Pokémon Mythology RPG
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Ato 02 — Vendeta.

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Quarta, 01h55min - Rutsboro City
"Lua crescente, poucas nuvens no céu. 19ºC"  


Aparentemente, Nico tinha uma suspeita forte de que aquele carro em que a patrulha de policias de Rutsboro estavam esperando fossem dos rockets. Bem, os policiais afirmaram que estava aguardando aquele modelo e placa, mas não pegaram nada. Talvez o carro nem tivesse chegado até a cidade, mas o loiro precisava confirmar. Mais uma pergunta era lançada. O loiro policial não teve nenhuma intenção de esconder. - Existem muitas facções criminosas, não sabemos ao certo... Bem, pode ser qualquer um deles...

- Rockets!- bradava o negro, sem sombra de dúvidas e com uma convicção surreal. - As facções e crimes em Hoenn ficam localizados em suas cidades... Crimes como estes que saem de cidade para outra são coisas de Rockets... Desde que eles vieram para Hoenn, nosso trabalho dobrou... Roubo de Pokémon, venda de drogas... Tudo o que dê dinheiro os rockets tentam estar envolvidos...- o negro falava com uma certeza...

O carro continuava movimentando e o Pokénav do mais velho estava ainda no suporte no carro, com GPS ligado. Growlithe babava em Nico, enquanto Mightyena e Jigglypuff continuavam em silêncio. A fada estava em pensamento profundo, por tudo o que via e tudo o que ela queria era sua treinadora.

- Sim, garoto, vou passar devagar nas ruas até você identificar a casa ou a rua.. Mande uma mensagem para sua amiga...- insistia o negro, em não querer abandonar o civil em qualquer lugar... Que tipo de policial faria isso em uma metrópole?

- É, fique tranquilo...- complementava o outro policial - Não é como se tivéssemos alguma coisa para fazer...- falava o homem, mas nesse momento, o rádio da polícia tocava. O negro atendia ali mesmo, mostrando estar alerta.

“Cable...”- começava a voz do outro lado “...estamos com uma mulher na delegacia que fugiu de uma tentativa de estupro...” – começava o relato...



Progresso da Rota - Nico :

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As perguntas lançadas seguiam, com o loiro demonstrando apenas curiosidade externamente — por mais que suas indagações eram intencionadas. O policial no bando do passageiro divagava sobre as demais facções criminosas, tal como a luz monocromática adentrando um prisma óptico, sendo que na saída, aquele único feixe dividia-se em inúmeras cores devido a diferença de velocidades entre as colorações. Seu raciocínio fora cortado pelo motorista prontamente.

Rockets.

A experiência do homem negro e a convicção com que falava confirmavam a suspeita — embora certa — de Nicholas: aqueles desgraçados estavam realmente na cidade. Mas onde? Estava longe de descobrir. Sem delongas, exprimiu também sobre as atividades ilegais da organização criminosa oriunda de Kanto nas regiões, e, quiçá, a audácia e ganância dos Rockets em atravessarem cidades para conseguirem o que querem.

Todavia, não conseguira uma única pista sobre o real paradeiro dos bandidos que tiraram aquele que era o seu maior tesouro — até aquele ínfimo momento de uma vasta jornada — de seu lado, deixando apenas uma projeção de seu âmago naquela rechonchuda fada que Nicholas carregava em seu colo. A pequena, agora, possivelmente não enxergaria mais virtude nas janelas cerúleas do treinador; entendível. Mas, ah se ela soubesse daquela confusão que se passava no interior de Nico, pelo menos a ponta do iceberg.

Analogamente, é como o mito de Atlas. O treinador carregava um peso tal qual o próprio firmamento de suas costas. Não era apenas uma vida, e sim alguém com uma personalidade tão cândida e aura tão cintilante que era capaz até mesmo de dissipar as trevas residentes no interior do loiro, cuja nunca fora tão audaciosa de dar as caras durante toda a sua existência. E Jigglypuff, mesmo que não soubesse, aumentava ainda mais as responsabilidades sobre Nicholas; seu semblante sorumbático e choroso desde o momento em que se encontraram nos confins da rota 101 lhe eram tão nítidos. Sua alma descia aos mais profundos infernos em agonia, bramindo para o nada, sendo audível apenas o eco de sua própria voz — nenhuma esperança, só incumbências.

Estava aéreo quando o guarda ao volante fizera uma requisição, apenas para que dissesse a rua ou casa assim que o visse. Ah, céus, ele era realmente insistente. Nicholas divagava sobre como proceder naquela situação: queria se ver livre dos homens fardados para prosseguir com sua busca. Todavia, arrumar mais uma confusão, agora com pessoas protegidas sob a custódia da lei — como não apenas isso, mas também os agentes da mesma? Não passava também pela sua cabeça ter de entregar todo o seu plano, já que a instituição iria tomar as rédeas da investigação com toda certeza.

Se fosse necessário agir, fá-lo-ia, com toda certeza. Sua obstinação era capaz de enfrentar até mesmo a polícia que não lhe faria mal algum — ao menos, por enquanto.

— Sem problemas — dissera, com um leve sorriso distraído.

Deu de ombros para as palavras do passageiro. Nico focava-se apenas no policial ao volante, que se mostrara astuto, ao contrário do outro. Pareciam uma dupla de filmes de ação, caso alguém reparasse bem. Mas, detalhes tão ínfimos não era sequer processados pela mente avoada do loiro; o que era para ser um resgate direto, gradualmente tornava-se uma digressão, e eventualmente, poderia até mesmo fugir do controle daquele que o próprio criara.

