[Rota Atemporal]E-Girl Café e o Pecador Ilhado

Sabe quando tem um evento de batalhas rolando e você acha um jeito de ganhar grana fácil? Então, essa sou eu abrindo uma barraca para atacar o estômago de desavisados que passam por aqui nos intervalos ou no descanso de suas batalhas. Ideia inteligente, não é? E quem melhor para fazer isso a não ser eu, Flora, uma cozinheira nata que faz sua boca virar uma cachoeira só de sentir o cheiro do que eu estou preparando? Eu digo que ninguém. Melhor ainda é fazer a propaganda do lugar onde eu trabalho, Forina Woods Café, para esse público! Por isso eu trouxe o banner com o logo para colocar em cima da minha barraca para aqueles que conhecem não perderem tempo e vir aqui!

-Lalalalala! Hoje eu ganho uma grana e vou comprar aquele jogo que eu quero ♪♪♪

Sim. Façamos tudo em nome dos jogos. Glória seja dada aos simuladores de encontro com garotas fofin... digo, aos jogos de luta e RPG!

Definitivamente ninguém pode saber que eu comecei a jogar Visual Novels escondida no meu tempo livre. Espera, eles podem ver o que eu compro na Steam, não é? Eles sabem que eu platino essas coisas com um controle que só tem o botão de pular as falas, não é? Droga! Ah, quer saber? Que se dane? Pelo menos não estou jogando nada +18.

-Ahem. Agora é só esperar a grana.

Isso aí. O cheiro da comida já tá atraindo a galera. Bora ver quem vem. Minha culinária tem força o suficiente pra atrair até mesmo uma pessoa pra fora de uma ilha deserta!

Aaaah, aquela luta com o tio de cabelo branco tinha sido muito boa. Eu venci, porque eu obviamente nunca perdo uma luta. Mas foi um bom aquecimento, daqui pra frente o negócio vai ficar mais pior ainda.

Por isso, tenho que me preparar e comer. Comer muito! Senti um cheiro vindo de uma barraca com uma tia simpática. Eu não gosto de café, nem com leite e açúcar, mas decidi tentar ir lá porque acho que ia me dar sorte pra luta seguinte.

– Ôh tia, esse salgado é de quê? – Cheguei metendo o dedo no vidro. – Tem hambúrguer? Eu gosto com bacon. Mas sem mel por favor.

A bola do Paulinho Totô tava em algum canto no meu bolso, mas achei melhor fazer o pedido antes, porque ele ia ficar dando pitaco no que eu quero.

– Tem suco de que tia? – Ela comentô algo de ganhar dinheiro pra jogo. Será que é aquelas apostas com Ponyta que meu pai me contou, ou outro tipo de coisa? – Eu achei que velho não gostava de jogo. Você tem quantos anos, tia?

Vs FLORA!!!

Aquela criança deve estar morrendo de fome. Já chegou metendo o dedo no vidro e perguntando do que era aquele salgado. A pergunta clássica que não poderia faltar.

-Esse aqui é de um peixe encontrado na distante região de Paldea. Enroladinho de Dondozo o nome.

Mas ele não quis isso, claro. Ele preferiu um burgão daqueles.

-É pra já, rapazinho!

Então aconteceu. Ele fez a pergunta proibida. Aquela que garoto nenhum deve fazer para uma garota, não importa se for uma criança ou não. Eu fui destruída. Estava de costas, então ele não conseguiu ver as lágrimas de Flora caindo. As lágrimas amaldiçoadas que caíam no seu burgão, provavelmente o infortúnio o encontraria. Permaneci em silêncio todo o tempo até entregar o lanche pra ele.

-Dezenove. Tenho dezenove anos! - disse com o sorriso mais falso do mundo, mas também o mais enganador do mundo. Só espero que ele aproveite muito bem o lanche.

– Dondozo? Caraca, eu ganhei um desse. Ia me sentir mal em comer ele.

Eu sei que ela tento ser legal comigo, mas aquele "rapazinho" é o que me irrita nesse povo de cidade grande. Eu já sou maior de idade, ela devia me chamar de moço, senhor, chefe, general, qualquer outro negócio.

Eu acho que ela ia cuspir catarro no meu burguer, porque ficou fungando um tempinho de costas. Acho que ela não gostou da pergunta. Meu pai sempre me dizia que a única pessoa que não posso ofender é a que ta me servindo comida.

– De-desculpa, tia. – Eu falei por pena, mas também pra não comer catarro. – Eu achei que tu tinha até otra idade, uns tr – Eu senti que ia levar uma facada se falasse "inta", então engoli o ar por um segundo.  – ... eze. Treze.

Peguei o sanduichão na mão, mas fiquei olhando de perto pra ver o recheio. Olhei rápido pra ela de novo.

– O suco tem desconto porque comprei salgado, tia? Eu sou participante do torneio que tá rolando, eu posso pegar essa bala de graça? –  Apontei pra uma 7bulba.  – Não tem a de sitrus não?

Vs FLORA!!!

-Huh...

Acho que ele se sentiu mal por ter me chamado de velha sem saber, até se desculpou o rapazinho. Acho até que deveria ter deixado a zica de lado. Foi aí que ele disse outra coisa.

-Tr-Treze?

ELE DISSE TREZE!

-Eu sei, não é? As pessoas vivem dizendo por aí que eu não pareço ter a idade que eu tenho. Claro que eu pareço mais nova docque eu sou. O que mais eles poderia. pensar de mim? Já sei! Por você ser tão legal assim comigo eu vou te dar o suco e a balinha como cortesia da casa e ainda torcer por você na batalha!

