[001] - Замораживающий террор

Naquele momento nada mais importava a Piotr. A decepção e, pior, vergonha eram o que mais se destacavam naquele semblante corado. Seus olhos já eram errantes, não tinham foco nenhum no que estava acontecendo, apenas um olhar cabisbaixo e bem triste. “Que treinador horrível que sou...” Pensou. “Eu realmente merecia ter perdido... “, o que mais lhe doía era ver que infelizmente, aquilo abriu uma grande oportunidade de vitória. – Ganhar, mas a que custo? – Refletiu ao perceber a dimensão daquela situação. Nada vinha a mente de Romanov além de vergonha, a sede de poder e vitória subiu a sua cabeça.

- Fane, duplo Thief. Vamos acabar com isso logo e vamos embora. – Ordenou sem muita motivação. Seu Braço nem mesmo se levantava ante ao ocorrido da batalha, além de nem mesmo perceber, ou quem sabe, se atentar se aqueles movimentos acertariam ou não. – Como eu pude preferir a vitória do que cuidar do meu Pokémon... – Se lamentou mais uma vez em voz baixa. Seus olhos apenas cortavam o ar para ir na direção do gélido, era horrível vê-lo ter de passar por aquilo por uma... uma simples distração de seu treinador. Na verdade, era inadmissível aquilo, se corromper pelo simples gosto de vitória em uma batalha boba.

De certo modo aquilo ensinou bastante ao rapaz, ele teria muito o que pensar por algum tempo, além de uma consciência pesada por dias. Ele não poderia deixar isso o afetar a longo prazo, Fane esqueceria, ele esperava esquecer também, mas aquilo não poderia acontecer nunca, jamais! – Prometo que vou ser um treinador melhor, Fane! Eu prometo! – Expressou naquela verdadeira montanha russa de emoções.

O confronto continuava, os olhos, agora mais atentos de Piotr, percebiam os movimentos de Marshtomp e as ordens de Mike, lógico que sem muita atenção como antes, porém ainda assim ele tentava se esforçar para aprender daquele verdadeiro treinador que seu oponente é. Algo que vinha a sua mente era algo que seu pai dizia, em uma situação parecida, de certo modo. “Por que nós caímos? Para aprendermos a levantar!”

Ele relutava para esboçar em sentimento de felicidade após aquela vitória, não era exatamente o que ele queria, mesmo que uma vitória fosse seu objetivo. Os meios alcançados não justificaram o fim. – Estou bem... Heheh, você é muito bom. Tive que apelar. Hahah – Sorriu disfarçando o sentimento de fracasso. Com certeza aquilo não era nada do que ele esperava, porém, ainda assim era uma boa hora para seguir em frente e tomar aquela experiência como algo muito proveitoso para o futuro. – Marshtomp está de parabéns, ele foi muito bem treinador! – Exclamava ao erguer o punho com o polegar erguido na direção de Mike.

Sneasel se aproximava de Piotr com certa desconfiança. Andando e dando reviravoltas antes de chegar em seu treinador ele caminhava a passos curtos e com os olhos desviados, porém era recebido com um aconchegante abraço de Romanov. – Fane, por favor me perdoe! Eu prometo que isso nunca irá acontecer novamente! – Proferiu como um alerta mais amoroso do que de precaução. – Você vale muito mais do que qualquer vitória por aí. Você é meu amigo, afinal de contas! – Sorriu ao fim da frase com um sorriso estampado em seu rosto.

Aquela batalha foi muito interessante, renderia a Piotr várias horas de anotações e curiosidades também. Vários pensamentos e ideias surgiam a todo momento na mente do treinador do tipo gelo, além de, claro, novas estratégias muito úteis que com certeza o estudante utilizaria em batalhas futuras, especialmente as mais difíceis. “Interessante investir algum tempo treinando as habilidades de Fane, isso vai ser muito útil para aprimorar as antigas e principalmente as novas”. O jovem mirabolava vários planos para o futuro.

Naquele momento ele não precisava ser muito avoado, era hora de focar nos objetivos e continuar a sua jornada. Deveria também procurar tal emprego temporário e principalmente conseguir uma graninha extra. – Mike, foi um enorme prazer treinar com você. – Acenou ao rapaz. – Acho que eu exagerei um pouco. Hahaha! – Sorriu completamente sem graça.

Aguardaria então as respostas de Mike, e provavelmente Moly e Duda, para enfim dar continuidade em sua jornada. Como previsto, e bem pensado, tentaria se dirigir ao centro da cidade em busca de alguma tarefa remunerada, ou algo do tipo, e voltar ao Centro Pokémon, especificamente a loja de itens, para comprar alguns itens medicinais.

