Re: [02] As terras além do mar

por **Ayumi** Ter 30 Jun - 15:44

Ok… isso foi definitivamente humilhante. Aqueles dois arrastaram a moto como se fosse a coisa mais fácil do mundo, em segundos fizeram o que eu não faria nem em uma hora. Até Yoshiro pareceu surpresa, ela não teve intervalo nem sequer para ajudar Hoothoot, pois precisava ficar amarrando e desamarrando as cordas para que a tarefa pudesse ser concluída. Eu não tive tempo nem oportunidade de usar meu Water Gun, e não é como se ele fosse necessário. Só fiquei olhando os outros trabalharem, estupefato com a força da dupla, enquanto as motos e bicicletas eram tiradas uma a uma da estrada.

- Ótimo, terminamos aqui. Vocês estão com sede? - A garota mostrou-nos uma garrafa d’água e uns copinhos plásticos que ela mesma tinha pego na base de Sienna e enfiado na bolsa enquanto ninguém estava olhando. Distribuiu os copos para nós e encheu-os de água, deixando o último para si mesma. Enquanto bebíamos, a humana aproveitou para elogiar o trabalho incrível de Poochyena e Budew, e eu tentei não me sentir enciumado com isso. Olhei para as motos, agora encostadas em uma parede, com um certo rancor - era frustrante não ter tido nenhuma utilidade na remoção delas. Pelo menos ainda havia os carros e aquele enorme caminhão. Com eles, eu poderia mostrar meu valor. - Querem uma pausa ou algo assim?

Seu tom de voz era esperançoso, deixou óbvio que quem mais queria um intervalo ali era a própria humana. Já tinha até se sentado, crente de que teria algum descanso. Para o azar de Yoshiro, o resto de nós estava bem disposto a continuar, principalmente agora que tínhamos nos refrescado. Ela ainda ainda insistiu em perguntar um “têm certeza?”, ao qual todos respondemos quase ao mesmo tempo com um aceno afirmativo com a cabeça. Derrotada, a garota precisou levantar e continuar o serviço, mas não sem antes dar mais água aos que queriam e recolher todos os copos depois.

- Ok então, com os carros vamos fazer a mesma coisa. Eles são bem mais pesados, então acho que vamos precisar do seu Water Gun dessa vez Sapphire. Só não exagere, não queremos encharcar o asfalto todo, tá bom? - Enquanto falava, a menina já ia amarrando as cordas de Koda e Budew no para-choque do carro mais próximo. - Se achar que já está molhado o suficiente, venha ajudar a puxar, pode dividir a corda com o Koda. Hoot, você tenta empurrar por trás, para não sobrecarregar demais só o para-choque. E me avisem quando precisarem de um descanso, não quero que se machuquem.

Espere, Yoshiro estava mesmo me mandando dividir a corda com o Poochyena? Logo com ele!? Verdade que já trabalhamos juntos na Trick House, mas não é segredo pra ninguém que esse lobo não gosta de mim. E Koda também fez questão de mostrar que não tinha ficado contente com isso, rosnando pra mim como quem diz “nem pense nisso”. Infelizmente, nossa treinadora não notou o olhar de poucos amigos que Poochyena me lançou, estava ocupada alongando-se para tentar expulsar o cansaço do serviço e da noite mal dormida.

“Ei, não vai ajudar?” Questionei ao ver que a humana não tinha amarrado nenhuma corda para si própria. Havia se afastado alguns metros do carro e restringia-se a nos observar, tão entusiasmada e cheia de energia quanto um Dunsparce. Precisei falar de novo, mais alto, chamar a atenção dela, e a garota pelo visto detectou o tom acusatório nas palavras.

- Vocês conseguem carregar sem mim. Confio em vocês. - Yoshiro abriu um sorriso desconcertado que não enganou ninguém. Aquela espertinha só estava querendo se livrar do trabalho, isso sim.

por **Sckar** Qua 1 Jul - 7:10

Saphire sentiu-se enciumado e até um tanto inutilizado, diante daquela cena.
A garota forçou uma pausa para reidratar à todos. E até questionou se não queriam mais tempo para descansarem, mas ela era a única que estava sem forças. Contudo, decidiu prosseguir, já que o seu time insistia tanto.

