Rustboro City - Como imitar um Ditto?

Não passei o dia muito bem. A princípio eu achei que estava tendo ainda sinais de hipotermia pelo congelamento que Vanillite me deu. Mas na verdade, eu estava triste por ter deixado Vanillite ir e escolher seu caminho. Apesar do ice não gostar muito de mim, eu estava começando a gostar dele. Não entendia o ódio dele por mim, mas entendia que ele queria muito mais do que eu poderia oferecer. Na falha, a melhor escolha parecia ter deixado ele ir.

Togekiss e Misdreavus ficaram na borda da minha cama no Pokémon Center o dia todo. Misdreavus sempre olhava para a janela, como se visse algo, ou ficasse perdido. A Pokémon era bem ligada com o ice. Togekiss, por sua vez, estava preocupado comigo. A Pokémon não gostava de me ver assim. O Pokémon puxava a coberta insistentemente, mesmo estando em calor. Hoenn não era conhecida por ser fria...

Mesmo assim, após um dia bem deprê, eu levantava no dia seguinte bem cedo. No café da manhã, a enfermeira Joy já revelava algumas olheiras de noites de sono mal dormida. Togekiss descansava dentro de sua esfera. Misdreavus seguia voando onde quer que eu vá. Ao término da refeição matinal, deixava o Pokémon Center para poder passear pela cidade e talvez, quem sabe encontrar um novo Pokémon. Mas dentro de mim, a esperança de reencontrar Vanillite e ter a certeza de que ele estava feliz era muito mais predominante...

- Ele está bem, Miss. – a Pokémons trava uma preocupação notável, que eu não demonstrava, mas sentia. Parecia que se eu repetisse que Vanillite estava bem, aquilo poderia se tornar verdade, pelo menos dentro de mim.

Como um relacionamento mal terminado, Ayzen liberava Vanillite ao mundo, porém não parava de pensar no pequeno; será que ele aguentaria?
Será mesmo este o desejo dele? Talvez o rapaz acabe se sentindo horrível caso algo ruim acontecesse com o pokemon; talvez libertar-lhe não fora a melhor opção. Saiu do centro pokemon e andou para onde quer que fosse; era manhã, não parecia ligar para onde iria, mas inconscientemente andara em direção de onde veio, na tentativa de encontrar o pequenino. Falhou, ao menos por enquanto, nada gelado parecia vir de lá, até porque, havia chegado aqui voando e, caso o sorvete estivesse o procurando, não acharia facilmente seus rastros.

Continuara andando meio sem rumo, refletindo sobre a vida; Togekiss tomava frente do caminho, subindo e descendo, aproveitando o vento para planar sem necessidade do esforço que é bater asas. Misdreavus não o acompanhava, mas também se cansara da negatividade de seu treinador, os dois pokemons então se juntaram, apressando o passo, e cochicharam algo; algo este que tinha haver com contatar Vanilitte ou, ao menos, encontrá-la. Se a pokemon tinha de fato raiva de Ayzen, seria mais fácil para os dois encontrá-la do que o rapaz.

OFF: Tem como você me passar a rota que você fez isso? Fiquei meio perdida no que narrar, e não achei ela... Inclusive, sou sua nova treinadora, espero que seja uma rota divertida!

O caminho de Rutsboro era meio solitário. Nunca pensei que um Pokémon problemático como Vanillite poderia me fazer tanta falta. Ainda me sentia emocionalmente ligado ao Pokémon. Agora parecia que eu estava enfrentando o período da reflexão sobre o porquê eu fiz o que fiz. Tinha que tomar cuidado com decisões precipitadas.

“O que foi feito, está feito!”, repetia mentalmente pata mim, na tentativa de enganar meu subconsciente e deixar o Pokémon ir. Nada bom viria de relações como aquela. Foi quando percebia Togekiss e Misdreavus cochichando algo. Eles possivelmente, em especial Miss, não concordavam com o que tinha acabado de fazer. Não os julgavam. Talvez nem eu mesmo concordava mais.

