13@ Rebeldia

O monotreinador dirigia-se para cumprimentar o jovem Green, último eliminado da competição, quando um forte brilho chamou a atenção de todos os presentes. Havia presenciado tal cena uma única vez, mas fora suficiente para reconhecer instantaneamente de que fenômeno se tratava: a evolução, um dos espetáculos da natureza! Em questão de segundos, a pequena Budew desabrochou na frente de todos, expandindo seu tamanho e dando origem a duas flores de cores vibrantes. Não restava dúvida que o bebê havia se tornado uma vigorosa Roselia, para delírio de Sora e alegria do seu treinador.

O evento interrompeu até mesmo o desdém do rude Bulbasaur, que arregalou os olhos vermelhos para assistir a evolução do seu companheiro gramíneo. Passara tanto tempo nas profundezas do limbo que havia se esquecido do fluir natural na vida. Levantou-se e aproximou com cautela do pokémon recém-evoluído. As rosas, que eram também as mãos dele, exalavam uma agradável fragrância que se espalhava pelo campo com o bater de uma tímida brisa.

– Parabéns, Green! – Parabenizou Vincent, sem jeito. Na verdade não sabia porquê parabenizar, só quis dizer alguma coisa ao seu colega de competição. – Roselia é um pokémon muito forte e útil. Já lutei ao lado de uma e posso afirmar isso. – Lembrou-se do pokémon de Victoria. – Agora creio que você terá a confiança que precisa para seguir sua jornada.

O menino de cabelos verdes agradeceu, ainda um tanto tímido e se despediu com um aperto de mãos. Os outros seguiram para cumprimenta-lo também, mas, naquele momento de excitação, o mesmo sequer se lembrava da competição, tendo sua atenção toda voltada para o seu “novo” pokémon. E assim despedia-se da disputa, deixando apenas duas duplas competindo. Agora o jogo poderia acabar a qualquer momento e, embora cansado, Vincent estava orgulhoso de ter chegado até aqui.

Mesmo querendo evitar voltar a ser um pokémon como antes, Bulbasaur não conseguia esconder sua satisfação em batalhar. No Limbo tivera poucos adversários e preferiu viver numa floresta escura e fúnebre para não incomodar ninguém. Não se lembra em como fora parar lá, mas se adequou ao seu novo lar e se acostumou com a vida solitária e, de certa forma, livre. O psíquico está longe de ser o adversário mais perigoso que ele enfrentou, por isso, batalhava com pose de vencedor, como se quisesse mostrar para todos que aquilo é perda de tempo.

Vincent sentia a confiança do seu parceiro e até se intimidava um pouco. É tão completo que parece não precisar que ele o diga o que fazer. Apostara em golpes simples até aqui, mas, dessa vez, escolheu orientá-lo a usar uma das técnicas mais difíceis de serem dominadas por um pokémon do nível dele.

– Bulbasaur, Solar beam! – Disse em alto e bom som. Foi por isso que o pediu para pôr o adversário para dormir antes, não podia arriscar que esse golpe falhasse.


– Não, não é meu. – Respondeu Victoria, percebendo que as lambidas do pokémon recém-nascido em sua mão eram na verdade um pedido de ajuda. O pequeno estava amuado, tentando se esconder no corpo da mulher. – Shh! Shh! Calma garoto, vai ficar tudo bem. – Tentou acalmá-lo, fazendo um carinho em seu corpo amarelado.

– Ele acabou de nascer, esse tumulto aqui está assustando. – Disse Fred, agachando-se para olhar o pokémon mais de perto.

– Segura ele aqui por um instante. Obrigada.

Victoria entregou o pokémon nos braços do desconhecido, levantando-se, ajeitando seu cabelo e encarando os curiosos que não paravam de murmurar um monte de coisas.

– Chega cambada! – Gritou. – Já viram? Então ó, a batalha logo em frente está acontecendo. Voltem aos seus lugares! Vão, vão. – E foi “tangendo” as pessoas com um gesto com as mãos, como quem espanta um grupo de Murkrows que ataca sua horta. – Xô, Xô. Vamo, Vamo!

Aos poucos as pessoas foram retornando aos seus lugares, afastando-se do trio. Alguns resmungavam contra a morena, que não dava a menor atenção. Nos assentos, as questões sobre aquele pokémon continuaram.

Ao retornar para o seu lugar, Victoria encontrou o monstrinho comendo alguns pedaços de frutas no colo do rapaz com chapéu de marinheiro. Jonas estava ao seu lado, com as coisas de Vincent no colo e fazendo perguntas para o rapaz.

– Ele é um paleontólogo. – Falou para Victoria.

– Pelo visto tem vocação para criador. – Respondeu Victoria, abaixando-se para afagar o monstrinho. – Ele parece mais tranquilo agora.