Pokémon Mythology RPG
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#03 - A terceira convicção: Preparando-se

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Rota 102 // lago




Preparando-se!


Finalmente havia alcançado a carpa o suficiente para poder tentar uma captura à distância, com o raio que a pokébola emitia. Mas, ao fazer aquilo, algo não identificado acabava passando na frente e sendo sugado no lugar, o que me fazia soltar a esfera com o susto...

No entanto, enquanto a cápsula afundava, ela emitia um único bipe e, declarando que a captura não havia sido sucedida, liberava um Pokémon... que já era familiar. Era a Goldeen! E ela não parecia nada satisfeita. Um único olhar dela já foi o suficiente para me fazer perceber que eu corria perigo. Portanto, eu de imediato tentava voltar à superfície, desesperado! Mas o desespero acabava me fazendo nadar ainda pior, e a minha falta de habilidade não ajudava muito naquela situação.

No entanto, enquanto eu tentava dar meu máximo para subir para a superfície... Observava a Goldeen passar pela minha frente, numa velocidade absurda. Algo vermelho começava a manchar a água ao me redor, e a ardência que era praticamente absurda de se aturar acabava fazendo eu descobrir o que tinha acontecido. Num grito exasperado e impossível de se segurar, eu acabava jogando parte do ar que tinha armazenado pra fora, manifestando toda a dor que sentia com o corte.

A ardência que a ferida aberta e a água tocando-se contra ela emitia era insuportável, mas a adrenalina acabava fazendo-me focar o possível para voltar para a superfície e, ao mesmo tempo, observar Goldeen. Ela parecia preparada para investir novamente... Não teria chance alguma de lidar com a velocidade dela. Só tinha uma coisa que eu poderia fazer para não ser perfurado fatalmente; Tentaria mover o corpo o mais longe o possível e proteger o peito com um dos braços, enquanto procurava empurrá-la com a outra mão! Talvez fosse a única maneira de acabar, no máximo, com mais uma ferida...


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Preparando-se



15:55| 26o


O ardor do sangue se misturando com a água era terrível... mas o estado de alerta em que Ryo se encontrava prevalecia sobre essa dor aguda. O jovem tentava se afastar cada vez mais da Goldeen. A primeira vez dava certo e ele logo conseguia empurrar a pokemon com seus braços, antes que ela pudesse atingi-lo. A pokemon peixe desviava seu curso e descia rapidamente para o fundo, sem sua investida para matar Ryousuke.
 
Todavia, logo a pokemon ia fazendo a volta, pronta para tentar matar o jovem uma vez mais. Ryo, por sua vez, conseguia submergir e a primeira respiração parecia um sopro de vida para o rapaz, como se estivesse morto e fora revivido. Porém, a alegria durava poucos segundos e logo ele sentia uma fisgada na perna. Outro corte em que o jovem uivava de dor. Desta vez, porém, o chifre da Goldeen ficava preso na calça do rapaz e ele logo era tragado para o fundo do lago. A mudança brusca de pressão fazia os ouvidos do jovem doerem bastante, somado à dor no peito e agora na perna... não estava nada bonito!
 
Goldeen arrastava o jovem até o fundo do lago e parava, olhando para ele com desdém. Seria o fim de Ryo. Se ele tentasse voltar para a superfície, ela o ficaria puxando. Entretanto, entre os olhares do humano e da pokemon, Ryouske reparava no Magikarp que ele fora atrás. Jazia parado, imóvel, como se estivesse morto... e estava mesmo. A fêmea, ao observar aquilo também, mudava de semblante, ficando triste, melancólica.
 
A pokemon logo ia para junto de seu amado, esquecendo por completo do jovem humano. Ela tentava cutuca-lo brevemente com o chifre, fazer “respiração boca-a-boca”. Nada adiantava. Em sua ânsia de se vingar, acabava deixando morrer aquilo que era mais importante, seu amor! Goldeen pareceu ciente disto e seu cry de lamento era uma das coisas mais triste já ouvidas por Ryosuke. Depois, ela olhava para o jovem, com seu semblante melancólico e logo em seguida, depois dos olhos se encontrarem, ela se deitava ao lado de seu amado, morto.
 
