Chapter 10 - Destructeur

Com a chuva intensa e cada vez mais forte as ruas iam ficando cada vez mais desertas e inchadas. O lago que a cidade batizou de Lake of Rage teve notícias pela manhã de que tinha ultrapassado seus limites e tinha riscos de chegar até a cidade. Os ralos não aguentariam e transbordariam também. Não era seguro ficar por ali e arriscar.

Os sons que Patrice ouviam eram de chuva, óbvio, e passos rápidos. Os dela. Fora isso nada mais. Ela não ouvia as pessoas que passavam por ela. Ela não ouvia os Pokémon que faziam morada na cidade. Ela não ouvia nem mesmo a própria respiração.

A corrida devia chegar a um lugar. Um final, como a linha de chegado. Este tinha destino, mas não era indicado. A garota, por estar encarcada demais, foi obrigada a se abrigar na frente de uma casa simples. Ali também pingava, mas a cobertura de uns 15cm dava para a Grunt descansar enquanto tentava ver algo naquele mundo preto e branco. Ao menos ela tentou.

- Ei garota. Sai da frente da minha casa! - gritou alguém de dentro da residência. - Se você não for embora dentro de 5 segundos irei chamar as autoridades! 5...

Ela tinha de escolher logo. Devia procurar um abrigo e talvez pedir informações. Quem sabe comprar um guarda-chuvas não seria uma boa ideia? O mercado parecia ter as portas abertas. Seria uma boa perguntar para o vendedor. O que a garota iniciante na vida do crime tentaria fazer?

Patrice ignorou todas as chances de se ter ajuda, mas procurava pelos arredores algo que pudesse ser uma pista e acabou por encontrar algo de tanto procurar. Tinha uma garoto a observando e ele não lhe era estranho. Ela já tinha passado por ele quando nem o som se sua respiração ouvia. Talvez não fosse tão importante, mas poderia ser alguém que pudesse leva-la até o seu destino.

Hawlucha já tinha saído a procura de pistas, mas não parecia que voltaria tão cedo. Como Patrice agiria?

O temporal estava piorando e o vento ficando mais forte. Não havia notícias de Hawlucha e Patrice poderia estar verdadeiramente preocupada com o Lutador. E se o coitado se perdesse? E se ele acabou batendo e está ferido? Ela foi até o garoto que estava perto e de forma amigável tentou dialogar.

O garoto parecia tenso, mas respondeu de forma clara:

- Não vi não, mas por que seu Pokémon estava fora da Pokébola num temporal como esse? Se quiser posso te ajudar a procurar... Ei, o que tem na caixa? Será que a chuva não está molhando?

O menino tentava se proteger da chuva com uma folha grande, mas não era tão eficaz quanto deveria ter pensado.

Houve um momento de conflito. O menino tentou se desculpar e desconversar mas Patrice terminou voltando as buscas antes que uma enchente chegasse a cidade. Acabou por esquecer do garoto o deixando para trás.

Um barulho foi ouvido, mas de onde vinha? De repente uma sombra passou sobre sua cabeça. Era Hawlucha e ele estava bem, só bastante molhado, mas ainda conseguia voar. O Pokémon da Grunt parecia estranho e queria que ela o seguisse. Teria o Lutador encontrado o depósito de destino? Afinal, fora esse o combinado.

Por que tudo parecia tão longe? Eles ainda estavam na cidade e Hawlucha fazia muito esforço para se manter no ar, mas teve um ponto em que começou a correr até parar do nada e apontar para uma lojinha com as luzes acesas.

Hawlucha tinha certeza que era ali, mas por quê? Teria ele visto alguma coisa? Antes que Patrice pudesse entrar e averiguar aquele menino apareceu novamente. Desta vez tinha um objeto diferente em mãos e ele brilhava. O garoto se pôs entre a loja e a garota. Olhou para trás e depois sorriu balançando a cabeça.

- Então é aqui onde se encontra o velho criminoso disfarçado de comerciante? Você quase que consegue me despistar, mas foi fácil te seguir até aqui! Entregue o pacote, ande. Suas descrições batem com a ficha que me entregaram. Aproveita e sai da chuva antes que pegue um resfriado, garotinha.