O Cavaleiro dos Dragões chegou: Katakuri e o Teatro Draconiano!

O jovem treinador decididamente parecia estar fazendo uma bela demonstração de sua habilidade com palavras ao público, bem como expressar-se diante dos mesmos de forma a deixar claro as sensações que seu personagem enfrentava com o cansaço após chegar ali correndo, combinado com o gélido vento que os atingia. Os ventiladores, inclusive, voltavam a serem ligados de forma a representar melhor o quesito altitude e vento gélido. Assim, ambos prosseguiam em meio aquele cenário rochoso, rumando ao centro do palco, onde curiosamente se encontrava a grande barreira a dividir o mesmo. -Ah. Estou bem sim, obrigada... - Dizia a garota, sem muita convicção, em uma fala arrastada e seu peito a arfar, a aparentar cansaço e exaustão. Sua face, durante a leve pausa, fora maquiada para parecer ainda mais avermelhada por conta do frio que sentira em sua viagem. Stantler, continuava a tentar se posicionar de forma a bloquear o vento que atingia sua mestra, porém não parecia ter muita sorte em sua tarefa. - ATCHIN! - Espirrara a garota antes de prosseguir. - É. Talvez não tão bem assim... - Não demorou muito para que o jovem cavalheiro, agora sem seu capacete, de forma a demonstrar uma imagem um pouco menos tão formal, enfim notasse uma fenda na divisória, uma fenda ligeiramente pequena, mas ainda assim larga o suficiente para permitir a passagem da dupla. Contudo, como se algo no interior daquele lugar o chamasse, enquanto se aproximava, luzes começavam a poder ser vistas.

De forma a enfim revelar o que havia do outro lado da barreira, diversos cristais, em variados tamanhos e formas, muitos deles do tamanho de Dawn, começavam a se iluminar, como se em suas bases haviam sido postas luzes, que eram refletidas por sua superfície "cristalina". Claramente não eram cristais de verdade, sim uma simulação de um, mas que ainda assim transparecia perfeita o visual de um, embelezando o cenário e o envolvendo em uma luz em tonalidades levemente azuladas, mescladas com um tom róseo que também incindia sobre as paredes rochosas da "caverna". Era algo a simplesmente deixar qualquer um a suspirar diante de tal cenário. As luzes, acabavam por chamar ainda mais a atenção da dupla, como se antes o chamado àquele lugar era algo que uma primeira impressão, agora realmente se tornara algo certeiro. Aquele lugar definitivamente os convidava.


Assim, diante do convite, ou antes que Dawn pudesse dizer qualquer decisão final sobre aquilo, Selena e seu companheiro Stantler já estavam a se esgueirar por entre a fenda, de forma a buscar o outro lado. - Eu não sei você, mas não aguento mais nenhum segundo neste frio. - Sua voz soava determinada a se livrar de todo o frio, de forma que apesar do interior não ser tão mais quente que ali fora, ao menos estavam livres do forte vento a chicotear-lhes a face. - UOW! - Exclamara ela, já do outro lado da divisória, a realizar um exagerado e teatral gesto a examinar o interior da caverna; estava definitivamente surpresa com a beleza daquele lugar, não apenas enquanto personagem, mas também a atriz em si parecia surpresa. Certamente nada daquilo se equiparava com o que fora lido no roteiro, onde não haviam grandes detalhes sobre os cenários e outros afins. - Você precisa ver isto aqui... - Disparara ela para Dawn, ainda do outro lado, enquanto a mesma já caminhava até ao centro do local, onde havia um estranho amontoado de gravetos. - Olha só! Podemos até mesmo tentar acender uma fogueira!

Apesar de antecipar à garota que o fato daqueles gravetos estarem ali presentes poderia indicar que pessoas passaram por ali anteriormente, e que até mesmo poderiam estar não muito longe, Katakuri também parecia imaginar que aquele lugar seria o perfeito para passar a noite em "segurança". - Bom, se alguém passou por aqui antes, provavelmente deve estar apenas em busca de um lugar para se esquentar, assim como nós... E duvido que a pessoa teria deixado este lugar para caminhar lá fora, no frio. - Disparara a garota, de forma a reforçar que se sentia bem ali, além de expor sua opinião sobre os tais perigos levantados pelo jovem. Aparentemente a gora era mais corajosa do que aparentava. Enfim, obedecendo a seu mestre, a pequena Vibrava avançara até a coleção de gravetos estranhamente empilhados e com um pequeno sopro sobre a mesma, liberou uma pequenina flâmula, que recaíra sobre o substrato e após alguns instantes, mostrou-se o suficiente para colocar-se a crepitar. Com a fogueira agora acesa, Selena se voltara imediatamente à ela, de forma a colocar suas mãos sobre o calor a ser emanado; logicamente as chamas eram dotadas de grande calor, de forma que era cautelosa o suficiente para não se queimar por mero descuido.

- Uh... Bem melhor... - Pronunciara ela, a sentar-se ao lado do calor, agora a esfregar uma mão na outra, para esquentar seus dedos. Stantler se sentava a seu lado, a examiná-la curiosamente; talvez por não estar acostumado com sua parceira a agir de maneira tão decidida. Bom... Apesar do frio sentido, sono ainda era algo que não estava a ser sentido por qualquer um dos dois personagens, de forma que segundo o roteiro aquele seria o momento que o personagens teriam para conhecerem-se um pouco mais, além de dar ao público um pouco mais daquilo que desejavam ver. - Hum... Então, és um cavalheiro real, em armadura dourada... Em uma curiosa missão... Espero não estar a atrapalhá-lo... - Dizia ela, sem observá-lo em seus olhos, mantendo o foco na chama azulada a crepitar, como se  a personagem estivesse envergonhada o suficiente para não fitá-lo enquanto dizia tais palavras. - Hum... Sr. Ornstein... Se me permite perguntar... Como funciona a um cavalheiro? Digo, você mora no castelo da rainha de copas? - E essencialmente, aquilo que realmente desejava saber. - Sozinho? - Era a pergunta que definitivamente estava a tentar dizer, apesar de mostrar-se evidentemente envergonhada por fazê-la.

A jovem ouvia atentamente a todo o longo discurso a ser liberado por Katakuri, que não media palavras para explicar a todo o procedimento e processo que enfrentara até enfim se encontra na posição de cavalheiro, da qual se referia de maneira tão bela e honrosa. E de fato, caso o processo enfrentado fosse aquele, tinha total razão de seu orgulho. Por vezes, de forma a interromper o discurso do jovem, sons podiam ser ouvidos pela dupla, a ecoar pelo ambiente mais rochoso, apenas para em segundos ser revelado como apenas um Zubat a bater suas asas de um lado ao outro. O evento com o morceguinho ocorrera algumas vezes, até que ele enfim parecera desistir de chamar a atenção da dupla para enfim voltar à escuridão em silêncio, ou melhor, retornar para a pokéball de seu respectivo dono. De qualquer forma, se a atriz não estava interessada no discurso do jovem, ao menos parecia interpretar bem sua personagem, de forma que estava a fitar o jovem diretamente em sua face durante todo o discurso; ou então, também como uma possibilidade, estivesse apenas a divagar em seus pensamentos enquanto admirava as desfiguradas feições do escroto ator.

Por vezes, emitia um sonoro "Uhum", "Aham", "É...", "Nossa...", apenas para deixar clara a sensação de que de fato estava a manter uma comunicação com o jovem e sua história. Mas, reações notáveis mesmo, esboçara apenas quando ele chegara a sua última pergunta, se ele morava sozinho, quando de repente sua face voltara a ser colorida por aquele tom rubro, finalmente a se inclinar um pouco mais em sua direção para ouvir melhor o que ele tinha para falar. A jovem até mesmo tratava de colocar uma mão diante de sua face, de forma a esconder sua vergonha, mas logo a abaixara, pois tudo ali não passava de uma interação teatral, e o público estava ali para presenciar sua interpretação da personagem. - Acho que meus pais não gostariam de saber que estaria visitando-lhe... Mas, pode ir à minha casa quando bem preferir. - Informava ela, a alisar sua face avermelhada. - É uma casinha pequena e bem apertadinha... [OFF: ("!!!!!SE É QUE ME ENTENDE!!!!!") ] Mas, ainda assim seria bem-vindo. - Continuava ela, que apesar de parecer tímida, mas animada, estava começando a ser afetada pelo sono, de forma que após tal frase, liberara um amplo bocejo. - Ah... Já estou ficando com sono... Acho que devemos dormir o mais perto possível um do outro... Para nos aquecermos mais durante a noite... Com... Com o calor corporal? - É o que imaginara o rapaz que a moça fosse dizer. Mas, em verdade, apenas se encolhera e encolhera e dissera. - Ah... Já estou ficando com sono... Bons... Bons sonhos.

Ligeiramente desapontado acerca da decisão precoce a dormir sem antes esquentar as coisas, Katakuri responsabilizava-se pela guarda e vigília do local enquanto a mesma dormia tranquilamente, com seu corpo banhado pelas chamas azuladas que ainda crepitavam sobre o composto graças ao DragonBreath de Vibrava. Ora... O jovem realmente esperava de algo a mais por parte da moça? Ainda que estivesse a interpretar um papel, Selene, enquanto atriz, ainda era uma jovem, de forma que o estranho de fato seria se aquilo lhe ocorresse. De qualquer forma, o rapaz se portava como um verdadeiro cavaleiro e assim dava início à tarefa pela qual o mesmo se incumbira. Permanecera ali por alguns instantes, a observar o local e o vazio; sem que nada a mais lhe ocorresse, ou qualquer outro sinal que seja, como o morceguinho que ainda a pouco se colocara a bater suas asas pelo ambiente. Stantler, por sua vez, também parecia incumbir-se da proteção de sua mestra, vez que aos poucos permitira que a moça usasse de suas patas felpudas como travesseiro, obviamente mais confortável que qualquer pedra que ali se encontrasse, mantendo seus olhos focados em Dawn.

