Winnie - Um breve descanso

Como dizem: Depois da tempestade, vem a bonança. Após uma conturbada fase de altos e baixos, eu estava livre poucos dias para fazer o que quiser, treinar, me preparar, brincar, investir, perder o resto da dignidade que eu tinha. Não importa, apenas fazer algo diferente. Segui pelas ruas, já fora dos meus acomodamentos e procurei algum lugar que me interessasse, meu intuito era, inicialmente, comprar Berrys para preparar o novo golpe de Tyr, e nem que seja mais tarde, em algum ponto eu arranjaria uma Berry, talvez eu nem precise comprar, posso dar sorte e arranjar por ai. Outra ideia minha era efetivar a evolução da minha pequena Hati, uma simples batalha seria o suficiente para isso, imagino, ela que já é tão experiente nisso! Ou talvez um treino sozinha.
A rua que saia do Centro estava realmente lotada, via de perto o movimento nas muitas lojas ao redor, nenhuma muito útil no momento, nunca fui o tipo de menina vaidosa que cairia pelas tantas lojas de roupas que ali tinha, mas quem sabe não me dar o luxo de ver alguma peça? Ah, não vejo como roupas podem me ajudar na minha próxima batalha na Copa! Realmente, eu não posso me dar o luxo disso no momento, prossegui o caminho evitando o consumismo desnecessário, o céu estava pintado de cinza, nuvens carregadas já eram facilmente temidas, era estranho o fato de ser duas horas da tarde e não ter o sol forte ardendo as costas, era melhor eu sair dali rápido, se começasse a chover, aparentemente não seria simples pinguinhos, e sim umas tempestade chata.

Ao meu narrador, não precisa ter presa, nem exclusividade, nem NADA do tipo na minha rota, eu estou passando por uma semana conturbada, o que me faz não poder logar todos os dias, então você não precisa se preocupar em ficar me narrando toda a hora, leve como uma rota sem tanta responsabilidade. Ok? Alguns dias eu posso postar para valer, mas outros nem aparecer ):

Conhece aquela impressão de que tem algo errado? Era isso que eu sentia. Talvez um instinto, ou um pensamento que dominou minha cabeça, independente do que fosse, estava me incomodando bastante. Eu poderia estar psicologicamente afetada, já que eu acabara de sair de uma competição extremamente irritante, mas doida? Improvável, por outro lado, não vejo muito por que correria perigo em um lugar tão movimentado, um assaltante aqui? Acho que não, tem tantos comércios por ai, a propósito, estou falida, não tem muito o que me roubar. Tentei continuar em frente ignorando o gostinho na boca de confusão, acho que problemas não seriam uma boa coisa no momento, então prossegui caminho, porém a impressão piorava, eu parecia ter dado 100 passos, mas aquele maldito beco escuro não se moveu do meu lado. Suspirei. "Tudo bem, é psicológico", falei para mim mesma, bem baixinho, sussurrando calma no meu próprio ouvido.

Por fim, cansei daquela impressão perturbante, resolvi olhar para trás e assegurar que tudo estava bem, assim fiz, só que isso não foi o suficiente para meu sossego psicológico, depois de olhar para trás iria dar uma checada no beco escuro que parecia sugar toda a minha coragem. Odeio becos, principalmente de cidades grandes, por mais que não fosse noite para correr algum grande perigo ali - minha mãe sempre me avisara que noites em cidades grandes podem ser movimentadas e perigosas -, qualquer hora serve para um beco tornar-se assustador. Um calafrio me tomou por inteiro, dei passos bem lentos em direção ao que me trazia mau grado, mesmo incerta de qual seria, tentei vasculhar aquilo que não me seria visível em ângulos normais, como atrás de objetos ou a própria escuridão do beco.

Um segundo calafrio me guiou a não continuar, não tive certeza do que estava acontecendo, mas tive impressão de que não era bom. A medida que avançava o beco ficava com mais medo, reparei que havia alguém ali no fundo - ou algo -, o problema era que estava escuro demais para identificar quem ou o que era, eu, normalmente entraria para me certificar de que não é ninguém passando mal ou precisando de ajuda, algum pokemon perdido ou algo assim, normalmente eu seria a inocente que iria fundo apenas pensando no bem alheio e na pureza dos seres, mas não dessa vez, o medo me fez ir contra meus princípios, se era um vulto bom ou não, não estaria ali para descobri. Dei meia volta e corri, quando se está com medo e com uma adrenalina daquele jeito, você descobre que pode correr um mundo inteiro sem se cansar até que pare. Foi isso que fiz, corri para de volta para as ruas mais movimentadas, mamãe sempre me dizia que em casos assim, eu deveria atravessar a rua para despistar o assaltante - ou seja lá o que isso for - e depois entrar em uma loja cheia, logo, fui em direção a alguma loja de roupa entupida, ou no mínimo, com gente.