Como diz o ditado, “A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena”. Goldeen havia cometido um erro grave e agora iria ter que lidar com as consequências. O rapaz humano já não era algo que ela se importasse. Ryousuke estava livre para voltar. Enquanto fazia isso, sabendo que seu fôlego não era grande coisa, avistava, ao seu lado, um cardume de Magikarps vindo até ele. O sangue atraia aqueles pokemons...
 
O cardume acertava Ryo com força, causando outra dor em sua barriga e tórax e o levava para cima, enquanto fazia pequenas mordiscadas nos lugares em que o sangue saia. A dor era pequena, mas eram vários. Logo o jovem estava de volta à superfície da água e os magikarps, satisfeitos pelo sangue, seguiam de volta ao fundo... ou poderia ser outra coisa.
 
O novo lugar em que o sopro da vida alcançava o jovem era bem afastado da borda de onde ele viera. Conseguia ver sua mochila ao longe... como havia parado tão longe assim? Ao pensar em nadar de volta, agora cansado e sangrando, via várias plantas verdes que flutuavam pelo rio, perto dele. Poderia ser uma boa usar elas como apoio, para descansar um pouco. Estava exausto e talvez não iria durar muito se tivesse que continuar nadar até a borda sem descansar brevemente.

A pokebola que escapulira de sua mão também estava lá perto, no sentido contrário, para a outra borda do lago. Havia ficado presa em cima de uma das plantas, há alguns centímetros do jovem


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Rota 102 // lago




Preparando-se!


Eu pensava que conseguir retornar à superfície fosse ser algo aliviante e/ou refrescante... mas estava enganado. Assim que conseguia tomar fôlego novamente, eu o fazia com desespero nas ações, desajeitadamente cuspindo água e conseguindo inspirar mais uma vez, apesar de engasgado. Aquele foi um momento curto, pois uma vez que senti mais uma fisgada, agora vindo de minha perna, soltei mais um grito agudo, apesar de breve. Mal tive tempo de tomar fôlego novamente até ser puxado para o fundo do lago mais uma vez.

Tentava inutilmente alcançar o teto azulado do lago com uma das mãos, já começando a sentir a forte e constante pressão nos ouvidos, que se somava junto às outras feridas para me torturar com a dor. Não tinha jeito. Eu havia cometido uma ação cruel e aquela parecia ser a forma que o karma encontrou para que eu pagasse por isso. Goldeen parecia deixar aquilo bem claro quanto estávamos frente a frente; morreria ali, uma vez que fugir fosse impossível. Mas talvez eu já tivesse aceitado aquilo...

No entanto, nós havíamos alcançado o pequeno Magikarp, e quando reparei na sua condição atual... entrei em choque. Eu... havia o matado?

Os olhos arregalados e numa expressão confusa demonstravam a angústia que sentia ao ter presenciado aquele fato, e o cry aflito que Goldeen havia emitido apenas intensificava aquele sentimento, confirmando a minha dúvida. A pequena carpa havia realmente se ido. Ele estava morto. E era culpa minha.

Apesar de eu ter perdido as forças internas para lutar pela minha vida, o instinto de sobrevivência insistia em me trazer de volta e eu logo me vi fugindo daquela cena que era de quebrar o coração, tentando voltar à superfície mais uma vez. Mas no meio de caminho, um enorme cardume da mesma espécie daquela carpa parecia aproximar-se. Eu não havia percebido a tempo qual era o objetivo deles; somente quando estavam perto foi que eu percebi que haviam sido atraídos pelo sangue que escorria das minhas feridas e se manifestava na água ao meu redor. Sem muito tempo para proteger o corpo, os peixes atingiam-me um a um e pareciam morder a ferida, como se quisessem me devorar. As dores eram rápidas, mas agoniantes o suficiente para eu ter de torcer a cara para aguentar. Felizmente, o impacto do cardume acabou me aproximando mais da superfície, e não tardei a tentar retornar à ela.

