Holi Park - Quantas cores existem?

Por mais que estivesse curtindo muito mesmo a festa, ainda restava a experiência do segredo que atraia tantos trainadores e coordenadores. Um Pokémon em especial se aproximava de mim. Não sabia se ele estava com medo ou receio, mas ele tinha uma aparência fofa. Se não fosse pelo cheiro eu até o pegaria no colo. Entendia agora a ligação do evento ao mundo pokémon e toda a propaganda investida.

- Ei amiguinho, tudo bem? - perguntei abaixando-me com um sorriso pregado no rosto - Adoraria que fizesse parte da minha equipe. Tenho alguns parceiros que irão te adorar. O que me diz?

Estendia a esfera aqua na direção dele e arremessava sem grandes esforços. Fiquei sabendo que as taxas de captura eram incrivelmente absurdas. Ainda de joelhos, ficava aguardando quando sentia algo dentro da minha bolsa se mexer. Eu já tinha escutado aquele barulho antes... Seria o ovo?

Sua cor e reverência me fazia refletir sobre os concursos que tinham aqui. Se fosse em Johto seria muito fácil de conseguir com um golpe ou dois na fase de batalhas, pois além de ser fofo e belo era preciso ser tático e forte, só que aqui as regras eram outras e deveras desafiadora. Contudo, talvez pudesse usá-lo como trunfo em algumas batalhas. De eu cosa eu tinha certeza. Ele agora fazia parte da família.

- Bem vindo Prince Gumball - sorri vendo-o ser levado pelo storage.

Só que apenas um, mais dois entravam para a família naquele dia. O ovo rachava e na medida que isso aconteia um brilho forte emanava dali, mas não me impediu de presenciar o milagre do nascimento. Ao cessar, um bebê bem pequenino nascia ali no espaço ao som da música ambiente. Sorri para o pequeno e acariciei sua testa dizendo meu nome.

- Oi pequeno, sou Matth.

Naquele clima de festa, nascia mais um Pokémon em minhas mãos. Não tinha como não me sentir incrível podendo ver algo do tipo. O pequeno era um roedor parecido com um que já tinha enfrentado antes, poderoso até, mas em sua versão miniatura.

- Ei amiguinho, acho que vou te chamar de Hamtaro - sorria maravilhado com o nascimento do mesmo, lembrando da vez que Tropius nasceu logo depois do treinamento de Tepig na torre brotinho em Johto. O momento se tornava tão especial quanto, mesmo eu não precisando de outro elétrico para o time, ou mesmo um fada. Curioso, o que a pokédex dizia ser um Dedenne, era o meu terceiro de ambos os tipos.

Colocava-o no cabelo desgrenhado e sem corte há umas semanas e dizia para ele se segurar. Ainda iríamos curtir um pouco da festa e talvez conhecer mais alguém. Lembrando de meu amigo, mandava uma mensagem para ele, esperando que desta vez fosse respondido:

SMS para Daisuke escreveu:

Onde você está?
Eu estou no show do Holi Park.
Ass, Matth.

Ainda estava dialogando com o pequeno Hamtaro quando fui respondido de forma inesperadamente rápida. Ele já não estava mais ali e queria me encontrar em Verdanturf no Contest Hall... Eu fiquei estático por um  momento. Havia revelado a vitória em Slateport, mas não de que forma. E o pior? Eu participaria de novo e havia grande chance de batalhar contra ele na terceira etapa. O que eu faria se isso ocorresse?

Com um sorriso desconfortável de lado, respondia a mensagem:

SMS para Daisuke escreveu:

Ok, te encontro lá.

E então logo era interceptado por uma menina que me fez perder o chão e ao voltar, bambolear os joelhos. Seus olhos eram tão incríveis que parecia um mundo de safira se mergulhado neles.Eu tive que balançar a cabeça e respondi um pouco corado:

- Ah obrigado. Este Dedenne é o Hamtaro. - o ratinho deu um aceno tímido para a menina e sorriu.

Por um momento eu acabei por ficar excitado com a garota na minha frente e tive que fugir dela, dizendo que estava procurando o banheiro. Que constrangedor! Enfim, eu me afastei olhando para cima com o elétrico nos cabelos que não entendia nada.

