parava de emitir seus sons característicos, parecia conversar com aquele som. Eu não sabia mais o que fazer quando ela saiu andando e eu apenas fui atrás, minhas orelhas e rosto ficando cada vez mais quentes, podia sentir até meu pescoço começando a esquentar, a sensação de ter olhos curiosos repousando sobre mim... Eu queria sair dali, queria ir pra longe, tem gente demais aqui, posso ouvir conversas paralelas, resmungos, alguém comendo o que parece ser chips de batatas, os sons estão me deixando cada vez mais nervoso, tão nervoso que meu monólogo interno está no tempo presente. Estou consciente demais dos meus arredores, do meu corpo, das pessoas...

Primeiro a tempestade, agora isso? Qual é o meu problema? Vou ter um ataque de pânico a cada hora? Não, não, não.

— Themis, espere. - reunindo minhas forças meu tom de voz sai mais sério e autoritário do que eu planejava, ainda assim percebo que ela parou, seu grunhido saindo como se resmungasse. — O que você tem, garota? - o som continuou na minha cabeça, eu imagino que tenha algo a ver com ele mas não posso evitar a pergunta.

Fico de pé próximo a ela enquanto foco na minha respiração. Não tem tanta gente aqui, não estão olhando pra mim, não sou a primeira pessoa cega no mundo, está tudo bem.

Estava tudo bem?

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015

Treinador Iniciante

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Estava, estava tudo bem. Na verdade, ninguém sequer dava atenção à presença de Andrew, muito menos se incomodava com os latidos. Eles não eram raivosos ou incessantes, além de não serem altos o suficiente para irritar alguém. Eram simples e comuns latidos, daqueles que os cãezinhos dão ao querer avisar algo ao dono, ou pedir um biscoito; não eram como os latidos de atenção ou guarda, muito menos os de insegurança ou medo. Eram latidos - dos mais comuns e ordinários. Pausados e bestas.

Talvez não seja algo que a gente veja no "nosso" mundo, porque na realidade dos narradores e dos players, cachorros não conversam entre si, mas havia um quê de comunicação.

Tanto era que, quando o ônibus andou, Andrew estava exatamente na altura que Themis queria estar: de frente para o banco da criaturinha estranha. Ela, ao ouvir a pergunta de seu mestre, tentou ser útil e mostrar com certo cuidado do que se tratava. Quer dizer, por ela, pularia na poltrona vazia, agarraria um dos dedos do treinador com a boca e a levaria até o serzinho ali, mas sabia que isso poderia ser a pior das atitudes a se tomar com seu treinador, afinal de contas, ele era teimoso e orgulhoso demais para deixar-se guiar.

Por isso, fez diferente. Pulou na poltrona, ergueu-se nas duas patinhas e começou a cutucar um dos bolsos de Andrew, na tentativa de fazer sua Rotom Dex escapulir. Queria usá-la para identificar o serzinho a sua esquerda, mas não sabia muito bem como o apetrecho funcionava. Viu na TV, em algumas das vezes que assistiu com a família de Andrew, que o aparelho fazia isso, mas não sabia exatamente por onde começar.

Na verdade, ela nem sabia se conseguiria tirar o Rotom Dex de qualquer um dos bolsos do rapaz...

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