Pokémon Mythology RPG 13
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Uma ladra em alto mar

Ir para baixo

Uma ladra em alto mar Empty Uma ladra em alto mar

Mensagem por Eris Sáb 20 Ago 2022 - 8:10

Uma ladra em alto mar
With: De vez em quando até que o crime compensa

Eris nunca achou que voltaria tão cedo para Hoenn. Muito menos com uma responsabilidade tão grande nas costas. E menos ainda com o peso de todo seu futuro nas patas gorduchas de um rato. Enquanto acomodava-se na cama da sua cabine, olhou desconfiada para o Rattata que dormia entre seus pés. Não era o inicial mais grandioso do mundo, mas foi a única coisa que ela conseguiu capturar por conta própria, e não sem antes levar uma mordida que quase lhe arrancou os dedos. Uma das ironias da vida, que ela aprendeu do jeito difícil: não é nada fácil pegar um Pokémon sem ter um Pokémon. Para seu azar, ela não era como um daqueles moleques riquinhos e sortudos que podiam começar com algo mais raro, como um Eevee, um Charmander ou…

-...Um Chimchar? - a ruiva se levantou num sobressalto, derrubando o pobre ratinho que acordou literalmente dando de cara com o chão. O roedor guinchou pelo susto, mas os olhos da menina estavam fixados na janela, por onde ela tinha certeza de ter visto um macaquinho carmesim bem familiar passar. Considerando que esse era um navio de rota Sinnoh-Hoenn, não era grande surpresa que houvessem Pokémons típicos de Sinnoh a bordo, mas aquele ali estava longe de ser um comum. Querendo confirmar suas suspeitas, Eris correu para a porta sem pensar duas vezes e abriu-a com tanta força que teria batido na parede. Teria… se não tivesse um menino no caminho. O coitado foi ao chão com o impacto, parecia bem atordoado, mas pelo menos estava inteiro.

- Você é doida!?? - foram as primeiras coisas que disse quando conseguiu se recuperar da “portada” na cara. Era um rapaz moreno, meio narigudo, e com olhos âmbar que seriam muito bonitos se não estivessem encarando-a como se ela fosse um pedaço de lixo. Dada a situação, não podia culpá-lo. - Da próxima vê se abre a porta como alguém normal!

- Foi mal aí, patrão. - a escolha do vocativo não foi difícil, bastou um mero olhar para as roupas de marca que o menino usava. Esse povo rico geralmente gosta de ser bajulado, pensou. Em uma tentativa de fazer as pazes, estendeu a mão para ajudá-lo a levantar, contudo, o rapaz prontamente ignorou-a e levantou por conta própria. Isso fez Eris torcer o nariz, porém preferiu não dizer nada sobre. - Mas olha, eu tive um bom motivo pra estar com pressa! Juro que vi um Chimchar passando por aqui. Acredita nisso? Até em Sinnoh esses bichos são super difíceis de ver!

- É claro que acredito. - disse isso como se fosse uma coisa óbvia. Nesse momento Eris teve certeza de que não tinha gostado nada dele. - Ele é meu. Só está em um momento meio… rebelde. E, graças a você, eu o perdi de vista. - suspirou, levando uma mão às têmporas e balançando a cabeça negativamente. - Hefesto é um Pokémon de origem nobre, não quero ele se misturando com toda essa… gentalha.

- Não sabia que até macaco pode ser da nobreza hoje em dia. - a ruiva deu de ombros, e o menino fechou ainda mais a cara com o comentário. - Mas como eu te acertei uma porta na cara, que tal eu te ajudar a procurar por ele, hein? Aí ficamos quites. - não que ela se importasse com isso, apenas queria a chance de ver aquele Pokémon mais de perto. Para seu azar, o garoto só revirou os olhos antes de dar as costas para ela, saindo dali sem sequer olhar para trás.

- Não ouviu o que acabei de dizer? - foi a única coisa que disse antes de dobrar no corredor e sumir do seu campo de visão. Eris ficou parada por alguns segundos, processando o que tinha acabado de ouvir. Assim que a ficha caiu, suas mãos se fecharam em punhos e um rosnado baixo escapou-lhe dos lábios, o qual logo deu espaço a uma breve risada.

-...Eu vou acabar com a carreira desse cara.







- E aí, já achou seu macaco fujão? - mais de uma hora depois do ocorrido, Eris encontrou o mesmo menino de antes e aproximou-se dele, acenando e com um sorriso sem graça no rosto. Ele não respondeu. - Ah nossa, você precisa mesmo ser tão frio? Sei que a gente começou com o pé esquerdo, mas eu só tô tentando ajudar.

