Rolê na cidade

Asaph seguiu direto para a recepção, a jovem e bela funcionária ao vê-lo, o atendeu com muita educação, mostrando-se uma ótima funcionária. Ela pegou o cartão e digitou algumas coisas em seu computador de mesa, em seguida ligou para alguém que Asaph julgou ser o homem que lhe convidou para o teste. Após a autorização recebida, ela pediu ao treinador o registro de sua identificação em sua Pokédex, só depois de digitar os dados do treinador ela o liberou junto com um crachá de visitante.

- Por favor, pegue aquele elevador a esquerda. Estão lhe esperando no quinto andar, o local dos testes!

Para ter acesso ao elevador o treinador primeiro precisou passar o crachá em uma roleta vigiada por dois seguranças. Já no elevador percebeu que o mesmo só tinha acesso a três andares, o quarto, quinto e sexto. O seu destino era o quinto, conforme informado pela recepcionista. Assim que o elevador chegou no andar correspondente Asaph notou que ele saiu em uma espécie de sala de espera. Ali tinha diversas poltronas, algumas plantas de decoração e um grande televisor passando as notícias do dia de uma transmissora local. Asaph contou mais quatro pessoas na sala, todas pareciam que iriam fazer o teste. Duas eram mulheres, uma jovem de aproximadamente 16 anos, loira e bela, apesar de ter um ar esnobe, a outra era ruiva já na casa dos 20 anos, uma mulher de ar experiente e muito bonita, apesar de não ser amante de maquiagens. Sentados próximos estavam dois homens, cada um em uma poltrona. Um deles era negro e atlético, tinha com ele uma bola de basketball, 20 anos no máximo e foi o único que cumprimentou Asaph com um gesto de cabeça. O outro homem estava bem interessado nas notícias da televisão, ele era grande e forte, mas longe de ser definido. Se Asaph fosse chutar a idade do homem branco, diria 30 anos.

Os quatro indivíduos olharam para Asaph quando esse fez a sua pergunta. A jovem esnobe olhou com ar de superioridade para o jovem cientista e em seguida voltou a mexer no seu celular. O homem forte apenas balançou a cabeça confirmando junto de um aceno breve, logo voltou sua atenção para a televisão.

A ruiva e o jovem com a bola de basketball foram os únicos a falar, a mulher disse um sim suave enquanto o jovem fez questão de se levantar para apertar a mão do recém-chegado. – Isso, estamos todos aqui para participar dos testes. Um funcionário pediu que aguardássemos, eles estão fazendo alguns ajustes ou sei lá...

Nesse momento entrou uma mulher por uma porta lateral trazendo um “carrinho” com salgadinhos fritos, bolinhos salgados, doces, café, água e refrigerante. – O sr. Dante pediu que aguardassem mais 10 minutos, logo tudo estará pronto. Por favor sirvam-se. – a mulher deixou o carrinho com comes e bebes em um canto da sala e se afastou.

O jovem jogador de Basketball continuou. – Eu sou Mike Jordan, estou formando uma equipe de Pokémon para participar de streetball, mas também curto fazer uma batalha uma vez ou outra. E você, qual a sua especialidade? - Mike não pareceu interessado em comer, mas se Asaph seguisse para o carrinho de comida, ele o seguiria.

Mike seguiu Asaph até o carrinho de comida e vendo o treinador se alimentar, petiscou alguns doces. – Isso depende, no Streetball existe competição com 2, 3 ou 4 Pokémon em quadra. Eu costumo participar apenas das partidas em trio e viajo por ai para ganhar os prêmios que as cidades organizam. Meu sonho é formar um time de 5 símios para partidas oficiais de quadra, eu já tenho três, um Aipom armador, um Pansage cestinha e um Monferno, meu Ás e pivô. Além deles tenho uma Meditite reserva, ela é bem versátil, quando alguns deles cansa, ela assume qualquer posição. Pokémon com “mãos” são os melhores para jogar Baskettball, não é muito diferente de nós humanos... – Mike parecia amar o seu esporte, não parando de falar sobre ele, quando ia entrar em assuntos de táticas e etc, o homem corpulento se aproximou, levando quase a metade da comida embora. Ele mastigava rápido e parecia faminto. A garota esnobe olhou a cena com nojo e voltou a mexer em seu celular. Já a ruiva riu e roubou um refrigerante, voltando a sentar.

Não demorou muito tempo e Dante apareceu convidando os treinadores a segui-lo. Passaram por uma porta principal, grande e que se abria sozinha devido a um sensor de movimento. Entraram em um corredor e passaram por uma nova porta chegando em uma sala redonda com 7 portas, incluindo a que eles tinham acabado de passar. Ali tinha um homem na casa dos 40 anos com uma barba já começando a ficar grisalha.

