Procurando nemo

Nuzleaf ignorou a pergunta de Dias, estava concentrado na tarefa de liderar o caminho. O Pokémon em certos pontos parecia ter dúvida de qual caminho tomar, mas sem perder muito tempo ele logo assumia uma decisão. A criatura mesmo ferida tinha um andar imponente, caminhava ereta e com olhos de águias que penetrava fundo na selva, além de suas posturas “nobres”, semelhantes à de humanos quando parava para tomar suas decisões.

A dupla levou quase 10 minutos até chegarem aonde Nuzleaf queria. Um salgueiro ocupava o centro de uma clareira no meio da floresta, e encostado no tronco da árvore, um homem com uma vestimenta incomum estava inconsciente. Suas roupas pareciam com a de um ninja que Dias provavelmente já tinha visto em algum filme de ação. O indivíduo não usava máscara, essa na verdade estava jogada no chão, suja de sangue. A marca vermelha corria de sua boca e era possível ver um ferimento em sua barriga, como se alguém tivesse enfiado uma lamina afiada ali e girado a mesma para aumentar o estrago. Nuzleaf parou do lado do homem e se ajoelhou, tocando o seu ombro. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ele queria parecer forte, resistindo ao choro. Então o Pokémon apontou para a mão do homem, que segurava uma Great Ball.

- Nuz!

A criatura se virou para Oddy e se ajoelhou entregando um pedaço de pano para o treinador, em seguida abaixou a cabeça como um servo servindo a um mestre. No pano tinha uma mensagem escrita com sangue.

“Se você está lendo isso é porque Nuzleaf o escolheu como o seu novo Mestre. Por favor, guie-o. Ele é um forte companheiro, treinado em técnica de ninjutsu. Dê-lhe um propósito que não seja matar.”

O homem estava entregando o seu Pokémon a um sucessor e parecia querer tirar Nuzleaf da vida corrupta. O que Oddy faria?  

Ouvindo o discurso de Dias o Nuzleaf sorriu maliciosamente, ele não esperava menos do que aquilo do seu novo mestre. O Pokémon pegou a Great Ball na mão de seu antigo senhor e a ergueu para Oddy. Quando Dias pegasse a esfera, a criatura voltaria para o lado de seu antigo mestre e faria uma última oração para a alma de Saizou.

Agora pronto para seguir as ordens de Dias, Nuzleaf se ajoelhou à sua frente. Esperava para saber o que fazer.

Nuzleaf observou seu mestre com certa dúvida, não sabia ao certo o que Dias queria, mas sem demora levantou-se e chamou-o. Pedindo para ser seguido mais uma vez. Caso o treinador concordasse, o gramíneo lideraria o caminho mais uma vez.

Observando bem a selva e prestando atenção aos sinais invisíveis aos olhos de Dias, Nuzleaf levou seu novo mestre até um rastro de uma criatura extremamente pesada. Alguma coisa passou com pressa por ali, arrancando pedaços do solo por onde passava. Nuzleaf em seguida mostrou a Oddy manchas de sangue que ficaram presas em folhas. Aquele parecia o rastro de Guerra.

- Nuz! Le, Nu-le!

O Pokémon parecia querer dizer algo importante apontando para a direção em que seguia o rastro. Esse era quase paralelo ao rio principal da Rota, mas tinha uma leve inclinação que parecia seguir para a cidade de Fortree. O mercenário provavelmente corria para a cidade.

Nuzleaf parecia com pressa, mas mantinha um ritmo no qual Oddy pudesse lhe acompanhar, sempre olhando para trás para ver se seu mestre estava conseguindo aguentar a marcha. Após uma boa caminhada chegaram a um enorme penhasco. Lá em baixo, a direta, Dias conseguia ver o rio correndo entre a floresta, devido a distância se o treinador estendesse o braço, ele conseguia esconder o rio de sua visão. Aquele penhasco demarcava a parte alta da primeira cachoeira que ele precisou escalar. Já a sua frente, o treinador podia ver uma grande extensão de floresta e logo depois a cidade de Fortree. Precisava agora descer 20 metros de altura em uma encosta com quase 75º de declive. A tarefa não se mostrou tão perigosa devido ao rastro que Steelix tinha deixado, o solo escavado parecia com escadas, um possível método que a grande serpente metálica usou para não cair enquanto descia.

Quando a dupla terminou a descida perceberam que tinha sido mais fácil do que pensavam, mas não tinham tempo para admirar sua proeza e logo voltaram a perseguir Guerra. O rastro acabou quando eles chegaram na cidade, entrando na mesma pelas portas dos fundos, se é que pode descrever dessa forma. Nuzleaf farejou o ar e escolheu um caminho decidido, mas agora Dias não conseguia ver nenhum rastro de Guerra e seu Pokémom metálico. Dias continuaria na perseguição?

Nuzleaf sério balançou a cabeça confirmando que tinha entendido a ordem, assim se virou para a direção do sol e fechou os olhos, uma luz dourada o envolveu restaurando parte de sua energia perdida. Logo após o brilho sumir, Dias notava que o seu Pokémon gramíneo aparentava estar mais saudável.

Voltaram a marcha, e Nuzleaf voltou a indicar o caminho farejando o ar. Em um ponto ou outro era possível ver uma gota de sangue no chão. O rastreador continuava no encalço do fugitivo. Guerra corria para longe do Centro da cidade.

Mais 30 minutos de marcha e chegaram em uma espécie de aeroporto privado, uma área aparentemente abandonada. O portão enferrujado estava parcialmente aberto, parecia ser a única entrada, pois o aeroporto tinha muros de três metros de altura com arame farpado no topo. De frente para a entrada existia um prédio de três andares - semidestruído pelo tempo - que tampava a vista da pista de decolagem/aterrissagem. Colado a parede do prédio tinha uma espécie de armário com uma cruz vermelha em sua porta.

Quais eram os próximos passos de Oddy? Nuzleaf esperava por ordens.