[GAME] The Secret

~ The Breath ~

Dias se passaram, desde o acontecimento do baile. A breve sensação de normalidade que a cidade teve, por uma semana apenas, havia ido embora naquela noite.

Petiny, a gerente, ainda estava desaparecida e isso fazia algumas pessoas acharem-na suspeita. Outras, acreditavam que a pobre mulher havia sido vítima de –A e por isso desapareceu. Talvez tivesse alguma pista para desmascarar e acabou tendo um sumiço.

Com menos integrantes que o esperado, todos se reuniram em um quarto de hotel, alugado por Joul. Era um fim de tarde. O sol já se punha e o céu escurecia lentamente. Todos naquele momento notaram o fato de sempre estarem se encontrando a noite e nunca na luz do dia. Não era uma atitude muito esperta, a julgar pelas ruas desertas, porém, era o único horário disponível da maioria.

Minutos se passavam, mas ninguém havia dito uma palavra se quer. Joul estava sentado em uma majestosa poltrona vinho, enquanto degustava de um café expresso. Nerkon, Matt, Pi, Ran e Yuki estavam em pé juntos em um dos cantos da sala. Sendo todos estudantes, não era de estranhar que se sentissem mais a vontade uns com os outros. Peg e Hugo trocavam olhares, mas não exatamente entre si. Os dois fitavam descaradamente a enfermeira panda que estava sentada na cama com as mãos apoiadas no colchão. O vestido da moça era um pouco curto e subia a cada cruzada de pernas que ela dava. Já Bastille e Dinho, fitavam todos, a cada segundo que se passava como se tentassem achar qualquer brecha para falar.

Antes que Bastille dissesse algo para quebrar o silêncio, Ran acabou fazendo as honras. O rapaz saiu do canto que estava e empurrou os dois professores, de uma forma rude.

– Vocês querem um babador? – O jovem perguntou já alterado.

– Ei cara, o que fizemos? – Hugo perguntou sem entender.

– Não banque o espertinho “professor”, não sei como o resto não percebeu que estão quase subindo na enfermeira e dando outro uso a essa cama. – Ran respondeu com uma pontada de raiva.

Naquele momento, Panda fechou seu sobretudo e encolheu-se. Não fazia idéia que estava chamando tanta atenção e nem desejava isso. Afinal, em quem podia se confiar naquele meio?

– E se estivéssemos? Isso não é da sua conta Ran. É muito jovem para entender isso. – Peg respondeu sem a menor mudança de atitude.

Em poucos segundos, Nerkon moveu-se, agarrando os braços de Ran. Conhecendo o colega, sabia que ele avançaria em alguém e foi cronometrado tal atitude. Evitou que o jovem atacasse um dos professores. Uma pena que seu ato durou pouco tempo. Ran conseguiu se soltar, chamando atenção de Bastille e Dinho que iriam interceder, mas Matt agiu mais rápido que todos, dando uma chave de braço no pescoço de Ran. Matt o apertou bem para que ficasse no lugar, mas não notou que estava sufocando o rapaz. Com isso, Bastille intercedeu, segurando na nuca de Matt e a apertando enquanto o puxava para trás. Isso fez com que o rapaz afrouxasse os braços e Ran caiu de joelhos no chão, tossindo.

– Você ta bem cara? – Nerkon perguntou, abaixando-se ao lado do amigo.

Apesar de não conseguir falar pois puxava o ar com a boca, Ran assentiu com a cabeça.

– Seu imbecil, você queria matar seu colega? – Bastille nem se preocupou em ser rude com o rapaz e o soltou.

– Ahm.. Não.. Eu só.. – Matt tentava arranjar argumentos enquanto esfregava a parte de trás do pescoço.

– Aposto que foi ele quem matou Cookie. Claro. Matt não hesita em agir não é? – Hugo foi o primeiro a acusar.

A acusação feita por Hugo foi suficiente para que um diálogo começasse, mas este se transformou em uma conversa desorganizada e barulhenta. Alguns tinham certeza que era Matt o culpado, ainda mais depois da performance a poucos minutos, outros tentavam não acusa-lo. Mas por fim, a maioria de votos o condenou.

Ao cessarem a “reunião” todos saíram do quarto sem dizer nada ou olhar para o rapaz, com exceção de Joul, que fitou Matt poucos segundos antes de sair.  O rapaz acusando ainda permaneceu no quarto por algum tempo pensando no ocorrido, mas não demorou a se convencer que deveria ir para casa descansar.

Chamou um táxi para que o levasse para casa. Estava cansado mentalmente e não queria ir andando até lá. Todos já haviam ido embora e o rapaz estava sentado em meio de desconhecidos no saguão do hotel.

Não demorou para que o veículo amarelo chegasse. Matt não hesitou em entrar e apenas indicou seu endereço. O trajeto não fora longo, mesmo com a velocidade lerda em que o motorista se encontrava. Ao descer do carro, deu o dinheiro ao homem e este agradeceu, partindo em seguida.

Caminhando para a porta de casa, Matt sentiu um cheiro vindo da garagem. Ele deu a volta na casa e entrou pela única porta que dava acesso a garagem sem ser o portão pelo qual o carro saía. Aquele cheiro era de gás.

A garagem estava escura e o cheiro forte já começava o afetar, mas havia uma figura em meio daquilo e estava de máscara. A passos lentos a pessoa se aproximou de Matt e somente quando estavam frente à frente pode perceber quem era.

– Você? – O rapaz perguntou engasgado e tossiu em seguida.

–A não disse nada, apenas o empurrou para o chão e saiu pela porta, trancando-a pelo lado de fora. Não havia escapatória para Matt e ele lamentava isso. Mesmo tendo raiva de todos que o acusaram, queria ajuda-los a descobrir quem era –A. Com suas últimas forças, retirou um bloco do bolso juntamente com uma caneta. Ele começou a fazer um circulo, mas notou que era o mesmo que seu colega Tenshi havia tentado desenhar. Ninguém havia entendido, mas agora, Matt sabia o código que Tenshi passou. Antes que o tempo acabasse, ele desenhou...



Os demais, resolveram se encontrar uma hora após o encontro, na delegacia para denunciar Matt e cada um fez questão de acompanhar os policiais até a casa do rapaz. Ao chegar lá todos se incomodaram com o cheiro forte e foi preciso chamar os bombeiros. Ao adentrarem na garagem, encontraram Matt com seu bloco de notas ainda em mãos. Um dos bombeiros que ajudou a retirar o rapaz pegou o bloco e mostrou aos demais. Talvez entendessem porque o rapaz havia desenhado aquilo.

Na folha havia um circulo, mas estava riscado como se ele tivesse percebido que estava fazendo errado, mas o desenho seguinte era um triangulo. Um simples triângulo.

Antes que alguém se pronunciasse, ouviram passos, na verdade estava mais para uma corrida. Petiny apareceu diante de todos. A moça estava cansada por ter ido correndo e trajava um suéter escarlate. Alguns a fitaram surpresos, outros pareciam aliviados. Um interrogatório estava prestes a acontecer à Petiny, por parte daquele grupo de pessoas, mas os celulares tocaram ao mesmo tempo. Sem surpresa alguma, todos tiraram os aparelhos dos bolsos, prontos para ler a mensagem.

Circulo, triângulo.. Se tiver um quadrado, serei um controle de Playstation. Bom jogo Bitches.

–A

Ao ler essa mensagem, todos se entreolharam então houve um suspiro.

– É, não era ele. – Hugo disse, referindo-se a Matt.