#004

Uma rota complicada, o caminho possui vários morros e grama alta, muitos treinadores ficam esperando outros treinadores aparecerem para desafiá-los em uma batalha. Farfetch'd podem ser encontrados pela rota, mas são raros de serem achados e, segundo boatos, trazem sorte ao treinador que os encontra. No meu caso, eu já havia encontrado aquela espécie em outro lugar, mas um novo encontro com ele parecia ser uma ótima proposta para aprender mais sobre a espécie.

Eu adentrava nesse caminho pela manhã, não costumava caminhar pelas rotas durante a noite, ainda mais depois do que aconteceu comigo na Rota 5. Precisava ser extremamente cautelosa.

Na minha mochila eu carregava algumas frutas e pães que peguei ao sair de Cerulean, além dos meus companheiros Isamu e Joker em suas pokébolas.

Além de encontrar Farfetch'd eu estava disposta também a encontrar outros pokémons que pudessem participar do meu time - como por exemplo um Oddish -, treinadores para que batalhassem e me ajudassem a treinar meus fortes pokémons e também até aqueles pequenos ovos coloridos do evento de páscoa que acontecia no continente. Logo, o que surgisse era lucro!

Segui caminhando então pela rota, buscando encontrar algo que contemplasse meus desejos.

OFF: Estou te enchendo o saco de novo e assumi sua rota, Dusa-chan -q
Espero que se divirta <3

Novamente, Pandora voltara para sua antiga rota. Muitas surpresas poderiam aguardá-la naquele local de passos complicados, afinal, já havia sido surpreendida por um vórtice minúsculo em um simples tronco oco de árvore.

Cautelosamente, ela olhava ao redor. Já estava virando um vício seu andar pelos locais durante a noite, e isso realmente não era nada bom.

Em um longo suspirou, ela tentou relaxar um pouco, dando mais um passo antes de parar para descansar.

Quer dizer, ao menos era o quê ela pretendia.

O último passo a fez tropeçar em algo gordo e redondo, e, sem lugares próximos para se apoiar, a mulher caiu diretamente de cara no chão. Meio atordoada, ela balançou a cabeça, apoiando as mãos no chão e se ajoelhando, com poucas dores de arranhões e raspões que acabara levando com a queda.

Olhando para o causador daquele pequeno desastre, encontrou uma espécie de objeto oval amarelado, mais parecido com ovos de páscoa que via no Mercado.

Sem entender como uma coisinha daquele tamanho poderia ser tão dura, ela guardou o objeto em sua bolsa, livrando-se das sujeiras que grudaram-se no tecido de sua roupa.

Porém, arbustos começavam a balançar ao redor, enquanto tipos de grunhidos e sons irritados eram ouvidos. Assustada, ela levantou-se de sobressalto, olhando ao redor, sem saber o quê fazer.

E agora? Iria a jovem criadora tentar descobrir a origem de tais sons?

Apesar da forma como encontrei o item, fiquei feliz por ter o encontrado. Aqueles ovos coloridos, além de lindos, eram itens de um evento que acontecia em todo continente, achando-os poderia posteriormente trocá-los por outros itens, e até quem sabe um pokémon! Assim que guardei o achado, logo fiz questão de tirar a poeira da roupa e me restabelecer depois da pequena queda.

Enquanto balançava minha roupa, e arrumava meus cabelos, ouvi alguns grunhidos estranhos. O que seria aquilo? E vinham de arbustos que mexiam-se freneticamente. Sem delongas decidi voltar ao meu caminho! Da última vez que ouvi barulhos estranhos e fui me certificar do que era acabei como testemunha de um assassinato na Rota 5. Não queria isso novamente!

Deixei o barulho do arbusto para trás e voltei a caminhar, dessa vez a passos largos, observava os céus e mais atentamente ainda o chão. Estava ali para explorar! Durante meus estudos vi que era possível encontrar Oddishs por ali, esse era meu principal intuito por estar lá. Em segundo plano, encontrar outro farfetch'd, e por fim, itens que pudessem me ajudar. Continuei então a exploração!

Com receio do quê aquele barulho poderia significar, a garota apressou o passo, saindo dali quase correndo. Ela não estava com o espírito de ter ainda mais problemas e testemunhar coisas sanguinárias, como na antiga rota.