- Acho que já deixei bem claro que eu não preciso da sua ajuda. - nem se deu o trabalho de olhar pra ela enquanto dizia isso, mas Eris não demonstrou se importar. Ao invés disso, só deu um risinho e abraçou o menino pelas costas, apoiando sua cabeça no ombro dele.

- Deixe de ser ranzinza! Um menino bonito desses, e eu não posso tirar nem uma casquinha? - murmurou, e ela pôde jurar que ele ficou meio vermelho com isso. O garoto ficou tão chocado que demorou alguns instantes pra conseguir reagir, desvencilhando-se dos braços dela e empurrando a ruiva.

- Nunca ouviu falar em espaço pessoal não? Não encoste em mim, sua doida! - Eris não se importava com quantas regras sociais ela tinha acabado de quebrar ali, e teve que se segurar pra não rir da cara indignada que ele fez. Ao invés disso, fingiu dar um suspiro desapontado e afastou-se uns passos dele.

- Foi mal, foi mal, entendi o recado. - colocou as mãos atrás da cabeça, em uma postura bem despreocupada, e deu um sorriso amarelo. - Só queria te dizer que eu sei que não achou, porque eu vi seu Chimchar lá no andar de baixo. Tava xeretando a cozinha. Melhor ir lá ver antes que um dos chefs resolva fazer sopa dele.

- Ele o quê? - o rapaz voltou-se pra ela no mesmo instante, franzindo o cenho antes de suspirar fundo. - Pelo amor de Arceus, eu devia saber… Ele não perde uma chance de se banquetear. - se banquetear? Quem diabos fala assim? - Fez bem em me dizer. Aprecio a ajuda. - sem sequer olhar para a menina ao dizer essas palavras, dirigiu-se ao andar de baixo, sem ver o sorriso triunfante que Eris exibia no rosto.

- Isso, isso, vai lá... panaca. - ela tinha visto o macaco sim, mas no andar de cima, não de baixo. E seu Rattata já estava cuidando dele para que não fugisse. Assim que o menino saiu de vista, Ericka correu na direção oposta, subindo as escadas e deparando-se com… uma cena bem diferente da qual ela esperava. - Pelo amor de Arceus, Ratty, você tinha UM trabalho!

O ratinho até tentou responder, mas era difícil dizer muita coisa com um Chimchar lhe segurando pelo rabo e rodando como um iô-iô. O inicial de fogo ria, muito entretido com seu novo brinquedo, e o Rattata guinchava desesperado, mas Eris estava mais preocupada em verificar se o perímetro estava seguro do que em socorrer o normal-type. Ao confirmar que não tinha ninguém por perto, enfim resolveu intervir. - Ei, garoto, eu soube que você gosta de comer, né? Já comeu um desses? - tirou uma barra de chocolate do bolso do moletom, tirou um pedaço e jogou para o Chimchar, que apanhou o doce em pleno ar sem nenhuma dificuldade. Assim que o macaco colocou o chocolate na boca, seus olhos brilharam e ele correu para Eris, esquecendo-se totalmente do pobre Rattata, o qual caiu no chão aliviado. - Heh, eu imaginei, aposto que aquele playboy só te dá ração cara. Eu tenho uma barra inteira comigo, pode vir aqui pegar se quiser.

Se Chimchar soubesse o que a menina planejava , teria corrido o mais rápido que pudesse pra longe dela. Mas o coitado não tinha como saber. Inocentemente pulou para os braços da humana, pegou o chocolate de sua mão e começou a devorar ali mesmo. Era uma cena fofa, vê-lo tão contente assim… e tão distraído que nem sequer notou quando a ruiva tirou mais algo do bolso. Ele só se deu conta de que tinha algo errado quando um flash vermelho tomou sua visão, sugando-o para dentro da esfera que Eris agora segurava. A mesma Pokeball que ela tinha tirado do cinto daquele playboy quando o abraçou. - Hehehe… foi mal, colega, agora você é meu.

Pegar a Pokeball do Chimchar, check.

Pegar o Chimchar, check.

Agora é só me esconder até a próxima parada do navio e escapulir antes que alguém descubra que fiz qualquer uma dessas duas coisas.


Não era como se naquela embarcação tivesse muita oferta de esconderijos, então Eris optou pelo clássico “debaixo da cama”. Para seu azar, no caminho de volta para a cabine ela deu de cara com a última pessoa que queria ver agora. O dono do dito Chimchar.

