[RECRUTAMENTO DE APRENDIZ] - Tyrant Torres

Gardenia parecia de fato interessada em ouvir uma resposta de Tyrant. - Entendo... - Respondera ela, balançando a cabeça em resposta às palavras ditas pelo rapaz, um semblante de satisfação percorrendo sua face, como se de alguma forma a resposta lhe fora satisfatória. - Infelizmente os Grass Types tem mesmo esta fama... Mas só quem realmente os usa sabe o quão fortes podem se tornar com a estratégia certa. Alias, adorei sua história; foi como se aos poucos os tipo planta tivessem realmente criado raízes em você, não é? Aos poucos ganhando sua atenção e carinho até hoje criarem este forte vínculo entre vocês. Plantas são bem assim mesmo. Só buscando uma terra boa para criar raízes.- Sorria a jovem ao falar sobre a história do Ranger. Não é que em certos momentos a líder de ginásio era capaz de parecer sensata? Mesmo que por pouco tempo, mas quando o fazia, fazia com propriedade.

- AI QUE TUDO! - Exclamara a garota, dando um saltinho de euforia diante da proposta de Tyrant de permitir presenciar o nascimento de alguns de seus novos pokémons. - SIM,SIM, SIM! Eu quero! - Prosseguira, realizando um giro junto de Roserade, cujos espinhos não importavam Gardenia a esta altura, já totalmente acostumada a abraçar Cacneas e outras plantas ainda mais espinhentas. Ela mesma já corria para o interior do Centro Pokémon, observando todo o processo de retirara de ovos de Tyrant, alguns outros pokémons presentes em seu storage enquanto o fazia.

- AI... Mas agora isso é cruel! Eu queria ajudar a cuidar dos ovinhos, mas já estou com os braços ocupados com esse neném aqui. - Dissera a garota, desviando rápidos olhares entre o Roserade em seus braços e os ovos recém retirados por Tyrant. - AI COMO A VIDA É INJUSTA! QUERIA TER UNS 10 BRAÇOS PARA PODER ABRAÇAR TODOS AO MESMO TEMPO! - Resmungava Gardenia, pisoteando o chão à caminho da saída, implicitamente pedindo para que o rapaz voltasse a segui-la. É... Aparentemente a garota não deixaria Roserade escapar tão facilmente; um olhar já meio desesperado em Roserade, como se dissesse "Socorro, Arceus. Me leva!"

Assim, após a breve troca de pokémons na equipe principal de Tyrant, Gardenia recomeçara sua caminhada pelas ruas da cidade. - Eterna é uma das cidades mais antigas de Sinnoh, sabia? - Dizia ela casualmente enquanto saltitava por uma ponte que cruzava o lago a oeste da cidade, como se estivesse a caminho da Eterna Forest, já conhecida do rapaz. - É uma honra poder fazer parte da história de todo um continente. Me orgulho muito de ter nascido aqui e aprendido a valorizar esta natureza maravilhosa... Tive muita sorte... - Seus olhos se marejavam ao falar sobre sua conexão com a cidade. - E mesmo hoje Eterna ainda carrega muitas memórias de tempos antigos... A conexão de Eterna com a natureza vem desde aquela época. É por isso que nos orgulhamos de nossas fazendas e nossa simplicidade, sabe? Tanto é que você vai ver muitas fazendas por aqui. Aprendemos desde cedo a cuidar e viver da terra, da natureza. - Tyrant poderia perceber, que sempre que a líder começava a falar de maneira mais sensata, até mesmo sua voz se alterava, para um tom mais doce e suave, menos afobado. E assim eles continuavam sua caminhada, com Gardenia voltando a saltitar pela ponte, quase como em passos de dança totalmente inventados por ela.

Partilhando sobre suas origens, a líder de ginásio e seu (futuro) aprendiz começavam a se conectar a um nível um pouco mais profundo do que sua personalidade mais enérgica e animada havia permitido até então. O belo cenário que se estendia diante de seus olhos também ajudava, afinal, a vista daquele belo lago de água cristalina, mansa e pacífica não era algo de se ver em qualquer lugar.

- AI MEU DEUS! - Exclamava a garota, girando de felicidade ao ouvir os relatos de Tyrant sobre onde viera e a história que estava a construir até ali. - QUE BONITO TUDO ISSO, TYRANT! - Prosseguira, girando o corpo de Roserade junto de si.

- É realmente algo muito bonito, sabia? Temos de cuidar de nossa Terra! - Prosseguira ela, em mais um momento de lucidez, a manter em sua face um largo sorriso de satisfação enquanto continuava a saltitar. - Crescer em uma metrópole pode ter seus encantos, mas também pode ser muito frio... Cinzento, sabe? Não que seja ruim... Mas acho que as vezes isso pode fazer com que alguém se esqueça de cultivar esta Terra dentro de si, de cuidar dela, até que se perceba o quão seco e árido se tornou, incapaz de dar frutos. - Prosseguira ela, a franzir sua testa e balançar a cabeça, para então voltar a sorrir uma vez mais.

