FINALMENTE VIOLET CITY

Melissa leva a ponta do dedo indicador ao queixo e levanta os olhos, enquanto ouvia a tese levantada por Kido sobre Pokémon fantasmas. Pelo visto ela tinha levado em conta o que ele dizia, no entanto ela só devolveu um sorriso aberto. - Bom, me sinto mais segura agora, ao lado de um aprendiz de ginásio! - então ela tombou a cabeça para o lado, em um movimento tão fofo quanto inocente. Se a análise de Kido sobre as intenções da garota estivessem corretas, ela era inocente do que quer que Angélica estivesse envolvida. Mas francamente, dava para bater o martelo e considerar a mulher que o acolheu realmente culpada? Ao mesmo tempo, dava para inocentar completamente Melissa só com essas subjetividades? Muitas perguntas, quase todas sem respostas, mas pelo menos a torre estava à frente, já bem visível.

Ao ouvir a questão sobre a confiança sobre Angélica, o semblante de Melissa tomou formas mais sérias. - Tenho total confiança na senhora Angélica, não se preocupe! - o sorriso ainda se mantinha em seu rosto, mas este era mais um sorriso social do que verdadeiro. Pelo visto, ela tinha levado essa pergunta do jovem para um lado meio pessoal, como uma ofensa a si própria. Talvez fosse pelo clima tenso que enfrentavam a algum tempo e que agora estava se resolvendo, mas assim como as cicatrizes no braços de Kido, essas marcas ainda demoraram um tempo para serem completamente restauradas.

Mas esse momento estranho se desfez quando a moça sentiu o toque em sua mão. E logo, seu rosto se corou. Bom, Kido não era necessariamente uma criança, já tinha seus dezesseis anos e era um jovem entrando para o estágio adulto. Já Melissa deveria ser só alguns anos mais velha, coisa de dois ou três, no máximo. Estavam equiparados em idade, e esse movimento foi, ao mesmo tempo, inesperado e inusitado. - Er… bem… certo… - desconcertada e ainda corada, ela manteve a mão do garoto junto da sua e tomou à frente, definitivamente guiando Kido para seu destino.

Atravessando mais algumas ruas, logo eles chegaram até um parque no estilo tradicional do oriente. As cerejeiras não estavam floridas naquela época, mas o caminho ainda era bem bonito e pacífico. Algumas pessoas, principalmente mais idosas, ficavam por ali, ou alimentando os peixes-koi presente no riacho e no pequeno poço alimentado por uma suave queda d'água ou só passando um tempo por ali. A torre estava logo à frente, com toda sua forma imponente. - Bem, chegamos! - Melissa então respira fundo para controlar sua timidez e aponta para a torre - Agora é com você! - ela ainda mantém o sorriso estampado e então, finalmente, solta delicadamente a mão do garoto.                    

Havia uma atenção constante do jovem treinador aos seus arredores, não só para a desconfiança com sua parceira de caminhada, mas também pelo esvaziamento à frente da majestosa torre Pokémon. De fato ela parecia mais vazia, sem os monges vigilantes. Mas uma outra coisa acontecia ali perto daquele pseudo casal romântico.

As demonstrações de afeto de Kido já tinham sido percebidas e estranhadas por Melissa no momento em que o rapaz a tomou pela mão e saiu andando pela cidade. Melissa era uma jovem reservada, e acabou compreendendo aquela atitude como sendo demais para o nível quase escasso de intimidade que eles tinham, e até mesmo um pouco invasiva. Mas ela mal esperava que sua simpatia fosse, talvez, mal identificada por aquele rapaz. Ela estava sendo simpática e apresentando a cidade a pedido de sua chefe, uma mulher que ela confia e se espelha. Mas ali estava, diante da Torre Pokémon, ao lado de alguns senhores na praça, recebendo um beijo na testa e algumas carícias no rosto, junto a um convite para acompanhar Kido pela sua investida à torre. Seu rosto foi se aquecendo, ficando cada vez mais vermelho. Rapidamente suas mãos foram até a altura do peito de Kido e elas forçaram o rapaz a dar alguns passos para trás. Sem erguer a cabeça, com punhos fechados, ela ainda tentou dizer alguma coisa. - O-olha, v-você não devia fazer esse tipo de coisa com desconhecidas! V-vou voltar para o trabalho, passar bem! - e girando nos tornozelos, ela seguir rapidamente para o lado contrário que Kido seguiria, possivelmente para voltar para seu trabalho.

Os velhinhos ali perto meio que se divertiam com as trapalhadas daquele casal juvenil. Agora Kido estava novamente sozinho, mas dessa vez havia um objetivo à sua frente.