Cold Cave: Que fria...

Apesar do cansaço e do frio que atingiam seu pokemon, a treinadora, de espírito inabalável, seguia firmemente bradando a seu pokemon mensagens incentivadoras - e um pouco intimidadoras também.

Continuaram então o cachorro de fogo e sua companheira a caminharem pela estreita passagem de gelo. Conforme os passos de ambos iam marcando o gelo, que aparentava já estar em um processo de derretimento avançado, o início do corredor se distanciava, no entanto o final do mesmo não parecia se aproximar. De quando em vez algumas gotas geladas de água caíam do teto em queda livre sobre os dois aventureiros obstinados.

Subitamente algo parecia vir do fundo daquele infindável corredor, talvez fosse aquela a chamada "luz no fim do túnel". No entanto, aquilo não se assemelhava a um brilho, muito pelo contrário, era negro e denso, contrastava com a coloração alva do imenso iceberg. E vinha em alta velocidade, se aproximava cada vez mais aquele vulto negro. Ainda estava ao longe, porém certamente não por muito tempo. O que a treinadora faria?

A garota observava o vulto negro aproximar-se, mas ainda não conseguia distinguir o que era. Como consequência dessa carência de nitidez, Rayssa decidiu por solicitar a seu cão de guarda de utilizasse seu golpe Ember que, uma vez refletido nas paredes de gelo, iluminasse o local e permitisse que a garota visse de que se tratava aquele "ser" negro.

Porém, muito embora o golpe de fogo tivesse iluminado o local, causou mais do que apenas isso. A parede de gelo, que já se apresentava em estado de fusão avançado, começou a ceder, parecia que logo desmoronaria.

Enquanto a parede de gelo, prestes a desabar, já não era preocupação o suficiente, o vulto negro parecia se aproximar cada vez mais rápido. Agora já era possível identificar o que era: algo voluptuoso, que ocupava todo o corredor estreito, cobrindo até mesmo o elevado teto.

Conforme chegava mais perto - chegava cada vez mais rápido - era possível distinguir cada vez melhor do que se tratava aquela negra visão. Era volumosa. Bem escura, mas tendia para uma cor um pouco esverdeada, até mesmo levemente arroxeada. Gasosa.

Se tratava de uma cortina de fumaça, que enfim alcançava a treinadora e Akihiro, tapando completamente a visão de ambos. Outrossim, não obstante o intenso breu, era possível ouvir o ruído advindo do desmoronamento daquela estrutura de gelo.

Rayssa corria às cegas desesperadamente em busca de seu pokemon, seguindo reto pelo túnel de gelo, esperando chegar ao final do mesmo. Gritava por seu Growlithe, mas este não cessava de forma alguma sua corrida. O que estaria acontecendo?

Após passado um período curto de tempo, a treinadora chegava a um ponto daquele corredor de gelo onde o gás negro se apresentava em maior grau de dissipação. Sendo assim, conseguiu distinguir dois vultos em meio à cortina de fumaça. Um deles era Akihiro, seu fiel cão de guarda, o qual rosnava furiosamente para um estranho indivíduo de jaleco branco, cujo rosto não era muito passível de ser identificado em meio ao manto negro que envolvia os três personagens.

Sofrendo de uma tosse intensa, em decorrência da prolongada exposição àquela fumaça escura e, muito provavelmente, tóxica, Rayssa se encontrava em uma situação de desespero. Akihiro agia de uma forma bastante incomum para o mesmo, eram raras as vezes que se mostrava hostil à estranhos. Talvez houvesse algo bastante ruim emanando do misterioso homem de jaleco branco.

A treinadora desnorteadamente liberou seu pokemon Farfetch'd de sua pokebola e ordenou que ele imediatamente dissipasse aquele gás com o bater de suas asas. O pássaro não demonstrou dificuldade alguma para se livrar de toda a fumaça.

A visão que surgiu ao findar do gás negro era surpreendente. O local em que a menina se encontrava era à céu aberto, se olhasse para trás, ela perceberia que a parte do corredor de gelo pelo qual ela passara estava completamente desmoronada e em avançado grau de derretimento.

Ao seu lado já não havia aquela vistosa e estreita parede de gelo, nem mesmo o elevado teto gelado, muito provavelmente haviam derretido a pouco, a única estrutura que se mantinha era o chão no qual ela pisava, porém, o mesmo não parecia se mostrar muito firme.

Já à sua frente, Rayssa agora podia ver nitidamente as feições do recém aparecido homem, era alto e esguio, com a pele pálida e um óculos imponente, apresentava um aspecto de cientista por baixo de seu jaleco branco. Pintava seu semblante com um sarcástico e sórdido sorriso. Ao seu lado flutuava uma estranha criatura arredondada, esta também esboçava sorria sordidamente.


- Essa caverna está infestada de treinadores irritantes... - disse o homem enquanto ajeitava seus óculos com o indicador e polegar direito.