FANFIC DO VALEN

Márcio havia acabado de conseguir o seu inicial, com seu boné verde musgo, sua bermuda azul e sua camisa dos electabuzz, time favorito de seu avô ele se sentia um completo idiota, uma criança em um corpo de um pré-adolescente. Tudo que ele queria era sair da visão de sua mãe super protetora Georgete, ela havia decidido que seu pequeno filho não estava pronto para ir em uma jornada quando completou dez anos e por isso o chantageou emocionalmente o quanto pode até o mesmo completar quatorze anos. O pequeno rapaz havia prometido que sempre que chegasse em uma cidade iria avisar a mãe, promessa essa que fez a cozinheira aceitar a partida de seu amado e único filho em direção a estrada. A primeira rota sozinha de Márcio era atravessar a Petalburg woods, uma floresta escura e calma, típica de treinadores iniciantes, um lugar onde o vento passava fresco e os pokemons eram curiosos e amistosos, um ótimo lugar para se treinar com seu torchic. Assim que pisou no ambiente o céu escureceu, nuvens negras cobriam o local armando uma chuva forte e torrencial, seria a primeira vez de Márcio sozinho lidando com todos os problemas por sí só. Ele decidiu então procurar uma árvore alta o volumosa o suficiente para se esconder da água fria que estava por vir, durante sua busca era possível ver alguns pokémons com objetivos similares ao do treinador, procurando uma toca, um buraco ou uma árvore para se manter seco. Beautiflys passavam por ele preocupadas com suas delicadas assas e até mesmo uma Seviper chegou a passar próximo de sua perna para se misturar a um arbusto espinhoso.

-Parece que a natureza é tão esperta quanto tem que ser... Disse o menino chutando um pedregulho.

As árvores a sua volta não o satisfaziam e as primeiras gotas começavam a despencar como lágrimas de viúva, mas antes que Márcio voltasse para sua busca, um aroma o lhe capturou, um cheiro doce, próximo com chocolate, quase hipnotizante tocava o rosto do rapaz, neste momento o medo da chuva e do frio foram tomados por um outro sentido, a fome, seu estômago roncava mais do que snorlax de regime e ele decidiu seguir o rastro doce, primeiro eram passos calmos, em seguida, uma leve corrida que com os segundos foi se tornando em um verdadeiro exercício físico, Márcio corria em direção aquele doce aroma, pisando na grama, pulando poças de água, apoiando-se em troncos, até que chegou a uma clareira aberta onde o vento corria cortando a pele do rosto e trazendo vermelhidão a pele. O ar estava gélido e a água começou a cair sem dó, o aroma pairava no ar, mas nada ali era visto, a grama estava alta, cobrindo-lhe acima da cabeça. Um movimento rápido e dor, lhe queimava a perna, algo ali tinha o acertado na panturrilha, a vontade dele era correr o mais rápido possível, mas quando começou a mudar a direção de seu tronco, outro golpe no começo de sua espinha, o rapaz caia de quatro na grama, agoniando em dor, lágrimas começavam a brotar em seus olhos.

-Eu preciso sair daqui, eu preciso correr, eu preciso levantar.

Ele dizia para si, inquieto, as mãos começavam a tremer, começou com a ponta do dedo, nervosíssimo claro, mas então a boca ficou seca, ele tenta se levantar como um último instante, mas não consegue, deita de costas no chão, a visão fica embaçada, turva, algo se aproxima, é azul e vermelho, a altura não era grande, mas foi rápido...

Acordar é algo que Márcio sempre achou desagradável, ele gostava de longas horas de sono, mesmo com o sol raiando sobre seu corpo, mas acordar com o sol em sua face, com a boca com gosto de lama e o rosto sujo de terra... Isso era totalmente diferente e desagradável. A visão ainda estava meio desfocada, mas, ele podia ver suas esferas espalhadas por toda a clareira, sua mochila estava no chão e a mente ainda muito confusa.

-Tenho que me levantar...

Ter que se levantar nem sempre era o equivalente a conseguir se levantar, ao tentar se apoiar a dor na perna e nas costas o atingiu em cheio, fazendo lágrimas brotarem em seus olhos.