Agora teriam que removerem os carros. Então ela reorganizou o time, delegando novas funções naquela nova etapa da tarefa. Saphire encharcava o chão abaixo dos pneus de um carro, os outros dois puxavam as respectivas cordas amarradas no para-choque do mesmo veículo. E a corujinha empurrava pelo capô.

Eles faziam muita força, Saphire continuava jogando água e o carro ia se arrastando centímetro após centímetro. Era possível ver que os pneus estavam murchos e isso atrapalhava. Talvez até estivesse com o freio de mão.

Eles continuavam fazendo uma força tremenda. Gemiam devido o enorme esforço. Saphire parecia estar gastando todo o fôlego para jogar água suficiente para que o carro andasse, mas então pareceu lembrar que não devia encharcar muito o asfalto, arregalou o olhos e parou. Para em seguida, correr até o lado de Koda e tentar pegar a corda.

E mesmo com o canídeo rosnando, a salamandra abocanhou a ponta da corda. E no primeiro puxão, o para-choque cedeu e foi arrancado, vindo com tudo nas nucas do trio, que caíram de cara no chão ao serem golpeados em suas nucas.

Ficaram ali, espatifados no chão, com os olhos girando como um redemoinho. Parecia até que haviam sofrido um nocaute. Mas após poucos segundo, voltaram ao normal. E a hiena começou à rosnar e latir irritada com a salamandra...

por **Ayumi** Qua 1 Jul - 23:41

O que houve…? Senti o mundo dar meia volta quando algo pesado acertou-me a cabeça, acompanhado por um estrondo tão forte que achei que a rua estivesse desmoronando. O impacto me jogou no chão, onde fiquei desnorteado, com tudo girando ao meu redor e sem entender nada do que tinha acontecido. Ouvi minha treinadora gritar alguma coisa, mas a voz dela soava estranhamente distante, e eu não sabia nem sequer dizer de qual direção o som vinha. Demorou alguns instantes para que meus sentidos começassem a se recuperar, e só depois disso notei que Yoshiro estava ajoelhada ao meu lado.

- Vocês… estão bem? - A voz da menina estava trêmula e, quando ela tocou minha cabeça para avaliar um possível machucado, notei que suas mãos compartilhavam do mesmo estado. Eu sentia minha nuca latejar, mas o toque da humana foi tão delicado e gentil que não protestei. Aquilo com certeza ficaria roxo depois… mas o que exatamente tinha sido “aquilo”?

“Foi um Donphan que atropelou a gente?” Questionei, ainda meio zonzo. Os rosnados de Poochyena foram uma indesejada resposta. Meus colegas de time também estavam estatelados no chão e, próximo a nós… o para-choque do carro que tínhamos tentado arrastar. É, aquele plano tinha acabado muito mal… tanto esforço, apenas para ver nossa esperança desmoronar (literalmente) sobre nossas cabeças. Se eu soubesse que acabaria assim, teria ficado bem longe daquela corda.

- Não foi culpa dele, Koda… - O tom tristonho da garota surpreendeu a todos, fez até o lobo cinzento parar de latir. Nossas atenções voltaram-se à humana, a qual mantinha a cabeça baixa e o olhar fixo no chão, sem coragem de nos encarar nos olhos. - Ele só fez o que pedi. Eu devia ter pensado melhor… coloquei todos em perigo. Desculpem…

“Não foi tão ruim assim, nós estamos bem.” É claro que foi tão ruim assim, mas eu precisava acalmá-la de alguma forma. Embora minhas pernas ainda estivessem meio bambas, levantei-me e andei até a menina, esfregando minha cabeça na perna dela para tentar passar algum conforto. Yoshiro retribuiu com um abraço, e pude sentir o quão acelerado o coração dela estava. Deve ter se assustado bem mais que nós… “Ei, não faça essa cara, tá tudo bem.”

