[Fanfic Pokémon] Innocence

Sarah nasceu na ilha de Greenwater, um lugar paradisíaco ao sul de Kanto. A ilha é ponto turístico para muitos aventureiros que gostam de adrenalina ao subir os grandes montes rochosos formados pelos vulcões inativos, e destino favorito dos grandes empresários que querem escapar dos seus celulares e dos escritórios apertados, além de ser habitada por algumas pessoas que dependem do turismo para sobreviverem.

A ilha não é muito grande e a única cidade que ela possui é a cidade de Redsand, um pequeno vilarejo lotado de pousadas e mini-aeroportos, alguns restaurantes e principalmente clubes de verão. Ao longe pode-se observar grandes casarões espalhados pela orla, alguns dos magnatas de Kanto e outras regiões gostam de ostentar essas mansões, mas raramente visitam porque estão super preocupados em ganhar mais dinheiro, mas é por causa dessas grandes casas que as pessoas sobrevivem quando não há sol, ou férias. As mansões precisam de constante reparos e pessoas cuidando delas, como governantas, jardineiros, mordomos, seguranças, e é aí que os pais de Sarah se conheceram.

Emma e Tristan, ambos funcionários da Mansão Giovanni, ela uma cozinheira de mão cheia, ele um mero segurança. Emma, uma cidadã de Johto, tem grandes olhos azuis, cabelos alaranjados e uma pele bem clara. Tristan, nativo da ilha, tem olhos escuros e cabelos louros como o sol, além da pele ligeiramente morena de sol. Apaixonados um pelo outro desde o primeiro dia que foram apresentados, mantinham um relacionamento aventureiro nas horas vagas, apesar do risco de ser pegos por alguém e delatados para o sr. Giovanni, um homem perverso e severo, que não tolerava traquinagens ou procrastinação.

Seu relacionamento secreto durou por três anos, até eles decidirem que se casariam, então pediram demissão e montaram um restaurante na cidadela, Tristan sendo o recepcionista e garçom, enquanto Emma seria a chef. Ambos conseguiram colocar o negócio para frente, criando uma inveja no seu antigo patrão, Giovanni, que comandava uma das organizações criminosas mais bem sucedidas de Kanto.

Quando Sarah nasceu, o homem jurou tomá-la de seus pais, afim de chantageá-los a acabar com os negócios e voltarem a trabalhar para ele. Mas seu real plano era outro, mais perigoso, nefasto. Giovanni nunca tentou nada, mas sempre ficou aquela preocupação no ar, e os pais de Sarah nunca disseram uma palavra sobre as diversas ameaças do magnata.

Sarah teve uma infância comum, porém super protegida por seus pais por causa das intenções de Giovanni, nunca podia ficar sozinha em lugares públicos, e nem sair de casa desacompanhada. Criada nas cozinhas do restaurante, tomou gosto pela cozinha, aprendendo desde sempre a fazer as mais diversas comidas, se tornando tão boa quanto sua mãe.

Um dia, quando completava sete anos, recebeu um presente na porta de casa. Seus pais, muito preocupados, quase revelaram tudo para a menina, pois poderia ser uma armadilha, mas decidiram abrir o presente antes, e nele havia um ovo pokémon, era verde vivo e tinha formas ondulares em verde escuro e amarelo. Seus pais sorriram aliviados, não era algo perigoso, mas não tinha identificação, mas ao olharem para os olhos brilhosos da menina, não puderam fazer nada. Ela estava apaixonada pelo ovo, aquele seria seu primeiro pokémon. No dia seguinte, a menina pediu para os pais comprarem uma pokébola para ela. Tinha que ser a mais bonita de todas.

Ao chegar no mercado, a menina olhou todas as pokébolas disponíveis, por ser uma ilha turística, tinha todos os tipos de pokébola do mundo, que custavam mais caro, mas os pais faziam de tudo pela menina. Ela escolheu uma bola toda branca, uma Premier Ball.