Ao enfim alcançar o oxigênio novamente, não tardei para me desengasgar com a água e enfim respirar. Daquela vez, não parecia que nada iria me puxar, portanto tentei o máximo para manter o meu corpo reto e flutuando enquanto observava os arredores. Eu estava bem longe das bordas... e nadar até lá parecia impossível. Felizmente, algumas plantas que flutuavam na água estavam bem próximas, e pareciam firmes o suficiente para eu conseguir descansar nelas. Me aproximei e vi então a pokébola que havia lançado anteriormente. Não tardei em pegá-la, apesar da mão estar ensanguentada pelos meus ferimentos. Ela talvez fosse o anúncio de um mal-pressagio. Eu provavelmente deveria ter desistido de buscar a carpa assim que errei a pontaria.

Mas aquela era a menor das minhas preocupações no momento, além das feridas. Eu havia ido longe demais... Separei um casal, definitivamente. Eles nunca mais poderiam nadar juntos, nunca mais iriam se divertir juntos. E a culpa era minha. A ânsia em crescer como treinador acabou me cegando para com a vida dos Pokémon selvagens, que com certeza desejavam apenas viver em paz. Mas eu tinha de aparecer para atrapalhar, não é mesmo?

Mas que droga, Ryousuke! Qual a porcaria do seu problema?! Decidiu viajar numa "busca pela evolução intra-pessoal", apenas para afundar na própria ganância? Que piada. Que grande piada...

Arrependido, agoniado e com o coração profundamente amargurado, encarava o céu enquanto refletia nas minhas escolhas, com os braços apoiados nas plantas que boiavam no lago. Será que eu era digno de ser um treinador Pokémon, afinal de contas? Eu havia destruído a vida de uma destas incríveis criaturinhas e feito sua amada sofrer pelo resto de sua existência. Tudo isso porque queria "uma adição ao time". Mas que idiota.


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Preparando-se



16:15| 26o


Ryosuke estava aliviado de finalmente ter consigo chegar à superfície e nada mais parecer estar perseguindo ele. As dores eram incômodas e marcas de “chupões” causados pelos magikarps preenchiam seu peito e perna. Vendo sua pokebola, o jovem logo a pegava, para em seguida se apoiar em uma das plantas que flutuavam por lá.
 
Enquanto descansava, colocando um pouco de seu peso na planta, o jovem refletia sobre a sua culpa em tudo aquilo. O lamento da Goldeen seria algo difícil de esquecer, era um misto de tristeza profunda e melancolia que ele nunca havia experimentado. Seria correto ter atrapalhado um pobre casal somente para fazer um time de batalha? A vida pokemon era algo lindo e talvez não justificasse tamanho vilipêndio. Assim começava a pensar o pobre e triste Ryo.
 
Preso em seus pensamentos depressivos, a planta em que ele se segurava começava a se mexer, tirando-o de cima dela com rapidez e força. O garoto não parecia entender nada, mas logo as outras folhas foram se aproximando dele e então ele percebeu: não eram plantas, eram pokemons! Pequenas criaturas azuis embaixo da planta se revelavam e não estavam nada contentes por servir de descanso para o jovem rapaz desafortunado.
 
Eles começavam a criar esferas pequenas verdes e lançavam sobre Ryo. O garoto não parecia sofrer ferimentos diretos...mas sentia que sua energia vital e vigor estavam se deteriorando! Aquilo era mais perigoso que cortes e ferimentos! Sem saber o que fazer, Ryosuke logo nadava a esmo, para mais perto da borda possível. Todavia, era lento e os pokemons o alcançavam com facilidade, sugando cada vez mais de sua vitalidade.
 
Começando a perder a consciência, o jovem deixava a sua pokebola cair da mão... e os ataques paravam! Um dos pokemons mergulhava para pegar a pokebola e logo devolvia para o seu semelhante que estava com ela acima da planta. O jovem pokemon ficou muito contente e esbanjava um genuíno sorriso de felicidade!
 