Depois de um bom tempo de andanças, o estalar crescente de fogo começava a ser ouvido, seguido também por um choro que, definitivamente, não era nada humano.

Curiosa e ao mesmo tempo precavida, a garota escondeu-se atrás de uma árvore, procurando com os olhos a origem do som. Logo, a luz de uma fogueira chamou a atenção de seus olhos, junto de um magricelo e pequeno pokémon, que sentado próximo dela, chorava ininterruptamente.

Ele poderia estar ferido... Poderia ser uma armadilha... O quê Pandora faria? Abandonaria o pobre pokémon que provavelmente precisava de cuidados por simples precaução?

Eu estava ali, parada atrás da árvore apenas bisbilhotando. Apesar de temerosa, meu coração nunca abandonaria alguém ou algum pokémon que precisasse de ajuda, não foi a toa que tornei-me Criadora. Foi por conta disso que na Rota 5 acabei enfrentando um perigoso fugitivo da lei, e era por conta dessa vontade de ajudar que eu também iria prestar ajuda ao pequeno magricela. Meu coração era meu guia, e guiava-me para ajudá-lo.

Sai por de trás da árvore, peguei a dex e a mirei no pequeno, já o identificando. Enquanto caminhava também peguei a pokébola de Mr. Mime e silenciosamente o liberei. Assim que Joker tocou o chão fiz sinal de silêncio para o mesmo, e voltei a caminhar em direção do pokémon que aparentemente estava sozinho.

Vagarosamente, e sem fazer gestos bruscos para não assustar-lhe, fiquei frente a frente com o pequeno, vendo sua triste feição. Então coloquei a mão na bolsa retirando algumas amoras que havia pego em Cerulean e as ofereci ao pokémon dizendo:

- Hei, está com fome? Que tal umas amoras? Você está bem?

Atrás de mim, Joker vinha também silenciosamente e sem causar nenhum tipo de alvoroço ou situação que pudesse assustar o selvagem.

Pandora estava temerosa, porém, não conseguia sequer pensar em abandonar o pequeno ali. Era uma criadora física e psicologicamente, e cuidar desses dóceis animais - em sua maioria - estava em seu coração. Não poderia deixar de seguir uma ordem vinda deste, não é verdade?

Saindo de trás da árvore, ela tocou o aparelho eletrônico avermelhado do bolso, mirando a lente deste no animal. Demorou alguns poucos segundos antes deste finalmente ser reconhecido, e a voz robótica inundar o ar.

Machop
Wanriky

Embora seja baixinho, ele é forte o suficiente para levantar e arremessar uma série de Geodudes de uma só vez. Para ficar mais forte, ele ergue repetidamente um Graveler usando uma mão só.

Ela assustou-se um pouco com a descrição. Como um animal desse jeito poderia estar chorando? Mesmo hesitante e desconfiada, Pandora aproximou-se do pequeno, enquanto tocava o objeto esférico de seu Mr. Mime, observando o raio esbranquiçado rasgar o ar, aos poucos tomando a forma do pequeno palhaço. Ele ia abrir a boca, mas ao notar o sinal de sua mestra, apenas assentiu levemente com a cabeça, a seguindo.

Abaixando-se calmamente na frente do pequeno animal, sentiu o coração apertado, penalizando-se ao notar os olhos marejados do animal, retirando amoras de sua bolsa e as estendendo para o espécime, fazendo-lhe algumas questionações.

Ele a olhou um pouco assustado, mas não moveu-se. Mesmo sem esboçar reações, era perceptível a marca de queimaduras nas mãos do pokémon.

O quê Pandora faria?

Estava frente a frente com o pequeno. A dex avisava-me da extrema força dele, mas ao mesmo tempo eu pessoalmente via um pokémon com as mãos queimadas e precisando de auxílio. Se eu tivesse me formado como Healer, rapidamente teria um pokémon para curá-lo. Entretanto, meu caminho escolhido foi outro. Entretanto, eu já sabia quais medidas tomar.

Sorri para o pequeno selvagem, guarnecendo as amoras e retirando da bolsa uma Potion que Isamu havia fabricado na última batalha. Agachei-me então bem próxima ao Machop, tomei-lhe suas mãos de forma delicada borrifei nas queimaduras a Potion. Eu sabia que não era um Burn Heal, entretanto a Potion iria o recuperar dos danos da queimadura e devolver-lhe seu vigor.

