XIX - Intervalos

Treinamento entre Combates

Quando Phillipe mostrou para Chris o que havia descoberto, ele já seguia para lá, confiante de que chegariam a um lugar com corrente de ar para respirarem com tranquilidade. Entretanto, Chris havia encontrado outra coisa por perto e fazia questão de que fossem até lá. Phillipe apontou para o nariz, indicando que o tempo ali embaixo era curto, mas diante dos pedidos do rapaz, acabou cedendo. Deu duas batidinhas combinadas no casco de Blastoise e apontou a rocha misteriosa. Então, o Ranger segurou com mais firmeza no casco do Pokémon, indicando que o rapaz fizesse o mesmo. Quando Chris estava bem seguro, o aquático guardou sua cabeça, braços e pernas dentro do casco e lançou-se com tudo sobre a rocha, que amassou-se razoavelmente, mas também abriu, como um alçapão.

Antes que Chris pudesse pensar em chamas seu Tentacruel para dentro da cápsula, Blastoise lançou-se para o interior daquele túnel, enquanto o Lotad de Brinquedo, preso por um fio arrebentado e agora livre, emergia lentamente até a superfície por estar cheio de ar. Assim que os três entraram, o Pokémon de Phillipe segurou a rocha e puxou, tampando o caminho e girando o registro. Isto fez com que a água que preenchia o túnel, agora selado, fosse sugada para o interior das canaletas da parede e finalmente sumisse. Em seu lugar, havia ar respirável e uma porta levava adiante — Ok, isso foi inesperado... Um complexo por aqui? Parece um crime bem organizado... Seja quem for... Mas está apertado aqui.. Volte Torty! — E com o comando, o aquático do Ranger retornou para sua esfera, deixando os dois sozinhos em um chão gradeado de ferro e uma porta hermeticamente fechada, que levava para outro corredor.

Phillipe observou cautelosamente o local através do vidro que a porta possuía e então, já que não havia ninguém, destrancou-a, abrindo-a — Certo, vamos descobrir o que temos por aqui.. — E colocando apenas o rosto para fora o jovem vasculhou pela presença de alguém, deixando logo depois o corpo todo sair. Eles pareciam ter saído numa espécie de depósito, pois haviam tanques, jaulas e caixas empilhadas. Os tanques e jaulas continham Pokémon como Volbeats, Wailmer, Corphish e Remoraids. Estavam entristecidos aprisionados dessa forma e emitiam uma infinidade de sons, como súplicas por libertação — É, guardam suas "mercadorias" frutos de roubo bem aqui... Foi um belo achado Ayusa! — Comentou Phillipe, com as mãos na cintura, observando todo o lugar. O corredor-armazém terminava em salas nas laterais, uma na esquerda e outra na direita. Chris decidiria investigar melhor? Por onde começaria? Veria uma das salas ou iria até os Pokémon aprisionados tentar achar algo de interessante? Ou observar as caixas? Ou qualquer outra coisa? O que Chris faria? ◄

Treinamento entre Combates

Chris havia ficado horrorizado com a situação e se compadeceu dos Pokémon aprisionados, dizendo para Phillipe que antes de mais nada eles deveriam libertar aqueles seres e só depois continuar a investigação, afinal eles estavam sofrendo e acabar com isso era a prioridade. As criaturas encerradas em jaulas e tanques ouviam tudo passivamente e olhavam para os dois rapazes com os olhos perdidos e cansados, mas ao avistarem bem suas feições e notarem vestimentas, passaram a agir estranhamente, com certo pavor e afastamento. Não estavam sendo nada suscetíveis aos cuidados dos dois ovens e fugiam para o fundo de suas prisões. Claramente havia algo de muito estranho por ali e tudo ficou ainda mais esquisito quando Phillipe assustou-se com algo no final do corredor, fazendo-o abandonar o que estavam tentando fazer e caminhar para o lado, procurando por algo — Você ouviu isso? Temos que sair daqui, depois voltamos...