Alguns dias se passaram e a menina não largava de seu ovo, até que ele chocou e dele saiu uma pequena dançarina de hula, ela tinha arranjo de folhas na cabeça e tinha o formato de uma cebola, era uma petilil, o pokémon bulbo. Sarah quase desmaiou de felicidade, e gritou tão alto que seus pais vieram correndo, desesperados. Ao ver o pokémon que tinha chocado, se sentiram ainda mais aliviados, poderia ser algum monstro assassino enviado pela Equipe Rocket para destruir tudo.

Sarah logo colocou petilil em sua pokébola, a emoção de capturar seu primeiro pokémon tomava conta da menina. E assim se passaram, três longos e pacatos anos até nossa história realmente começar.

E o som de vidro estilhaçado ecoou na casa, logo passos rápidos puderam ser ouvidos nos corredores, era uma invasão de mais ou menos um grupo de cinco pessoas, todas vestidas de preto. Cobertas da cabeça aos pés, com aberturas apenas nos olhos, estes muito afiados e rápidos, profundos que transmitiam toda a informação necessária num piscar de olhos, como se fossem treinados para aquilo desde que nasceram.

O casal Benckister logo acordou, assustados mal se levantaram e tiveram a porta de seu quarto arrombada, e logo quatro dos invasores estavam lá dentro, eles eram velozes e logo conseguiram imobilizar Tristan. Emma deu um berro estridente, mas logo foi imobilizada também.

— Cala a boca! Quer que matemos sua querida garotinha? — Então pela voz Emma pôde perceber que se tratava de uma mulher. — Nesse exato momento estamos com um agente ao lado da cama dela...
— Achou mesmo que o sr. Giovanni desistiria fácil dela? Vocês são patéticos! — Uma voz grave e masculina falou agora, agressivo e perigoso.
— Vocês nunca vão conseguir roubar nossa Sarah! — Tristan falou agora, sua voz estava embargada.

Os outros dois agentes conversavam entre si, baixo para que nenhum dos dois reféns ouvissem. Um deles então saiu do quarto e caminhou pelo corredor, a essa hora Sarah já estava acordada com tanto barulho.

No outro quarto, uma menina de cabelos louros estava tremendo na sua cama, e uma figura de preto a observava com seus olhos famintos. O homem então se aproximou dela, sedento por violência, agarrou a menina pelo pescoço e puxou contra seu corpo.

— Grite, menininha, e eu te mato! — A voz dele era apática, como se ele já estivesse morto há algum tempo. — Estou doido para ouvir seu último suspiro...!

Sarah estava com o coração na boca, não sabia o que estava acontecendo, e torcia para ser tudo um pesadelo sem graça e assustador, aquele homem não era real... Então a porta abriu e mais uma figura negra apareceu.

— Pare com isso! — Relou o outro, colocando a mão no braço musculoso do agente que segurava o pescoço da menina, que começava a se tornar roxo. — Você sabe que não pode matá-la!
— Argh! — Resmungou o outro afrouxando o braço e agarrando a menina pela barriga, mas ainda firme como uma rocha.

Então ambos caminharam pelo corredor, em direção ao quarto dos pais. Emma e Tristan olharam apreensivos para Sarah que estava a beira de um desmaio de tão assustada, a menina não estava entendendo nada, e agora seus pais estavam imobilizados por mais duas figuras negras.

— SARAH! — Gritaram os dois em coro, e logo foram calados por seus imobilizadores.
— Calados! — Disse o homem que segurava Sarah no braço. — Vocês não sabem a minha vontade de torcer o pescocinho dessa menina... Se me tirarem do sério, eu faço...