- Ele não estava na cozinha. - um olhar afiado pairava sobre a adolescente, e, embora o tom do rapaz tivesse a mesma frieza de antes, dessa vez havia algo nela que fez a ruiva estremecer. - E a Pokeball dele… sumiu. Logo depois de eu te encontrar.

- Heh, não me culpe se você derruba suas coisas por aí. - riu, embora soubesse que era inútil tentar disfarçar. Foi pega no flagra, nada do que dissesse agora adiantaria. O menino deu mais três passos em sua direção, agarrando-a pela gola do moletom.

- Devolva. - sibilou, rangendo os dentes.

- Nem morta. - respondeu no mesmo tom antes de acertar-lhe uma joelhada entre as pernas. Isso foi mais que o suficiente para ele largá-la, pego totalmente de surpresa por um golpe tão baixo. Enquanto o menino se recuperava, Eris disparou pelo corredor. Não tinha muitas opções de para onde ir, considerando que ela estava no meio do oceano, mas qualquer lugar era melhor do que ficar parada ali. Foi desviando dos outros passageiros no caminho, alguns estavam confusos com a cena que tinham presenciado ali, outros não viram nada e só pareciam confusos por ter uma adolescente correndo desgovernada no meio do navio. Infelizmente para a ruiva, não demorou para que o dono do Chimchar se recuperasse e corresse atrás de si, tão raivoso que nem lembrou de gritar “pega ladrão”. Ou talvez fosse só o ego dele falando mais alto: após ser enganado pela menina, resolver aquilo sozinho era provavelmente a melhor forma de restaurar seu orgulho.

Logo chegaram na área externa do navio, que, por já ser hora do jantar, estava vazia. Ericka estava totalmente disposta a ficar correndo em círculos pela polpa até amanhecer, contudo, o pique-pega acabou mais cedo do que esperava, porque pelo jeito aquele Chimchar não era o único Pokémon do menino. E ela só descobriu isso quando sentiu uma vinha acertando seu pé, fazendo-a tropeçar. Olhou para trás, e viu uma serpente em miniatura, com braços, pernas e uma folha no rabo. Ao lado do Snivy, estava o menino, de braços cruzados e com um sorriso vitorioso no rosto.

- Fim de jogo, ladrazinha. Agora me dê o que é meu.

- É claro que você tem outro Pokémon raro… seus pais te deram o quê, um inicial de cada região?

- Só das regiões boas. - Revirou os olhos, sem entender o porquê de aquela ladra parecer tão entretida e tão pouco preocupada.

- Que massa, eu posso ver?

- NÃO! Agora me devolva logo o Hefesto, ou eu lhe dou de comida para os Sharpedos! - só para deixar claro que estava falando sério, mandou Snivy amarrar as pernas da menina com suas vinhas, erguendo-a no ar de ponta cabeça e colocando-a para fora do navio. A intenção era só assustá-la, mas mesmo vendo as ondas poucos metros abaixo de si, Eris continuou com o mesmo sorriso debochado no rosto.

- Seu macaco tem nome de deus grego? Cara, isso é tão 2010. E com essa cara de nerd aí, aposto que você lia aqueles livros de adolescentes filhos de deuses… qual era o nome mesmo? Henry Jackson?

- Percy. - ele corrigiu, mas logo depois levou as mãos à cabeça, exasperado. - Qual é o seu problema!? Já chega! Deméter, derrube essa gentalha!

- PERA PERA PERA! EU DEVOLVO! - o rapaz abriu um sorriso triunfante. As vinhas da Snivy aproximaram-na um pouco mais da borda do navio, de modo que Eris pudesse, muito à contra gosto, entregar a Pokeball para ele. - Tá aí seu bichinho… vai me soltar agora, né?

- Uma peste feito você já me causou problemas demais… Mas eu cumprirei seu desejo, sim. - ele guardou a Pokeball na sua jaqueta, e, pela primeira vez desde que Ericka o conheceu, riu. - Você ouviu a garota, Deméter. Solte-a. Agora.

Como o Pokémon obediente que era, ela soltou. E assim, sem mais nem menos, Eris caiu na água.







- E foi basicamente isso que aconteceu. - Eris terminou sua história, aconchegando-se mais nos cobertores e bebericando o chocolate quente.

