OFF :
-1 Thunder Stone
- 1 Aspear Berry
-1 Fight Gem
- 1 Aspear Berry
-1 Fight Gem
Oitavas de Final, Luta G da Copa Hoenn, Arena: Inversão Extrema. Adversária: Winnie Freda. Foi assim que acabou a participação do jovem de Viridian City, Sckarshantallas Akuma na competição. Ou talvez, ainda antes, na noite anterior, quando Kamen Rocket atacou e matou uma fã que tornou-se amiga do garotinho, Kula e uma mulher que havia sido contratada por ele para emboscar o pequeno treinador, Vice. Sckar não conseguiu salvar a primeira e a segunda sacrificou-se por ele. Eram experiências muitos pesadas, que até mesmo os mais velhos dificilmente vivenciavam. O que dizer então de um garotinho de 10 anos de idade? O que ele estava passando? Sentindo? Pensando?
Não conseguiu concentrar-se na batalha, mas também sabe que mesmo se tivesse dado seu melhor, provavelmente teria perdido do mesmo jeito. Mas o que o afligia não era a derrota numa competição oficial. E sim, a derrota numa batalha de vida ou morte. Uma derrota que custou 2 vidas. Ao sair da arena após ser confortado pela garota que o vencera, ele foi ao Centro Pokémon e curou-os. Depois pesquisou na internet sobre os velórios das duas moças, olhou no relógio e pensou:
À essa hora elas já foram enterradas... Acho que irei ver o que encontro lá...
Era ateu, nunca acreditou em nada religioso, mas sentia certa obrigação em comparecer aos velórios delas. Só que não na frente de seus familiares e amigos. Portanto já havia planejado bem antes em ir apenas após o término dos rituais fúnebres. Assim, não deveria incomodar ninguém.
Com o endereço do cemitério da cidade em mãos e a rota que havia pego no mesmo site de busca em que pegara o endereço do local, ele dirigiu-se ao local gótico e mórbido. Ao chegar foi primeiro no túmulo de Vice, ou melhor, na sala onde havia sido cremada. Sua família já havia levado as cinzas e não havia mais ninguém ali. Ficou sentado por alguns minutos lá, talvez por uma ou duas horas. Jamais saberia responder. Passou todo o tempo revendo tudo que lhe acontecera naqueles dois últimos dias, principalmente o que aconteceu no dia anterior, quando Kamen atacou.
Após tanto tempo sentado num dos bancos, um zelador aproximou-se e perguntou:
- Garoto, você está esperando alguém ou se despedindo?
Era um senhor de idade, baixo, magro e careca, mas com uma enorme barba branca e olhos azuis. Sckar suspirou e disse:
- Não sei se posso dizer que esteja me despedindo... acho que estou mais é refletindo.
- Um garoto na sua idade usando tal palavra? Não sei o que me surpreende mais, o seu vocabulário ou sua atitude.
Dizia o senhor com um sorriso forçado e melancólico, como se quisesse contagiar o garotinho, que apenas olhava fixamente para a fornalha e nem olhava para o zelador.
- Você é o aquele garoto da Copa Pokémon que tá tendo, não?
- Talvez... mas não mais. Acabei de ser eliminado.
O zelador sentava-se ao lado do garoto, apoiando suas mãos na vassoura que estava usando para varrer o chão.
- Como era seu nome mesmo...? Scá... xantálah?
Sem ânimo para bater papo ou responder com maior educação, Sckar apenas respondia:
- Pode me chamar de "Sckar". Apenas "Sckar", já está bom.
- "Sckar", heim? Muito prazer, sou o zelador daqui. Me chamo Uro.
- Prazer Uro.
- Muito prazer, Sckar.
Então um silêncio tomou a sala de rituais fúnebres por alguns instantes, até que Uro voltou à puxar papo:
- Sckar... você não quer me dizer o porque está aqui sozinho?
Aquele senhor era direto, após um pouco de conversação e alguns instantes de silêncio, acabou perguntando algo que poderia ser muito pessoal. E de certo modo, era.
- Eu já disse, Sr. Uro. Estou apenas refletindo...
Agora se me dá licença... Preciso ir em outro lugar.
Incomodado com o atrevimento do estranho, o garoto tentou ser educado e evasivo, mesmo que sem muito sucesso. Então levantava-se e saia daquela sala. Lembrava que Kula havia sido enterrada na ala Unown R, então começou à caminhar para lá enquanto sussurrou para si mesmo, sem perceber que "pensava alto".
- Se você era minha inimiga... Por que escolheu morrer para me salvar? Ghrrr... *snif*...