No entanto, para a surpresa de Dawn - ou talvez não, vez que sequer o notara - algo ocorria em meio o silêncio e a escuridão que tomava conta daquele ambiente. Era como se uma nuvem de esporo circulasse o ar a uma baixíssima altitude, seguindo pelo solo até Dawn, que quando dera conta, já estava a admirar e exalar os esporos soníferos que lhe haviam sido lançados por uma criaturinha que surgira logo em seguida, a saltar e rodopiar com belos movimentos, o que terminava por causar um aspecto mais cômico que belo à criatura, vez que dificilmente seria considerada como bela por si só. Era um Gloom, que com seus trejeitos de dançarino, seguia até Stantler, que já havia "caído no sono" antes mesmo de Dawn, que segundos após aspirar a substância, já desabara ao chão, inconsciente. Isto é... Claramente, Gloom de fato poderia fazer aquilo, mas como estavam todos simplesmente a interpretar papeis, seus esporos não passavam de um Sweet Scent, ao qual Dawn, sabendo daquilo que tinha de ser feito, interpretara como um sonífero.

Enfim, uma vez que o monstrinho venenoso se colocara ao lado de Stantler, a cochichar-lhe coisas em seu ouvido, as cortinas rapidamente começavam a se fechar... Porém, desta vez a mudança era tão rápida que assim que as mesmas se fecharam, imediatamente voltaram a se abrir, apenas para revelar uma nova iluminação a recair sobre o local, de forma a representar que não mais se encontravam presos à noite, a apesar da "neve" a cobrir o chão do lado de fora da "caverna", a tempestade também havia cessado. O dia havia chegado, e com ele, uma nova surpresa não apenas ao público mas também a Dawn assim que este levantasse de seu sono... Selene não mais se encontrava ali. Era este o momento para Dawn despertar e interpretar suas reações diante do ocorrido, tanto de seu sono induzido, quanto acerca do desaparecimento.

De maneira ligeiramente desajeitada, Dawn despertava e enfim dava conta do desaparecimento da garota... Claramente, tudo não passava de uma encenação, de forma que o jovem tomara todo o cuidado para realmente fazê-lo parecer com alguém a acordar recentemente, simulando até mesmo a irritação da luz exterior quando fora da caverna. Enquanto personagem, seus olhos deveriam doer com aquela repentina mudança de claridade, então, se é que o critério de interpretação estivesse a ser levado em consideração para algo ali, Katakuri havia recebido um ponto. - Uma pena que não era algo a ser pautado. - De qualquer forma, lá estava o rapaz, face aquele monte de montanhas, sem qualquer sinal de Selene, Stantler, ou mesmo Gloom. Tinha Vibrava consigo, mas a pequenina criatura também não lhe serviria de muita vantagem diante daquela situação vez que sequer era um espécime com habilidades para rastreamento ou identificação. Infelizmente Dawn não era lá dos mais versáteis treinadores. Mas, isto não o impedia de dar início imediato a busca, afinal; bem sabia o personagem, que quanto mais tempo se passava, menores eram as chances de encontrá-la...

Assim, o jovem dera início a uma caminhada pelo cenário do lado exterior da caverna, que uma vez superada, voltava a ser representada como escuridão, cessando até mesmo toda a luz que os cristais pareciam emitir ainda a pouco. A mudança na iluminação parecia ser necessária para que o público pudesse voltar seus olhos unicamente no exterior agora. Os pés de Dawn, conforme caminhava, parecia se afundar na "neve", de forma que a mesma cobra até alguns centímetros abaixo da metade de sua canela, o que certamente dificultava sua locomoção naquele "terreno" estranho e desconhecido. - Por onde estaria a garota... - Emitia uma voz repentina, a surpreender Dawn enquanto buscava por pistas. Era uma voz arrastada, mas ainda assim havia uma pitada de ironia e até mesmo deboche na mesma, como se estivesse a achar graça na situação. A fonte da voz, até então, se mostrara oculta ao jovem, que ao se voltar a procurá-la, terminara por esbarrar em algo que se encontrava até então encoberto pela neve. Com um rápido olhar, não era difícil de notar que aquilo no que ele esbarrara era em verdade uma cartola, a cartola de Stantler.

- Uuuh! Isto certamente é interessante... - Prosseguira a voz, que enfim se revelava como uma criatura em palco. Havia um Meowth, próprio de sua variação de Alola, a se apoiar na construção que tratava de dividir o cenário ao meio. Maquiagem havia sido feita para que suas expressões parecessem mais sorridentes. Claramente, muitos o identificariam, sem muita dificuldade, como Cheshire. - Vejo que perdeu sua companheira, Ornstein... Não que seja de minha conta, mas você é um guarda real, não? Como pôde cair em um truque tão bobo como aquele sonífero? Mas, quem sou eu... Apenas Cheshire, o gato falante... Não é? - Prosseguia o gato, em deboche. Obviamente, não era o gato a falar, sim um ator, cujo papel se revelava de forma apenas a dublar as falas de Meowth, que com o auxílio de pokémons psíquicos, saltara da construção e agora restara a pairar ao redor de Ornstein, rondando-o de um lado a outro com movimentos interessantes e curiosos.