Chrysalis | I cry sometimes, walkin' around my own place Wondering why she cries sometimes |
As ruas estreitas de Sandgem se espalhavam diante de Chris como as rugas persistentes no rosto de um velho sábio. Seus passos ecoavam na calçada gasta, um ritmo monótono que parecia ter sido sincronizado com o tic-tac do relógio da igreja local há tempos esquecido. Chris olhava para as casas de madeira envelhecida, cada uma contando uma história que ele conhecia de cor. A cidade pequena e pacata sempre foi sua única casa, uma espécie de berço aconchegante que o envolvia desde o momento em que podia lembrar. Mas agora, enquanto caminhava por essas ruas familiares, ele começava a sentir a familiaridade como uma gaiola apertando suas asas.
Ao passar pela escola Pokémon, uma sombra do passado se ergueu diante de seus olhos, tão nítida quanto o sinal enferrujado na entrada. As risadas abafadas e os olhares de reprovação ressurgiram, uma lembrança amarga que se infiltrou nas paredes desbotadas da instituição. Ele recordou o dia em que a cidade, com sua visão estreita e moralidade duvidosa, descobriu seu segredo. A fofoca se espalhou mais rápido do que um incêndio na floresta, queimando qualquer resquício de privacidade que ele pudesse ter. Agora, ao passar pela fachada da escola onde a intolerância florescia como uma erva daninha, ele só conseguia balançar a cabeça, resignado. O preconceito estava entrelaçado nas grades das janelas, uma realidade tão palpável quanto o cheiro de giz e os murmulhos dos estudantes.
O laboratório do Professor Rowan se erguia como uma fortaleza de conhecimento, suas paredes de vidro revelando uma miríade de Pokémon exóticos. Ele afasta os pensamentos intrusivos como quem espanta uma nuvem de mosquitos, concentrando-se na fachada imponente. A ideia de que sua partida de casa poderia ser alvo de fofocas na cidade paira sobre ele como um Pidgey observando de uma árvore próxima. "Tarado por desafios", alguns diriam, mas na mente de Chris, a jornada que se estendia diante dele era mais uma chance de provar algo para si mesmo do que para os outros. Ele acreditava nas batalhas que venceu no ringue mais do que nos sorrisos de aprovação daqueles que nunca entenderam seu desejo insaciável de mais. A porta do laboratório se aproxima, e ele a empurra com uma mistura de determinação e impaciência. "Professor Rowan, estou pronto para o próximo round", solta com um sorriso cínico, sabendo que o verdadeiro desafio mal começou.
O Professor Rowan, entretanto, parecia mais interessado nos segredos do laboratório do que nos caprichos de Chris. Entre frascos de poções e máquinas piscando, as perguntas sobre o Muay Thai soaram tão distantes quanto as montanhas além de Sandgem. O professor falava, mas sua mente estava em outro lugar, absorta em mistérios que Chris mal podia imaginar. O anúncio de uma nova jornada Pokémon parecia mais uma formalidade, uma pequena peça em um jogo que o cientista jogava em sua própria mente. Chris, por sua vez, sentiu que estava entrando em um ringue diferente, onde os oponentes eram criaturas misteriosas e os nocautes eram mais simbólicos do que físicos.
"Eu tenho alguns Pokémon pra você", anunciou o professor Rowan, um sorriso acadêmico pairando nos lábios como se estivesse compartilhando os ingredientes de uma receita pouco emocionante. Um assistente diligente se adiantou, empurrando um carrinho metálico cujas rodas rangiam em protesto contra o silêncio frio do laboratório. Sobre o carrinho, como troféus exibidos sem entusiasmo, estavam três escolhas: um Chimchar inquieto, um Bulbasaur indiferente e um Mudkip cujos olhos espreitavam o mundo com uma mistura de curiosidade e tédio. O rapaz, olhando para as opções à sua frente, resmungou com uma desconfiança palpável. "Mas... e o Piplup?" Seu protesto flutuou pelo ar, um desafio silencioso à monotonia das ofertas convencionais.
A paciência do professor Rowan, uma qualidade que parecia mais rara do que uma Pedra da Lua, foi testada pela desconfiança evidente do garoto em relação às suas 'ofertas formidáveis'. Os olhares dos Pokémon, alinhados como peças de xadrez em um tabuleiro indiferente, refletiam o descontentamento diante da falta de entusiasmo do novato. "A oferta de Pokémon no meu laboratório não é como comprar presentes numa loja", respondeu o professor, sua voz revelando uma ponta de indignação. O menino, desafiador, torceu o nariz e, em uma tentativa de desvendar a verdade por trás das feições Pokémon, perguntou com uma curiosidade ácida: "Eu posso conhecê-los melhor?"
"Ugh, claro. Vocês crianças estão cada dia mais exigentes", resmungou Rowan, sua impaciência tão palpável quanto a poeira acumulada nos cantos do laboratório. "Lusine, prepare um espaço para que ele possa interagir com os Pokémon." As palavras do professor eram mais uma concessão resignada do que um convite caloroso. Sua assistente, Lusine, conduziu o garoto para uma sala fechada.
Não era ainda meio-dia quando o menino chegou, mas nas horas que se seguiram, ele mergulhou na sala fechada com os Pokémon, assistindo ao tempo escorrer como água entre os dedos. O Mudkip, figura mais relaxada do grupo, exibiu uma personalidade que poderia ser descrita como um reflexo de um domingo preguiçoso. Sua tranquilidade era palpável, uma aura de serenidade que fazia com que as preocupações se desvanecessem. O Bulbasaur, por sua vez, exibia uma reserva cautelosa, como se estivesse avaliando cada movimento e analisando o ambiente com curiosidade tranquila. Seu olhar era observador, atento aos detalhes da sala, mesmo sem desafios aparentes. O Chimchar, inquieto e cheio de energia, pulava de um canto para outro, uma chama ardente de curiosidade que iluminava o ambiente.
Ele não sabia se era pela inclinação pelo Piplup, o inicial do tipo água, pela personalidade amigável do Mudkip, ou uma mistura de ambos, mas sua decisão estava feita. O olhar de decepção no Bulbasaur e a expressão de orgulho ferido no Chimchar foram detalhes não tão sutis que não escaparam à percepção do rapaz.
Lusine, com eficiência mecânica, preparou a pokébola de Mudkip e os equipamentos iniciais do menino. Os agradecimentos foram trocados como moedas de pouco valor entre o garoto e a assistente, e ele deixou o laboratório, carregando consigo as promessas de um início feliz. Ao liberar o Mudkip, o menino, com um tom quase irônico, sussurrou ao pequeno Pokémon aquático: "Vai se acostumando, Lazy. Preguiça é a única coisa que a vida tem de sobra.”
OFF :
O apelido de Mudkip é "Lazy". Aqui está sua personalidade: "Lazy, o Mudkip, é uma criatura adorável e descontraída, caracterizada por sua personalidade calma e serena. Ele se move lentamente, demonstrando uma abordagem relaxada para a vida, e lida com os desafios de maneira despreocupada. Sua expressão facial tranquila e sorriso constante transmitem uma sensação de tranquilidade, tornando-o um companheiro reconfortante para seus amigos. Apesar de sua natureza descontraída, Lazy é leal e expressa afeto de maneiras sutis, tornando-o um Mudkip encantador e fácil de gostar."