II - Out of my way!

Entre a floresta e o mar

Rin sentia que acabaria em encrenca se continuasse ali por  muito tempo e ordenou seus últimos dois movimentos para Surya. A Houndour mais uma vez atendeu prontamente, sendo a primeira a realizar um golpe na rodada com um certeiro, mas não muito efetivo, Ember! O Zigzagoon que estava muito motivado em enfrentar Machop, mal sentiu os efeitos das brasas e cabeceou de forma crítica o Pokémon lutador, enquanto andava em seu característico e confuso zigue-zaguear,,, Tyson desta vez não recuou e desceu a sua mão direita aberta como um cutelo na cabeça de Ziggy, fazendo-o tombar desorientado. Era a oportunidade perfeita para Surya lançar sua segunda onda de brasas, mas algo aconteceu para frustrar seus planos.

A sirene finalmente parou e um apito foi ouvido, juntamente de latidos estranhos. A população que formava uma rodinha ao redor da batalha começou a se dispersar com rapidez, tomando o rumo de suas casas ou simplesmente qualquer outro para evitar a polícia! Passando como raios entre as pessoas, três figuras se aproximaram da batalha e interceptaram cada um dos três Pokémon, parando bem na frente de Tyson, Ziggy e Surya, rosnando com um som carregado de estática e impedindo qualquer golpe novo por parte deles. Eram três Electrike e todos portavam uma curiosa boina policial. Logo atrás deles, três policiais aproximavam-se com certa truculência, ordenando que os curiosos se dispersassem, soando aquele incômodo apito.

— Parado aí seu bando de badernistas! Podem recolher seus Pokémon e ficar bem estáticos... A autoridade chegou... —  Disse o policial mais alto e bem musculoso. Ele portava um óculos escuro e usava a camisa do uniforme aberta em alguns botões superiores para deixar a mostra um peitoral definido e cabeludo. — Ora, o que temos aqui... Dois coroas e uma menininha... Vou levar todos vocês para dar explicações na Delegacia do Porto... E 02! liga pro Baby e pede aquele Hariyama pra limpar a pista antes que o chato do Norman apareça... — Comentou o policial, batendo sempre com seu cassetete na mão direita e andando por ali, observando os três envolvidos na batalha. O mais magro, que deveria ser o tal "02", concordou com um movimento de cabeça e afastou-se enquanto falava no rádio de comunicação. Parece que o combate triplo terminaria em empate por muito pouco. Os dois homens donos de Tyson e Ziggy atenderam prontamente as ordens do policial e recolheram seus Pokémon para a Pokébola, aceitando que aquilo acabou. O que Rin faria? ◄



Campo: Rua Asfaltada. Nas proximidades há um carro destruído por um grande tronco de madeira que atravessou o vidro frontal. Ao redor do campo de batalha há uma "parede" de curiosos assistindo o combate.

Clima: Céu Nublado, com fortes ventos que vem da Floresta de Petalburg.

Entre a floresta e o mar

A situação estava extremamente desfavorável para Rin. Sabendo disso, a treinadora não recuou diante das ordens dos policiais, mas também não entrou em um combate, pois sabia que não conseguiria lidar com três adversários ao mesmo tempo. A menina resolveu arriscar dar uma ordem para a Houndour usar seu mais novo golpe aprendido, o Smog, na direção das autoridades, formando rapidamente uma cortina de névoa espessa, marrom-esverdeada e razoavelmente tóxica que lhe permitisse escapar juntamente de Surya para longe dali.

Apesar de uma ideia inteligente, a tarefa parecia difícil de ser perfeitamente executada graças aos fortes ventos que sopravam da Floresta próxima e carregavam rapidamente a névoa para longe. Rin precisou correr muito para não perder o disfarce e teve de seguir na direção que a névoa a levava, então não havia escapado para o Norte e sim para o Sul. Agora ela só precisava torcer muito para que os policias não houvessem prestado atenção nas feições dela ou de Surya... Caso contrário, mesmo que escapasse em segurança, não ficaria de todo livre enquanto não saísse de Petalburg.

— Hooun... Houn! —  Dizia Surya enquanto corria ao lado de sua treinadora. A pequena Houndour não entendia muito bem a encrenca de sua companheira humana, mas ficava feliz em ter ajudado e principalmente por poder correr ao seu lado, afinal aquilo parecia uma grande brincadeira de "pega-pega". A menina e sua Pokémon atravessaram duas ruas e um beco, alcançando uma ruela um pouco menos principal e sem uma viva alma presente, que era recheada de restaurantes interessantes.

Ao olhar para o alto era possível ver a névoa no ar, mais ao longe e aos poucos se dissipando bem alto no céu. Talvez os policiais seguissem essa névoa para tentar encontrá-la e seria uma boa oportunidade esperar a "poeira baixar" em algum local fechado, parada. Como a menina não tinha um mapa, ficava difícil saber onde cada coisa estava na cidade, e talvez fosse necessário perguntar para alguém o caminho a seguir. O que Rin faria? ◄

Entre a floresta e o mar

Rin continuou pela ruela e, apesar de pensar no assunto, acabou não tomando uma iniciativa de entrar em algum prédio ou estabelecimento. Depois de alguns passos apressados pelo caminho que não parecia ter fim, a menina começou a ouvir novamente o barulho da sirene.  Parecia que alguma viatura passava apressada em uma rua paralela, mas não significava que necessariamente estaria atrás dela. A treinadora, distraída pelo som, não notou que se aproximava de um aglomerado de pessoas, em sua maioria jovens, alguns até mesmo parecendo ter acabado de sair em uma jornada, assim como a garota. Eles estavam cercando um rapaz bastante estiloso, de jaqueta preta de couro, cabelos escuros e compridos, até mais ou menos a altura do ombro, calça jeans com alguns rasgos "de fábrica" e tênis de marca. Ele era acompanhado por um Pokémon bem diferente, que parecia um carrilhão, daqueles de se pendurar na porta, que faz sons característicos ao primeiro sinal de vento.

