Pães e Filhos! *-* Aquela situação, naquele momento, me deixou muito triste. Mesmo da cozinha eu ainda podia ouvir o choro do pobre garotinho implorando para ficar com seus pais. Mas realmente não havia como eles deixarem o que poderia ser talvez, o único filho deles. Afinal, quem gostaria de ver o próprio filho, tão jovem, com todo o futuro à frente, morrer desse jeito. Já eles estavam nas últimas mesmo, aquela velha frase de filhos que enterram pais ou pais enterram filhos, algo assim. Mas ainda era desanimador sabia que tudo tenha que acontecer dessa maneira e de uma forma tão repentina, eu queria que de algum modo todos eles viessem comigo, mas como não era possível, pelo menos esse último favor eu poderia fazer para esse casal que me acolheu em sua casa e ajudou-me sem nem mesmo me conhecer. Pego a pokébola da mão da moça, estava meio empoeirada e com a parte branca meio encardida, aquilo devia estar ali há gerações. Guardo-a no bolso e volto a encarar a mulher, suas bochechas salientes ainda estavam vermelhas e os rastros de lágrimas eram facilmente percebíveis. Naquele momento senti uma pontada de tristeza por ela, não acho que ninguém gostaria de ter que se separar de seu filho. Tinha um maldito nó na minha garganta, eu queria chorar, mas não acho que precisássemos de mais choro. Dei uma risada e passei o peito da mão sobre os olhos para tirar as lágrimas que começavam a preenchê-los, malditos ciscos. - Não se preocupe, eu cuidarei bem dele, prometo que irei cuidar bem do seu filho. – Nesse momento Larvesta entrava na cozinha e vinha até o meio de minhas pernas, ela parecia eufórica. Levanto-a com ambos os braços e coloco sobre minha cabeça, algumas migalhas de pão caiam em meu rosto e roupas. Incrível como ela tinha a capacidade de se sujar. – E a Larvesta também, não é mesmo? – Ela apenas se limitou a dar um grunhido, parecia exausta depois de terminar sua refeição. – Esfomeada! A senhora deu algumas risadas da situação, os olhos dela agora tinham um brilho diferente, pude notar de imediato que ela estava feliz agora. Senti-me feliz em ter ajudado. Lanço-lhe um olhar e um aceno rápido de cabeça indicando que estava pronto para prosseguir com o planejado. Ela então se dirigiu à sala a passos largos e silenciosos. Chegando lá encontramos o homem abraçado ao seu filho, não sei o que ele disse à criança, mas o quer que tenha sido, conseguiu acalmar o jovenzinho. Ao perceber nossa entrada no recinto, o menino me olha de uma maneira que, sério, acho que consegui ver pela primeira vez, a verdadeira tristeza. Desvio o olhar para o pai que me olhava com um olhar decidido, como se tivesse confiando a mim um tesouro, e realmente aquele rapaz era para eles, seu tesouro mais precioso. Quebro o gelo da situação com um sorriso e pego a pokébola de meu bolso e brinco com ela lançando-a ao alto algumas vezes. - E então, você já voou alguma vez na sua vida?! Gostaria de tentar? – Jogo a pokébola ao alto mais uma vez e dessa vez Larvesta salta de minha cabeça para pegar o objeto ainda no alto. O peso dela fazia com que minha cabeça e quase que o corpo todo fosse empurrado pra frente, mas consigo me equilibrar antes de bater a cara no chão novamente. Com a pokébola em sua posse, ela dirigia-se até o garoto e deixava o objeto jogado a sua frente. Saquei! – Se quiser você pode até dirigir, não tem idade ainda, mas nesse caso abro uma exceção. – Claro que aquilo não era verdade, até porque não se dirige pokémons, mas era só pra ver se ele animava um pouco, não queria que a viagem toda fosse só tristeza e melancolia para o pobrezinho. Volto meu olhar à mãe dele, quase me esquecendo de um pequeno detalhe. – A senhora por acaso tem um lanchinho pra viagem? – Coloquei as mãos no cabelo e dei um sorriso envergonhado. Nesse mesmo momento Larvesta veio correndo pro meu lado novamente e ficou girando à minha volta, mais eufórica que nunca. - Esfomeada!!! |