O rapaz já respirava profundamente após sair da casa de Mike, ele se sentia um pouco menos amargurado da batalha que tivera, porém, ainda que já se passado um tempo e depois das despedidas os sentimentos ruins ainda não haviam desaparecido. – Tsc... – Resmungava em um canto. Era bem ruim imaginar que a confiança de Fane poderia ser facilmente corrompida por um desejo fútil de vencer. “Não posso deixar isso acontecer de novo.” Ele pensou enquanto tentava se distrair com o céu azul daquele início de tarde. Caminhava lado a lado com o seu amigo carteiro, mesmo que tendo um relativo conhecimento da cidade, conseguia já andar sem precisar ficar seguindo direções. Ele até mesmo se dava ao luxo de se lembrar de estabelecimentos ou ruas, quando possível.

Continuando aquela caminhada na direção do Centro Pokémon, Piotr aproveitava para tentar dar um certo “agrado” ao gélido. – Fane, come essa frutinha. – Sorria de forma bem amorosa. Ele queria recuperar aquele mesmo laço com o Pokémon. Eles não se conheciam a muito tempo, porém não era nada legal já ter certos desentendimentos, ou pior, algum fio de problema que pudesse gerar algo bem pior. Não queria dar margem para nenhum efeito bola de neve, e de bola de neve Romanov conhecia muito bem. – Toma. Hihi. – Dizia ao estender o braço na direção do Sneasel e esboçava um sorriso bem carinhoso e amigável. Seria compreensível caso o Pokémon negasse aquilo, porém também seria compreensível caso ele aceitasse apenas por querer. De qualquer forma ele estava tentando.

O clima até então já não incomodava o albo como antes, já conseguia aproveitar mais o calor, mesmo que soando bastante e tendo que assoprar dentro da gola de sua camisa, mas ainda assim conseguia sobreviver. Ele também já se sentia bem mais à vontade para imaginar outras situações nas quais aquela cidade poderia proporcionar. “Como é o movimento a noite por aqui? Será que tem algum entretenimento legal? Seria muito bom levar o Fane para passear, se ele não estiver muito cansado...” pensou, tentando criar algumas situações divertidas.

O caminho parecia bem mais longo do que imaginado, porém o silêncio chato era cortado com uma pergunta interessante do colega. Romanov pensou um pouco antes de responder. – Bem... – Deu uma pequena pausa pensando no que falaria. – Eu estudei medicina por vários anos, mas não... não sou médico. No máximo posso me considerar um farmacêutico ou, quem sabe, um enfermeiro. – Expressou tentando deixar da forma mais simples possível. – Porém meu sonho é ser um médico sim! Na verdade, quero ser um cirurgião! – Proferiu com alegria e grande entusiasmo, como se esquecendo por alguns segundos os ocorridos anteriores. Seu sorriso era bem mais sincero e vívido, além de um olhar cativante. O jovem também erguia os braços tentando expressar um pouco mais o que dizia enquanto gesticulava para Mike, fazia movimentos e movimentos que, de alguma forma, representariam aquelas profissões.

Chegar no Centro Pokémon seria bem padrão, curar Fane e gravar os preços dos itens na loja de itens. Ele guardaria os preços em alguma anotação para futuramente, quando tiver mais dinheiro voltar e comprar alguns itens medicinais. O jovem tentaria também fazer uma reserva de quarto, afinal, não sabia quanto tempo passaria na cidade, sem contar que ele não sabia a distância e duração da viagem entre Littleroot e Oldale.

Que excelente proposta! Trabalhar como assistente médico no Centro Pokémon lhe soava bem, além de que era uma ótima oportunidade para entrar de cara no ramo da medicina. “Muito legal!” comemorou em pensamento. O jovem até mesmo deixava escapar um sorriso em seu rosto, revelando que gostou muito da ideia e com certeza iria seguir a dica de seu amigo. Mike no final das contas se revelava cada vez mais esperto do que Piotr imaginava. De fato, essa viagem em busca de uma aventura só estava lhe rendendo bons frutos a respeito de novas experiencias e expectativas. – Quem sabe um dia...