Ryo estava fraco e sem muitas condições de permanecer nadando por muito tempo, o que o jovem faria? Ainda se encontrava bem ao meio do lago e somente os bichos com as plantas na cabeça estavam por perto. Agora que a pokebola fora retornada, todos ali pareciam mais contentes e tranquilos, parando com a raiva sobre o rapaz.



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Rota 102 // lago




Preparando-se!


Apesar de ter conseguido ficar um breve tempo apoiado em uma das plantas, elas começavam a se remexer, fazendo com que eu me desequilibrasse de seu topo e fosse parar novamente na água. Apenas então foi que eu percebi; não eram simples plantas, mas sim uma espécie desconhecida de Pokémon! Não tive muito tempo para analisá-los, no entanto, uma vez que pareciam ficar com raiva de mim e me atacar com... esferas esverdeadas, que não eram doloridas. Mas sentia-me cada vez mais fraco, e logo percebi; estavam drenando minha energia!

Desesperado, eu acabava tentando nadar para longe para evitá-los! Mas eles eram mais rápidos, e eu logo via-me cada vez mais sem forças; o que diminuía cada vez mais a distância entre eu e eles. Prestes a desistir de me manter consciente, deixei com que a Pokébola caísse... e os ataques pararam.

Sem entender muito bem, ficava um pouco confuso. Eles logo pareciam se unir novamente, tranquilos. Minha falta de energia não me deixava focar completamente em pensar, mas ficava um claro que o motivo de terem me atacado era a esfera bicolor, que provavelmente tornou-se o brinquedo da vitória-régia mais jovem.

Receoso, eu hesitadamente me aproximava daqueles Pokémon. Apesar de ter medo de ser atacado novamente... não é como se tivesse alguma escolha. Qualquer uma das beiras do lago estavam muito longes, e nadar até lá parecia ser uma tarefa impossível sem o devido descanso.

D-Desculpem... — Falava com a voz baixa, hesitante pela dor aguda que temia sentir por cada palavra que fosse proferida — será que podem me ajudar... a ir a beira do l-lago..? — Apontava trêmulo em direção à beira onde meus pertences se localizavam, logo voltando a encarar o bando de plantinhas. — Posso recompensá-los com mais uma d-dessas. — Apontou então à pokébola que se encontrava no topo da cabeça de um deles. Os sinais de dedo talvez fossem essenciais para que pudessem me entender, uma vez que estava incerto se estava sendo claro ou se compreendiam a linguagem humana.


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Preparando-se



17:00| 26o


Aparentemente, a maré de azar que pairava sobre o jovem Ryo havia finalmente terminado, depois de entrar em lago para capturar um pokemon e isto resultar em quase perder sua vida, um lampejo de sorte havia aparecido no horizonte. Por falta de forças, havia deixado cair a pokebola... o que fora o ato salvador, e não-intencional, que preservara a vida do jovem!
 
Ainda confuso e sem querer testar sua “sorte”, Ryousuke se aproximava do grupo, agora alegre, já que o mais novo (provavelmente criança) estava todo sorridente, e iria tentar uma abordagem... apesar de temer morrer ao fazer isso, era melhor tentar algo do que morrer ali sem forças. O jovem sabia que não lhe restava muito tempo antes de apagar, sua visão já estava meio turva, com dificuldade de focar no que via e alguns espasmos ocorriam em sua mão e pé, não ao mesmo tempo.
 
Ele falava devagar, sentindo a dor em seu corpo com o menor dos movimentos e gestos. À priori, os pokemons ignoravam sua fala, então ele tentava novamente, enfatizando as palavras para que saíssem mais fortes. Agora conseguia. Eram 4 pokemons, os 3 maiores olhavam sério para o jovem...mas o que estava com a pokebola na cabeça se aproximava dele, feliz. Isso fez os outros revirarem os olhos, porém, agora esbanjavam um sorriso MUITO falso para o rapaz. Aparentemente, agradar aquele pequeno pokemon era uma coisa muito importante.
 