Enquanto uma reação química acontecia no corpo do pokémon que brilhava recuperando-se dos danos, eu rasguei parte da barra do vestido que eu usava. Era um linho gracioso e caro, mas eu tinha outros vestidos. Com as faixas que rasguei eu amarrei sobe as mãos do pequeno, criando-lhes ataduras improvisadas para aplacar as queimaduras por hora.

Joker olhava atento cada movimento meu, como se estivesse maravilhado com o esforço que eu fazia para recuperar um pokémon estranho e selvagem.

Enquanto eu realizava o procedimento olhava nos olhos do pequeno, havia algo nele que me chamava mais a atenção do que aquela situação. Eu havia me conectado a ele por algum motivo. Depois de ter terminado os primeiros socorros, sente-me no chão com pernas de índio, pensando no que faria.

Logo a noite iria cair, passei muito tempo do meu dia caminhando naquela rota, eu não podia deixá-lo nesse estado de recuperação sozinho! Então levantei-me, peguei a pokébola de Isamu e também o libertei. O grandalhão como sempre apareceu já sonolento, coçando a barriga. Como de costume, sorriu-me e fez um sinal de positivo com a pata superior pra mim. Juntei a minha equipe e os orientei:

- Queridos, este Machop precisará de nós essa noite! Mime, pegue gravetos dessas árvores próximas e junte-os no chão, distante de nós, ali no canto. Isamu, quero que você fique aqui do lado de Machop, permita que ele fique aquecido em seu pelo e confortável em seu corpo!

Machop definitivamente não estava acostumado com aquilo, e com certeza assustou-se ao ver o gigante mover-se lentamente ao seu lado, entretanto, deve ter sido tomado pela calmaria quando meu lindo pokémon rodeou seus braços fofos ao redor dele e o colocou entre seus pelos quentinhos e confortáveis.

Joker reuniu os galhos e colocou onde pedi, caso esfriasse teríamos já material para uma pequena fogueira. Ao terminar o serviço, Mime sentou-se do outro lado do seu grande parceiro Snorlax, enquanto eu aproximei-me de Machop.

Aquela cena me remetia quando acampava com meus amigos em minha cidade natal e cantávamos quando nos reuníamos. A música veio em minha lembrança, e bem baixinho comecei a cantarolar...

Um sorriso tranquilo emoldurou os lábios da garota. Poderia ser apenas uma Criadora, porém, não iria deixar aquele pequeno e indefeso pokémon abandonado ao relento, nas mãos do destino que, ela sabia, não era nada bondoso. Mesmo não tendo nenhum companheiro que pudesse ser útil naquela situação, faria o quê estava ao alcance de suas mãos. Literalmente.

Ela tentou depositar novamente as simples amoras em sua bolsa, porém foi impedida por um momento quando Machop inclinou-se levemente, comendo uma única daquelas várias frutinhas. Pandora recolheu o único frasco bicolor que restava em seu estoque, sendo este o quê seu gordo pokémon havia conseguido restaurar na última batalha. Tomando delicadamente as mãozinhas do animal entre as suas, ela borrifou calmamente aquele líquido em seus ferimentos. O pokémon se assustou um pouco quando várias luzes esverdeadas cobriram suas mãos, enquanto as marcas iam desaparecendo. Ele olhou para a Criadora, confuso, dando um pequeno sorriso para a mulher, enquanto esta rasgava seu vestido de linho e envolvia as mãos deste para servirem-lhe de ataduras ao menos por um tempo.

A morena estava meio confusa. Algo a ligava com aquele dócil selvagem, mesmo que não soubesse exatamente o quê. Ela olhou por um tempo por seu querido Joker, deixando um pequeno risinho escapar ao notar o brilho maravilhado em seu olhar. Definitivamente, Mr.Mime não esperava que sua mestra fosse ser tão gentil e cuidadosa com um serzinho que sequer conhecia e poderia tê-la metido em uma enrascada.

Sentando-se ao chão, de pernas cruzadas, a mulher apoiou levemente o queixo em uma de suas mãos, pensativa. A noite estava invadindo o céu com uma rapidez meio estranha, sem contar o fato de quê a exaustão já estava tomando seu corpo. E aliás, também não conseguiria abandonar aquele jovem pokémon. E se algo ruim acontecesse para ele? A culpa acabaria pesando sob sua consciência.