- Não, não. Não se compara ao calor de uma pequena comunidade, com as cores vibrantes de uma feira, repleta dos mais diversos cultivos e flores para todos os lados, onde um confia no outro em cumplicidade. E temos muito disso aqui! - Gardenia então girava em seus calcanhares, continuando a caminhar mas de costas, seu sorriso ainda intacto. - O que eu quero dizer é... Mesmo que tenha alguém tenha se tornado seco, nunca é tarde para adubar e aprender a cuidar de sua terrinha! E acho que os seus queridos pokémons de planta tem tido uma boa participação nisso tudo, não é mesmo? Eles fazem isso... Estou ansiosa para ver os frutos que virão de ti, Tyrant. - Disparou ela, dando o que seria seu mais sincero sorriso até então, uma visão realmente bela.

Tendo finalmente passado a ponte, começaram a caminhar agora por algumas propriedades rurais, a maioria com cultivos já prontas para a colheita, outras ainda em crescimento. Eis que a jovem treinadora finalmente parara diante de uma porteira, subindo nela e sentando sobre a mesma, ainda voltada a Tyrant. - Enfim. Falando sobre preparar a terra... É aqui que sua missão começa. - Anunciara ela, sorrindo ao rapaz. Era uma propriedade pequena. Uma casa simples ao fundo, e à frente, uma área de cultivo bem degradada. "Sítio dos Fuerza", era o que estava escrito em uma plaquinha de metal próxima à porteira. Era uma propriedade bem... Rústica, onde ervas daninhas e semelhantes cresciam livremente sob a luz do sol que começava a se tornar cada vez mais escaldante conforme a parte da tarde se aproximava. Era possível ver outras duas silhuetas humanas a trabalhar esparsamente pela "área de cultivo" que mais parecia apenas um jardinzinho um pouco maior. - O que me diz? Pronto para a primeira parte de sua missão? Por que, ah sim, ela terá duas partes... Mas a segunda eu explico se tudo correr bem com a primeira. - Questionava a Gym Leader, agitando suas pernas para frente e para trás enquanto mantinha um largo sorriso, ainda sem abrir a porteira, como se esperasse saber a resposta primeiro.

Gardenia se empolgava com a animação de Tyrant ao demonstrar empolgação com o início, formalmente falando, de sua missão. - É ASSIM QUE SE FALA, TYRANT! - Exclamava a garota, a um tom ainda mais enérgico, saltando da porteira para o lado de Tyrant. Rapidamente a jovem seguira até a porteira uma vez mais, a abrindo desta vez. - VEM! CORRE! - Dizia ela, pegando nas mãos do Ranger e correndo pelo campo gramíneo até as figuras mais próximas à casa.

Eram duas pessoas. Um homem, de estatura baixa mas físico bem forte musculoso, em especial seus braços, cabelos escuros barba hirsuta e pele bronzeada, e um pouco distante dali, à sombra de uma árvore qualquer, uma garota, de aproximadamente uns 13 anos. Gardenia dava um tchauzinho para a garota com sua mão que segurava Roserade, fazendo o pobre coitado se revirar no ar como uma boneca de pano. Seguiam na direção do homem, parando em frente a ele com a respiração já um tanto afetada. - OII! - animada porém tentando respirar apropriadamente. Em resposta, recebera um simples aceno positivo de sua cabeça. - Este aqui é o meu novo... provável futuro... aprendiz! Tyrant! - Dava grande ênfase no "provável futuro", como se a destacar que ainda não o fosse.

- Tyrant, este é um amigo meu! Ele é o dono desta fazendinha. Comprou a pouco tempo, para poder relaxar em família em um cantinho mais tranquilo. E você se lembra sobre o que falou? De estar aprendendo a cuidar de sua terra? Pois vejamos como se sai com isso na prática. Como meu amigo não é daqui, não é sempre que pode vir para cuidar da terra, então hoje VOCÊ vai ajudar ele com isso. NÃO É INCRÍVEL!?" - Prosseguira ela, dando saltinhos como se tivesse dado uma notícia realmente incrível. - Será ele quem supervisionará sua missão aqui, então faça tudo que ele pedir. Então a partir de agora eu só vou estar aqui assistindo. E TORCENDO POR VOCÊ, MINHA TERRINHA BOA E FÉRTIL!

O homem esticava sua mão adiante, claramente para um aperto de mão. - Fala, Tyrant! Sou Marcos. - Sua voz forte parecia impor alguma dominação ali logo de cara. De poucas palavras, já foi logo empurrando a ele uma roçadeira. - Você deve começar roçando o campo de plantações ali, Ok? Mas antes disso... Vê se leva a minha filha teimosa ali com você também, ela está ali debaixo daquela árvore. Boa sorte convencendo ela a te ajudar... Assim que os dois estiverem no campo eu volto a vocês. - Prosseguira ele, dando a volta em Tyrant e  um brusco empurrão às costas dele, que quase o fizera cair de cara no chão.

- BOA SORTE! - Gritou a Líder de Ginásio enquanto seguia até Marcos, cochichando algo que já não mais podia ouvir.

Ao se aproximar, pudera ver certas semelhanças entre a garota e Marcos, afinal, eram pai e filha. Mesmo para sua idade a garota poderia ser considerada como um tanto baixa, de uma bela pele bronzeada e um físico forte apesar da idade; genética que chama. Seu cabelo castanho escuro estava preso em uma trança única que era movida para frente. Usava um macacão jeans e uma camisa laranja por baixo, além de um boné em sua cabeça.

- Oi. - Respondia a garota, levantando um pouco seu olhar para observar Tyrant, seu tom de voz meio seco e áspero como o de seu pai. Ela permanecera sentada sobre a grama. - Ajudar com o trabalho, é? Como se um dia esse fim de mundo fosse ser um lugar "bacana". - Resmungava ela, baixando seu olhar para a grama a seus pés, batendo seus pés sobre ele. - Quando papai disse que ia comprar um lugar pra gente passar uns dias de folga, sair de Fuego Bajo, pensei que iamos sei lá... Para Hearthome, Veilstone.... Mas não. Saímos de um fim de mundo para outro. - Continuara a resmungar.

Então ela se levantou, batendo suas mãos em suas vestes para se livrar de qualquer resquício de terra. - Tsc... Você precisa mesmo de ajuda? - Comentara ela enfim, lançando um olhar para a roçadeira em sua mão. - O que foi? Pediram para um incapaz ajudar? Não conseguiram nenhum idiota mais apto não? Na verdade, eu nem me importo com esse lugar. Por mim virava tudo mato mesmo... Qual a graça de cuidar disso? - Colocava a mão em sua cintura, emburrada, dando a entender que não estava nem um pouco disposta a realmente ajudar o rapaz naquela atividade. Seu mau humor, apesar de direcionado a Tyrant, era claramente pelas decisões de seu pai.

Enquanto isso, Marcos e Gardenia seguiam até a varandinha frente à casa, como se já soubessem que ainda levaria um tempinho até Tyrant conseguir realmente a ajuda da garota. - Seu garoto ali parece ser bacana... Aceitou o desafio sem hesitar. Pelo menos não tem medo de fazer alguns calos em suas mãos por um trabalho árduo. Gosto disso. Quem dera ela fosse mais assim. - Dissera Marcos, debruçando-se sobre a cerca da varanda para observar a interação entre Tyrant e sua filha de longe.

- Tyrant é um rapaz incrível. Precisa ver o tanto de pokémons de grama que ele já tem. - Respondera Gardenia, sentando-se em uma cadeira com Roserade em seu colo. - Ele é algo mesmo muito especial. Ele é uma pessoa boa. Hoje ele é uma terra fértil... Hoje, mais tarde, vamos plantar uma sementinha ali... E parte do prazer em cuidar de plantas é isso, acompanhar seu crescimento. Que o que plantarmos aqui hoje vingue que dê muitos frutos bons. Me pergunto que frutos meu Tyrant e sua Ana vão dar no futuro. - Sorria ela, surpreendentemente razoável, também se voltando para a cena dos dois abaixo da árvore.

A garotinha soltava um risinho diante do drama autodepreciativo de Tyrant. - Ok... Desculpa... - Respondeu a garota, levantando o olhar para o rapaz. Seu tom de voz continuava estranhamente rouco para uma criança de sua idade, provavelmente vindo da genética de seu pai. Seu olhar dizia que realmente sentia por ter se apresentado tão agressivamente a ele. - Desculpa por falar estas coisas. Você não tem nada a ver com isso... Mas é que meu pai me deixou com muita raiva, sabe? - Prosseguia ela visivelmente frustrada, seus dentes a ranger.

Seus olhos se voltavam ao campo, às plantas que cresciam por ali deliberadamente, sem controle algum, afinal, ainda era um espaço que precisava de muito cuidado e atenção. - O que eu gosto destas cidades? Elas são cheias de gente bacana, Pik-Pokers, cinemas, restaurantes, padarias, casa de jogos, todo tipo de lojas incríveis... Shoppings! MAS NÃO! Quando não estou naquele fim de mundo de Fuego Bajo, papai só me trás para outros lugares horríveis como esse. O que eu tenho pra fazer aqui? Em? Vai me dizer que ficar olhando o mato secar no sol é mais incrível que assistir um filme no cinema? - Seu tom de voz soando cada vez mais agressivo até o fim de seu discurso.

A garota parava por um instante, como se precisasse de ar depois de seu breve comentário. - Me diz... Só me dá um motivo para acreditar que isso aqui é melhor que passar o tempo em Veilstone.