Vendo que havia cativado a atenção de quem importava, Ryo logo tentava mostrar que ele poderia “pagar” pela ajuda para leva-lo até o outro lado. Ele fazia várias mímicas de esfera e apontava para a que estava na cabeça do jovem. Os pequenos olhos do pokemon brilharam ao entender o que Ryousuke tentava demonstrar... porém, quando tudo parecia ir bem, a visão de Ryosuke ficava completamente negra e ele não conseguia sentir mais nada.
 
Ele acordava na escuridão total... mas parecia dentro de um líquido, conseguindo respirar, inesperadamente. O jovem parecia se perguntar se aquilo seria real e logo ele ouvia, parecendo vir de vários locais diferentes, o lamento profundo da Goldeen. Atormentava sua cabeça de tal forma que ele não conseguia pensar em mais nada, apenas naquele som.
 
De repente, acordava de supetão, espantando Youma, que estava ao seu lado. Metade do corpo do jovem estava fora d’água e a metade inferior, dentro. Era uma boa notícia, aparentemente, havia chegado em terra firme e melhor ainda, onde estavam suas coisas! Ao olhar melhor para seu pokemon, agora conseguindo enxergar mais nitidamente, via que havia um monstro de bolso azul com a folha verde na cabeça embaixo dele. O Duskull estava “sentado” acima sobre a planta. O pequeno pokemon parecia feliz da vida, caminhando com o Duskull sobre ele. Youma não parecia incomodado com aquilo, atendendo aos desejos do pequenino tranquilamente.
 
Os outros pokemons da espécie estavam mortos de ódio daquilo, mas quando o pequeno os olhava, disfarçavam um sorriso. O que faria Ryo?



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Rota 102 // lago




Preparando-se..?


Não tinha o foco e nem a energia necessária para poder prestar atenção nas respostas dos espécimens que flutuavam na água, no entanto, enquanto eu dava meu máximo para sinalizar ao mais jovem deles que tinha mais daquelas esferas para que pudesse brincar, ele pareceu concordar com a situação, demonstrando uma alegria tão inocente que era de aquecer o coração. Aliviado por parecer ter sido ouvido, me esforcei para exibir o sorriso mais sincero o possível... e então, inevitavelmente apaguei.








...


Me vi no escuro.

Naquela escuridão fria, meu corpo parecia flutuar e ser levado, como se estivesse nas profundezas do lago novamente. No entanto, não sufocava e nem me via obrigado a segurar a respiração... o barulho do meu corpo inspirando e expirando eram as únicas companhias naquela solidão imensa. E eu com certeza gostaria que continuasse assim.

Mas os lamentos de Goldeen eram reproduzidos e ecoavam infinitamente naquele vazio imenso, vindo de todos os lados, de todas as formas. Eles me faziam lembrar repetidamente das cenas em que observava o corpo imóvel e sem vida do pequeno Magikarp. Os cries aumentavam cada vez mais, recordando-me da crueldade terrível das ações que havia tomado. E apesar de não parecer aguentar aquele choro aflito proveniente da aquática, eu sabia e muito bem que merecia tudo aquilo. Merecia coisas muito piores. A carpa com certeza possuía sonhos, aspirações, desejos e vontades. Fossem elas coisas ambiciosas ou de simplesmente ter uma vida tranquila do lado de sua amada... Independente da intensidade, eu havia pego aquela vida e partido-a em inúmeros pedaços.

E eu sabia muito bem que, não importa o que fizesse, nada poderia mudar aquilo.

...






Foi então que, atormentado pelos meus próprios pensamentos, eu acabava abrindo os olhos bruscamente e retornando à realidade. Youma, que parecia estar ao meu lado, acabou se assustando com meu despertar. Levantava a cabeça lentamente, sentindo-a doer, assim como os outros ferimentos que ardiam em constância. Dando meu máximo para não gritar e expressar a dor somente com grunhidos, observava ao meu redor. O espectro parecia divertir o jovem espécime, e o resto de seu "bando" os observavam numa distância, parecendo... furiosos? Com inveja? Eu não tinha muita certeza, mas era bastante cômico.