Tentei usar um tom tranquilo e sorri para a menina, que sorriu de volta, mesmo sendo claramente forçado. Felizmente, ela pareceu mais calma ao notar que ninguém tinha se machucado de forma grave, no máximo restaria um galo ou outro. Nesse momento, Hoothoot voltou pulando para perto de nós, a corujinha tinha se assustado com o estrondo e se escondido no fim da rua. Com todos outra vez reunidos, voltamos à questão principal: como tirar aqueles carros de lá?

- Não me diga que estão travados… esse lugar foi inundado do nada, quem foi que viu necessidade de puxar o freio de mão? - Yoshiro lançou um olhar frustrado ao carro partido. Ela provavelmente não esperava que, mesmo em um cenário pré-apocalíptico, as pessoas ainda seriam tão atentas às normas de segurança no trânsito. E isso com certeza complicou nossas vidas… a garota tentou forçar as portas, mesmo sabendo que as chances de conseguir abri-las era muito baixa. - Koda, consegue arrancar essa porta pra mim? Se tiraram o para choque inteiro, isso deve ser fácil. Só tenha cuidado para não se machucar, tá bom?

O cãozinho pareceu meio confuso com a ordem, assim como o resto de nós também estava. O que raios ela queria fazer lá dentro? Mesmo se por algum milagre encontrasse uma chave, duvido que o automóvel ligaria… estava deteriorado demais, depois de todos aqueles anos. Mas, honestamente, quem somos nós para questioná-la? Uma humana com certeza deve saber mais sobre carros do que uma trupe de Pokémons que nem sequer têm mãos.

- Deve ter algum jeito de destravá-lo por dentro… não é? - A garota inclinou a cabeça, meio em dúvida. Notando isso, Hoothoot se aproximou de mim e cochichou no meu ouvido, como quem conta um segredo:

“A humana sabe mesmo o que está fazendo?”

“Vamos torcer para que sim.” Torcer para que uma menina sem idade para ir à autoescola descubra empiricamente como destravar um carro, isso se for mesmo possível destravá-lo nesse estado… é, melhor rezar.

por **Sckar** Sex 3 Jul - 10:35

Após passar o susto, a menina teve uma nova ideia e mandou sua hiena arrancar a porta. A hiena aproximou-se e primeiro usou um Tackle, amassando a porta. Depois usou um Bite numa nas protuberâncias formadas pelo amassado. Assim conseguiu "agarrar" a porta com os dentes e puxá-la, com força suficiente para arrancá-la. A menina e os pokémons sentiram um forte cheiro de mofo sair do veículo.

Ela enfiou a cabeça lá dentro e viu o freio de mão, baixado. A garota não sabia, afinal, ela não era de Tohjo, mas o dilúvio não fora tão rápido. Demoraram dias para que todos fossem recolhidos e o continente estivesse submerso. Ela nem percebeu que se tivesse tudo tão desesperador quanto imaginou, provavelmente o motorista nem teria fechado a porta ao abandonar o carro.

Provavelmente as pessoas foram embora para se salvarem, mas jamais imaginaram que o continente inteiro seria submerso e ficaria assim por 2 anos. Muitos deviam ter ido embora com esperança de voltarem em poucos dias e recuperarem alguns de seus pertences. Afinal, quem em sã consciência imaginaria num "Efeito Atlântida" em todo um continente? Era algo que só se poderia crer, após ver!

A menina tentou puxar o freio de mão, mas era muito duro e pesado, não se movia. Ela então percebeu que havia um botão na ponta. Ela apertou e puxou, mas ainda assim, não se movia. Ela então tentou puxar enquanto apertava o botão. Mas também fora inútil. Estava completamente travado.

