[Ecruteak] Legally Angels

Ecruteak City

É, eles iriam separar-se. Quando notou, Ren estava afastando-se dos amigos, que resolveram realizar tarefas diferentes. Bem, não havia muito o que fazer, ele presupunha. Ademais, eles provavelmente voltariam a encontrar-se no desenrolar das tarefas, não? Por enquanto, precisavam focar naquilo que vieram fazer: ajudar. E a atividade do mono treinador era bastante comovente.

Não era a primeira vez que o aspirante a coordenador lidava com órfãos. Aliás, tivera ótimas experiências com estes, em Forina. Entretanto, os nativos de Hoenn não tinham passado por tudo que as crianças de Ecruteak vinham passando, até então. Era uma realidade totalmente diferente, e que partia o coração do rapaz. Sem tempo para sentimentalismos, no entanto. Precisaria levar aquilo à sério. Era sério.

O solo ao redor do pequeno acampamento parecia bastante empobrecido e devastado. Outra consequência das enchentes. A lixiviação provavelmente fora intensa ali, retirando todos os sais minerais dos horizontes O e A do solo. Os responsáveis pela área decidiram separar os voluntários em dois grupos distintos, que auxiliaram a organizar as crianças para com a preparação da distribuição de alimentos. Era essencial garantir que todas as crianças estivessem de mãos limpas, para impedir a disseminação de algumas doenças.

Tal como os voluntários, Ren resolveu separar seu time em duas metades, após liberar de suas Poké Balls todos os seus monstrinhos. Dandara, Oni e Laurelie ajudariam os pequeninos na parte de lavar as mãos. O jovem deu aos monstrinhos algumas instruções iniciais. A gramínea flutuaria por entre a criançada, orientando-a a formar uma fila, assegurando que todos lavariam as mãos de forma efetiva, enquanto Ren (e provavelmente outros voluntários) diriam para que fizessem a tal fila.

Enquanto isso, Oni e sua companheira aquática ficariam próximos às torneiras, demonstrando como deveriam fazer. Dandara iria regular uma quantia específica de água para que o diabinho lavasse as mãos, enquanto apontava a maneira correta de espalhar o sabão, tudo isso da maneira mais econômica possível. Não estavam em posição de gastar muitos recursos, afinal. Toda e qualquer gota poderia fazer a diferença.

Ísis, Kheiloe e Laylah ajudariam a distribuir a comida. As duas últimas, por serem pequenas e adoráveis, provavelmente atrairiam a atenção das crianças, facilitando assim a distribuição, já que os pequeninos não ficariam tão alheios e distraídos. A Floette tentaria desempenhar um papel semelhante ao de Laurelie, cuidando das filas, garantindo que ninguém receberia mais ou menos do que deveria.

Era isso, por enquanto. Enfatizou aos seus pokémon que era extremamente necessário tomarem cuidado e serem empáticos. As crianças estavam passando por muita coisa, e não precisavam de outro acontecimento desagradável assolando-os. O próprio Ren ofereceria-se a ajudar na área que mais precisasse de seu auxílio, verificando com os superiores se estava fazendo tudo corretamente. Será que daria certo?

Ecruteak City

Aquilo definitivamente parecia e muito com a experiência de Ren na creche de Forina. Céus, até a parte do mini-show para entretenimento! De qualquer forma, as coisas pareciam estar dando certo, até então. Não que fosse uma tarefa muito complicada, ainda mais com a ajuda de pokémon, mas o mono treinador não pôde deixar de sorrir quando seus dois monstrinhos foram aplaudidos. Que fofura!

Todos os monstrinhos cumpriram suas funções com excelência, e foram parabenizados mais tarde. Uma coisa que surpreendeu positivamente o garoto foi o anúncio do show de talentos. Ah sim, isso era interessante. Ren não estava esperando por algo do tipo ali, na reconstrução de uma cidade destruída. Mas até que fazia sentido: era bom ter os ânimos elevados, não?

O aprendiz de Lisia não tinha certeza se estaria apto a apresentar ali, mas bem, o que custava tentar? Assim sendo, ele aproximou-se do responsável pela tarefa, quem quer que fosse, oferecendo sua ajuda na área. — Ah, oi...! Eu tenho interesse em ajudar no show. Posso tentar fazer algum tipo de apresentação estética, ou algo do tipo. Poderia ser legal. — afirmou, meio incerto.

Ele não se importaria em recolher o lixo, mas não era sempre que tinha uma oportunidade daquelas, ainda mais com um Contest batendo às portas. Estava apenas... Um pouco nervoso. Hokori não estava com ele. Tudo que tinha ensaiado até então fora na presença do mímico. Ren não estava acostumado a pensar em apresentações sem seu inicial. Contudo, há uma primeira vez para tudo, correto?

Ecruteak City

A presença de Ren no pequeno espetáculo fora autorizada. Enquanto as crianças preparavam-se, escovando os dentes e lavando os rostos, o mono treinador (espere, o que é isso mesmo?) teve algum tempo para tentar bolar alguma coisa. Ele não estava muito em sua zona de conforto, mas bem, certamente conseguiria fazer algo de interessante, no mínimo.