- Seguinte Hamtaro, meninas são complicadas. Quanto mais bonitas, mas difícil de lidar com elas.

Fingia que o pequeno entendia o que dizia e, já um pouco distante da guria linda de cabelos azuis, eu avisto outra desta vez de madeixas rosadas. O mais engraçado é que eu achava que conhecia ela. Estava um pouco afastada da festa, mas parecia feliz e acompanhada. Talvez fosse só um cara que ela conheceu no evento. Ainda não lembrava seu nome, mas ainda sim tinha minha atenção.

Caminhava até lá e como quem não queria nada diria:

- Mindy? - arrisquei o nome.

Se eu a conhecesse, saberia quando ela corrigisse o nome. Caso não, saberia como me virar depois disso.

Off: Anne irá invadir a rota para interação.

A conversa com Laerte prosseguia, o menino tentava me deixar o mais confortável possível mas, mal sabia ele, este era o ponto que mais me incomodava em qualquer relação; "seja espontâneo, não se importe comigo", pensei. Como me dera o direito de escolha e tentando intervir na ideia de fazer apenas o que eu quero, decidir entrar em sua "vibe" e curtir as músicas finais, o festival já estava quase que vazio e era o melhor momento para não se incomodar com poluição sonora. Fui a um lugar mais próximo da caixa de som e sentei na grama, de pernas cruzadas, balançando a cabeça no ritmo, fazendo com que meus finos fios rosados voassem para todas as direções. O momento fora curto e, quando finalmente pensei em falar algo para o menino, meu pensamento foi interrompido por outro homem; uma voz conhecida me perguntava se eu era Windy, por sorte esse me pegara em um bom dia, apenas virei a ele e disse meio sem-sal:
- Winnie - corrigi - Quem é você?

Tendo em vista que fui abordada pelas costas não havia ainda visto quem era o garoto, fora então que virei e, sem reconhecer a fisionomia, o encarei pelo corpo; sua postura, seu tamanho, porte físico não me eram estranhos, mas quem era este menino? Curiosa para descobri ergui meu meu queixo, mostrando bem o rosto contra a luz, para que assim me reconheça e tire-me da dúvida.

OFF: OIEEEEE

Minha chegada não fora tão bem recebida, mas ganhara a atenção da menina. Hamtaro ficava escondido nos tufos de cabelo como se estivesse camuflado. Eu estava achando aquilo tudo bem divertido até ouvir o nome dela e demorar um pouco para processar. Sim, eu lembrava. Winnie, ela dissera. A mesma garota tímida que batalhou contra Sylveon e Pachirisu em Slateport com seu Quagsire e um outro que eu havia visto apenas uma vez. Me diverti com aquilo. Ela iria me conhecer pela segunda vez.

Voltava a pensar no plano de conquista e ignorava por completo o outro garoto com ela. Se não foi apresentado ou impediu minha chegada, não era namorado.

- Acho que nos conhecemos, mas não lembro de onde. Mas tudo bem, posso resolver esse problema - disse num sorriso maroto - Sou Matthew, mas pode me chamar de Matt. Quer dançar comigo e a gente descobre?

Ainda virada de costas ao palco ouvi a resposta do garoto, que por sinal fora uma chegada bem simples; comumente usada. Encarei-o nos olhos e, depois de muito pensar, reparei que sua voz me era tão recente quanto o Contest de Slateport; oh, este era meu adversário? Mais uma vez passei os olhos pelo seu corpo, dos pés a cabeça e, bastante em dúvida de minha conclusão, preferi não falar, ele estava muito diferente para dizer com certeza, ao invés disso apenas lhe respondi, desta vez mais simpática:
- Oh, desculpe mas estávamos conversando, não vejo porque abandoná-lo para ir dançar - afirmei, falando sobre Laerte - se quiser sente conosco, não sou muito de danças mesmo.

Ao fim disso levantei para cumprimentar o rapaz, com um leve beijo no rosto e um abraço nada apertado e bastante desengonçado, feito isso olhei para o menino vestido de preto e o apresentei:
- Este é Laerte, também nos conhecemos a poco.