#Extra [Teatro] - A Guerra de Naipes

   Ísis estava mostrando certa dificuldade para de manter sã. Quando encontrava a luz e deixava de lado a confusão, logo estava ela lá, novamente  a atormentá-la, impedindo a tal de movimentar-se como o desejado. Ela não parecia estar mal fisicamente falando, uma vez que todas aquelas técnicas suportivas lhe curavam efetivamente. Entretanto, as esferas fantasmagóricas mexiam com a cabeça da pequenina que, embora errando frequentemente seus golpes, ainda demonstrava atitude e decisão inspiradoras.
   Já Anzu e Finneon, embora tendo suas energias restauradas ao fim de cada turno, pareciam um pouco cansadas, mas continuavam a batalhar firmes e fortes. Aquela batalha estava exaurindo as forças e vontades de Ren, que estava ficando cansado da atuação intensa. A praça em que batalhavam já estava sofrendo os impactos da luta, não estando mais tão arrumada e impecável. O chão estava quebrado, assim como a fonte e alguns prédios, em decorrência dos golpes repetitivos trocados entre os treinadores. Enquanto isso, o campo em si era uma bagunça, com a grama mágica aos poucos vencendo os resquícios de neve ali presentes, e viam-se, ao longe, partes um pouco molhadas, ainda por conta dos golpes aquáticos daqueles peixes.
   A Ratwoman estava em um conflito severo dentro de si mesma, ora deixando o lado mais feroz e selvagem transparecer, aquele mais irracional e sedento por sangue, e outro confuso, que implorava por ajuda externa. Wallace bolou a hipótese de que, sendo uma antiga soldado, aquela que não perdia batalhas, sofreria um baque emocional forte se derrotada, talvez capaz de trazê-la de volta ao normal, e foi isso que disse para Suitless, embora de maneira mais bela e sofisticada.

   — Bela dama florida, fizestes bem em livrar-tes desses espíritos maldosos uma vez, mas será necessário combater tal sentimento confuso  novamente! Dessa maneira, faça teu pedido ao céu estrelado, que mesmo escondido sob a luz solar, ainda está lá, a brilhar, e brilhe com a luz energizante de teu desejo! — dizia ele, atuando da forma padrão, como já vinha apresentando o personagem anteriormente. Sua voz transmitia todo o conhecimento linguístico que um nobre deveria ter, um conhecimento que Ren também possuía, uma vez que fora instruído com classe e rigor em sua rica casa na cidade de Petalburg. — Após tais feitos, invoques os calorosos e mágicos ventos de Fairy Wind, energizando-o com o pó que carregas. Segures firmemente a flor que carregas, e encontre a fonte de teu poder feérico!

  “Mercenário. Como dito, creio que minha antiga companheira voltará apenas depois de derrotada. Entretanto, seria desagradável e deselegante maltratar e causar grandes danos nela, mesmo quando encontrada em tal estado. Assim sendo, rebateremos com um não tão forte golpe!”
 

      Então o garoto olhou, com olhar penoso, para a roedora. Realmente, ela não possuía culpa alguma, fora apenas mais uma vítima no caso. Merecia descanso, proteção e cuidados necessitados. O rapaz descobriria o que se passava.

— Como estás a se sentir, minha cara guerreira? Descanse um pouco, conte-nos o que aconteceu. — falou, dirigindo-se à Arganaz.