-Que droga, agora eu não consigo levantar-Murmurava o garoto sujo no chão.

Aos poucos Márcio conseguia ficar de quatro e ia em direção a suas seis esferas, pegando uma por uma, agora, além da dor na panturrilha e nas costas, seus joelhos estavam começando a se arranhar pelo atrito como o solo. Em sua mente pensamentos como: Minha mãe estava certa, eu não deveria ter saído de casa. Se repetia sem parar. Assim que conseguiu pegar a esfera de seu inicial, ele colocou seu pequeno torchic para ajuda-lo a pegar sua mochila. A pequena ave parecia confusa com a situação, mas trazia sua mochila sem nenhuma dificuldade, pois além de roupas nada mais havia na mochila, suas berrys e potions haviam sido roubadas por seja lé quem o atacou. Ainda se arrastando o garoto encontra um galho forte e resiste, e como muito esforço, ele o utiliza para se apoiar e assim, como um idoso, segue lado a lado de seu parceiro em direção a floresta.
A chuva havia passado, e os pokemons começavam a sair de suas tocas, Taillows saiam de seus ninhos para sobrevoar e exercitar suas asas, também era visto algumas beautiflys voando em direção a flores exóticas.
Conforme caminhava a dor ia apontando em seu corpo magro, torchic andava pulando raízes e desviando de galhos ao lado de seu treinador, mas em determinado ponto, espinhos arroxeados se cravaram no chão a poucos centímetros do pé do garoto, devido a sua posição curvada era impossível olhar na copa das árvores e saber que pokemon o atacava. Porém torchic não passava pelo mesmo problema e conseguia observar bem o adversário que pulava entre as árvores e lançava espinhos roxos contra a dupla.

-Torchic use ember contra os espinhos.

As pequenas chamas do pokemon alaranjado conseguia combater os espinhos venenosos, mas em seguida um chicote se vinha o atingia o jogando contra uma grande árvore. Os sons de passos indicavam que a criatura agora estava no chão, e com um movimento doloroso Márcio conseguia ver as mesmas cores azul e vermelho de antes, quem o atacou antes estava o atacando agora. Um misto de raiva e dor subia a cabeça do novo treinador e visto que seu pokemon ainda estava bem para batalhar ele deu o comando.

-Deixe que chegue perto torchic, e quando estiver perto use ember com toda a sua força.

E em seguida tudo aconteceu muito rápido, os braços do pokemon adversário ganhava um brilho arroxeado, e se aproximavam com velocidade em direção ao pokemon de fogo. Torchic abria a boca e acertava com força e velocidade o atacante, fazendo a mesma desistir do ataque e pular para trás, só que Márcio estava preparado para aquilo, com um movimento rápido, ao menos o mais rápido que uma pessoa dolorida poderia fazer, lançou uma de suas esferas na criatura que foi sugada para dentro quase que instantaneamente.  A pokebola balançou de um lado para o outro até fazer um som característico de captura. Um click. Era estranho para Márcio capturar um pokemon que nem ao menos ele conseguiu ver direito muito menos identificar, era a sua primeira captura e ele sabia que deveria se sentir feliz, mas tudo que ele sentia era dor, muita dor, então mancando com sua bengala improvisada, ele pegou a pokebola com o novo pokemon e seguiu para fora da floresta, assim que saiu, pode avistar um centro pokemon. Arrastando quase perdendo a lucidez novamente, o garoto adentra as portas do hospital de pokemon. Uma moça jovem e de cabelos cor de rosa, corre para atende-lo entregando suas esferas para sua Chansey rechonchuda.
Após olhas as feridas do treinador a enfermeira aplicou uma injeção de antídoto amarelo em suas costas e perna, indicando que o pobre menino havia sido envenenado, assim que a agulha saiu do corpo do menino veio a pokemon da enfermeira entregar uma prancheta para a mesma, sobre a situação dos pokemons do treinador.

-Olha, o seu torchic está bem, apenas um pouco cansado, então logo ele irá se recuperar, mas a sua roserade, parece que não come a dias...