Centro Pokémon - Petalburg

~> Interação com @gustavo.

Não se lembrava quanto tempo fazia exatamente desde a última vez que tinha esbarrado (bem, mais marcado, mas certamente é possível de entender) com tantas pessoas conhecidas como vinha fazendo nos últimos dias. Eram tantos, tantos - desde fantasmas de eras a companheiros mais recentes, eram laços que se entrosavam e reencontravam de maneiras estranhas, em timings esquisitos e até mesmo durante pesadelos que se tornavam realidade das mais temíveis e distorcidas maneiras.

Então, bem, enquanto ainda esperava o policial que havia conhecido logo após o pandemônio sofrido durante sua passagem pelas entranhas do Monte Pyre, a mensagem de Sakazaki veio como uma surpresa inesperada (duh?). Tecnicamente, não poderia sair da cidade só pro caso de Torres acabar aparecendo, achar que havai desistido e simplesmente desse o fora; Então, a moça também se surpreendeu com o fato de que o próprio menino se dispôs a desviar do próprio caminho para que pudesse encontrá-la - e, embora não soubesse o motivo, não se preocupou em negar, nem nada do tipo. E, curiosamente, até que ele nem havia demorado tanto assim para chegar!

— Ei, Timothy! — Cumprimentou, o tom de voz ameno, as mangas longas servindo para ocultar as cicatrizes dos tantos desastres pelos quais passara recentemente. Sorriu, vaga, endireitando brevemente a coluna na cadeira na qual estava acomodada. A fraqueza temporário nos músculos, porém, a impediu de levantar. — Bastante, sim. O que você tem feito nos últimos tempos? Acho que a última vez que a gente se falou, foi só por... Pokénav? — Arriscou, incerta. — Tá tudo bem? — Quis saber, com um sorriso ameno.

— ...Espera. National Park? — Interrompeu, com um breve franzir de cenho. — ...Que evento é esse? — Perguntou, sem jeito. — Desculpa, eu andei meio... Distraída, esses tempos. Não sei qual é. — Comentou, ajeitando brevemente uma das madeixas rubras por detrás da orelha. — ...Mas, pra mim? O que é? — Franziu o cenho de leve, apontando para a cadeira com a cabeça. — Senta. Acabou de chegar?

Foi em silêncio quase sepulcral que tomou a ruiva para que ela ouvisse as palavras de Andrew sobre a solidão - e, consequentemente, o peso em seus ombros veio de maneira praticamente automática. Um sorriso condescendente se retratou em seus lábios, um vazio corrosivo agitando-se na alma diante de tão simplória afirmação que, inevitavelmente, tocava fogo em seu âmago atormentado.

— ...Sim. — Respondeu, engolindo saliva enquanto balançava os ombros com delicadeza e os dedos de uma mão brincavam, distraídos, com o punho da manga oposta. — ...Sei bem como é. — Acrescentou, devagar, puxando ar algumas vezes antes de apertar as pálpebras com suavidade, franzindo a ponte de nariz com um gesto de graça. — Mas, às vezes temos que aprender a lidar, não? — Comentou, os orbes passeando sem pressa pela imagem discretamente encolhida do menino. — Como vão seus pokémons? — Perguntou, recordando-se brevemente da batalha um dia travada pelo garoto. Não era realmente uma questão de grande profundidade mas, uh, não era como se precisassem de muito peso mental na hora - não ela e, pelo que podia ver, nem o menino.

— ...Parque de diversões? — Piscou, o corpo se inclinando com discrição na direção do aparelho estendido pelo moreno, sem se dar ao luxo de tomá-lo para si. Tão exaustos quanto a própria mente, as pupilas brincaram sobre os fósseis coloridos logo apresentados pelo menino, as sobrancelhas se movimentando com sutileza diante dos tesouros curiosos adquiridos no... Fanfest? Era isso? — ...Ah! — Deixou escapar, sem intenção, inclinando a cabeça para o lado em poucos milímetros enquanto analisava os objetos. — ...Bem, eu não lembro exatamente onde, mas já ouvi falar de um lugar que revivia eles, e tal... — Comentou, encolhendo os ombros mais uma vez. — Mas não tenho ideia de quais são esses aí. Eu também encontrei alguns num, uh... — Hesitou. engolindo saliva. — ...no deserto. — Completou, devagar.

Poderia mencionar toda a aventura que havia tido de lidar durante a exploração nas ruínas? Certamente! Mas, hah, isso também exigiria toda uma longa explicação que, particularmente, não estava disposta a dar no momento - e que não queria reviver por si só, considerando que a consciência já lutava para esquecê-la.

...Ponderou se Karinna tentaria tomar para si os fósseis do menino, porém.
O pensamento acabou arrancando-lhe um pequeno e breve sorriso.

— Com um mega? Huh, da última vez que vi um desses, foi no evento de teatro depois da Wallace Cup. Não sei se você chegou a ir. — Disse, endireitando a coluna contra as costas da cadeira. — É uma alteração causada por uma pedra, algo assim. Não sei explicar bem. Foi muito difícil? — Quis saber. Particularmente, aquela poderia ser uma boa ocasião pra tentar espairecer, mas... Não tinha certeza no momento, então teria até a chegada de Tyrant para refletir sobre, huh?

— ...Impidimp? — Disse, lendo as letras formadas no visor da pokédex. — ...Parece um diabinho ou coisa assim. — Comentou - e pensou em acrescentar alguma coisa, mas a mudança na expressão e na postura de Timothy, de certo jeito, a incomodou. Em realidade, encontrou naquela feição uma certa familiaridade - e não por já conhecer o menino, mas sim o próprio sentimento que dali emanava. — ...Problemas com ele? — Perguntou, um sorriso simples brincando nos lábios. — Já estou até acostumada com esse tipo de situação. — Brincou, tentando espantar a inquietação do garoto. Não sabia ao certo o motivo por detrás dela, mas... Bem, não fazia mal nenhum arriscar um levantamento de astral, né?

— ... ...Ah! — Exclamou, então - porque não esperava que o garoto falasse sério ao mencionar que tinha algumas coisas para si. Devagar e com certo receio, esticou as mãos para recolher uma dar bonequinhas, os dígitos escorregavam pelo cabelo lilás cossturado no brinquedo. — ...Tem certeza? — Perguntou, só por garantia, o olhar passeando pela imagem de Sakazaki. — ...Não precisava. — Óbvio. — ...Obrigada. É gentileza sua. — Disse, em baixo tom, enrolando o indicador em um dos fios que escorregava do penteado da bruxinha. — Você foi sozinho? Como vai a Victoria? — ...e, embora tenha puxado o assunto, logo se arrependeu; E se fosse um assunto delicado para o treinador?

...Bem, agora já era tarde demais.
Ugh.