No entanto, uma situação daquelas era a última coisa que eu esperava após passar por aquele mar de desespero e agonia. Não pude evitar senão gargalhar. Gargalhava, reclamava da dor que sentia a cada pontada no abdômen proveniente das risadas, mas continuava rindo. — Ha... hahahaha. Hahaha. — E então, cessava, observando novamente o pequeno jovem andar com o Duskull no topo de sua cabeça. — P-Parece que você arrumou um amiguinho... — Proferi, baixo devido à falta de energias. Não tentei me levantar, mas sabia bem que meus pertences continuavam ali. Como prosseguiria agora? O que eu faria depois de sair daqui?

Estava incerto. Mas uma coisa era verdade; eu continuava a refletir na crueldade das ações que havia realizado enquanto neste lago. O dia tinha sido uma verdadeira montanha-russa de emoções... desde boas, até ruins. Mas eu certamente havia aprendido que tinha de tratar as coisas com mais seriedade; diferentemente de como havia pensado, a vida não se tratava mais apenas de batalhas Pokémon... e eu tinha recebido aquela informação num evento um tanto quanto pesado. Um fardo que carregaria pelo resto da minha vida.

No entanto, sem pensar muito, tentava alcançar a mochila com um dos braços. A curiosidade estava batendo um pouco mais alto, e eu tentava secar minha mão no tecido de uma das roupas extras que trazia na bolsa. Ia então diretamente até onde a Pokédex se encontrava, e após registrar aqueles Pokémon planta, finalmente pude os identificar. Lotad! O primeiro tipo-grama selvagem que encontrava, e com uma combinação de tipos bastante interessante.

Aquilo animava um pouco o coração partido. Descobrir mais daquele mundo incrível era sempre... excitante. Independente da situação...

Seria legal se eu tivesse um destes no meu time, mas, diferente de como tentaria fazer com o casal de peixes, não os obrigaria a batalhar comigo. Estavam se divertindo, oras bolas! Eu certamente não gostaria de mantê-los em cárcere e os obrigar a viajar e abandonar sua vida atual. Agora tinha certeza de que era profundamente errado; o jeito certo de se obter um companheiro fantástico de viagem era somente com os laços que poderia oferecer a ele antes de pensar em dar-lhe um lar novo.

Agora restava saber se eu ainda teria o jeito de fazer aquilo depois de tantas cenas traumatizantes.

Rastejando-me para alcançar a parte inferior do corpo para fora do lago, eu me esforçava para impulsionar o corpo e finalmente sair daquela água. Minha situação estava um verdadeiro caos; A camiseta rasgada, parte da calça perfurada, um ferimento diagonal que parecia se estender por todo o peito e uma mão machucada. Nenhum deles parecia muito grave apesar do sangramento, mas como não havia experienciado nenhuma dor parecida, eram dores que eu considerava intensas.

Cambaleante, alcancei a mochila e, de lá, peguei uma das Pokébolas vazias, item que havia oferecido como prêmio ao pequeno. Fui um pouco mais perto do Lotad que caminhava animadamente com o fantasma e sentei-me próximo à eles, posicionando a cápsula logo na minha frente. Com um sorriso receptivo, eu chamava a criaturinha para brincar comigo. Estava precisando de uma dose de inocência para deixar o coração mais leve.


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Preparando-se



17:10| 26o


Sem saber se os pokemons haviam concordado ou não em leva-lo. Ryo caia em uma espécie de sonho. O lamento da Goldeen era demais para o jovem. Cada lamento lembrava-lhe do que tinha feito. Um ato vil e inescrupuloso que o jovem iria se lamentar pelo resto de sua jornada. Ele achava que merecia tudo aquilo e poderia até pensar que morrer ali não seria o pior dos males. Todavia, o menino dos cabelos laranjas teve uma segunda chance de provar que não era mal e tudo não passou de um ato temerário.
 