Ambos ficaram quietos e aflitos. Como poderiam salvar sua menininha? Estavam encurralados. Foi aí que então o pandemônio aconteceu. A petilil da menina que se mantinha em segredo no quarto começou a jorrar fogo de suas pequenas mãozinhas, era seu poder especial vindo do ovo, Natural Gift. O rocket musculoso para defender seu corpo soltou a menina, que caiu no chão e correu na direção de sua pokémon, agarrando-a e olhando para seus pais uma última vez, com um olhar de “Eu salvarei vocês...” correu como se sua vida dependesse daquilo, e dependia.

Sarah estava desesperada, e cada vez que corria mais, apertava sua pokémon contra seu pequeno peito que arfava ofegante, tentando buscar o máximo de oxigênio para acompanhar o batimento do seu coração. Chegou na orla da ilha e logo viu uma embarcação atracada ali e vários marinheiros se aproximando de caixas empilhadas então resolveu se esconder dentro de uma caixa que estava no pier.

Alguns minutos depois ela foi içada e posta num navio, tremendo, não gritou ou fez algum movimento, tudo que ela queria era sair daquela ilha, ela precisava de tempo para pensar, tudo ainda parecia um pesadelo para ela, quase entrando em colapso, dormiu na caixa, enquanto o barco zarpava em direção ao continente.

Uma noite inteira se passou e a menina acordou pela manhã quando a embarcação atracou. Por um momento ela pensou em como sairia dali, afinal, ela era uma clandestina! Resolveu então que correr era a forma mais rápida e não olhar para trás seria sua estratégia. E assim fez, correndo como um camundongo assustado com sua petilil agarrada no peito, desviou dos marinheiros ocupados com as preparações para o desembarque e desceu rapidamente, se misturando a grande multidão do porto do sul de Pallet.

Sem perceber que ainda estava de pijamas, atraiu diversos olhares até se dar conta de que estava vestida para dormir. Ela precisava de roupas, mas como? Ela não tinha nada, a não ser seu medo de ser pega e sua pokémon de grama. Se afastou rapidamente da multidão para um lado mais residencial.

Quando viu um varal de roupas ao seu alcance, se perguntou se deveria cometer aquele ato, o de roubar as roupas de uma outra garotinha. Resolveu não fazer, mas quando olhou bem e viu as roupas de um menino, pensou que seria um disfarce melhor, afinal, aqueles homens deveriam estar procurando por um menininha.

— Lilly, me faça um favor? Se eu entrar lá, poderei chamar muita atenção, por favor, pegue aquelas roupas para mim? — Então a menina apontou para as roupas de menino no varal, e por sorte também havia um boné pendurado por lá.

A pokémon bulbo assentiu com a pequena cabecinha em formato de cebola e saltou por cima da cerquinha, agarrando tudo de uma vez e voltando para sua dona, arrebentando o varal da casa. Sarah agarrou as roupas e correu para um lado mais reservado, se trocando em questão de segundos, socando seus cabelos pra dentro do boné e então seguiu seu caminho, atraindo olhares apenas de senhoras que sentiam pena daquele menino com roupas amarrotadas e descalço.

Sarah não sabia o que fazer, se sentia encurralada e desnorteada. O que ela poderia fazer naquele momento? Ela estava perdida no continente, sem saber sobre seus pais e sendo perseguida por vários bandidos. Seu coração palpitava, sentou-se no meio-fio da calçada e sentiu algo bater em sua perna, se assustou, mas logo viu que era apenas um pedaço de jornal. Na manchete ela pôde ler “Venha se tornar um treinador e começar sua jornada pokémon em Pallet, não perca sua chance! Professor Oak dá um incentivo em dinheiro para os jovens interessados!”, então ali ela viu a chance de recomeçar, e de pedir proteção, ela já tinha ouvido histórias sobre esse Professor Oak, ele era um homem bom que cuidava de pokémon e treinava jovens para seguir em jornada pokémon. E era seguindo com petilil e evoluindo com ela que ela buscaria por respostas e chegaria ao seus pais. Ela estava decidida.