Operação Amonguss

— Batalha? — Perguntou, franzindo o cenho com discrição... E foi só depois de alguns segundos que uma luz passou pelos seus olhinhos, a fazendo se recordar da bendita da confusão que tava rolando lá atrás. — Ih, tinha uma batalha, né? — Piscou, balançando a cabeça e deixando escapar um riso sem jeito. — Cara, acho difícil eles tarem lá até agora, então não sei se vale a pena voltar. — Comentou. Até pelo fato de que... Sinceramente, tinham corrido e enrolado tanto que... sabe?

— Vamos deixar você ir guiando, então... Mas sem gracinhas, senhorio. — Alertou o criminoso, fazendo o favor de retornar os pokémons do bonito para as suas pokéballs do cinto. Não vou dizer que não ficou bastante interessada naquele sapinho, mas... Enfim, não era como se pudesse sair passando a mão nas coisas dos outros assim. — Vamo indo, então.

... ... ...
quer dizer, podia.
Mas...
Nah.

Eis aqui outro momento que a atenção acabou escorregando, de rabo de olho, na direção do ruivo. Não exatamente por suas questões e, ao mesmo tempo, exatamente por elas. Quer dizer, mesmo que ele soubesse qual a patente do seu querido prisioneiro, que diferença faria? Ele saberia qual posição estaria acima ou abaixo de qual, afinal? Não parecia ser o tipo de pergunta que os faria chegar em algum lugar importante e, principalmente, também não acreditava que um iniciante daqueles teria qualquer tipo de experiência muito avançada dentro da organização.

Era...
Um tanto quanto esquisito, pra falar a verdade.
Pra quem não queria nada, você parecia querer muita coisa, Dietricher.

— ...Você tem costume de andar por aqui? — Quis saber, espiando com certa incerteza a grama alta para a qual eram guiados. Não se preocupou tanto por um motivo bem simples: Nenhum dos Lucarios pareciam alarmados e a mera presença de Infernape já fazia o bastante para que pudesse iluminar bem o caminho por onde iam, mas... — ...Rose. — Chamou o venenoso, que se mantinha quietinho e acompanhava um pouquinho na retaguarda. — Sunny Day. — Pediu - tudo bem que tinham um topete de fogo, mas não custava nada criarem um solzinho artificial pra que pudessem observar melhor o que estava acontecendo ou deixando de acontecer, né?

Mal não ia fazer.

Não vou dizer que a bateria de perguntas bestas que se seguiram foram suficientes para desviar sua atenção, porque não é bem assim que a banda toca. Na verdade, vê-las vindo de Dietricher era ainda mais esquisito do que seu simples interesse em qualquer tipo de patente que o criminoso pudesse ter, mas.. Bem, digamos que já estamos ocupados o suficiente pra ainda ter que pensar nisso, sabe?

Enfim.

— Mestre quem? Quem diabos que é esse? — Foi a pergunta automática que escapou quando o moreno falou da tal admiração. — Mas, huh, se você se tornou Rocket só por causa desse maluco, acho que o buraco é bem mais embaixo, né. Eu, hein... — Murmurou, balançando a cabeça com suavidade. Entendia se enfiar naquela organização por causa de alguém, mas... Por admiração?

Qual é.

Oh, era gente importante.

Não vou mentir pra você: Se tinha uma coisa que era quase que completamente desconectada, essa coisa era quando começavam a falar de "nomes grandes", digamos assim. Era capaz de ter na ponta da língua mais de dezenas de pokémons e até conhecer características mais específicas das espécies e, em contrapartida, também não vou mentir pra você que tinha demorado um século até aprender o nome dos mais básicos líderes de ginásio. Não que alguém precisasse saber disso, mas já era tão comum que nem ligava mais.

E foi por isso que a indignação do Rocket não a acuou nem um pouquinho.

— Ah. — Foi o simples "comentário" que deixou escapar com a explicação do companheiro. — Saquei. — E aí foi a vez da indignação voltar pro lado do coitado do ladrão de galinha, mais uma vez. — Sério que você virou rocket só por causa disso? Caralho, que motivo bosta. — Deixou escapar, o cenho se franzindo de maneira inevitável. Bom, não era como se tivesse muita moral de ficar apontando o dedo pras motivações dos outros, mas sei lá... Entrar no mundo do crime por causa de alguém que nunca nem vai ouvir falar de você? Parece algo que beira fácil a insânia.

— Fin-... — Até começou a falar quando viu as árvores se abrindo pra uma clareira, mas o resto da frase entalou na garganta ao perceber que não mais existia qualquer sinal do sol - bem, pelo menos não além daquele que Roserade moldava, artificialmente, com sua energia natural. — ... ... ...escuro? — Veio a substituição, a ponte do nariz se franzindo ao encarar o tecido negro que se estampava pelo céu. — Que horas são? — Perguntou ao ruivo, e sabe-se lá quanto tempo ainda ficaria encarando aquele véu estranho se não fosse o canídeo cutucar-lhe o braço e apontar para o outro lado da clareira, fato que a fez estreitar os olhos e...

...aquilo era uma casinha?

— É aquilo ali? — Forçou um pouco a visão, erguendo a sobrancelha sem muita credulidade. — Sério? Eu tava esperando algo um pouco maior... — Murmurou, mas até que fazia certo sentido. Tecnicamente, ser pequenininho daquele jeito era a única explicação que poderia existir para que não soubessem a localização exata do negocinho, né?

De tantas coisas que já tinha testemunhado, ela deveria saber que não seria... Tão fácil assim. Acho que a estranheza e a curiosidade quanto à situação acabaram tomando o melhor de si, os passos tomando coragem de tomar a frente e, junto de Balthazar, se aventurou na direção daquela casinha para que pudesse dar uma espiada melhor no que estava acontecendo e... Talvez por causa disso não tenha percebido, imediatamente, quando a evolução de Lawrence vagarosamente se desfez.

Deveria,
mas ainda não.