Ryo logo despertava do seu sonho. A dor da realidade voltava, literalmente, fazendo o rapaz sentir os ferimentos e cansaço por toda aquela jornada inesperada. O que podia identificar era que estava aparentemente salvo, com metade do corpo fora e outra dentro da água; Yohma divertia o pequeno pokemon e seus companheiros pareciam furiosos com Ryo. Nada do que já não havia enfrentado antes. A bela e boa vida selvagem!
 
O treinador, ao observar tudo aquilo... tinha uma reação inesperada. Ria bastante, de forma efusiva, sem dar importância às dores. Tudo aquilo parecia ser surreal. Entrara em um lago para capturar um pobre magikarp e saia de lá agora com diversos ferimentos, tanto físicos como mentais. Depois de um tempo, Ryo parava, observando a dupla do fantasma e seu colega. O que faria em seguida?
 
O primeiro passo era se levantar, com muito esforço e se enxugar levemente, para depois pegar a pokedex e analisar o monstrinho. Lotado, um pokemon deveras interessante. Aquilo aplacava um pouco as dores e dava um ânimo inesperado para Ryo. Seria uma grande adição ao time... mas dessa vez, ele não iria lutar contra um pokemon que estava tão feliz brincando com Yohma. Iria tentar conquista-lo de outro jeito. Havia recebido uma segunda chance, não poderia desperdiçar.
 
Logo Ryousuke tinha uma ideia interessante, brincar com o pokemon usando a pokebola. Dava um pouco certo. O pequeno Lotad se comunicava com Yohma e o fantasma logo pegava a pokebola das mãos de seu treinador. O pokemon de tipagem dupla se sentia satisfeito... aparentemente, Yohma agora era seu carregador de coisas! Depois de brincarem um tempo, para fúria dos outros Lotads, o pequeno foi até eles, trazendo Duskull em sua cabeça. Eles começavam a discutir... mas logo o miúdo Lotado chorava, fazendo os outros ficarem apreensivos e parecem pedir desculpas.
 
Entretanto, eles não cediam por completo. Yohma tentava traduzir tudo para o treinador... mas ele não era muito bom. O que Ryo podia perceber era que: A mão do Lotad menor fora morta por humanos e esses 3, por algum motivo que o fantasma não conseguia traduzir direito, ficaram cuidando dele... mas não sabia como proceder e ele ficou meio mimado. A questão era que os Lotads não acreditavam que Ryousuke seria uma boa companhia... o Lotad menor queria ir com ele! Todavia, o treinador teria que se provar agora para os “pais” do pequeno! Como faria isto?


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Rota 102 // lago




Preparando-se.


O pequeno aquático parecia divertir-se bastante junto de Youma, que colaborava sem hesitação para manter a felicidade do Lotad. Ele acabava pegando a Pokébola pelo gramíneo, e logo os dois acabavam aproximando-se do trio mais velho. Uma breve discussão acabava acontecendo devido à insatisfação oriunda dos adultos, cuja única conclusão foi o entristecimento do jovemzinho, que se punha a chorar.

Numa tradução improvisada e arcaica proveniente do espectro, ele acabava tentando me deixar por dentro da situação. Aparentemente, os pais do pequenino foram assassinados por seres humanos anteriormente... E, ao ver a infeliz coincidência daquela situação, sentia meu coração apertar. Apesar do jovem querer e muito unir-se a nós para viajar, seus pais adotivos não apoiavam a ideia e hesitavam. Mas eu não tinha como culpá-los... De certa forma, eu era parte do problema.

Todavia, aquela talvez fosse uma boa situação para me redimir, mesmo que pouco, com o erro que havia cometido hoje. Prometi a mim mesmo que não deixaria aquele tipo de situação acontecer novamente; sejam elas provenientes de minha parte ou de outrem.