- Então… tentaram roubar o seu Pokémon? E ainda lhe derrubaram do navio quando você tentou ir atrás dele? Meu Arceus, como há gente má nesse mundo… sinto muito que tenha passado por isso, menina. - O pescador deu uns tapinhas de leve no ombro da ruiva para consolá-la. - Ainda bem que vimos da praia as chamas do seu Chimchar e fomos investigar… eu nunca vi o fogo do meu Charmeleon ficar tão alto assim, ele devia estar desesperado para lhe salvar. Você tem um belo parceiro aí.

Desesperado pra ser visto por aquele playboy, isso sim. Ele teria me usado de isca de peixe se pudesse. Foi o que ela pensou, mas o que disse foi apenas:

- É, ele é um ótimo Pokémon. Não sei o que seria de mim sem ele... - Comentou com lágrimas nos olhos, tão verdadeiras quanto as de um crocodilo. Felizmente, aquele pescador falava demais e perguntava de menos. - Obrigada por terem nos ajudado. Desculpe esse trabalho todo.

- Imagine, graças a Arceus meu marido estava pescando por perto. - Eris virou-se para a terceira e última pessoa no cômodo, uma mulher de meia idade que também acreditou nela sem nem piscar. - Para onde você estava indo? Amanhã cedo podemos lhe botar no primeiro ônibus para a sua cidade, sua família vai ficar morta de preocupação quando o barco chegar e você não estiver lá. - Bingo, tudo o que ela queria ouvir.

- Na verdade, eu vim de Sinnoh e ia pra Fortree visitar minha avó. Fica meio longe daqui, mas não se preocupe, eu e Chimchar podemos nos cuidar. - apesar das palavras corajosas, a ruiva estava tremendo. Encolhida naqueles cobertores, parecia bem menor e mais frágil que o normal. Nenhum ser humano com algo semelhante a um coração seria capaz de abandoná-la à própria sorte naquele estado, e ela sabia muito bem disso.

- Nada disso, nós insistimos. Você não pode andar até Fortree, é perigoso e longe demais. - Eris teve que resistir ao impulso de rir. Tudo estava muito mais fácil do que ela planejara. Cair no oceano tinha sido um infeliz incidente, sim, mas acabou se mostrando um golpe de sorte. Agora tinha um inicial digno, transporte gratuito para Fortree, e aquele pivete não se atreveria a botar a polícia atrás dela depois do que fez… talvez ele até achasse que ela já passou dessa pra melhor.

- Eu nem sei como agradecer por tudo. - abriu um sorrisinho meigo para o casal, que nada combinava com a euforia que estava sentindo por dentro. Tudo não poderia estar mais perfeito.



Enquanto isso, no navio, o jantar já tinha acabado. Enquanto bebericava seu vinho, Adamond Blight, o dono do Chimchar, pensava em tudo que acontecera o naquele dia. Sentia uma pontada de remorso pelo que tinha feito, mas tentava convencer-se de que a ruiva mereceu. Como se atrevia a tentar tirar Hefesto de si!? Fora um presente de aniversário do seu pai, e um muito caro! Embora o primata fosse um pouco teimoso, era o Pokémon de quem o rapaz mais se orgulhava.

- Isso é pra você aprender a nunca mais sair de perto sem me avisar... - ainda segurando a taça de vinho em uma mão, tirou a Pokeball do bolso com a outra e fitou-a, sem saber se estava mais bravo com a situação ou contente por ter recuperado seu ás. - Mas já basta de castigo, pode sair agora, Hefesto.

A esfera bicolor abriu-se, formando um raio carmesim que logo sumiu, dando origem a um bichinho… roxo?

- Rattata? - o pequeno olhava de um lado pro outro, confuso. Adamond deixou a taça cair.

- MAS O QUÊÊÊÊÊ!?







Eris
Eris
Treinador

Treinador

Alertas :
Uma ladra em alto mar Left_bar_bleue0 / 100 / 10Uma ladra em alto mar Right_bar_bleue


Ir para o topo Ir para baixo

Uma ladra em alto mar Empty Re: Uma ladra em alto mar

Mensagem por Tony.Pok Sáb 20 Ago 2022 - 9:07



Atualizado

Pode iniciar em:

Fortree City

Ou rotas adjacentes.

Rota 108
Rota 119
Rota 120


Uma ladra em alto mar 2beb2833acda9d2a22fd903dc6dc9004
Tony.Pok
Tony.Pok
Especialista Fire II

Especialista Fire II

Alertas :
Uma ladra em alto mar Left_bar_bleue0 / 100 / 10Uma ladra em alto mar Right_bar_bleue


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos