The Limboww! O misterioso mundo dos espíritos!

Bipolar? O senhor que Igor conhecera quando não passava de um garoto sonhador de Pallet agora se comportava de forma estranha, agindo com simpatia e melancolia num primeiro momento, mas logo mudando seu tom de voz e mandando sua receptividade para o espaço. Seu corpo fantasmagórico parecia uma espécie de holograma, o que fazia o treinador refletir se aquele era mesmo o Vitor que tanto lhe ensinou ou não passava de uma fraude. Se realmente for verdade o que o velho falou, significa que ele está... morto! E essa ideia é assustadora demais para que Igor aceite numa boa.

Ao perceber um estranho morro atrás da imagem do seu conterrâneo, Igor deu um salto para trás. O que quer que seja aquilo, era capaz de dar arrepios. Estaria Vitor sendo controlado por alguma coisa? O treinador pediu para que seu fiel companheiro investigasse e assim ele fez.

– HiHIhiHI Controlado? Do que está falando, caro Igor? Pretende fugir? – Respondeu o velho, com um riso de canto de boca estampado no rosto. – Agora que tens pokémon, vamos batalhar. Prove-me de que tudo que ensinei valeu de alguma coisa.

Charmeleon avançou e saltou para cima de Vitor; para sua surpresa, acabou passando direto pelo corpo do velho, como se não houvesse ninguém ali. Apesar de assustado, o réptil de fogo seguiu seu trajeto: o que queria investigar mesmo era o morro.

– Heh. Não se incomode. Ele irá se apresentar... – Bradou Vitor ao ter seu corpo ultrapassado pelo pokémon do seu antigo pupilo.

Diante de uma espécie de barreira, Charmeleon usou o DynamicPunch, fazendo um barulho de cacos caindo no chão ecoar pelo ambiente. Como se pressentisse o perigo, o pokémon recuou, dando alguns passos para trás. A neblina que dificultava a visão do treinador foi dissipando, revelando o ambiente em que estavam.



Por trás de Vitor uma fonte antiga com estátuas macabras jorrava um liquido negro e ao redor dela havia ruínas do que parecia ser um antigo templo. O que chamou atenção, porém, não foi a arquitetura do local, mas sim a estranha besta que se escondia atrás da barreira de gelo.

– Esse é o meu amigo, Walrein! – Apresentou.

Enquanto Charmeleon retornava para o lado do seu treinador, Vitor flutuava em direção do pokémon de gelo. Este emitiu um berro ameaçador, que ecoou por todo o lugar. Mesmo longe, Igor pode perceber que os olhos da criatura eram vermelhos, tais como o do velho treinador.

– Walrein deseja lutar. – Falou, encartando o pokémon de quase dois metros.– O que acha, Igor?

Igor estava cada vez mais convencido de que aquilo poderia não passar de uma ilusão, já que a forma como o mesmo vinha se comportando era totalmente oposta ao homem que conhecera em sua cidade. De certo modo, tal idéia era reconfortante, pois significaria que aquele que o ensinou muita coisa que sabe está bem.

Ciente de que não conseguiria sair dali sem dar o que ele queria, Igor aceitou seu desafio e, sabendo que dificilmente conseguiria derrotá-lo usando apenas o seu Charmelon, lançou em campo outro dos seus parceiros: Klink. A engrenagem não se deixou intimidar pela enorme besta azulada que encarava e dupla de forma ameaçadora.

– Dois contra um? – Meio que se espantou Vitor. – Heh... Mas tudo bem, Walrein ficou contente com a chance de derrubar dois de uma vez.

O pokémon rugiu, posicionando-se em frente do seu provável treinador. Enquanto isso, Klink duplicava-se ao lado de Charmeleon. Ambos os pokémons preferiram manter uma distância considerável do adversário.

– Walrein, hora de esmagar um réptil. Ataque com o Body Slam.

O tamanho do pinípede amedrontava, mas podia revelar algo não muito vantajoso:  a lerdeza comparado a pokémons como o Charmeleon. Este, percebendo a movimentação do adversário, abriu sua boca e lançou uma espessa fumaça negra em campo. Walrein ficou confuso, procurando seu adversário pelos lados. Ao perceber uma silhueta em meio a fumaça, lançou-se sobre ela, jogando seu pesado corpo no nada, pois o que vira foi um dos clones do Klink.

– Nada mal, garoto. – Elogiou Vitor, não muito preocupado com os rumos da batalha.

Vários pontos luminosos iluminaram o campo escuro, era Klink e seus clones que lançavam uma descarga elétrica sobre o enorme pokémon. Simultaneamente, Charmeleon atacou com uma agressiva baforada azulada. Ambos os golpes acertaram em cheio o pokémon de Vitor.

– Vejo que aprendeu bem em nossas aulas. Parabéns, Igor. Mas a brincadeira agora acabou. Walrein, faça-os nadar!

O pokémon urrou, erguendo-se sobre suas patas traseiras. Charmeleon e Klink começaram a se agitar diante da imagem imponente que estava vendo. De repente, da fonte negra atrás do pokémon, muita água começou a sair, indo ao encontro do pokémon. Não mais que 30 segundos depois, uma onda de cerca de um metro e meio partiu em direção dos parceiros de Igor. Klink conseguiu desviar flutuando para o alto, mas teve seus clones todos engolidos pelo ataque. Charmeleon não teve a mesma sorte, sendo lançado para trás com o impacto do golpe.

A água logo se espalhou pelo chão, molhando um pouco dos pés do treinador que assistia seu parceiro de fogo lutar para ficar de pé. A chama de sua cauda se mostrava bastante fraca e, mesmo sendo apenas um golpe, foi capaz de deixá-lo bastante ofegante.