Após um tempo de reflexão, Pandora tocou levemente a esfera bicolor de Isamu, erguendo-se, observando o objeto partir-se ao meio e um raio esbranquiçado rasgar o ar, enquanto uma enorme bola tomava forma. Esta, sendo seguida por quatro tubos e uma forma oval deitada lateralmente. O gordo Snorlax finalmente ganhou suas cores, ao passo que a luz semi-cegante sumia e a pokéball fechava-se. O animal coçava levemente a barriga, dando um enorme bocejo, sonolento. Ao ver sua mestra, ele ergueu uma das patas, fazendo um sinal de positivo com o dedão e sorrindo.

A garota apenas sorriu, enquanto reunia Joker e Isamu, explicando-lhes a situação e os passando algumas orientações. Seu pequeno palhaço saiu andando, começando a recolher gravetos e galhos que conseguia carregar, amontoando-os próximo do local que os outros estavam. Enquanto isso, Snorlax começava a andar, praticamente arrastando-se, para perto de Machop. Assustado, o animal recuou, encolhendo-se e emitindo um som baixinho, olhando meio desesperado para Pandora. Porém, ele relaxou um pouco quando o pokémon o envolveu em seus grandes braços, abraçando o animal e aninhando-o em sua pelagem e maciez. Manhosamente, Machop moveu-se suavemente, abraçando parte do corpo gigantesco de Isamu, passando levemente seu pequeno rostinho na barriga do animal.

Depois de algum tempo, Mr.Mime retornou para perto da mulher, que sorriu agradecida para ele, ao passo que ambos aproximavam-se dos dois outros pokémons, que mais poderiam parecer Pai e Filho. A cena trazia velhas lembranças para a jovem Criadora, que começou a sorrir abobadamente, enquanto cantarolava baixinho as músicas de sua infância. Machop a olhou curiosamente, mas aos poucos era embalado pelo aconchego e a doce voz da garota, entregando-se para o mundo dos sonhos. Aos poucos, cada um dos companheiros ali fazia o mesmo, entrando em profunda inconsciência que provavelmente perduraria até o dia seguinte.


O Sol estava baixo, porém, foi o suficiente para despertar a Criadora. Espreguiçando-se levemente, incomodada com o chão meio duro, ela tornou o olhar para seus pokémons que dormiam tranquilamente. Porém, alarmou-se ao notar que o pequeno companheiro que encontrara no dia anterior havia simplesmente sumido.

Meio desesperada, ela levantou-se em um salto, gritando por Machop sem pensar em nenhuma consequência. As lágrimas começavam a tomar seus olhos, sendo que não chegou a notar seus dois companheiros sendo despertados por tais atos. Joker a olhou preocupado, enquanto saia andando, procurando o pequeno nos arredores, adentrando a mata. Isamu tomou conta de abraçar gentilmente a morena, acariciando seus cabelos com as patas gordas e macias que possuía. Tentando acalmar-se, Pandora mergulhou o rosto no corpo aconchegante de Snorlax, deixando-se ser abraçada. Ela não entendia como um animal que aparecera somente em uma noite conseguira tocá-la profundamente.

Após um longo tempo, ela virou levemente o rosto ao ouvir o som de seu Mr.Mime, abrindo um sorriso ao notar o pequeno Machop ao lado do animal, correndo até ele e o abraçando, procurando algum ferimento extra que poderia ter ocorrido.

O pequeno a olhou meio confuso, mas sorriu levemente, emitindo um som baixinho e estendendo umas três flores juntas em um único ramo para a garota, penduradas em um círculo de um material que lembrava um cipó, resultando em um colar natural. Provavelmente havia dado trabalho para fazer e era bastante simples, porém, deveria ser de coração e fora feito com muito carinho.

E agora? O quê a Jovem faria?

Isamu conhecia-me muito bem, meu primeiro companheiro de viagem e eu tínhamos uma ligação muito íntima, e o mesmo conhecia minhas variáveis. Naquele instante, quando estiquei minhas mãos e peguei o pequeno ramalhete que Machop havia feito para agradecer-me, Isamu notou a mesma sensação que exprimi quando conheci Joker.