Aproximando-me do trio de Lotads mais velhos, sentia parte do peso no peito diminuir um pouco; apesar de ainda sofrer com as feridas físicas, talvez as psicológicas não fossem me torturar naquele momento. Um olhar que procurava apoio era direcionado ao meu colega fantasmagórico, que simplesmente assentia sem exibir qualquer outra reação. — B-bem... — Esforçava-me para que pudesse exalar firmeza e positividade nas palavras, apesar das dores constantes — se me permitem... eu garanto que ele ficará seguro e em boas mãos. Apesar de eu ser um iniciante, algumas das situações pelas quais eu p-passei... acabaram fazendo com que eu desse prioridade ao bem-estar e a situação dos Pokémon, sejam eles parte de minha equipe... o-ou não. — Após tossir um pouco, parava para pensar em algo. — Além de que, se isso não fosse verdade... eu provavelmente não estaria aqui, tentando convencê-los. Ou iria embora, ou... tentaria pegar o pequeno à força. — Pensar naquilo enchia-me de calafrios, que atiçavam as feridas na pele a arderem um pouco mais. Aquela sempre é uma possibilidade na vida de um Pokémon selvagem. Ser pego por um treinador sem mais nem menos, e ter de se adaptar a uma vida nova... Ou acabar mofando em algum depósito. Duas situações péssimas.

M-mas prometo a vocês que cuidaremos bem dele. Haverão algumas horas em que ele precisará se esforçar, mas as boas também virão em demasia. Lotad poderá conhecer muitos lugares novos e experimentar novas coisas, além de que certamente se divertirá muito com os membros da equipe, já que pareceu gostar de Youma sem conhecê-lo por muito tempo... — Complementava. Aqueles pareciam ser os meus argumentos finais, portanto, mesmo com as feridas no corpo inteiro, eu aguardava de pé pela resposta do trio de responsáveis.


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OFF; Parabens, você narrou bem e foi devidamente recompensado! Espero que tenha gostado e boa sorte no Teatro!



Preparando-se



17:25| 26o


Ao saber da história, mesmo que incompleta, daquele pequeno Lotad, Ryosuke se sensibilizava. Sabia o que os humanos eram capazes de fazer, afinal, ele mesmo havia cometido um ato detestável, mesmo que não tendo sido intencional. Sabendo o que era matar um pokemon, ainda que não tendo os requintes de vilania que tiveram os que mataram a mão do pequeno Lotad, um ato nefasto fora cometido, independente das circunstâncias ou razões.
 
Reunindo todas as suas forças, superando a dor e a tristeza daquele episódio todo, Ryosuke via naquele pequeno ser azul uma chance de recomeçar, fazer diferente e correto. Assim, ia até os Lotads e começava a falar. Eles permaneceram sérios e furiosos, não estavam querendo ouvir nada daquele “humano nojento” (é o que eles falariam se Ryo conseguisse entender). Entretanto, o jovem tinha amigos e ao ver que ele estava ficando mais abalado diante da ineficácia de seu ato, Yohma se colocava na frente.
 
Aquela reação do fantasma era... inesperada. Seus olhos ficavam sérios e até sua voz podia ser ouvida pelos presentes. Era fria e lenta, porém conseguia passar a firmeza necessária. O pokemon parecia estar se transformando também, assim como o treinador, apesar de serem batalhas diferentes, todos tinham seus obstáculos a superar.
 
Somando-se ao fantasma, Lotad, agora com a pokebola na cabeça, também falava. Como último veredito, os 3 pokemons aceitavam finalmente, pareciam reconhecer que se Ryo tinha um pokemon que o defenderia assim, ele era digno de ter o pequeno Lotad. Depois de se despedirem, com os 4 chorando de alegria e também tristeza, os mais velhos voltavam para o lago enquanto Lotad acenava.
 
Finalmente, o pequeno estava bem feliz, recolocando Yohma em sua planta e andando feliz. Então, Ryosuke pegava aquela pokebola que Yohma segurava para o pokemon e o colocava dentro. A terceira badalada vinha rápida e logo a captura era confirmada! Agora Ryo tinha um Lotad!
 
Logo que a captura se concretizava, o pokemon saia da pokebola, levando sua esfera de captura na cabeça... parecia ter adorado tudo aquilo e logo andava perto das pernas do jovem Ryo, com Yohma acima dele. Com tudo certo, o que faria o jovem? O sol já estava se pondo, teria que decidir rápido o que fazer.


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