off :
Alô alô, senhor narrador!
Como provavelmente tenha visto, essa vai ser uma rota em dupla comigo e o senhor @Luchiano. Espero que possamos nos dar bem e que essa seja uma rota pelo menos interessante para todos nós, seja lá quem assuma nossas pequenas peripécias juntos <3
Estou voltando a escrever recentemente e retornando (agora, de verdade, há!) ao fórum depois de uma longa, loooonga ausência, então, peço paciência de vocês dois! )o)
Já passei no Centro, e todos os pokémons estão full life. A mudança visual narrada na primeira parte do post já foi modificada na ficha, então está do jeitinho ali descrito/demonstrado! ^^
Então, sem mais delongas, lá vamos nós!
... ... ...E lá vamos nós!
Como provavelmente tenha visto, essa vai ser uma rota em dupla comigo e o senhor @Luchiano. Espero que possamos nos dar bem e que essa seja uma rota pelo menos interessante para todos nós, seja lá quem assuma nossas pequenas peripécias juntos <3
Estou voltando a escrever recentemente e retornando (agora, de verdade, há!) ao fórum depois de uma longa, loooonga ausência, então, peço paciência de vocês dois! )o)
Já passei no Centro, e todos os pokémons estão full life. A mudança visual narrada na primeira parte do post já foi modificada na ficha, então está do jeitinho ali descrito/demonstrado! ^^
Então, sem mais delongas, lá vamos nós!
... ... ...E lá vamos nós!
Embora não soubesse ao certo desde quando, descobriu-se incapaz de encarar o espelho.
Sua própria imagem, de alguma maneira, havia se transformado em uma presença estranha: Ao observar seu reflexo, não conseguia se reconhecer.
Talvez, a ausência da necessidade de parar para olhar um espelho fosse a responsável para que o fato até então passasse despercebido mas, desde a Wallace Cup, onde se vira obrigada a encarar a imagem de um mundo invertido tantas e tantas vezes, fosse para verificar as vestes ou algum detalhe visual para a apresentação, observar a si mesma era encarar um passado distante que, àquela altura, não mais era compatível com seu próprio ser. Inconscientemente, as visões em Meteor Falls e sua consequente abertura para o retorno das lembranças que a assombravam desde o Limbo, agora tomavam forma e rastejavam não só pelas profundezas de uma alma fragmentada, como imbuíam e corrompiam sua essência.
Quando a noite caiu mais uma vez após o fim do evento e a cidade mergulhou no profundo silêncio, os martírios encontraram liberdade para ecoar, em segredo, enclausurados em sua mente. Atormentada pelo barulho interior, que não sossegou até que encarasse o espelho outra vez, delimitando com amargura o reflexo com a sombra dos próprios pecados - ou, quem sabe, apenas tormentos que, lá no fundo, não eram realmente sua culpa -, quis apagar o passado.
O desejo silencioso encontrou caminhos com as lâminas afiadas de uma tesoura na penteadeira. Talvez não tão trágico quanto poderia ser, a mão agarrou em uma parte das próprias madeixas, repuxando-a com violência: Num sonoro "snap!", metade da altura dos fios ruivos foi podada de uma vez só, ato que se repetiu uma, duas, três - e tantas mais vezes quanto possível, estragando definitivamente o comprimento que tanto custou em atingir. Não parou quando a raiz dos cabelos ficou dolorida por conta dos puxões, quando os dedos arderam pela força desnecessária a qual apertava o instrumento de corte, mas foi obrigada quando as lágrimas acumuladas borraram a visão e escorreram pelo rosto abatido, forçando-a a estacar a tarefa a poucos milímetros das lâminas se unirem outra vez.
Os dedos soltaram a tesoura, assim como os próprios cabelos. As mãos ocultaram o rosto, e um único soluço foi o segundo responsável por romper a calmaria repentina. Ouviu o estalido metálico quando o objeto se chocou contra o chão, porém, não se permitiu mover. Segundos, minutos, horas - o tempo era apenas um detalhe para uma alma estilhaçada, que não tem pressa alguma de fazer qualquer outro trabalho. Como tal, não soube quanto demorou quando finalmente, ao se recompôr, foi obrigada a, vagarosamente, ajeitar e acertar o corte para evitar um emaranhado desregular quase no meio das costas.
Incapaz de afirmar o que, de fato, era o responsável pelo latejante incômodo que adornava não só o reflexo, como também seu coração, culpou a aparência, e de maneira impensada a sentenciou.
Não dormiu bem, naquela noite.
~x~
O resultado do contest havia sido, sem dúvida alguma, uma surpresa.