O aprendiz de Lisia olhou para os bebês que trazia consigo. Seria extremamente fofo, se conseguisse fazer algo com eles. Só não poderia ser nada muito complexo: os pequeninos não conheciam tantos movimentos que poderiam ajudá-lo. Ele sorriu e puxou todos os seus pokémon para um canto, a fim de explicar-lhes o que fariam dali não muito tempo.

Bem a tempo de ver as outras apresentações naquele palco improvisado que fora montado, ele terminara. Trouxera seus monstrinhos consigo, para que pudessem apreciar a música também. A criançada parecia gostar bastante, de todos os estilos musicais. As piadas também fizeram um imenso sucesso. Ah, como era bom ouvir o som de todas aquelas coisinhas rindo!

Por fim, era a vez dele. Estava um pouco nervoso. Não pelo público, mas sim por que desejava realizar algo belo e apreciável. Era bastante improviso, algo que ele não gostava tanto assim. Afinal, para a própria apresentação de Mu Island, vinha ensaiando com seu Mr. Mime desde que o anúncio do evento fora liberado. Planejamento, o que define.

— Olá, pessoal! Eu sou Ren. É um prazer conhecê-los! — começou a dizer, contente. Todos os seus bebês acompanhavam-no sobre o palco. Curioso pensar que um mono treinador (isso existe?) tinha um terço de seu time como sendo de um tipo com o qual não tinha tanta afinidade. — Acho que vocês já conhecem alguns destes pequeninos, não? — mostrou Kheiloe, Oni, Laylah e Laurelie.

Bem, os monstrinhos já haviam cativado a atenção das crianças anteriormente, então talvez fosse interessante utilizá-los novamente. Ísis e Dandara não eram vistas em lugar algum. — Bem, eu e meus pokémon iremos fazer uma pequena apresentação para vocês, e esperamos que gostem! — proclamou por fim, abrindo espaço para os bebês, deixando o palco momentaneamente.

De algum lugar, uma batida de tambor começou a tocar, ritmada, e ao compasse das batidas, os bebês moviam-se. Provavelmente, se procurassem, veriam uma Azumarill escondida atrás do palco, fazendo de sua grande barriga um tambor. Sobre o palco, Kheiloe e Oni começaram a dançar, algo rústico, sem muitas regras ou ordens. Talvez fosse melhor deixar as coisas um pouco mais simples, para que os pokémon pudessem realizar em melhor qualidade, e as crianças entendessem corretamente.

Após rodarem ao redor de si mesmos por um instante, encarando-se enquanto moviam-se juntos à música, eles distanciaram-se com um salto. Laurelie e Laylah estavam em segundo plano, apenas balançando suas cabeças. Contudo, pareciam prontas para agir, como que esperando seu momento. A Skitty e o Impidimp encararam-se, de longe, e correram na direção de um ao outro.

Por fim, saltaram novamente, enquanto corriam. Assim que saíram do chão, a Cottonee começou a flutuar também, subindo um pouco. Usaria seu movimento Encore para fazer uma espécie de holofote no centro, onde Oni e Kheiloe encontrariam-se, dando um pequeno ar de suspense. Antes que pudessem chocar-se, no entanto, abriram as mãos.

Cada um usou de suas palmas (patas possuem palmas?) para bater uma na outra. O movimento normalmente faria com que ficassem aturdidos e incapazes de continuar a se mover, mas um anulou o outro, apenas realizando um choque de palmas no exato momento que a música começou a acelerar. Foi também o momento em que Laylah saltou, mais ágil e rápida.

Veja bem, o enfoque estava todo na gatinha e do diabinho. E imagino que ninguém esperaria que uma raposa bege fosse saltar repentinamente, com uma cambalhota. Caiu exatamente sobre as mãos de Oni e Kheiloe, suas quatro patinhas equilibradas sobre a dos seus coleguinhas. E estes deram à Eevee o impulso para dar mais um salto, agora para cima.

Ao invés de utilizarem a força de seu golpe para golpearem um ao outro, usaram-na para impulsionar Laylah para cima, em direção à Laurelie. Agora foi a vez da gramínea agir, novamente. Ela abaixou um pouco, indo até a amiguinha. Então usou o Helping Hand para ajudá-la a ir ainda mais alto. Bem, a raposinha tivera o impulso de seu próprio salto, dos golpes de Oni e Kheiloe, e agora, a ajuda de Laurelie.

Então não se é de surpreender que ela chegara em um altura moderadamente alta. Ren voltou ao palco. Tinha um buquê de flores multicoloridas na mão, que pedira para um dos voluntários. Ísis estava ali, também, segurando sua delicada flor amarela. E assim que Laylah começou a cair, Ren jogou o buquê ao ar, deixando Ísis livre para flutuar também.  

Um vento começou a soprar, de baixo para cima. Era obra de Ísis, conjurando um vento feérico para aliviar a queda de Laylah. Agora com as mãos livres, Ren estava livre para pegar a Eevee no colo. A queda fora suavizada pelo vento de Ísis, e a raposinha caíra suavemente nos braços de seu treinador, ousando ainda emitir um gritinho de satisfação com seu Growl.

A fadinha florida fez seus ventos pararem, fazendo também que as flores, antes esvoaçando sobre a cabeça de todo o público mirim, finalmente caíssem. Todos os monstrinhos aproximaram-se de seu treinador. Juntos, eles curvaram-se, determinando o fim da apresentação. — Obrigado, pessoal! Foi algo improvisado, mas de coração. Espero que tenham gostado!