Era possível ver a ferrugem ao redor do metal do freio de mão. Também era possível ver bastante mofo em todo o carro. Mofo e ferrugem, dominavam o interior do automóvel. Se ela tivesse prestado mais atenção, teria visto pelo lado de fora, que já haviam alguns pontos enferrujados e se olhasse pela janela, teria visto o interior antes de arrancar a porta.

por **Ayumi** Sáb 4 Jul - 18:37

Off:

Não precisamos esperar muito até ter nossa resposta. A garota definitivamente não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Entrar naquele carro não serviu para nada além de nos deixar enjoados com o cheiro de mofo, a ferrugem inutilizava qualquer alavanca ou botão que poderia nos ajudar. E não foi por falta de tentativa que chegamos à conclusão de que aquele painel de controle não tinha nada a nos oferecer, Yoshiro lutou com o freio de mão por longos minutos antes de dar-se por vencida. Frustrada, a humana fechou a mão em um punho e acertou-o no botão com uma força exagerada, como se quisesse castigá-lo por estar sendo tão teimoso. Suspeito que doeu muito mais na garota do que nele.

- É inútil, nada funciona! - Quando saiu de dentro do carro, estava visivelmente alterada. Pelo visto, as ideias da minha treinadora estavam se esgotando e mais aquele fracasso, embora previsível, foi outro balde de água fria nas esperanças dela.

É tão surpreendente assim que ele esteja todo enferrujado depois de dois anos submerso? Foi o que eu quis retrucar, mas engoli minhas palavras, a humana já parecia estressada o suficiente. O lado ruim de ter sido tão mimada a vida toda foi que ela realmente não aprendeu a lidar com frustrações… e, até uns três ou quatro dias atrás, Yoshiro tinha uma vida muito mansa e cheia de regalias. Chega a ser engraçado como o mundo gira… num dia você é uma riquinha que tem tudo o que quer na mão, no outro está tirando carros quebrados do meio da rua.

“Ela está bem?” Murmurou Budew, receosa, acompanhando com os olhos enquanto Yoshiro andava de um lado para o outro, com os braços cruzados e o rosto já começando a enrubescer-se pela raiva que crescia em seu interior.

“Não muito…” Tive que ser sincero. Da última vez que vi minha treinadora assim, foi na Trick House, quando ela também estava diante de um desafio que não conseguiu cumprir como deveria. E eu já sabia era melhor acalmá-la antes que ela fizesse alguma coisa imprudente…

- Agora virou pessoal… vamos tirá-lo daí nem que seja a última coisa que eu faça… - Opa, tarde demais. A voz da menina tremia um pouco, como antes, mas dessa vez não era de susto ou preocupação. Ela lançou um olhar irritado ao carro e paraceu prestes a xingá-lo, no entanto, contentou-se com um pontapé não muito bem mirado em uma das rodas. Creio que tenha se arrependido no mesmo instante, pois só serviu para machucar o dedo. - Koda, use Howl até que seu ataque esteja no máximo. Depois, Tackle nele!

O cãozinho pareceu meio confuso com a mudança na entonação, mas não questionou. Era a primeira vez que Yoshiro ordenava um ataque direto no carro, mas se nem todos juntos conseguimos puxá-lo, como Poochyena poderia tirá-lo sozinho com seu Tackle? A segunda mais forte era Budew e ela não conhecia nenhum ataque físico. Eu e Hoothoot conhecemos, mas o nosso poder no momento nem se compara ao daqueles dois. Seria difícil isso funcionar…

“Hoothoot, busque ajuda. Tem que ter outros voluntários aqui por perto que possam nos dar apoio. Não vamos conseguir sozinhos.” A coruja assentiu e alçou voo, ainda meio desajeitada, porém firme o bastante para não cair. Yoshiro não pareceu notar, estava distraída com o noturno. “Tomara que ele volte antes que essa humana faça alguma besteira…”

“Você se preocupa mesmo com ela, não é?” Budew perguntou baixinho, tímida como de costume, e depois foi tentar carregar a porta que tinha sido arrancada para fora da estrada, mesmo sem ter recebido um comando para fazê-lo. Acompanhei-a, no caso de a minha ajuda ser necessária.

“É claro que sim. Essa menina não tem a mínima noção.”

“Ah, ela não parece tão ruim assim… afinal, vocês conseguiram passar pelo desafio do vovô.” Senti um calafrio percorrer minhas brânquias só pela lembrança de tudo o que passamos na Trick House. Ver Budew chamar o responsável por aquela casa de “vovô” sempre me dava uma sensação ruim.

“Porque eu não deixei ela morrer.” Respondi, e a planta apenas riu consigo mesma. Como nós não tínhamos mais trabalho para fazer, resolvi aproveitar esse tempinho para me aproximar um pouco mais da minha nova colega de equipe enquanto esperávamos algo acontecer.

por **Sckar** Seg 6 Jul - 15:12

A garota frustrava-se com toda a situação e não sabia como lidar com esse sentimento. Ela socou o botão do freio de mão e aquilo doera muito, MUITO MESMO! Talvez ela até tenha berrado de dor, ou precisou segurar muito o grito para não dar o braço à torcer, mas obviamente, seria impossível esconder a careta de dor.

Sentia a mão latejando e não passava. Ela irritou-se mais uma vez e chutou o pneu do carro e o resultado foi similar. Ok, não doeu tanto quanto o soco, mas ainda assim, era uma dor considerável e a fazia saltitar repetidamente, devido a dor. Após parar de saltitar e conseguir colocar o pé no chão, ainda sentiria-o latejando e mancaria por alguns minutos.

Com mão e pé latejantes, doloridos e com dificuldade de tocá-los em objetos por alguns minutos, ela mandava sua hiena se fortalecer ao máximo. Saphire pedia para a coruja ir chamar ajuda. Enquanto a hiena uivava repetidamente, enquanto Budew e Saphire iam conversando e se retirando do lugar, com a sementinha, levando a porta anteriormente arrancada...

BOOOOOOOWFF!!!!

Um estrondo ensurdecedor e metálico fora ouvido após a hiena parar de uivar. A hiena se jogara contra a frente do carro e amassou-o como um se fosse uma batida de moto no carro. O capô ficava todo amassado, retorcido e dificilmente seria possível lembrar sua antiga aparência. Alguns pedaços até caíram e ele deslizou quase 1 metro para trás. Por sorte, não havia ninguém ali, tão perto atrás do carro. Saphire e Budew já estavam um pouco mais distantes, quando houve o empurrão.

E agora, o que a menina faria? A coruja ainda não havia voltado, aonde Budew pretendia deixar a porta do carro? E o que a garota faria agora?

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Imagem meramente ilustrativa.

por **Ayumi** Ter 7 Jul - 3:03

Diferente de um certo canídeo cinzento, Budew era uma boa companhia. Meiga e gentil, embora um pouco insegura, conseguimos manter uma conversa amigável enquanto a sementinha colocava a porta próxima aos sacos de lixo. Eu prefiro o jeito mais calmo e ponderado dela do que a euforia desmedida de Poochyena… e, falando nele, esses uivos estridentes estão começando a doer nos meus ouvidos. Fiz questão de me afastar de onde Koda e Yoshiro estavam, achando que assim protegeria meus tímpanos. Triste engano. O estrondo que se seguiu foi tão alto que me fez pular de susto, juro que meu coração quase parou ali mesmo. Quando meus batimentos voltaram ao normal, olhei para trás, querendo conferir que tipo de meteoro tinha caído ali. O que meus olhos encontraram, contudo, foi tão surpreendente quanto.

“Ele… conseguiu?” De tão descrente que eu estava, as palavras quase engasgaram para sair. Como um cachorrinho daqueles podia causar um estrago tão grande!? Acho que nem ele mesmo esperava por isso, pois assustou-se com o barulho tanto quanto nós. Enquanto o carro era jogado quase um metro para trás, Poochyena saiu correndo na direção oposta, ganindo de medo, até dar-se conta de que ele mesmo fora o responsável por tamanho estampido. Parecia meio zonzo e atordoado, porém não ferido.