Para quem estava apenas planejando espairecer um pouco ao se distrair com a beleza que os pokémons demonstravam durante esse tipo de competições, conquistar o primeiro lugar - mesmo que apenas parcial e, infelizmente, não teve capacidade de manter por conta da maldita batalha que ficou no meio das pontuações - era um fato que aquecia seu coração. Não só pela colocação em si, como pelo esforço e desempenho magnífico de seus pokémons, mesmo que com a desvantagem de jamais terem participado de um torneio daquele estilo. Blue, agora uma elegante Azumarill, havia criado um espetáculo na apresentação solo e, no caso de Ryo, mesmo que não houvesse propriamente ganhado na fase de batalhas, teve a capacidade de fazer tombar seu adversário - e, do fundo do coração, esperava que fosse o suficiente para terminar de deixar para trás os resultados em Pewter, mesmo que estes há muito tivessem ocorrido -. Quem sabe se numa próxima vez não seria capaz de ir mais além, caso ousasse seguir em frente com as participações, nem que apenas casuais, de contests?
...Ou, talvez, só havia tirado uma sorte grande em sua estreia pois, tanto anteriormente quanto no meio da apresentação, havia rogado (de maneira inconsciente, até) o auxílio do oceano, fato mesclado à serena saudade da cidade que por ele foi consumida.
Os quadris se apoiaram em uma mureta de cimento próxima, e as palmas fizeram o mesmo. Com um suspiro vagaroso, o olhar correu o mar que, gentil, vigiava a cidade - e pela cratera que a envolvia era aprisionado. Questionou-se, por um breve momento, se aquela contenção natural contra as garras das águas seria suficiente se, assim como havia sido com seu continente, o oceano reivindicasse a urbe para suas profundezas. Claro, era difícil imaginar; Mas não tinha condições de definir como impossível, afinal, nunca lhe passara pela cabeça tal possibilidade quando, há vários anos, assistia as ondas dobrando-se de joelhos e beijando os limiares de Olivine.
Talvez fosse apenas outra coisa a qual, agora, fora sentenciada à remoer.
Por breves momentos, se permitiu saborear a paz, mesmo que passageira. Deleitar-se com a brisa mansa que arrastava a maresia e envolvia a urbe e, principalmente, o silêncio que ecoava pelas ruas após o término da agitação causada pela Wallace Cup. Sootopolis não havia virado uma cidade fantasma, óbvio, mas era inegável que cada cruzamento se tornava um inferno antes e durante um evento daquele porte - e, sinceramente, preferia mil vezes o depois.
Limitou-se em observar o balanço das águas que, inevitavelmente, fazia emergir as lembranças de sua cidade natal e, em seu profundo azul, se perdeu. Um, dois, três minutos - uma das mãos abandonou a mureta e, com os dedos brincando entre os pertences, recuperou uma das pokéballs que trazia consigo; Com um breve aperto em sua superfície, assistiu o objeto duplicar, triplicar de tamanho, até se acomodar confortavelmente na palma.
Se o abraço do oceano era seu berço, talvez também pudesse ser o de seu pokémon.
Então, num movimento suave, a esfera bicolor partiu uma pequena fresta em seu centro e, dali, um fino fio luminoso escapou. No ar, materializou um formato quase tão redondo quanto o objeto do qual provinha, e este permaneceu flutuante mesmo quando as cores pincelaram o corpo do animal e o feixe se dissipou.
Um sorriso suave decorou seus lábios enquanto observava a maneira que o animal apertava os olhinhos algumas vezes e, vagarosamente, olhava ao redor. Ao se dar conta da treinadora, porém, o pequenino emitiu um manso e tímido cry e, tão veloz quanto possível, zuniu para o peito da moça, que o acolheu em um abraço carinhoso. Os dedos se apoiaram em sua superfície gelatinosa, afagando o topo do espécime com gentileza - não se demorou, porém, e tomou o pequeno animal entre as mãos para o erguer um pouco mais na altura do rosto.
— ...Kaleo. — Observou a maneira como uma expressão confusa adornou o rosto do psíquico e, em consequência, sorriu. Encostou a testa com a do pequeno, e cerrou as pálpebras — Seu nome é Kaleo; E a voz do oceano ecoará em você. — Segredou em um sussurro. Ouviu um som baixo emitido por Solosis, mas não abriu os olhos; E, por um breve momento, teve a impressão de ouvir a repetição do nome no mesmo baixo tom, mas não chegou a realmente ponderar a respeito.
Ao fundo, uma onda deslizou na superfície e se permitiu engolir pelas águas.
Assim como ela, o mar tragou-lhes os corações.