- Posso saber o porquê de tamanho estranhamento? – Rompia o silêncio no meio da calçada de Rutsboro e pedia que aquilo fosse melhor posicionado.

Off: Sem problemas, eu estou com pouco tempo, então narrarei de períodos em períodos. Não se esqueça de mim rs

  Ao serem interrogados, os Pokémons começavam. Togekiss começava a mexer as asas e a articular sua argumentação em idioma Pokémon, o que para mim não era impossível de interpretar, uma vez que o longo tempo estado com o Pokémon, sendo o meu segundo na equipe, permitia-me entender como ele se expressava. Misdreavus, um pouco mais nova, acenava com a cabeça e se posicionava como quem concordasse com cada palavra do companheiro.

- Eu entendo.,.

Não tinha muito a que se dizer, até um barulho, algo como um suspiro, chamasse a minha atenção. Do beco, uma umidade relativa parecia indicar uma chuva (?) em pouco tempo, mas nada que me chamasse atenção. Perto, apenas um senhor com um jornal perto de um banco de madeira, o que não era nada suspeito e poderia significar ser o usuário do barulho que ouvimos.

- Mas não podemos fazer muitas coisas... Eu gostava dele, no tempo em que não queria me ferir, mas acho que ele sempre quis ir para o mundo conhecer mais pessoas, pessoas que dão mais certo com ele do que comigo...

  Ao ser ignorado, senti a minha cara inchar e um bico se projetar quase igual ao da minha irmã, mas ao perceber o quão infantil eu estava sendo eu acabei equilibrando meus sentimentos. Mas aquela situação não estava bem clara. Ser ignorado pelos meus Pokémons não era algo que qualquer treinador aceitaria e só me fazia lembrar de Vanillite e o tanto que ele me ignorava naquele momento.

Mas o que me chamou a atenção foram duas coisas: 1º) o fato de Togekiss e Missdreavus estarem procurando algo; 2º) eu ter ouvido um suspiro e o rastro de gelo, que na verdade vinha da bolsa do senhor no banco. Aquilo foi estranho, pois até onde eu sei, bolsas não suspiram. Eu até ousei dá alguns passos até a bolsa dele, mas ai eu percebi o quão deselegante seria eu pedi para revistar a bolsa de um senhor sem motivo e olha que eu nem estava de uniforme ranger e mesmo que tivesse, não seria adequado.

- Pessoal, vamos. – chamava os dois Pokémons, ainda com os olhos fixos na bolsa do senhor, deixada de lado. Parecia que eu estava sendo hipnotizado e o foco do hipnotismo era aquele artefato ali no chão.

Depois da investigação ser concluída por falta de lógica, deixava o senhor e sua estranha bolsa em paz, enquanto me afastava em direção da praça da cidade. Aquilo não era da minha conta, e afinal de contas, eu estava de férias em Hoenn, então missão ranger, perseguição e essas coisas deveriam serem afastadas de mim. Togekiss e Misdreavus me seguiam de perto e assim eu assumia a frente, enquanto os meus Pokémons ainda estavam bem estranhos para serem considerados normais.

Eu caminhava pensando no que eu iria fazer agora. Teoricamente, eu tinha um espaço vago na equipe e isso poderia significar que eu tinha a oportunidade de capturar um Pokémon. Mas dificilmente eu estava disposto a capturar qualquer Pokémon que aparecesse em minha frente. Parecia que eu tinha imã para Pokémons mais exóticos, e eu quem diga, afinal, toda a minha equipe era composta de Pokémons bem singulares.

- Togekiss, você poderia voar um pouco mais alto para saber se teria algum Pokémon que seria útil ao time, não? – eu tentava ser frio naquele momento, mas pensar que um Pokémon poderia substituir Vanilltie era uma piada, mas eu tinha que aceitar que o ice se foi e o quê melhor do que esquecer os velhos Pokémons capturando novos? Tudo bem que era um pensamento frio, mas na verdade eu estava tentando superar aquilo tudo...