Apesar de ter um constante som de encanamento vindo do teto e um pouco do chão, Chris poderia ter quase total certeza de que não havia tido nenhum barulho muito estranho que justificasse esse comportamento do Ranger. Estaria ele ouvindo coisas? Talvez o olhar que o treinador tenha dado para Phillipe o fez chegar a conclusão de que o julgava, mesmo Chris não tendo dito nada. O que importa é que o Ranger pareceu ter se ofendido com a ideia de estar sendo considerando "louco" por ouvir o que não existia e tratou de responder ao rapaz — Não... Eu sei o que eu ouvi, ok? Tem algo vindo por ali e temos que seguir adiante, então deixei esses Pokémon por aí mesmo e vamos em frente! — Disse o rapaz com um pouco mais de rispidez na voz, tentando demonstrar autoridade superior e já caminhando na direção contrária ao suposto som, com uma de suas cápsulas em mãos. Chris poderia concordar com isso e segui-lo ou insistir em libertar os Pokémon aprisionados. O que o treinador faria? ◄

Treinamento entre Combates

Ao que tudo indicava, o resgate daqueles Pokémon teria que ficar para depois. Chris confiava bastante no treinamento Ranger de Phillipe e se ele disse que algo se aproximava, certamente devia ser verdade... O treinador então falou para os Pokémon engaiolados que voltariam depois e o seu companheiro Ranger concordou com a cabeça, também tentando consolar as criaturinhas — Não se preocupem, voltaremos... — E recolocou uma cortina azul escuro sobre alguma das jaulas, em especial o tanque grande que era ocupado por um belo Wailmer, com uma aparência extremamente triste. Assim, não notariam que houve alguma coisa por ali. Sendo assim, podiam seguir adiante, pelo corredor até uma sala no extremo oposto de onde havia vindo o som suspeito. Era uma sala grande que havia ali, com portas para outras regiões do esconderijo e contendo algo bastante conhecido por Chris...

— Mas veja só, que coisa incrível... Plantas Aquáticas amarradas a jaulas e tanques com Lotas de Brinquedo, certamente servem para ajudar a boiar e como disfarce... São realmente geniais esses criminosos... — Dizia o Ranger com um sorriso no rosto, passando a mão sobre a estrutura. Cordas ligavam essas plantas, jogadas no chão metálico, às jaulas que ficavam ocultas no fundo do lago e portanto, sem chamar a atenção de transeuntes. O rapaz, ao terminar de analisar tudo aquilo, caminhou ao redor de Chris observando cada uma das portas. Já o próprio treinador, pôde ouvir que haviam movimentações vindo de uma das outras portas, eram duas vozes conversando entre si animadamente com gargalhadas e provocações.

Phillipe, encostou então na porta por onde ele e Chris vieram e a trancou-a atrás de si, segurando uma Pokébola já em mãos — Estão chegando... Pronto para uma surpresa? — Disse ele segurando uma Pokébola de alguma de suas criaturas — Prepare-se para eles! Vão nos alcançar a qualquer momento — E diante dessa situação, talvez fosse interessante para Chris tomar algumas precauções para o confronto iminente. O que o rapaz faria?  ◄

Treinamento entre Combates

Phillipe mantinha um sorriso faceiro no rosto, segurando sua Pokébola e observava Chris sacar suas cápsulas também. Ele olhava a todo momento para a porta e então novamente para o treinador, como um Liepard pronto para caçar sua presa. O treinador também parecia um tanto apreensivo e observava a porta de aço que logo se abriu, dando passagem para dois suspeitos falantes chegarem ao ambiente — O que estamos fazendo aqui é maior do que tudo! Nem os Rocket se labuzavam tão descaradamente em Saffron, na Sliph Co. Vai, não derruba a caixa não! — Dizia uma voz mais madura e grave, direcionado a um outro indivíduo logo atrás, mais baixo e franzino — Não vou derrubar, qual é... Mas esse lote foi incrível, né? — Os dois homens carregavam uma jaula e na própria gaiola havia uma figura conhecida, Illumise! Mas o Pokémon desaparecido não estava dentro das grades e sim sobre ela, dançando e rindo para os dois suspeitos.

