Re: #004 - Sentimento

por **Pacify** Sáb Abr 24 2021, 19:55

Bom, pelo menos meu curry era de levantar os mortos! Experimentava agora e atestava meu talento para aquele prato em específico. Decidi cozinha-lo novamente para Adam quando ele voltasse de seu compromisso! O garoto amaria o prato! Sua composição agridoce e picante era o suficiente para elevar o humor de qualquer um; menos, é claro, se seu sonho de vida tiver sido arruinado, pensava.

"Para com isso, Vincent. Você fez o seu melhor! Agora, tenha coragem e entregue o curry pra mulher!" - ralhava comigo mesmo.

Particularmente, tinha medo de encontrar a tal bailarina. Primeiramente, eu estava em sua casa sem seu consentimento ou conhecimento, utilizando das suas panelas e ingredientes, falando com seu sobrinho menor de idade e zanzando pelo seu lar. Já estava desconfortável nesse ponto; o que eu falaria pra mulher? "Ah, então, a porta estava aberta então fui entrando, espero que não se importe. Quem quer curry?". Em segundo lugar, temia sem motivo algum ver algo que mudaria minha vida para sempre. Sabe aquelas imagens que fixam na sua cabeça e insistem em reaparecer em momentos inoportunos, te assombrando para todo o sempre? Então. Era besteira, eu sei, mas tinha esse medo. Mas é claro que meu coração falaria mais alto... Não queria - e nem podia - decepcionar o pequeno Julian. Já tinha chegado até ali, iria recuar agora? Não! Mesmo que Vovó me desse uma bronca por deixá-la esperando, eu precisava terminar o que comecei. Julian pediu tão docemente, tadinho... Iria com ele. Ainda meio trêmulo, subi as escadarias que pareciam infinitas com a criança e com Serena, que parecia tão temerosa quanto eu. Se até mesmo minha pequena bailarina curiosa estava insegura quanto a isso, imagine como eu estava... Como não sabia o que falar, deixei Julian ir na frente. Com sorte, talvez eu nem precisasse falar muito...

por **Charlie H** Dom Abr 25 2021, 11:52

Pacifyrinshin • temperatura quente • tarde

Vincent no final cedia ao pedido de Julian e subia as escadas para o quarto da mulher. Conforme chegavam mais perto, a música ficava mais alta e, por ser uma dramática, dava um clima tenso para o corredor médio cheio de portas fechadas. Porém, o sobrinho sabia exatamente onde ir, abrindo com cuidado a última porta do corredor, que rangeu alto.

Do outro lado, uma mulher estava na ponta dos pés, parecia tentar praticar a dança, porém logo que viu o garotinho na porta, esticou os braços. Julian entregou a bandeja para o especialista e correu para dar um enorme abraço na tia. Quando ele colocou as mãos em volta da barriga da mulher, ela se contorceu um pouco, parecia desconfortável, mas não ousou reclamar. Em seguida, chorou.

- Julian, o que está fazendo aqui? - questionou, abaixando o volume da música.
- Você não respondia minhas ligações, decidi vir. Além disso, eu trouxe visita - continuou, apontando para o garoto na porta. - Ele fez um prato pra você, de Galar! Você já foi pra lá?
- Não, ainda não tive a honra. Porém, agradeço que tenham trazido a culinária para mim - disse, caminhando até a cama e se sentando. - Mas, como se conheceram?
- Achei que era o namorado do papai, mas é o entregador de flores
- Ah sim, entendo. Pois então você deve estar ocupado com seu trabalho. Agradeço pelo que fez e espero um dia poder retribuí-lo - disse a mulher, que tinha um olhar sereno e sincero.

Por mais estranho que pudesse ser, Vincent mais uma vez podia ver as auras, mas estava a quilômetros de distância de Gardevoir, o que seria aquilo? De qualquer forma, a dupla familiar estava envolta numa profunda aura rosa. Em seguida, um homem que parecia a perfeita versão mais velha de Julian surgia, olhava confuso para Vincent, mas ao travar os olhos na irmã e no filho conversando, ficou em silêncio. Tudo parecia resolvido então o caminho estava livre para o retorno para a van.

- Então, como foi? - questionou Eudora, com um sorriso de expectativa no rosto.

Resumo da Rota:

por **Pacify** Seg Abr 26 2021, 17:29

- Não sei bem ao certo... Eu... Foi tão...

