Um Novo amanhecer - Tony Dragnell

Um novo amanhecer!

Tony se encontrava em uma situação bem ruim: o treinador que fora responsável por fazer com que o ladrão deixasse o roubo para trás, acabava sendo acusado como se fosse ele o malfeitor. Diante disso, nosso herói escolhia fugir daquela circunstância ao invés de se render, algo que poderia trazer problemas futuramente caso não conseguisse provar sua inocência.

Disparando daquele local e fugindo das forças policiais, o rapaz adentrava ainda mais a floresta, sem saber muito bem para onde ir ou para onde o ladrão mascarado foi. Não demorou muito e a chuva começava a diminuir: as nuvens do céu se abriam um pouco e o sol retornava para iluminar o caminho. Com uma visibilidade melhor, talvez a busca pelo malfeitor ficasse mais fácil.

Ou talvez não.

Andando mais um pouco, Tony chegaria a uma estreita passagem da floresta. De ambos os lados, uma leve depressão levava ao mar, este que circulava completamente toda a rota. O caminho não era de ruim passagem, mas com a chuva e a criação de lamas e poças d'água, talvez um escorregão fizesse com que o rapaz caísse: ou seja, todo cuidado era pouco.

Não muito longe da vista do treinador, alguns Linoones e Taillow brincavam sobre as árvores e até mesmo no chão, provavelmente festejando o fim da forte chuva que assolou o local por algum tempo. Ao perceberem a presença de Dragnell, todos correram, com exceção de um Linoone, que encarava o treinador: com o focinho, o Pokémon sinalizava que algo estava para lá, como se soubesse magicamente que nosso herói estava atrás de alguma coisa... Será que essa era a pista que precisava?

Um novo amanhecer!

Graças a ajuda de Azulzinha, Tony conseguia perceber o Pokémon do tipo normal tentando sinalizar algo para ele. Com certa cautela, nosso herói decidia seguir o monstrinho selvagem, andando abaixado e em passos lentos: sem dúvida uma ótima estratégia uma vez que estava sendo procurado pelas forças policiais e atrás do malfeitor. Não chamar atenção naquele momento era crucial.

Não demorou muito e chegou até onde Linoone estava; o pequeno sinalizou mais uma vez e saiu em disparada, quase como se já tivesse feito seu trabalho para ajudar a floresta que vive. Se nosso herói prestasse bem atenção, próximo de onde o Pokémon havia sinalizado estava uma garota: Alta, belíssima e caminhando de um lado para o outro, como se estivesse nervosa. Ao seu lado, uma Ninetales estava deitada, rindo do enervamento de quem parecia ser sua treinadora.

Como anteriormente, Azulzinha estava aproveitando das grossas gotículas de água da chuva para engoli-las, numa brincadeira saudável e divertida para passar seu tempo enquanto andava pendurada em Tony. Apesar do momento ser um tanto quanto apreensivo, a aquática não parava de se distrair: em uma dessas, acabou se engasgando, fazendo bastante barulho enquanto tossia.

— Quem está aí? — a garota perguntou, parando de se movimentar e olhando na direção de Tony, que estava camuflado atrás de um arbusto — Mostre-se agora!

Um novo amanhecer!

Tony, com certa cautela, decidia se aproximar do que o Pokémon Normal havia mostrado, se deparando com uma jovem um tanto quanto preocupada. Graças as peripécias de Azulzinha, sua localização era revelada e não tinha muito o que ser feito a não ser sair de trás do arbusto e se mostrar. Ninetales rapidamente levantava e se colocava em posição de ataque, talvez a fim de proteger sua treinadora.

— Ei... Fale a verdade! — nervosa a garota começava a transpirar na testa — Foi você que roubou minha mochila enquanto eu estava dormindo? — apontou na direção do nosso herói — Se sim, devolva já! — engoliu seco, com a voz falhando um pouco, parecia que não estava muito acostumada a gritar com pessoas — A Flannery vai me matar...

A última frase da menina era quase que dita entre os dentes, como se precisasse lembrar a si mesma o que estava em jogo ali para ela. Ninetales parecia olhar em volta e perceber que Tony não possuía nada consigo além de sua mochila e sentava no chão tranquilamente. Em seguida, a figura feminina começava a acariciar a cabeça da raposa, que parecia tão frustrada quanto sua treinadora.