“Tão forte…” Murmurou Budew, abismada. A constatação me fez engolir em seco, alguém por favor me lembre de nunca irritar esse lobo. Koda, por outro lado, pareceu muito contente ao ouvir as palavras da sementinha. Começou a abanar o rabo e voltou todo feliz para perto de Yoshiro, orgulhoso de si mesmo.

A humana, também pega de surpresa pelo estrondo, caíra sentada no chão e ainda não tinha conseguido levantar devido ao pé dolorido. Agora ela vai pensar duas vezes antes de sair chutando carros por aí… Koda ficou parado perto dela, esperando por algum elogio ou gratificação. Infelizmente, a garota ainda estava desnorteada demais para reagir. Levou a mão boa à cabeça e fechou os olhos por alguns instantes, parecia mais afetada por aquele estrondo ensurdecedor do que o próprio Poochyena. Demorou um pouquinho para que ela voltasse à realidade, até parecia ter levado um Supersonic de alguém.

- Nossa… isso foi incrível, Koda! - Estava ainda meio confusa e com a respiração claramente alterada, mas não podia deixar de elogiar o trabalho do noturno. - Acha que consegue fazer de novo?

O latido que lhe serviu de resposta esbanjava confiança, ele estava mais que disposto a tentar outra vez. Bem, é verdade que esse foi nosso resultado mais concreto até agora… no entanto, será que valia a pena? Aquele som foi ainda mais desagradável do que o para-choque caindo sobre nossas cabeças. Barulhos tão estridentes podem ser muito prejudiciais, tanto que há alguns ataques baseados nisso. Insistir no Tackle era eficiente, contudo, não livre de riscos...

- Ei, vocês me ajudam a procurar uma coisa? - Apontou para a bolsa que tinha recebido na base da Sienna e, em seguida, para a mão que ainda estava machucada. Depois daquele soco desastroso, aposto que ainda vai ficar latejando por um tempo… - Se tem outras ferramentas de obras aqui, deve ter protetores de ouvido também, não é? Já que muitos voluntários trabalham com demolições e reformas…

Seguramos a bolsa para que a humana pudesse procurar o que queria, e ela pareceu um pouco decepcionada ao só encontrar dois pares desses protetores. Tentou ajustar um em Koda (o que não foi nada fácil usando só uma mão) e colocou o restante em si mesma. Para o resto de nós, o destino que restou foi a Pokébola. Eu geralmente detesto entrar nesse esfera, todavia, se a outra alternativa é ficar ouvindo esses estrondos… acho que posso suportar lá dentro um pouquinho. Afinal, Hoothoot ainda não tinha voltado, então não poderíamos contar com ajuda nenhuma.

“Você vai me liberar assim que terminarem o trabalho por aqui, entendido?” Sei que ela não me entende, mas torci para que conseguisse deduzir. Yoshiro sabe muito bem que não gosto de ficar lá dentro. Antes de o raio vermelho me sugar para dentro, ainda consegui ouvir o comando que nossa treinadora deu a Poochyena.

- Koda, tente empurrar mais alguns carros com o Tackle. Jogue-os para fora da estrada, tá bom? - Isso chega a ser irônico… Quem diria que a ordem mais simples e impulsiva poderia ser também a mais frutífera?

por **Sckar** Qui 9 Jul - 20:07

Todos ficaram muito estarrecidos com o resultado do ataque da hienazinha, até a própria. Porém, após o susto passar, animou-se pelo enorme sucesso de seu feito.

A garoto tardou um pouco à se recuperar do susto e do estrondo, mas assim que voltou à si, procurou por protetores auriculares na bolsa e logo encontrou 2 pares. Isso a fez ter que retornar os outros 2 pokémons, mas ao menos ela e a hiena, estariam com os "tapa-ouvidos".

A hiena já estava fortalecida ao máximo e logo começou à atacar aos automóveis com seu Tackle. Os carros derrapavam de metro em metro, aproximadamente. Mesmo com os protetores auriculares, era ainda possível ouvirem os estrondos, mas pelo menos, não doíam mais os ouvidos.

Após longos minutos de golpes, os carros mal pareciam carros, quando saíam da estrada, mas enormes latas retorcidas, com vidros quebrados, espalhados pelo asfalto.