Não sabia muito bem como responder Eudora. Tudo aconteceu tão rapidamente que nem tive tempo de absorver tudo adequadamente... A bailarina sem poder dançar, a criança carente de atenção, o pai e seu namorado que nunca chegou... Quantas figuras fizeram parte do meu dia! Achei que chegaria na moça que Adam me indicara, ela me apontaria um jardim e pronto, lá estaria minha Ralts perfeita! Mas foi muito mais do que isso; hoje, eu recebera uma lição. Talvez não conseguisse colocar em palavras o que absorvi daquilo tudo. Mas - em meu coração - sabia exatamente as lições aprendidas. Ainda me sentia meio zonzo com tudo aquilo (mal conseguira me despedir de Julian), mas melhorava aos pouquinhos. Enquanto Eudora dava partida no carro, consegui falar com Serena em meu colo:

- Foi tão esquisito, Eudora... Tinha uma criança lá, o Julian, que me confundiu com o novo namorado do pai e me colocou pra dentro da casa. Aí ele... - e contei toda a história detalhadamente, me lembrando de nuances que talvez passariam batidas se eu não verbalizasse aquilo tudo. - ...e então eu pude ver a aura deles de novo! Não sei como aconteceu, mas eu vi! Vi uma aura rosada vindo dos dois, tia e sobrinho! Não sei o que rosa pode significar nesse âmbito, mas tenho meus palpites... Só sei que foi uma experiência e tanto! Desculpa ter te deixado esperando tanto... você e sua vó, é claro. Mas senti que... precisava estar naquela casa hoje. Sabe o que quero dizer?

Até Serena parecia quieta. Acho que também sentira o baque que foi estar ali junto da bailarina e da criança curiosa. Que estranho... de certa forma, não me era estranho esses arquétipos, quase como se eu tivera lido um livro com personagens parecidos, mas não lembrasse seus nomes ou o título do livro. Parecia na ponta da língua, mas não saía. Talvez tivesse sonhado com isso; talvez ainda estivesse sonhando. A única certeza que possuía agora era que jamais esqueceria dessa tarde na tal residência.

por **Charlie H** Seg Abr 26 2021, 19:57

Pacifyrinshin • temperatura quente • tarde

- Ora, não se preocupe com isso. O importante é que se divertiu na medida do possível. Agora que você comentou, eu fiquei sabendo que o entregador da Vovó tinha um novo encontro, mas não imaginei que já estava sério - comentou, começando a dirigir. - Além disso, eu passei os últimos minutos tentando ligar para a Vovó e convencer ela que faltava informação da última entrega. Porém ela disse que tudo estava como deveria, então acho que não temos saída não é?

O local da entrega não era muito longe, no máximo três quarteirões dali, porém o estranho era que se tratava de um local público: uma praça. Eudora dava mais uma olhada na papelada e respirava fundo.

- Bom, é isso. Aqui só diz um endereço. Sem nome, sem especificação, sem nada mais - disse ela. - Não estou parada num local permitido, então vou caçar vagas por ai. Você se saiu muito bem da última vez, então... acha que consegue usar suas auras para encontrar o dono dessa flor ai? - questionou, entregando o buquê de flores brancas. - Se quer saber, segundo o livro de sentimentos da minha avó, o branco significa paz ou conforto. Boa sorte

Resumo da Rota:

por **Pacify** Ter Abr 27 2021, 11:31

Mais um desafio pela frente: encontrar quem encomendou o tal buquê. Agradeci Eudora, que procuraria vagas naquele local, e saí do carro com um arranjo floral em mãos e Serena logo a frente, insistindo para brincar com as flores enquanto eu explicava que não eram pra ela.

- Serena, aquieta um pouco aí. Se eu pedisse um buquê de flores brancas... E estivesse nessa praça... Onde eu estaria? Como me vestiria?

Passei um tempo vasculhando que passava por lá, mas sem tomar conclusão alguma. Por fim, imaginei que deveria ceder à sugestão de Eudora. Não sei como da noite pro dia essa capacidade de leitura de auras surgiu em mim, mas pelo menos tinha um usufruto, né? Me concentrei, fechando os olhos e tentando imaginar como uma aura branca pareceria. Me conectei com a paz e o conforto que Vovó parecia associar à cor branca. Depois da pequena meditação, abri os olhos, um pouco cegado por conta do sol forte, e com os olhos semicerrados, passei a procurar na multidão por algo que me chamasse a atenção. Será que teria êxito mais uma vez?

por **Charlie H** Ter Abr 27 2021, 13:52

Pacifyrinshin • temperatura quente • tarde

Deixado por conta para descobrir o misterioso da praça, o garoto só tinha mais problemas ao encontra-la lotada: aparentemente estava acontecendo uma excursão da pré-escola, pois havia muitas crianças uniformizadas e pequenas correndo para lá e pra cá, sob a supervisão de três adultos. Além disso, havia uma dupla de idosos jogando xadrez embaixo de uma árvore e, alguns metros longe deles, uma jovem num mini piquenique lendo um livro.

Vincent decidia que iria explorar suas "novas capacidades", se é que poderiam ser chamadas assim. Fechando os olhos, o mundo se tornava escuro, porém não durava tanto tempo. As auras de verde a amarelo das crianças se misturavam, demonstrando que estavam bem animadas e contentes por estarem num local diferente. Nos idosos, havia uma aura roxa, porém o que mais se denotava é que suas auras pareciam estar numa posição tão reflexiva quanto eles antes de fazerem cada jogada. Por fim, a jovem do livro exalava uma pura aura rosa, mostrando que talvez seu livro fosse um lindo romance.