Após rosnar, deixou uma lágrima cair e por fim, fungou com seu nariz entupido de tanto chorar. Após alguns minutos de caminhada, chegou ao túmulo de Kula, o qual encarou em silêncio por alguns minutos, apenas pensado:
Disse que era minha fã... acho que viramos amigos rapidamente... E veja só! Eu não só atrai a atenção de um psicopata para você, como não pude salvá-la. Que grande imprestável que eu sou. Também não consegui vencer Winnie Freda... ok, ela é demais. Mas eu acho que eu te devia uma vitória, para poder homenageá-la... Ou será que tô sendo egoísta? Afinal, você não teria nenhuma serventia para uma vitória minha, né? Afinal você morreu. Eu vencer e dedicar tal vitória à você, seria apenas uma desculpa egoísta para dizer à mim mesmo e aos outros que sua morte não teria me afetado em nada. Se quero fazer algo para VOCÊ... REALMENTE para VOCÊ!
...
Então DEVO capturar Kamen Rocket!
Ele nunca mais fará isso com mais ninguém!
Então abriu a boca, hesitou, não saiu nenhum som. Fechou-a novamente, fechou os punhos e seu corpo começou à tremer. Voltou à chorar mais uma vez, caiu de joelhos e desabou em lágrimas como um bebê faminto, mas socando o chão como alguém desesperado.
Sem Sckar saber, o zelador Uro, estava assistindo à cena de longe, e ouviu o garotinho gritar:
- *BUUUUUUUUUUUUUUUAAAAHHHHHHH* POR QUÊ? POR QUÊ EU SOU INÚTIL E NÃO CONSIGO SALVAR NINGUÉM? NEM MESMO QUEM CONTA COMIGO E ME ADMIRA? *BUUUUUUUUUUAAAAAAAAAAAHHHHH* POR QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ? *SNIF* EU NÃO QUERO VER MAIS NINGUÉM SOFRER... NÃO QUERO QUE MAIS NINGUÉM MORRAAAAAAAAAAAAA!!! *BUUUUUUUUUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHH!!!* EU TE ODEIO KAMEN ROCKEEEEEEET!!!!
O zelador suspirou, sentia que choraria, mas ele segurava, deu as costas para a cena tocante e caminhou até uma sala privada, a sala do zelador. Onde pegou uma pokébola alvirrubra e caminhou de volta até onde estava o garotinho chorando sob um túmulo.
Uro liberou o pokémon, era um pássaro alaranjado, com cabeça branca e que carregava um saco nas costas. A liberação do pokémon chamou a atenção do garoto que olhou para trás e tentando se controlar para parar de chorar e limpar o rosto de suas lágrimas e catarro com seus pulsos (com as mangas arriadas para cima), ele pegou a pokédex em seu bolso interno da jaqueta e apontou para o pássaro e ao mostrar a foto e um texto escrito embaixo desta, uma voz mecânica feminina, ditou o texto que estava abaixo da fotografia:
Delibird #225 escreveu:
Delibird leva seu alimento empacotado em sua cauda. Uma vez um famoso explorador conseguiu atingir o pico da montanha mais alta do mundo, graças a um destes Pokémon compartilhando sua comida.
Uro aparece de trás de um mausoléu, dizendo:
- Este é meu Delibird. Dizem que ele pode te trazer felicidade caso você mereça. Crianças boazinhas acreditam que ganham presentes trazidos pelo Delibird do Papai Noel. huhuhu...
Ele forçava uma pequena risada e logo voltava à falar:
- Sinto muito, Sckar. Mas eu ouvi o que disse na frente deste túmulo. Sinto muito mesmo...
O garoto ficava meio confuso por não saber o quanto Uro havia ouvido e meio envergonhado por ter sido "flagrado". Mas antes que pudesse responder qualquer coisa, o senhor volta à falar com o garotinho corado:
- Dizem que Dilibirds viajam o mundo trocando presentes. Esses presentes são colhidos de vários treinadores e depois ele volta à dar vários desses presentes de forma aleatória para aqueles que doaram presentes. É como uma "Corrente do Bem". Mas o mais importante não são os presente, mas sim a "boa sorte" que dizem que isso traz. Dizem que aqueles que doam bons presentes ao Delibird, recebem mais boa sorte ainda.
...
Hum... bem, quer tentar?
O garotinho finalmente levanta-se, parando de ficar de joelhos na terra do cemitério. Olha bem para o Delibird e diz:
- Obrigado senhor Uro. Eu não acredito em "superstições de boa sorte", mas...
Acredito em "Correntes do Bem". Eu não tenho feito nada de bom para ninguém. Tudo que tentei fazer de significativo... foi por água abaixo...
- "Significativo"? Nossa, tá aí uma palavra que não ouço todos os dias... e é a primeira vez que ouço na boca de alguém tão jovem.
Mas Sckar nem liga para o elogio ao seu vocabulário. Afinal tinha coisas mais importantes para se preocupar. Então apenas sorri enquanto pega sua mochila, abre-a e dali tira 3 itens. 1 Thunder Stone, 1 Aspear Berry e 1 Fight Gem. Então esticando as mãos para que o pássaro pegasse os três itens, diz:
- Duas pessoas morreram ontem, por minha causa... Esses itens tem sido meio inúteis para mim à muito tempo. E duvido que serão úteis dentre em breve... espero que possam ajudar pessoas boas e que precisem desses itens mais do que eu... Se isso ocorrer... me sentirei feliz e esta doação terá valido à pena, mesmo que eu não ganhe nada!
