Re: Cerulean - Dog Days Are Over

por **Kazehaya** Sex Jul 03 2020, 19:10

Se há uma coisa que eu devo agradecer é pela forma como meus Pokémon estão se comportando em meio a crise instalada em Johto e Kanto. Fiquei tão contente por vê-los ajudando, mas é tão torturante não poder nem ao menos expressar minha satisfação por ter eles comigo porque estou tão perdido em meus sentimentos que não posso nem ao menos me permitir demostrá-los.

Olha só, no fim restava apenas uma área para explorarmos e todos iam até la. Hippo e Blastoise iam na frente e fiquei um pouco atrás. Coloquei as mãos no bolso e fui caminhando devagar até onde eles estavam, observando cada um. Todos eram tão diferentes, mas ainda assim faziam de tudo por mim. Era ali que eu deveria me firmar, haviam amigos no final de tudo, mesmo que eles não falassem ou me dessem conselhos sobre a vida, estavam ali sempre comigo.

- Vocês são minha família também... - Sussurrei.

~inconsciente~

A calmaria antes da tempestade....

por zé Sex Jul 03 2020, 23:29

off:

Com certeza o sentimento de família era compartilhado com seus Pokémons, eles são seus amigos e família. Lembre-se: não só esse sexteto, mas todos que você já teve oportunidade de capturar!

Bem, Hippowdon e Blastoise caminhavam a frente do treinador, que dava a volta na cidade acompanhando o trabalho de seus voadores e Heracross. Eles eram bastante habilidosos e alguns trabalhadores da manutenção já começavam a estacionar seus carros e lançar escadas para religar a fiação. Pelo visto o trabalho da trupe tinha sido muito bem realizado.

Conforme finalizavam a trilha em torno de Cerulean terminando a zona oeste, Daisuke se via retornando ao norte, onde estava o porto e as tendas com os Rangers e vários equipamentos. Bem, era hora de engolir seco e tentar pedir informações novamente para desatar o nó da garganta.

por **Kazehaya** Seg Jul 06 2020, 10:54

Off:

Se houvesse realmente algo a se fazer o momento era agora. O trabalho havia sido feito e portanto não havia mais a necessidade de todos eles ficarem comigo, os recolhi como sempre faço os agradecendo pela ajuda e os deixando descansar para que enfim pudessem fechar os olhos e dormir.

Já eu, fiquei parado em frente aos barracos por muito tempo. Criando coragem para algo que eu nem sabia se tinha certeza que iria querer. Talvez fosse mais fácil apenas imaginar o melhor cenário do que saber da verdade, ou talvez apenas a verdade seja o suficiente e eu descubra que minha mãe está ótima e de maneira alguma eu deva interromper isso.... Mas e se ela não estiver?

Mais tempo se passou, fiquei parado em frente as barracas por mais meia hora. Algumas pessoas perguntavam se estava tudo bem e eu apenas assentia. Meu corpo todo sentia o efeito da ansiedade, mãos tremendo, o suor que começava a dominar as costas e axilas mais do que o normal e os olhos firmes num ponto qualquer. Num surto de coragem, ignorei a ansiedade e acabei correndo até qualquer uma das barracas e chamei o primeiro Ranger que apareceu:

- Hey! Meu nome é Daisuke Tachikawa, acabei de ajudar Cerulean e agora preciso da sua ajuda! - Falei apressado, as palavras quase saiam desconexas. - Preciso consultar a lista de mortos e desaparecidos, sei que vocês tem. Eu já confirmei! Por favor, eu só preciso de uma informação!!

O desespero talvez fosse obra do momento, mas eu finalmente tomava as rédeas da situação e isso me deixou aliviado.

por zé Seg Jul 06 2020, 13:58

É curioso o fato de que se nós não sabermos a verdade, podemos continuar vivendo nossa realidade da mesma forma. Talvez se você não viesse se voluntariar em Kanto e ficasse seguindo sua vida em Hoenn você poderia simplesmente inferir que sua mãe estava bem e vocês continuariam sem se falar como estavam há anos. A vida seguiria seu curso sem essa angústia toda que está passando. Não ter notícias de alguém não significa que esse alguém deixou de existir, logo, isso não necessariamente nos traz angústia.