— Preciso encontrar isso de qualquer maneira... — colocou a mão no rosto — Meus outros Pokémon estão lá dentro. — seus olhos marejaram — Você me ajuda? Prometo te recompensar com alguma coisa que posso ter na bagunça da mochila.

Um novo amanhecer!

Ao perceber a gentileza e simpatia de Tony, a jovem abaixava um pouco sua guarda e respirava fundo, limpando as lágrimas que por muito pouco não caíram de seus olhos, aproveitando nesse meio tempo para buscar um guarda-chuva que estava separado do seu lado.

— O-oi, me chamo Violet. — caminhou até nosso herói e estendeu sua mão — Quer ficar no guarda-chuva? A tempestade está complicada. — respirou fundo e sua Ninetales parecia também interessada na conversa — Sim, sim. Flannery. — abriu um sorriso mas que logo desapareceu provavelmente graças à preocupação — Sou a mais nova aprendiz dela e sabe... — fitou sua raposa, que arregalou os olhos — Ela é bem rígida.

A moça agora parecia olhar em todas as direções possíveis, talvez a procura de quem pudesse ter roubado seus pertences enquanto dormia. Não havia muito o que procurar: de onde Tony havia vindo não seria possível e o mato alto impedia que a jovem visse algo além das plantas.

— Ninetales acho que consegue farejar o cheiro da minha mochila, mas com essa chuva acho que vai ficar um pouco difícil... — Violet bufou — Você tem algum Pokémon que consiga farejar? Quem sabe conseguimos unir nossas forças para aumentar nossas chances. — a garota agora começava a caminhar em uma direção aleatória — Mas e você, o que te traz até esse fim de mundo?

Um novo amanhecer!

A conversa começava a fluir, com nosso herói dizendo logo de uma vez de onde vem e seus objetivos em se tornar um aprendiz de Flannery igual Violet. Os olhos da jovem brilharam ao ver Garm, o Houndour de Tony, imponente e com uma pelugem muito bem-cuidada. O canídeo logo tratava de começar a conversar com a raposa da moça em sua língua Pokémon ininteligível, que por sua vez parecia bastante interessada no mesmo.

— Lindo esse seu cachorrinho. — a garota fazia uma voz infantil para falar com o Pokémon, que parecia ligar mais em interagir com a majestosa Ninetales, que cheirava-o — É seu único Pokémon de fogo? — Violet perguntava — É que tem que ter mais para poder ser aprendiz da Flannery... E além disso, tem uma missão antes e ela é beeem complicada. — deu uma risada — Mas você parece ter bastante força de vontade, Tony! Tenho certeza que se sairá muito bem. — abriu um sorriso — Quero ver é aturar os gritos dela... Ela é uma ótima professora, mas nunca vi uma pessoa tão estressada!

Ambos os monstrinhos de fogo conseguiam sentir o cheiro da máscara e começavam a caminhar rapidamente na frente, seguindo na direção norte. O clima continuava a mesma coisa: uma leve chuvinha com também um calor que subia graças a alta temperatura característica de Hoenn — parece que em alguns minutos os chuviscos e as nuvens sumirão de vez, dando lugar ao mormaço comum da região.

— Ouvi dizer sobre o que houve com Kanto... Sinto muito. — Violet colocava a mão direita sobre o ombro esquerdo do rapaz — Mas Cinnabar é uma cidade muito, muito conhecida! Vejo porque quer ser aprendiz de fogo. — deu uma risada simpática — Deve estar no seu sangue!

Ao chegar no ponto em que ambos Pokémon pararam, se tratava de uma pequena estrada de terra que descia para a praia que circulava embaixo da rota. Deserta, não parecia haver muito o que fazer ou procurar, mas tanto Ninetales quanto Houndour tinham certeza de que tinha alguma coisa ali embaixo. Os monstrinhos volta e meia trocavam algumas carícias, o que parecia incomum já que o canídeo era tímido e também tinha medo da reação caso Espoleta visse o que estava acontecendo, mas parecia ligar mais para sua paixonite com a raposa.

— Nossa, eles se deram bem muito rápido. Que gracinha. — Violet olhava a estrada de terra um tanto quanto amedrontada — O que será que tem lá embaixo que não estamos vendo? — colocou o dedo indicador direito sobre o queixo — O que acha, Tony? Você parece mais experiente... Acha que devemos descer?