Mime caminhou por trás do pokémon passando para o lado de Isamu, seu grande companheiro de time. Sentou-se ao seu lado e ambos elencaram a uma singela e curiosa plateia para as demonstrações de carinho que vinham a seguir.

Delicadamente cheirei as pequenas florzinhas que Machop havia recolhido para mim, não tinham um odor forte, era suave e mesmo assim marcante. Aquela cena tinha um contraste inigualável. Um pokémon do tipo fortão - mesmo que magricela - segurando flores tão adoráveis. Com a mão esquerda acariciei a cabeça de Machop, agradecendo-lhe pelo carinho, atenção e afetuosidade.

Meu coração enchia-se de graça e luz ao ver que em um mundo tão violento e perigoso ainda existiam criaturinhas tão bondosas e sensíveis. Dias de luta, dias de glória. Eu havia encontrado a paz num breve momento de carinho.

Podia ser egoísmo meu, mas a partir daquele momento eu não conseguiria seguir viagem sem Machop. Havia amanhecido, Isamu e Joker haviam se alimentado bem antes de sair de Cerulean, mas o pequeno Machop mal havia comido. Além disso, eu tinha outros objetivos e não podia ficar mais um longo dia ali parada em meio a uma rota, além de não ser nada seguro. Então virei-me para Machop e, corada, o convidei:

- Isamu e Joker são meus companheiros de viagem, sou Criadora deles, mas acima de tudo uma grande amiga para eles. Nós seguimos em busca da felicidade e de aventuras. Eu não tinha pretensão de levar um pokémon da sua espécie comigo, mas você conquistou meu carisma de tal forma que eu não consigo imaginar nosso time sem tamanha ternura. - Estendi a mão para ele enquanto falava e por fim completei - Venha viajar com a gente? Me dê a honra de ser sua Criadora?

Eu não via motivos para batalhar contra Machop para tê-lo na minha equipe, uma batalha seria sem sentido, além de pura barbárie. Eu esperava que o pequeno magricela de tamanha sensibilidade aceitasse meu convite, eu o queria ao meu lado.

Joker caminhou para trás de sua Mestra, indo para o lado de seu companheiro de equipe, sentando-se no chão. Ambos olhavam meio curiosos para a cena que se estendia, por mais sonolento que Isamu estivesse.

Emocionada, Pandora aproximava as flores de seu rosto, aspirando o odor suave e fresco que provinham destas, enquanto um sorriso inundava sua face. Se contasse, provavelmente ninguém acreditaria. O contraste presente naquela situação era praticamente impossível de se imaginar. Um espécime que deveria ser grosso e violento, mostrava-se dócil e sentimental, além de possuir uma ternura inigualável. Estendendo a mão livre com calma, a mulher acariciou delicadamente a cabeça do espécime, que emitiu um som baixinho, fechando os olhos e sorrindo, indicando gostar da carícia.

O coração dela quase explodia de felicidade. Em um mundo tenebroso, conseguia encontrar paz e singela inocência em um serzinho de informações brutas. Ela não podia mais imaginar-se sem a companhia daquele animal adorável. Sabia que seus outros companheiros estavam bem em todos os sentidos, mas esse não era o caso daquele pequeno. Sem contar que não poderia perder o dia todo parada no mesmo local.

Abaixando-se na frente do animal, corada, explicava-lhe algumas coisas e por fim lançava-lhe o convite para seguir junto de si. Pandora não conseguiria batalhar com Machop para capturá-lo. Seria uma crueldade insana e ilógica. Ela apenas esperava que o pequeno aceitasse, afinal, estava praticamente pedindo-lhe a liberdade.

O animal a fitou com seus olhinhos grandes e inocentes, enquanto inclinava levemente a cabeça para o lado. Parecia até não ter entendido direito o pedido, mas tanto Joker quanto Isamu começaram a fazer sons e alguns sinais, tentando explicar-lhe ou, quem sabe, convencê-lo.

Um brilho tomou seu olhar, e ele tornou a olhar para a Criadora, abrindo um sorriso meigo e assentindo fracamente com a cabeça, enquanto abriu os bracinhos e envolvia levemente seu tronco com eles, fechando os olhos, completamente tranquilo.

Parecia que a sorte havia virado para a jovem.
Qual seria seu caminho, a partir de agora?
O quê ela faria?