Pela primeira vez o garotinho sorria, ainda com os olhos vermelho e inchados de tanto chorar. Delibird pegava os itens e alçava voo e o garoto esticava a cabeça para o alto e via-o partir. Depois olhava para baixo novamente, dizendo:
- Muito obrigado, senhor U...
Mas o Senhor Uro não estava mais ali e nem ali por perto. Sckar deu de ombros e caminhou até a saída, mas antes parou na administração e foi falar com a recepcionista - que assim que o viu, teve um surto de "fã":
- UAAAAAAAAAAAAAHHHHHHH!!! Se não é aquele garotinho fofo com nome difícil da Copa Hoenn. Que demais vê-lo pessoalmente. Me dá um autógrafo?
Ela era jovem e muito bonita. Devia ter uns 20 anos e vestia uma camisa preta com um singelo decote que valorizava seu busto, seu cabelo cumprido e de cor esmeralda, combinava com a cor de seus olhos. Sua pele era escura como se estivesse bronzeada, mas era perceptível que aquela era sua tonalidade natural. Ele ficou um pouco tímido por ter sido reconhecido e irritado por ter sido chamado de "garotinho fofo com nome difícil..." Mas tentou não transparecer. Então apenas forçou um sorriso e pegou o papel e a caneta que a moça lhe oferecia para que ele autografasse e enquanto ele fazia isso, um homem apareceu e disse:
- Hey, Carla. Pare de amolar os clientes. Isso aqui não é uma loja de shopping. Se ele está aqui, ele deve estar sofrendo.
Carla pedia desculpas e o homem aproximava-se, perguntando:
- Posso te ajudar, garoto?
Sckar olhava para o homem que vestia roupa social e fumava um cigarro que ao menos para ele, parecia mais cumprido que o de costume. Mas não tinha certeza, afinal ele não fumava e não convivia com nenhum fumante. Então ao entregar o papel com o autógrafo para Carla, ele dirige sua pergunta ao homem:
- Bem, eu estive conversando com um homem que trabalha aqui... Eu estava muito depressivo, mas acho que ele conseguiu me reanimar. Então eu só gostaria de agradecê-lo. Só que eu acho que ele já voltou para o trabalho e eu não pude agradecê-lo. Então, por favor, só digam que Sckar o agradece e graças à ajuda dele, eu acho que reencontrei meu caminho nesse momento tão difícil.
- Ok, eu digo sim. Mas quem foi o funcionário que te reconfortou?
- Ah é, eu já ia me esquecendo de dizer o nome dele. É o zelador, o Sr. Uro.
- Acho que tem algo errado... não há nenhum funcionário com o o nome "Uro", aqui. Nem mesmo temos um zelador...
Sckar ficava branco, confuso e antes que dissesse qualquer coisa, Carla dizia:
- Você tava chorando deste o começo da luta, há algumas horas atrás... É normal as pessoas terem alucinações ou até mesmo adormecerem e sonharem enquanto estão sentadas se despedindo de seus entes queridos. Muitos nem percebem que sonharam.
Pronto, estava explicado. Com aquele estresse e cansaço todo, ele havia sonhado. E isso seria provado assim que olhasse sua mochila e visse seus itens ali. Mas ao abri-la, não pôde encontrar nenhum dos três itens. Então o que haveria acontecido?
- Olha, eu dei três itens para o Delibird daquele senhor. Ele era baixo, magro, careca e com uma enorme barba.
- Não conheço ninguém assim. Nem vi andando por aqui... E você Alan?
- Também não. Sinto informá-lo. Mas acho que foi roubado.
- Oh não... era só o que me faltava... melhor eu ir embora então.
- Não quer fazer o boletim de ocorrência? Posso chamar a Oficial Jenny aqui...
- Não precisa... não perdi nada que fosse fazer falta... espero que ao menos seja mais útil para ele do que para mim e que ele não use para fazer maldades à outras pessoas ou pokémons... Eu preciso descansar e seguir em frente, não posso perder tempo com algo tão trivial. Isso me servirá como experiência para não confiar em mais ninguém MESMO!
Muito obrigado, Carla... Alan. Adeus.
Acenava com a mão direita enquanto virava-se e ia embora, voltando para o Centro Pokémon. Mas mesmo acreditando que havia sido roubado, não sentia-se com o peso ou medo de ter sido vítima, mas sim com uma leveza impressionante em seu coração, pelas palavras que trocara com seu provável ladrão. Então o garoto voltava à sorrir... estava novamente na trilha em busca da felicidade.
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NÃO NARRO INFOS DE POKÉDEX, APENAS CORRIJO SE VC NARRAR ALGO ERRADO. E nem espero que meus narradores narrem as infos da pokédex.