   E... Ren pôde finalmente suspirar. Aquela batalha finalmente havia acabado, e as cortinas fecharam-se momentaneamente, dando aos atores um breve momento de descanso. Tem foi alegre até Ryousuke, e abraçou com força o mesmo. Estava sendo incrível encenar com o garoto, mesmo enfrentando alguns contratempos, fato inevitável. Bebeu um copo d'água, sedento, e foi até a atriz com a qual estava contracenando, cumprimentá-la e elogiar a apresentação. Estava todo sorridente, e parou um pouco para dar uma nova lida no roteiro, uma vez que tinham um pouco mais de tempo enquanto o palco era arrumado.
   Após derrotar ambos os peixes, mesmo que não tendo tal expectativa no momento, a roedora lentamente vou voltando ao seu estado "normal", muito confusa, perdida e arrependida. Enquanto lágrimas caíam do rosto de Arganaz, o personagem de Ren aproximava-se, consolando-a em um abraço. Lembrando-se de fatos tristes, o garoto também chorou, procurando demonstrar também a tristeza por trás daqueles trágicos acontecimentos. Concordando com a sentença, Wallace respirou fundo, instruindo a cavaleira a fazer o mesmo, tentando encontrar calma naquele momento. Entretanto, mais uma vez lembrados pelo mercenário, não tinham muito tempo para chorar e lamentar, precisavam seguir em frente se quisessem impedir mais mortes, tragédias e desgraça, como foi dito por Wallace.
   Assim sendo, após recolher o estranho item que a soldado carregava, um muito semelhante ao que haviam conseguido anteriormente, o nobre rapaz orientou a rata a ir até o navio no qual atracaram naquele continente, onde haveria uma tripulação à espera deles, com suprimentos e tudo mais. Seria bom também para a moral dos marujos, uma vez que alguns eram do Reino Branco também, além de que seria importante o descanso da soldado e o envio de uma mensagem informativa à Rainha. Estando prestes à ir embora, e continuar o caminho tortuoso, Wallace virou-se, deixando à Arganaz uma última frase. "Não esperem por nós". E seguiu em frente, sem olhar para trás.
   Após isso tudo, as cortinas foram fechadas e todos tiveram um momento para descansar. Eles teriam mais um inimigo/amigo para enfrentar antes de chegarem até o Chapeleiro e seu aprisionador, que aparentemente não seria fácil também. Ren pensou e relembrou de tudo isso enquanto bebia um terceiro copo d'água, roteiro em mãos. A equipe do cenário provavelmente estava terminando de preparar o mesmo, então o rapaz despediu-se daqueles que estavam por ali e pegou Ryousuke pela mão, levando-os até o palco. Vendo a reação de tal, Ren alegrou-se ainda mais, pensando na fofura do não tão menor, e em como deveria ser bom ter um irmão.
   Bem, fora gratificante e refrescante enquanto durara, mas a pausa havia acabado, e precisariam encenar novamente. Com um sinal dos atores à equipe de organização, as cortinas abriram-se, revelando um grandioso castelo, anteriormente distante. Já dentro do personagem, Wallace disse notoriamente sobre a estranheza do lugar. Haviam subido a montanha e, até então, nenhum sinal de vida. Seria aquele o castelo correto? Onde estariam os guardas? De qualquer maneira, o rapaz violáceo adentrou precipitadamente o lugar, empurrando estrondosamente as portas, sem ao menos esperar alguma palavra proferida por Suitless. O próprio Ren encontrava-se confuso, não eram supostos a batalhar novamente? De qualquer maneira, era bom, uma vez que um maior intervalo de tempo entre as batalhas dava aos pokémon, e até mesmo aos seus treinadores, um maior tempo para respirar. As coisas não deveriam demorar muito a acontecer, já que o público precisava manter a atenção na peça, então o garoto começou a enrolar um pouco, comentando sobre a arquitetura do lugar. De fato, os produtores haviam investido na peça. O castelo possuía imensas e altas abóbodas decorando seu teto, onde caberiam, sem dificuldade, dez Serperiors, um em cima do outro. Paredes altas, grossas, lindas. O chão era de um mosaico detalhado e belo, cuja peça central mostrava uma cena, que despertou a atenção do jovem, motivando-o a aproximar-se daquela peça em específico. Parecia ser... Uma estrela de cinco pontas, com itens sombrios ao seu redor? O que representaria aquilo?