O rapaz e seu Pokémon pareciam estar fazendo algum tipo de apresentação de rua, pois ele fazia alguns movimentos com as mãos, embaralhando cartas de baralho. Vez ou outra pedia para uma pessoa do público escolher uma carta e, por algum motivo, todos batiam palmas toda a vez que ele embaralhava o objeto escolhido e depois selecionava uma outra no baralho, mostrando para sua plateia. Rin não havia notado, mas estava já há um tempo observando aquele garoto e precisava voltar a realidade. Quem a trouxe de volta foi Surya, que deu uma leve mordiscada em sua roupa e puxou para chamar a atenção. Aparentemente, de acordo com o latido da Houndour, ela estava interessada em ver mais de perto a apresentação daquela figura performática. Talvez fosse útil para Rin se misturar ao público um pouco, quem sabe assistir a apresentação e até participar. Mas se fosse do agrado da menina, outra opção seria partir para um lugar mais afastado e até mesmo mais particular do que o meio da rua. O que Rin faria? ◄

Entre a floresta e o mar

O rapaz ilusionista era realmente bom no que fazia, impressionando até mesmo Rin. Sua Houndour pedia por mais proximidade do show e a treinadora até pensava em realmente fazer esta aproximação, mas assim que deu o primeiro passo para fazer parte da "rodinha" de espectadores, uma imagem lhe chamou a atenção. O Pokémon do garoto, depois de sobrevoar o público pedindo aplausos, passou a contornar as pessoas e voar próximo do chão, bem silenciosamente.

Com muito cuidado a criatura em forma de carrilhão fez com que seus olhos brilhassem em uma aura azulada, ao mesmo tempo que a carteira de um dos membros da plateia também era envolta pela mesma aura, flutuando diretamente do bolso da vítima para o ar, até ser agarrada pela longa cauda do Pokémon aparentemente psíquico.

Ninguém mais além de Rin, nem mesmo Surya, parecia ter notado o que aconteceu ali, pois instantes depois todos voltavam a aplaudir mais um truque do garoto como se nada tivesse acontecido. Parece que todo o show de rua não passa de uma distração para assaltar os curiosos e facilmente impressionáveis moradores de Petalburg. Sendo assim, o que Rin faria a respeito? ◄

Entre a floresta e o mar

A treinadora, ao ver a verdadeira natureza daquela apresentação, sentiu-se extremamente traída, uma vez que também era  espectadora do show e poderia ter sido roubada pelo Pokémon do garoto. Mentalmente ela xingou horrores o mágico e verbalmente não se conteve em entregá-lo ao resto do público apontando o dedo em sua direção. A plateia assustada, virou-se quase imediatamente para ela enquanto processavam a informação e questionavam-se entre si sobre a veracidade da acusação — Que?...  Minha carteira?... Ai meu Arceus!

O rapaz encarou Rin com um estranho sorriso no rosto, enquanto o Pokémon dele voava lentamente até as costas do mágico para se esconder, aparentemente assustado com as consequências das acusações da menina. Quando o primeiro espectador finalmente foi verificar a carteira e não a encontrou, deu um grito de espanto que atraiu a atenção de todos. Neste instante o ilusionista aproveitou para literalmente desaparecer da visão do público, seu último grande truque. Um caos então se formou no meio da multidão, com todos querendo falar ao mesmo tempo. Alguns jovens treinadores partiram apressados pela cidade em busca de vingança, outros mais velhos e alguns sem Pokémon, ficaram estáticos, discutindo o que fariam para reaver seus bens.

A treinadora e sua Houndour por sorte não haviam sido roubadas, mas agora pareciam estar novamente no olho de um furacão. Um dos homens, mais calmo, porém visivelmente transtornado, aproximou-se da menina e colocou a mão sobre seu ombro, falando devagar — Senhorita, quero lhe agradecer por nos avisar do esquema do rapaz, mas preciso lhe pedir mais um favor... Na minha carteira estava uma foto, minha e de minha filha que faleceu há um tempo... Eu... Eu... Essa é a melhor foto que eu tenho de nossos momentos felizes... Ela adorava mágica... e... Eu fui um idiota — Lamentou-se o homem por ter parado ali para ver o ilusionista, colocando a mão sobre os olhos, emocionado — Você é uma treinadora, certo? Por favor, se você encontrar aquele rapaz pela cidade novamente, se houver a possibilidade de enfrentá-lo, poderia me trazer de volta aquela foto? Meu nome é Samson e eu trabalho aqui no porto. Você poderia me encontrar lá caso encontrasse e posso lhe recompensar por isso, não tenho muito, mas... Te darei o que eu tiver — Completou o homem, suspirando.

O que Rin faria a respeito? ◄