Os sintomas ansiosos de Daisuke eram mais do que compatíveis com a situação, extremidades suando, pensamento acelerado, o coração batendo forte como se fosse saltar da gargante e aquele aperto no perto característico de uma dor angustiada. Ele acabou tomando coragem e se dirigiu a um Ranger qualquer que nunca tinha visto com palavras explosivas tão de supetão que o rapaz mal conseguiu processar as informações.

- Okay, calma, jovem. Eu não consegui entender muito bem o que você está precisando. - Ele se levantava e pegava um garrafa de água lacrada e entregava para Daisuke. - Daisuke você disse, né? Sente-se. Você está procurando uma pessoa específica? Posso procurar no nosso banco de dados com alguns dados pessoais da pessoa.

por **Kazehaya** Seg Jul 06 2020, 20:17

Parei por um minuto, era agora ou nunca. Saberei o paradeiro de minha mãe e poderei pedir desculpas. É óbvio que ela ficou junto com o restante da população, deve ter se abrigado em algum lugar e esta boa. É claro, ela está boa. Pensamento positivo, Daisuke. Pensamento positivo! Isso não combina com você agora, mas já combinou um dia, então resgate esse miserável ser que viveu dentro de você até toda sua vida ser arruinada em poucos meses e pense positivo.

Ainda estava soando por todo corpo e isso era nojento, mas nada comparado a vontade repentina de vomitar. Eu definitivamente precisava me controlar e a água oferecida por aquele Ranger caiu como uma luva para me recuperar daquela sensação horrível que vinha da vontade incessante de vomitar. Então eu simplesmente acabei com todo o conteúdo da garrafa e ajustei minha respiração. Logo, era só responder:

- Eu estou bem agora. Obrigado! - Agradeci ao homem, estava realmente mais calmo. - Poderia procurar pelo nome Mimi Tachikawa por favor, ela morava em Viridian e tem por voltar de 34 anos.

por zé Ter Jul 07 2020, 13:12

O treinador tentava retirar de seu âmago uma positividade quase tóxica, a qual, atualmente, já não fazia parte dos traços de sua personalidade. Após ingerir o líquido e se hidratar um pouco, a ânsia de vômito que sentia lhe deu uma folga. Seu estômago ainda embrulhava como somatização de todo seu nervosismo.

Um fio de suor grosso escorria pelo meio de suas costas até as nádegas, quando, com mais calma, ele conseguiu expressar melhor seu desejo de obter informações sobre Mimi.

- Certo, só um momento... É parente sua? - Dizia digitando, tentando ser agradável com Daisuke. Ele buscava numa base de dados criadas em Tohjo para registrar os desaparecidos que algum familiar tinha dado queixa do sumiço bem como os mortos que tinham sido já identificados.

Após algum tempo digitando, o moço Ranger começava até a chacoalhar a perna, arranhou a garganta e disse:

- Sinto muito, mas segundo nossos registros, Mimi Tachiwaka foi uma das vítimas dos deslizamentos em Viridian e foi soterrada. Foi encontrada dias depois já sem vida... - Ele tentava manter a postura para dar uma notícia tão dura ao treinador, demonstrando compaixão, mas também sendo um tanto distante mesmo assim.

por **Kazehaya** Ter Jul 07 2020, 15:11

Fiquei parado um tempo enquanto aquelas palavras me acertavam em cheio como um tiro. O olhar distante e a expressão vazia ditavam que eu definitivamente não havia reagido bem aquela notícia. Fiquei parado por um bom tempo, sentia a preocupação dos outros, mas só precisava digerir aquela informação. Algumas lágrimas insistiam em descer, mas as contive, queria manter qualquer pessoa longe de meus problemas pessoais e isso não ajudaria.

Tentei agradecer o Ranger, mas as palavras faltavam, então apenas assenti e sai dali o mais rápido que pude. Em meio a destruição me deixei levar. Aquele lugar parecia o mais parecido com meu interior e por isso parecia tão mais confortável que os outros, além disso era o único lugar que eu poderia ficar sozinho. No momento, já não contia as lágrimas que salgavam minha boca e não pareciam ter fim. Soquei uma parede próxima e senti minha mão absorver o impacto enquanto sangue saia de um corte que o impacto havia causado.