No final, o garoto poderia focar enfim na aura dos três professores que, embora tivessem um sorriso animado por fora, estavam envoltos numa aura cinza que parecia se arrastar ao lado deles, extremamente cansada. Com todo aquele cenário de cores e sensações, como o especialista reagiria as informações que chegavam?

Resumo da Rota:

por **Pacify** Ter Abr 27 2021, 16:05

Ótimo.

Quem será que deixou essa encomenda logo no dia que teria excursão na praça, hein? Mais uma vez, me sentia testado; seja pelo destino ou pela Vovó, sentia que tudo que acontecia nesse dia tão incomum era cuidadosamente planejado para eu descobrir algo sobre eu mesmo. Poderia ser só paranoia, mas pensando bem, não era tão absurdo assim... Desde que comecei a enxergar cores nas auras de quem estava ao meu redor, muitas situações como a que me encontro agora foram apresentadas para mim. Me divertia com a maior parte delas, é claro. E aprendia bastante também. Mas, nesse momento, só me sentia estressado com a quantidade de informação que recebia de uma vez, meio sem saber o que fazer com ela. Pela primeira vez no dia, não sabia como agir; e me frustrava com isso.

- Tudo bem, Vincent, tudo bem... Respira fundo. - me incentivava.

Fiquei estático por alguns segundos, tentando não enlouquecer; aquela história de Julian e sua tia realmente me comovera, a ponto de ainda estar mexido. Mas eu tinha um trabalho para fazer, e o faria bem! Não decepcionaria Vovó! Determinado depois de respirar fundo por algum tempo, decidi que perguntaria primeiro para os professores se haviam pedido essas flores ou se conheciam quem poderia ter pedido. Cinza era parecido com branco, né? Ou será que estava pensando demais de novo....

De todo modo, rumei para a excursão, pronto para perguntar pros docentes se sabiam de algo.

por **Charlie H** Ter Abr 27 2021, 20:27

Pacifyrinshin • temperatura quente • tarde

Vincent decidia questionar aos professores se sabiam de algo sobre as flores, o que fazia todos se reunirem ao notarem que se aproximavam das crianças. Apesar do especialista ter uma aparência amigável, todo cuidado era pouco. A mais velha de todos eles se aproximava, dizendo não fazer ideia de quem solicitaria flores, já que todos os demais confirmaram não serem eles os responsáveis.

Por sorte, daquela posição em que o garoto estava e agora de olhos abertos, ele podia ver uma aura negra passar entre alguns arbustos. Certamente ela não tinha o formato humano, como era padrão, o que poderia até arrepiar o especialista. De qualquer forma, era mais uma aura que se manifestava, então o que ele faria em seguida?

Resumo da Rota:

por **Pacify** Qua Abr 28 2021, 12:35

Enquanto eu me humilhava perguntando para os pobres professores atarefados se algum deles encomendara o buquê misterioso, algo me chamou a atenção: uma aura negra perpassando os arbustos, meio apressada. Confesso que arrepiou todos os meus pelos, sua presença quase pérfida bagunçando meus sentidos. Eudora havia comentado que Vovó acreditava no poder das cores; mas e a cor negra? O preto seria a ausência total de cores, absorvendo todos os sete raios de luz do arco-íris. Quem ou que criatura possuiria uma aura que engole todas as outras? Ou que se difere tanto, sendo seu pretume uma pura expressão da ausência? Não parecia muito humano para mim; mesmo de longe, parecia qualquer coisa, menos humano. Percebia que observava aquela cor - ou melhor, a sua falta - de boca aberta enquanto um professor ainda se explicava para mim. Me desculpando de antemão, peguei Serena e rumei em direção àquela presença. Por algum motivo, me sentia profundamente atraído; tinha que encontrá-la. Eu procurava pelo branco, mas era o negro que me conquistara. Fosse ou não quem encomendara o arranjo branco, sentia que deveria ir atrás. Junto de Serena, e um pouco temeroso, confesso, fui atrás do mistério escuro.

por **Charlie H** Qua Abr 28 2021, 17:36

Pacifyrinshin • temperatura quente • tarde

Seguindo a sombra negra, embora receoso, o garoto invadia o gramado da praça que era coberto por arbustos altos. Durante a passagem, ele escutou um choro contido, o qual se revelou na imagem de uma menina, uniformizada igual aos demais, na frente de um lote irregular.

A aura negra que guiou o garoto desceu na terra e desapareceu completamente. Talvez não tivesse muito a ser dito: havia um buraco tapado e uma criança chorando. Ela viu o surgimento do outro, mas não disse nada, apenas escondeu o rosto nas mãos.

Resumo da Rota:

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