Só que então, a moça viu um vulto aproximar-se no momento em que a hiena terminou o trabalho dela. O vulto era sua corujinha, voando apressada em sua direção, acompanhada de um moço, que vinha montado num equino flamejante com um chifre na testa, correndo quase tão rápido quanto a coruja voava. Mas parecia que a coruja se esforçava muito mais que o equino e que este poderia ultrapassá-la facilmente quando quisesse. Se assim desejasse.

[02] As terras além do mar - Página 2 C7f9

Imagem meramente ilustrativa.

Assim que o homem chegava na menina, parava de trotar e perguntava para ela:

- Oi, essa Hoothoot é sua, né?
Está tudo bem?

Ele era alto, cabelos ruivos e cumpridos, vestindo roupas folgadas, bem casual. E aguardava uma resposta da menina.

por **Ayumi** Sex 10 Jul - 3:55

Aquilo demorou mais do que eu queria, já estava começando a ficar impaciente. Não que a Pokébola seja desconfortável, longe disso - os humanos tiveram o bom senso de tornarem-nas um ambiente aconchegante para nós. No entanto, ficar tanto tempo sem poder ver o que acontecia do lado de fora era agoniante… e se alguma coisa tivesse acontecido com aqueles dois? Do jeito que a minha treinadora é avoada, eu não duvido de nada…

Após longos e torturantes minutos, o familiar click da Pokébola chegou aos meus ouvidos, sendo seguido por um brilho vermelho que aos poucos abriu espaço para o cenário pós-apocalíptico de Ecruteak. A primeira coisa que reparei foi que não havia mais carros no meio da estrada, apenas cacos de vidro e algumas eventuais peças que devem ter se desprendido dos automóveis durante os ataques. Nas calçadas, umas formas metálicas distorcidas e coloridas chamavam a atenção… aqueles eram os carros? Ou o que restava deles, pelo menos… era até difícil de acreditar que Poochyena tinha mesmo feito tudo aquilo sozinho.

“Por que eu não posso uivar desse jeito também?” Resmunguei, e ouvi Budew dar umas risadinhas perto de mim. De tão impressionado com a força do lobo, nem notei que ela também tinha sido liberada.

- Não, não, não… - Ao contrário do que esperei, Yoshiro não parecia nada contente com o sucesso. Muito pelo contrário, revirava a bolsa de obras e sua própria mochila com tanto desespero que nem se lembrou da mão machucada. A tensão na postura dela deixou-me imediatamente em alerta, algo deve ter ocorrido para deixá-la assim. Mas… o quê? - Eu o retornei também… não foi? Ele não pode ter sumido assim…

“Espere aí…” As peças começaram a se encaixar na minha mente, até eu descobrir o motivo de tanta aflição por parte da humana. “Você esqueceu do Hoothoot até uma hora dessas!?”

A garota não me deu ouvidos, continuou sua busca, crente de que a corujinha estaria dentro de alguma Pokébola (e não estava). Deve ter agido tão no automático que não prestou atenção no que estava fazendo… não reparou que, quando eu e Budew voltamos para nossas esferas, Hoothoot não estava conosco já há um bom tempo. É, Yoshiro, você ainda está longe de ser uma boa treinadora.

Por sorte, antes que a garota surtasse, Hoothoot conseguiu voltar. E não veio sozinho. Um cavalo deslumbrante acompanhava-o de perto, seguindo o ritmo da coruja. Sua crina denunciava o elemento ao qual ele pertencia, e, para a minha surpresa, vi que um humano montava-o sem sofrer o menor dano pelas chamas. Fogo que não queima… à essa altura, não sei como ainda fico surpreso com as bizarrices que vejo.