Aqueles dois homens, assim como Illumise mantiveram a tranquilidade no olhar assim que avistaram Phillipe segurando uma de suas Pokébolas e só foram se sentir incomodados quando tiveram seus olhos cruzados com os de Chris, que também mantinha suas Pokébolas em mãos. Illumise então voou correndo para trás do grande homem de feições mais grosseiras, com uma expressão assustada e o rapaz franzino pedia explicações — Que pirralho é esse aqui? Não lembro de estarmos roubando crianças agora! — E os dois sacaram suas Pokébolas, prontos para um confronto. Aquele momento parecia paralisado no tempo, pois mesmo tendo se passado poucos segundos, parecia durar uma eternidade. O silêncio parecia reinar no ambiente, até que Phillipe, impaciente gritou.  — DEIXEM O GAROTO! — E lançou sua esfera, revelando um Pokémon deveras curioso e que pode ter feito um estalo surgir na cabeça de Chris.

— Lanturn! Spark! — E o Pokémom peixe, "surfando" em terra seca aproximou sua protuberância da cabeça nas costas do treinador ainda com as esferas em mãos, eletrocutando-o. Chris não teve muito tempo para reagir, apenas caiu no chão em choque e sua visão foi ficando cada vez mais escura. A última coisa que viu foi os pés de Phillipe, aproximando-se de seu corpo quase desacordado — Eu te disse! Surpresa! — E enfim, a escuridão tomou conta de tudo. Enquanto isso, Kraken continuava do lado de fora, fingindo ser apenas mais um Pokémon selvagem que nadava de um lado para o outro e às vezes tentava "caçar" alguma criatura menor. Apesar de não poderem se comunicar, Tentacruel sentia uma apreensão forte em não estar com seu treinador e olhava o tempo todo para a saída de bolhas do paredão de rochas, pensando em entrar naquele lugar e ir atrás de Chris. Mas seria uma boa ideia? O que Kraken faria agora? ◄

Treinamento entre Combates

Com Chris desmaiado e realmente "fora de combate", além de Phillipe tendo se virado para o lado dos inimigos, as únicas chances que o rapaz tinha de ser salvo vinham de fora da caverna onde era mantido refém, nas formas de Kraken e sua irmã Anne. O Tentacruel, que estava mais próximo do treinador e já estava extremamente ansioso de não ver Chris voltar com Phillipe, resolveu que não poderia simplesmente ficar parado e resolveu agir. Ele foi até a superfície e começou a usar o movimento exaustivamente treinado ao lado de seu treinador, o Water Pulse. Os aros de água eram lançados para o céu e abriam-se rapidamente, estourando em uma chuva de gotículas, um após o outro.

Não demorou muito tempo para que Anne, ainda em seu Charizard, notasse a presença de algo estranho naquela região e se aproximasse sobrevoando o lago em um rasante. Tentacruel, desesperadamente, tentava se fazer entender, dizendo da sua própria forma o que estava acontecendo — Ten Ten! Cruuuuel! Ten Cruel! — Expressava-se a enorme água-viva, recebendo atenção principalmente de Charizard, que desatou a tentar explicar melhor para Anne o ocorrido — Zaaard... Char Char Char! Zaar! (Seu irmão sumiu há muito tempo, ele quer que o ache!) — Bradava o Pokémon de fogo, agitando os braços e mais ou menos conseguindo explicar-se para a treinadora Ranger — Ok, entendi... Chris e Phillipe ainda não voltaram e está preocupado... Também fiquei assim que vi você sem ele por aqui. O que podemos fazer? Você quer que eu mergulhe com você até lá? — Perguntou a garota, recebendo uma resposta afirmativa.

Anne então saltou de seu Charizard para cima de Tentacruel e fez com que o Pokémon alado retornasse para a Pokébola, colocando uma máscara e um respirador a fim de mergulhar. Com duas batidinhas no corpo de Kraken ela demonstrou estar pronta. Dessa forma, Tentacruel mergulhou a toda velocidade levando-a até o paredão de rochas. A primeira coisa que Anne viu foram as bolhas saindo de lá e teve a mesma conclusão de Phillipe, apontando para que Tentacruel não se contivesse e fosse direto para lá, passando por debaixo daquele lugar. Contudo, Kraken sabia que seu treinador havia feito um caminho diferente. O Pokémon aceitaria de bom grado seguir por ali ou levaria Anne diretamente para o lugar que Chris adentrou com o Ranger. O que o Pokémon faria? ◄