- DROGA! DROGA!!! FILHA DA PUTA!! EU TINHA TANTA COISA PRA TE FALAR SUA DESGRAÇADA - Gritei até meus pulmões perderem força.

Exausto, sentei me debruçando na parece e apenas me permiti sentir o luto. Por enquanto a informação ainda não havia sido totalmente digerida, podia quase não sentir culpa, mas sabia que mais cedo ou mais tarde a ficha iria cair e o mundo desmoronaria pra cima de mim como sempre fazia. A culpa era minha, Mimi Cavalone havia me abandonado, minha mãe estava morta, Matthew estava em algum lugar lidando com a sua sociedade e eu? Eu estava sozinho! Definitivamente eu deveria continuar sozinho... ou morto.

As vezes a morte parece a melhor solução...

por zé Qua Jul 08 2020, 15:11

Muitas vezes, mesmo que a emoção aflore, a ficha para uma má notícia pode ainda assim demorar a cair. Não preciso gastar minhas palavras dizendo o quão doloroso era o recebimento daquele veredito. Daisuke segurava o choro instintivo, estava num momento introspectivo em que não queria nem sequer receber apoio de outrém.

Se distanciando de todo o trabalho de voluntariado ele ia para os extremos do subúrbio de Cerulean. Seus sentimentos se misturavam à destruição do local, afinal, eram equivalentes. Inicialmente um ato histérico típico de homens heterossexuais mal resolvidos: um soco na parede. Às vezes vai que realmente ajuda a extravasar alguma coisa, sei lá. Sei que no final das contas, o treinador gritava, expressando quase que um ódio pela sua mãe por ter morrido. Ele sabia que ela não tinha culpa ativamente e sabemos que em seu âmago ele também não a culpa. Talvez venha a se culpar em breve. Por hora, sua forma de lidar com o luto da situação era na forma de raiva, a negação deveria se deixar aparente logo menos também.

por **Kazehaya** Qui Jul 09 2020, 11:23

Fiquei um tempo ali, tentando processar aquela informação que ainda me parecia uma completa miragem. Eu poderia estar sonhando, não? Devo ter sido uma péssima pessoa em outras vidas para estar sendo punido de tal forma por Arceus. Posso ter sido um assassino, isso explicaria a causa de tantas pessoas se afastarem ou morrerem perto de mim.

O olho ainda marejava, contudo eu estava me controlando dessa vez. Não merecia derramar uma lágrima me sentindo culpado como estava. Eu estava errado desde o começo e ter fugido de casa só me levou a situações a qual eu não me reconheceria mais. Não era mais o inocente, calmo e altivo Daisuke, eu estava frio, estressado e definitivamente deprimido. Resumindo. Apenas uma migalha de pão em meio ao oceano.

Mais uns minutinhos e decidi sair dali, fui direto ao local onde os Rangers estavam para tratar da parte burocrática. Nesse momento já havia pensado o bastante sobre a situação. No momento o melhor a se fazer era tratar do corpo de Mimi. Aquilo ainda me machucava muito, mas sabia que muito provavelmente ela havia sido enterrada junto com outras pessoas numa vala comum.

Estava perdido e não sabia em quem chegar, então aproveitei apenas para tentar encontrar o homem que me deu a notícia.

por zé Qui Jul 09 2020, 20:40

A confusão de pensamentos preenchia Daisuke, ele não conseguia não se culpar, mesmo esforçando-se conscientemente para não fazer isso. Ele reconhecia seus erros desde o momento que fugira de casa, mas dali também saíram acertos. Talvez pelo episódio depressivo que ele já se encontrava e que agora seria potencializado pelo luto fosse muito mais difícil enxergar tudo isso.

O rapaz então retornou de sua espairecida ainda com a cabeça turbulenta e encontrou o ranger que lhe dera a notícia sentado no mesmo lugar. O homem observava a aproximação de Daisuke, ele se entristecia ao ver a expressão no olhar do jovem treinador. Arrependimentos? Todos temos, mas aparentemente eles estavam borbulhando da mente e alma de Tachikawa. Não existia maneira certa de lidar com tudo isso... Era um processo dolorido e longo que só estava começando. Difícil era não focar naquilo que você deixou de fazer por orgulho.

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