- Hoothoot! Onde você se meteu? Quase me mata de preocupação! - A humana abraçou o pequeno assim que ele se aproximou, aliviada. Então, dirigiu-se ao cavaleiro recém-chegado. - Sim, ele é meu. Eu acho que está tudo bem… quer dizer…

O olhar da menina voltou-se ao caminhão que ainda jazia caído no fim da rua. Poochyena pode até ter dado conta dos carros, todavia, um caminhão estava simplesmente além das nossas forças. E, felizmente, Yoshiro também tinha plena consciência disso.

- Precisamos tirar aquele caminhão da estrada, mas não temos poder para isso. O senhor poderia nos ajudar, por favor? - Aquele humano com certeza não era velho o bastante para merecer o título de “senhor”, mas eu já estava acostumado às formalidades desnecessárias de Yoshiro. - Também tem muito vidro na rua, mas pode deixar que nós cuidamos dele.

Enquanto esperava por qualquer resposta ou orientação do rapaz quanto ao caminhão, a garota me pediu para ir tirando os cacos de vidro do caminho com meu Water Gun. Eu deveria reuni-los próximo ao resto do lixo, porém num cantinho um pouco separado, para ninguém se cortar por acidente. Budew foi orientada a arrastar para a calçada qualquer peça metálica que ainda estivesse na rua, tomando cuidado com o vidro no chão. Já Koda, após alguns afagos e muitos elogios, foi liberado do serviço e voltou para a Pokébola para poder descansar.

por **Sckar** Dom 12 Jul - 6:44

A garota nem lembrava da pequena corujinha, coitada. Mas logo percebeu o erro, preocupou-se abraçou a pequena ave. Então recolheu a hiena e respondeu ao homem. Enquanto isso, Saphire e Budew, limpavam a via, retirando os restos caídos dos veículos "surrados". Em seguida, ela fez-lhe um questionamento.

Ele olhou para o caminhão e depois para ela e os pokémons dela. E disse:

- Ok, vou te ajudar.
Venha comigo e traga todos os seus pokémons, fora das pokébolas.

Ponyta trotava até o caminhão e ao chegarem, o cavaleiro desmonta e analisa o veículo mais de perto, depois de alguns instantes diz:

- Esse caminhão até que é pequeno.
Devia carregar Berries, ou algo parecido...
Bem, primeiro temos que esvaziar o tanque de combustível...

Ele olhava para trás, para todos aqueles carros retorcidos e dizia:

- Parece que teve sorte em não começar nenhum incêndio ou explosão, golpeando aqueles carros.
Mas os tanques deles ficam na traseira e como os amassados foram na frente, isso deve ter ajudado.
Mas com o caminhão é um pouco diferente.
Pois é maior e por isso, tem um tanque bem maior também.

Ele então tirava a mochila que carregava em suas costas e colocava-a no chão, abria-a e tirava uma mangueira dali de dentro. Então caminhava ao redor do caminhão, dizendo:

- Procure um balde ou algo parecido, por favor.
Talvez precise de mais de um.

Enquanto a menina e seus pokémons limpavam a via, tempos atrás, viram diversos baldes, bacias e outros recipientes que poderiam ajudar, mas ela havia jogado no lixo. Contudo, não seria difícil encontrar alguns naquelas pilhas de lixo que haviam separado. Pois realmente, haviam diversos objetos desse tipo.

Ele então parou num ponto do caminhão, enquanto ela buscava os baldes e dizia:

- ACHEI!

Havia encontrado o tanque de combustível. Abriu-o e colocou a mangueira ali. Aguardou receber alguns baldes e começou à sugar uma das pontas da mangueira. Até que parou num momento e colocou a mangueira num dos recipientes, soltando combustível. Então olhou para a menina e disse:

- Vamos testar a força dos seus pokémons?
Golpeie com tudo o caminhão, até desmontá-lo.
Pense em mirar em partes específicas, até ir desmontando o caminhão.
Assim, será mais fácil para removê-lo.
Aos pedaços...
Só espere o tanque esvaziar.

Encheu dois baldes grandes e secou. O homem tirou a mangueira e levou os baldes para longe, colocando perto de um dos carros retorcidos. E gritou de longe:

- Pode começar!

Como a garota desmontaria aquele enorme veículo?

OFF:

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