- Boa tarde senhores! Sou o cientista responsável por esse projeto. Meu nome é Takano Miamoto! Como devem saber, a corporação Armstrong atua no setor de automação e robótica. Trabalhamos dando suporte a diversos tipos de fábricas, mas os nossos chefes na direção da empresa decidiram que era hora de entrar em um novo mercado, os treinadores Pokémon. O teste que proporcionaremos a vocês é uma simulação de batalha contra os nossos robôs, dando aos seus Pokémon um nível absurdo de experiência. Proporcionaremos a vocês um ambiente e oponentes favoráveis aos seus Pokémon, e o intuito do teste é fazê-los lutar desse modo para ver até que ponto o Pokémon de vocês são capazes de aguentar. Mas antes de entrarmos em mais detalhes, vocês precisam assinar um contrato de sigilo, comprometendo-se a não revelarem nada do que testemunharem de nosso teste e instalação.

Dante adiantou-se e entregou para cada treinador um contrato de cinco páginas, basicamente o conteúdo do contrato dizia o que Takano já tinha explicado, não existia armadilha ali. Os treinadores tinham que colocar seus nomes e RG, além de suas assinaturas. Asaph assinaria o contrato?

Após a manifestação de Asaph, que pode ser assumido por alguns como um ato vergonhoso e por outros como uma atitude proativa, Dante entregou os contratos. Todos assinaram e apenas o homem de corpo largo fez questão de ler todo o documento. O homem levou quase 10 minutos para ler as cinco páginas, era o tipo de pessoa que lia detalhadamente um documento antes de assinar. Dante recolheu os contratos em seguida e Takano continuou.

- Tentarei explicar como funciona o teste. – Quando ele disse isso, um slide apareceu atrás dele na parede branca, sendo passado de quando em quando conforme o assunto que ele abordava. – Primeiro cada um de vocês irão escolher um Pokémon, peço apenas que não usem o mesmo tipo, afinal queremos também testar a variedade dos tipos. Em seguida irão escolher o seu oponente e uma condição de campo. Por exemplo, um tipo pedra poderá lutar em uma sala preparada com Sandstorm e atribuiremos aos nossos robôs as características do tipo voador ou Fogo, vai da escolha do treinador. Vocês poderão escolher a espécie dos Pokémon que vão enfrentar, sua Ability e o seu nível de experiência. A cada desafio conquistado, você treinador terá duas escolhas, aumentar o nível de experiência do oponente ou adicionarmos mais um oponente em campo. O seu Pokémon irá lutar sem direito a recuperar sua energia, batalhando seguidamente enquanto conquista desafio a desafio. O nosso programa está funcionando “redondo”, o que queremos testar aqui, nessa fase beta, é a dificuldade dos desafios, sabermos a opinião de vocês treinadores após terem testado o nosso programa e estipularmos um valor justo em dinheiro para o ganho de experiência do Pokémon em treinamento. Como já foi dito antes, vocês estão recebendo esse treinamento de graça, mas apenas um Pokémon poderá ser usado. Se não tiverem nenhuma dúvida, liberem o Pokémon que vai participar do teste, por favor.

Ninguém pareceu ter dúvidas quanto ao teste, e assim como Asaph, todos liberaram os seus Pokémon. A menina esnobe liberou um Golduck, a mulher ruiva liberou um Espeon, enquanto o homem corpulento trouxe um Lairon para a sala. Já Mike trouxe o seu cestinha para o teste, um Pansage. Somado a um Charmeleon de Asaph, não ocorreu nenhum conflito de tipo.

- Ótimo, não temos tipos repetidos, perfeito. Já podemos prosseguir! – Disse Katano já chamando por seus assistentes. Cada um dos cientistas que entraram na sala levou um treinador por uma porta diferente. Mike - o novo “amigo” de Asaph - ainda gesticulou um até logo para o treinador do Charmeleon.

Passando pela porta Asaph entrou em uma nova sala, ali existiam dois funcionários mexendo em dois computares lado a lado. A parte da frente da sala era totalmente de vidro, sendo possível ver uma quadra para partidas Pokémon do outro lado. A sala devia ter a metade da quadra que possuía as dimensões oficiais da liga de Hoenn, e essa estava alinhada com o centro da quadra, assim todos ali dentro eram capazes de ver totalmente a batalha “lá fora”. - Você vai comandar o seu Chermeleon daqui. – Disse Dante que tinha escolhido acompanhar o teste de Asaph. - Tome! - Dante entregou uma espécie de Headset para o treinador, no qual ele poderia falar pelo microfone e Charmeleon o ouviria sem problemas do outro lado.

- Nosso campo de teste foi preparado para encarar qualquer técnica. Seja um Earthquake ou Dig. Então não tenha pena de usar qualquer golpe. Por favor, vamos criar as condições de seu teste. – O cientista que tinha encaminhado Asaph para aquela sala o levou até uma tela touchscreen de 32 polegadas. - Faça a sua escolha, e saiba que a IA que vai controlar os nossos robôs, irá criar o melhor moveset que ela puder, baseada apenas nos moves que o Pokémon escolhido como oponente pode aprender naturalmente.

Agora restava Asaph preparar o próprio desafio. Na tela, a primeira opção era a condição do campo, ali o treinador poderia escolher em qual campo lutaria. Clicando na opção, uma segunda janela era aberta com todas as opções possíveis. A segunda opção da ficha principal era a espécie de Pokémon que ele desejava enfrentar. A terceira, sua Ability, a quarta, seu nível de experiência e a quinta e última, uma opção de item que o oponente poderia estar segurando ou não. Após isso, bastava dar Enter.