É isso mesmo. Com minha torcida, ele nunca iria acabar saindo derrotado. Pode acreditar.

-Acho que é uma proposta que não se pode recusar, não é mesmo? Hahahaha!

Não pode mesmo.

– NOSSA, TIA! SÉRIO? – Acho que a sorte estava sorrindo pra mim! – Eu aceito!

Fui logo começar a comer meu hambúrguer e tomar o suco.

– Nossa, isso tá muito bom. Tem Ketchup aí? – Eu tava sentindo que ia ficar invencível depois daquele sandubão. Acho que agora eu disparo, invicto!

Huuuum... A tia ainda vai torcer por mim.

– Ha ha ha! Quando eu ficar famoso e rico, prometo que te dou um autógrafo, tia... Hum... Tia... Qual seu nome? – Tive que parar de mastigar pra isso, mas vi que faltava só um pedacinho então já comi logo antes de continuar a falar. – Eu me chamo Cross. Tô tentando a sorte nesse torneio maluco, porque uma tia velha de cabelo rosa me ofereceu 3 salgados se eu vencesse e desse os prêmios pra ela. – Eu duvido que essa loja desse evento tenha algo mais valioso que três coxinhas, então aceitei na hora!

Eu estava com fome depois de tanto tempo naquela ilha também...

Vs FLORA!!!

-Flora! Meu nome é Flora.

Esse é meu nome.

Ah, então o rapazinho aí se chama Cross. Hmm... É o tal do Cruz. Será que ele usa uma cruz vermelha no peito?

-Tia velha de cabelo rosa? - coisa estranha. Achei que as idosas não se importassem em pintar o cabelo. Normalmente elas deixam eles branco mesmo depois de atingir uma certa idade. Espera, isso significa que a Lisanna é uma idosa turbinada? vou perguntar pra ela mais tarde!

É isso aí! Come tudo pra você ficar de barriga cheia pra sua luta e ganhar os prêmios, daí você pode aqui que eu te deixo me dar um autógrafo. Mas se você quiser eu também posso te dar um burgão autografado.

– Um hambúrguer autografado...? Uau... Como você escreve nele?

Fiquei pensativo. A caneta ia furar o pão! Será que ela é burra e não pensou nisso? Ou talvez ela só não siga as leis do universo e o pão dela é duro e liso?

– Flora então, entendi! – Que nome engraçado. – Tá, então, tia, o que você sabe dessa competição? – Eu sei que ela só tava ali como tia da cantina, mas vai que falaram algo pra ela?  – Você só veio pra vender esses salgados, ou – Ai eu botei a bala na boca porque ia derreter se segurasse por muito tempo. – voxê tem algum amibo que tá torxendo?

Seria bom ter alguém torcendo por mim, mas geralmente esses adultos chatos acham que eu sou incapaz de vencer, só porque eu teoricamente seria criança. Sendo que nem isso eu sou!

– E voxê não partidicibou por que, dia? Dizem que os brêmios são bo- GEH!

Acabei engasgando com a bala enquanto tentava conversar. Comecei a tossir igual um doido, mas logo parei.

 – COF COF COF COF COGHCGOCHGOCHOGHGO- Ok, passou, foi mal. – Nossa, faz muito tempo que não engasgo e fico tossindo por texto.  – Gaah... Pode me dar outra bala? Eu engoli a minha pra não morrer sem ar. Droga.

Vs FLORA!!!

-Isso é fácil. Eu uso uma caneta com tinta comestível de vários sabores! O meu favorito é o de morango.

O rapazinho era curioso e fazia várias perguntas. Aposto que ele já virou meu fã depois de comer meu burgão de lágrimas.

-Eu não participo de batalhas competitivas na vida real. Da última vez que eu tentei, eu fui de Vasco em todas as batalhas. Agora eu só venho aqui para fazer dinheiro fácil vendendo comida boa - ele quer saber de Amiibos? Será que ele é gamer também? Não seria surpresa, as crianças normalmente não saem da frente do PC ou do video game. MANEIRO! -Quer saber dos meus Amiibos? Um dos que eu mais gosto é do Greninja, porque ele é um sapo ninja.

Espera aí, eu fiquei tão focada em falar das minhas coisas que nem percebi que ele estava prestes a passar dessa para a melhor. Só tinha uma coisa a ser feita!

-F

Disse de joelhos e as mãos juntas orando pela pobre alma que iria partir.

Ah! Ele tá vivo.

-Ei! Você sobreviveu! - ele merece outra balinha -Toma aqui, outra balinha!

Dei a de café. Vai ajudar ele a ficar ligado na luta.

– COUGH! COUGH!

Eu não tava ouvindo mais nada do que aquela tia tava falando. Tudo tava escuro e embaçado, e eu tava ouvindo as coisas meio distantes. Um ruído irritante na minha cabeça que só parou depois de ouvir um "F".

Daí depois disso rolou o que eu falei no post anterior.

– Nossa... Eu realmente quase morri agora. Sobrevivi a um gyarados gigante e ia morrer pra uma bala! – Peguei outra, já que ela ofereceu. – Brigado, tia. – Botei na boca, e no mesmo instante ouvi uma espécie de sino.

 – Ixi! – Olhei pra um relógio perto de onde a tia vendia as coisas. – Ih tia, tá na hora da minha próxima batalha! To confiante que vou vencer, então pode me esperar aqui. Quando eu voltar vitorioso, a gente continua a conversar.

Comecei a correr pra longe, aproveitando a deixa pra não pagar nada, e acenando pra ela.

– Depois me conta se algum amigo maluco seu aparecer aí! Tchau!

Hora de vencer de novo!

Vs FLORA!!!