Corri apressada, tomando cuidado com o fluxo de pessoas contrário a mim, fazendo de tudo para não cair ou tropeçar nelas, nem atrapalhar a vida de ninguém por conta do meu medo irracional. Minha falta de percepção momentânea me causou um embaraçamento extremamente desnecessário, ao meio das milhões de lojas de roupa que haviam ali, nem pensei em ler a placa de onde entrara, a chance de ser um alojamento de moda era bem grande, mas não foi dessa vez. Entrei no local e a primeira coisa que vi foi uma imensidão de videogames instalados ali, mas não foi essa a primeira coisa que me impressionou, e sim o fato do estereotipo daquele lugar ser tão visível, todos ali seriam relatados identicamente, gordos com espinhas, má carisma e certa devoção a meninas próximas.
Não conseguir dar muitos passos até ser a atenção total do local - e eu realmente odiava isso -, normalmente ignoraria aquilo tudo e voltaria para o que eu estava fazendo, mas a questão é: O que eu estava fazendo? Não quero voltar para rua, mas também não quero ficar aqui, por mais que eu gostasse bastante de jogar videogame com meu irmão, isso aqui é um tanto quando bizarro para mim. Ignorei as falas constantes em minha volta, última coisa que queria agora era ouvir elogios de pessoas estranhas, mas uma coisa eu não podia negar, meu senso de educação e boa conduta:
- Boa... tarde? - falei, bem confusa, não tenho certeza se eles sabem que horas são. Foi então que um homem surgiu em minha frente me elogiando de maneira bem direta e estranha, franzi o cenho e respondi de maneira simples - Obrigada.
Depois disso olhei em volta tentando não reparar no padrão gordo do local, e sim procurando algo para me tirar daquela situação. Após a pesquisa, resolvi agir de modo totalmente diferente do habitual, talvez eu poderia aproveitar aquela atenção toda para informações, arqueei as costas e pus as mãos sobre o joelho, batendo de leve e fazendo um baixo "paf", tentava parecer desanimada e triste.
- Aaah, eu só queria fortalecer meus pokemons! - reclamei por alto, minha intensão era falar com deus, mas ao mesmo tempo dar uma indireta para ver se alguém poderia me ser útil ali - Estou ficando sem tempo - sumi com meu sorriso de sempre e deu lugar a uma expressão de confusão.

Ergui meu corpo e tentei mostrar uma pose mais confiante dessa vez, franzi o cenho novamente com uma cara de dúvida, minha indireta deu um pouco que certo, mas ao mesmo tempo não, uma coisa que me deixou bem perturbada foi o fato do garoto ter seis pokemons e eu apenas quatro, tudo bem, quanto mais ele tivesse, mais tempo ele gastaria para treinar - mesmo que aparentemente não gaste tempo com isso, mas quem sou eu para julgar? -, só que ele não parece um treinador muito esforçado, até por que, não vi ninguém parecido entre os competidores da Copa União, e acho que os treinadores que mais se esforçam do continente, estariam lá, né? Até meu irmão estava lá! Ou melhor: Até eu estava lá! Que mal comecei jornada. Tudo bem, ele não deve ser tão forte assim, mas eu estava apostando alto demais para o lado dele, e baixo demais para o meu, se eu ganhar, vou conseguir apenas experiência? Na-na-ni-na-não, ele já foi retardado de pedir um bendito encontro comigo caso ganhe, eu tenho que conseguir algo em cima dessa vitória também, né? Sem contar que, eu não quero sair com esse cara. Suspirei e passei a mão na cabeça.
- Você sabe o quanto encontros contra a vontade das pessoas são ruins, né? Mas ok! Se quer assim - respirei fundo antes de continuar minha fala - Eu tenho alguns tópicos a dizer antes de aceitar isso, você começa escolhendo o primeiro pokemon, beleza? E se eu ganhar, primeiramente quero sair daqui sem ser incomodada, e também algo em troca que me ajude com o treinamento dos meus pequeninos. Outra coisa, você pretende usar essas seis pokebolas? Por que eu só tenho quatro - foi o momento que tive de botar a mão na bolsa e retirar as quatro mini-esferas para mostra-las.
Aquilo podia ser tanto bom quanto ruim, mas que raiva, como fui me meter nessa encrenca? Não queria perder para aquele cara de jeito nenhum.