O jovem continuava a se preparar quanto a busca do emprego, já estava ali então era só perguntar. Fane o acompanhava, ainda que com um provável receio, mas ainda assim o acompanhava. Às vezes, ao olhar o Pokémon ele poderia sentir um certo desconforto, um verdadeiro sentimento negativo de fracasso, mas ele não poderia deixar isso o abalar. “Vou seguir em frente e provar minha confiança e amor a Fane!” pensou confiantemente. Ele caminhava, se despedindo de Mike com um sorriso bem amistoso e um balançar de mão, ele erguia seu braço esquerdo e acenava para o rapaz. – Até a próxima, foi um prazer te conhecer! – Dizia se lembrando do bom exemplo que o jovem lhe deu.

Daria meia volta e iria na direção da enfermeira Joy. A principio não teria muito ideia do que falaria, porém tentaria improvisar algumas coisas. – Estive pensando se eu poderia me disponibilizar para ajudar no Centro Pokémon, se possível. Pelo menos por um tempo. – Diria se embolando nas palavras. – Talvez eu possa tentar dizer que eu estou procurando uma oferta de emprego e se o Centro Pokémon não tem uma vaga aberta... – Respirou fundo. – Ai ai ai... – O jovem enfim chegava ao local onde a enfermeira estava. – Ei, olá! Err... estou procurando uma oferta de emprego temporário. O Centro Pokémon não teria uma vaga sobrando? Faço qualquer coisa! Hehe. – Sugeria com um sorriso envergonhado e uma mão na nuca. Seu rosto albo já estava vermelho.

Fane olhava aquela cena e ria bastante, se deleitava com a situação de seu treinador. Talvez ele estivesse pagando pelo pecado que cometeu ao dar aquela raiz ao Pokémon. O noturno observava calado e aguardava uma reação tanto da enfermeira que o curou como também de seu treinador. Porém Piotr estava bem nervoso. “E se ela disser não? O que eu faço?”

- Eu aceito! Com certeza! – Exclamou com grande alegria. – Prometo que não vou decepcionar! – Continuou Piotr bem animado com aquela maravilhosa oportunidade. Se parasse para pensar ele poderia achar que era algum tipo de pegadinha, afinal, ele conseguiu um emprego temporário em algo que ele tinha certa experiência além de que também seria pago. Era o melhor dos mundos. “Muito obrigado Mike, obrigado Arceus!” O jovem mais expressava do que comemorava de fato aquela conquista, ele também tentava esconder a euforia que sentia por dentro. Caso fosse expressar o que sentia estaria correndo e pulando de um lado para o outro. – Eu vou conseguir conquistar meu sonho! – Sussurrou como motivação.

O jovem também olhava para Fane com grande alegria, que o olhava meio desconfiado de canto de olho. Porém aquilo não o protegeria das garras de Romanov, que pegou no colo o gélido e começou a fazer-lhe carinho e cócegas. Não ligava mais se ele fosse o arranhar ou coisa parecida. Ele estava bem feliz e queria muito comemorar tudo aquilo que ele tinha conquistado. Lógico que imprevistos aconteciam a qualquer um, porém ele estava conseguindo não só se recuperar como também superar as dificuldades com novas motivações.

O jovem se prontificava em se adaptar a sua nova função. – E o que eu vou fazer? – Perguntou com um olhar bem curioso. – Vou precisar me limpar com certeza, poderia me dizer se eu consigo alguma instalação por aqui. Quero pelo menos tomar um banho e trocar de roupas... – Informou sobre sua situação e preparação. – Prometo que volto o mais rápido possível! – Alertou. De fato ele precisaria se limpar para que pudesse exercer sua função no Centro Pokémon de acordo com as normas médicas de segurança e saúde. Ele não queria causar nenhum incômodo em seu primeiro dia de estágio e, muito menos, dar uma péssima primeira impressão.

Caso a resposta da enfermeira fosse positiva e com as direções, ele prontamente se prepararia, iria para a instalação, tomaria um bom banho e descansaria por uns trinta ou quarenta minutos. Era importante notar que ele ficaria trabalhando por doze hores sem parar, seriam três turnos, ou seja, trinta e seis horas de trabalho. Mas o pagamento seria muito gordinho. – Mil e quinhentos pokédólares?! Incrível, Fane! – Continuaria comemorando com seu Pokémon. Caso a resposta fosse negativa, ele ainda aguardaria por instruções com respeito a sua higiene. Trataria de se preparar bem por esterilizar as mãos e colocar algum uniforme apropriado, ainda que se sentisse desconfortável com o suor e cansaço.

Por fim seria bem interessante ter mais aquela experiência para contar. Não bastasse os casos que se meteu pela manhã ele ainda teria isso para escrever em suas anotações. Hoenn estava lhe rendendo ótimas histórias.