Holi Park

A viagem de metrô fora bem mais calma do que eu pensei que fosse ser. Já havia viajado por um desses trens antes, mas apenas quando eu era bem pequeno, e, segundo minhas expectativas, seria bem pior do que foi. Não muda o fato de ela ter sido ruim. Havia muita gente junta e qualquer odor maléfico ocasionaria numa intoxicação coletiva. Mas eu não tinha direito de reclamar, pois além de eu ter conseguido chegar são e salvo ao evento, ainda consegui economizar muito dinheiro com essa ida à Forina, e eu faria de tudo para que valesse a pena.

A saída da estação foi um tanto demorada, visto que muitos treinadores estavam indo para o Holi Park assim como eu, mesmo que ainda fosse de manhã e nem estivéssemos próximos do horário de almoço e começo da tarde. Não sabia o que esperar daquilo tudo. Só esperava poder atender às minhas expectativas, que felizmente não foram atendidas durante a viagem.

Atravessando a cidade de Forina, encaminhava-me em direção ao Holi Park, com a esperança de que eu não tivesse gastado dinheiro à toa como sempre fiz.

Surpreendidos pela animação que pairava sobre o evento, minhas pupilas encaminhavam-se para um lado e em seguida para o outro, como o fio de um arco sendo utilizado para tocar um violoncelo em uma melodia violenta, de ritmo acelerado. Eram tantas as possibilidades que minha mente tornara-se capaz de devanear que eu chegava a ter tonturas.

No palco, um gaiato de cabelos loiros que trajava vestimentas rebeldes cantarolava vagarosamente, seguindo sua música calmamente. As pessoas em grupo organizavam-se em pequenas rodas de puro fingimento onde pareciam ensaiar e se divertir com batalhas falsas.

Resolvi, então, não me atentar muito aos detalhes e prosseguir, juntando-me às pessoas que por ali permaneciam. Não apenas buscava descobrir mais informações sobre o evento enquanto escutava conversas alheias, mas como também pretendia simplesmente aproveitar a melopeia da voz jovem.

Após o surgimento dos campos esverdeados pelo devido setor no local do evento, inúmeros treinadores pareciam se dirigir para eles, pretendendo capturar alguns bons Pokémon assim como eu.  Seguindo a leva de pessoas, rapidamente cheguei à meu destino e pude perceber que nem todos haviam vindo para cá. Talvez estivessem apenas aproveitando toda aquela novidade em Forina.

O meu primeiro encontro com um Pokémon não tardou em ocorrer. Era uma criatura estranha e azul, com cabeça de pião e corpo de balança. Não vi muito interesse naquele pequeno monstrinho, e logo desviei minha atenção dele, logo caçando, com olhares frenéticos, outros selvagens.

Tendo sido orientado para sair de lá e voltar para o palco porque já havia tido um encontro com uma das criaturas, rapidamente o fiz e por lá aguardei a liberação dos próximos Pokémon que poderiam ser capturados. Enquanto esperava, remexia no interior da minha mochila ao som de uma melodia aparentemente desanimada, que chegava a perturbar meus pensamentos por não coincidir com meu gosto musical.

Logo minha mão deparou com o saquinho de tinta em pó que havia recebido durante a minha entrada ao evento. Ergui-o sobre minha cabeça, e acidentalmente desequilibrei o saco. Se a tinta havia caído ou não em mim, eu já não sabia, porque permaneci com os olhos fechados com medo de que ela pudesse invadir minhas pálpebras e irritar a minha visão.

Quando reabri meus olhos, a única coisa que pude ver fora meu corpo fantasiado de arco-íris. Na verdade, eu nem ao menos sabia para que servisse o saquinho de tinta em pó, então derruba-lo sobre minha cabeça não tinha sido tão ruim, já que havia conseguido me livrar de uma das várias coisas que estavam socadas dentro da minha mochila.

Após o encerramento do tormento que era ouvir aquela música, fui novamente encaminhado para o campo que continha os Pokémon selvagem. O resultado da busca por criaturas terminou com o encontro de um pequeno broto azul e preto que me mandava um sorriso desengonçado. Ele era realmente um Pokémon bonito, mas não era semelhante com o que eu desejava. Sendo assim, deixei-o de lado e saí do campo mais uma vez, concluindo meu segundo encontro com uma pequena decepção.