Se alguém se mantém em pé sobre a chuva, vai se molhar. Ao menos, naquele momento, era melhor se manter cauteloso, apenas agindo assim que necessário. Abraçou um pouco mais forte Jigglypuff e olhou de relance para Mightyena em seus olhos, apenas sinalizando não verbalmente que ficassem alertas se comandasse algo. Precaução era necessário, afinal, não se sabia o que poderia acontecer posteriormente.

Se as coisas já não andavam bem para Nicholas no interior daquela viatura, piorou. Uma voz do outro lado do rádio informava que, na delegacia, uma garota estava relatando uma tentativa de estupro. Só podia ser aquela menina, que açodou após uma breve troca de olhares com Nicholas. Torcia para que a mesma não dissesse nada que o incriminasse — por mais estranhamente que agira naquele encontro.

Manteve-se taciturno, com seus ouvidos alertas. Suas criaturas, após o sinal, não podiam não estar atentas caso algum comando repentino de Nicholas viesse. Hora ou outra, o improviso era essencial; e era isso que o treinador estava buscando fazer.

Nicholas já contava que teria de descascar algum pepino hora ou outra, todavia, caso ela fosse depor, que ao menos favorecesse o treinador.

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Quarta, 02h00min - Rutsboro City
"Lua crescente, poucas nuvens no céu. 19ºC"  


O menino se sentia cercado. Naquele banco de trás, o rapaz assistia o policial receber informações da central de polícia de Rutsboro. Ele sabia do que se tratara. Fora ele que salvara a menina... No entanto, ser reconhecido como um “herói” ou vigilante traria mais problemas do que elogios. Primeiro um interrogatório, uma falação de que ele não poderia ser a lei e pipipi, popopo... Ajudar e fazer o trabalho deles, isso eles não faziam, embora não poderiam estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Fora isso, poderiam questionar sobre o homem, como era, tentaria levar ao serviço da lei... Seria burocracia para um dia inteiro... Um dia inteiro que seria para encontra Emma!

Enquanto Jigglypuff era apertada levemente, o menino ouvia aquelas informações com a central. “... ela relatou que um homem a ajudou no beco, mas não tem muita informação de ninguém... A coitadinha está muito nervosa!”. Santa Adrenalina e Nervosismo que ocultaram a visão da menina! Aquilo, ao menos por enquanto, daria tempo de Nico ficar no anonimato! Mesmo assim, era arriscado demais.

“Há necessidade de patrulha no centro da cidade...”, finalizava a voz do rádio, era feminina, aparentemente, mas que determinava o fim do passeio de carro.

- Garoto, temos que fazer nosso trabalho e teremos que voltar ao Centro... Acho que como você não é daqui, procurar a rua da sua amiga de noite vai ser difícil... Podemos te deixar no Centro Pokémon... Ele é para treinadores, só mostre a pokedex e tem cama e comida à custas do governo!- afirmava o homem, solicitando uma confirmação do rapaz do banco de trás...



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Golpe de sorte, destino, cagada. Bem, chame como quiser; o fato era de que o treinador estava livre de uma futura confusão que envolveria seu nome. O nervosismo era notório no momento em que a garota apenas açodara para fora daquele beco após a intervenção do loiro sem ao menos pestanejar. Considerando o cenário, nada mais justo.

A fala do policial transmitia apenas calma. Com o incidente de instantes atrás, fora requisitada que a patrulha seguisse para o centro da cidade — próximo de onde ocorreu a tentativa de estupro daquele Rocket cuzão. Ao mesmo tempo que a tentativa de fuga para o sul fora frustrada pelo chamado, era boa também para Nico: ora, durante aqueles minutos inesgotáveis no interior do veículo, diante da insistência do motorista, não havia uma outra saída a não ser utilizar as habilidades de Jigglypuff para escapar, e se o fizesse, deixaria dois policiais dormindo em uma viatura na zona periférica.

Chances de um provável assassinato recairia sobre seus ombros. E mais sangue teria de ser derramado por puro desespero e egoísmo? Sim, Nicholas estava ávido para chegar até aqueles três naquela imensa metrópole, contudo, ainda tinha algum senso de justiça e bom senso. Ao menos, era o que pensara.

— Ah, sim, sem problemas. Amanhã eu dou um pulinho aqui — afrouxou um pouco a fada em seu colo, afagando-a, buscando passar serenidade para a mesma. — De qualquer modo, fico muitíssimo agradecido pelo que fizeram por mim, mesmo não sendo a obrigação de vocês. Tenham um bom trabalho e cuidem-se bem.

Até agora, aquela imagem inócua não levantava suspeita alguma para a dupla de agentes. Se em time que estava ganhando não se mexe, Nico mantê-la-ia o máximo possível para toda e qualquer pessoa. Era essencial manter toda a sua personalidade e intenções trancafiadas ao máximo em suas ações, dando algumas brechas hora ou outra — afinal, estava lidando com criminosos, e os informantes do mesmo pertenciam ao mundo do crime.

Quanto a Joy? Nicholas não achava que teria tantos problemas assim se aquela aparência ilusória fosse mantida com tanta proficiência tal como fizera até então. Dado o que foi lhe dito, a viatura apenas o deixaria na porta, e ele estaria livre para inventar qualquer desculpa para a enfermeira de plantão por mais bem intencionada que fosse.

Não obstante, era necessário que os agentes não tornassem ao centro pokémon em caso de a menina confessar, para não estragar seus planos. O resgate relâmpago havia falhado, e era a hora de recolher, reunir todas as informações que tinha e se replanejar para, sem falha, resgatar a treinadora no outro dia.

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Quarta, 02h25min - Rutsboro City
"Lua crescente, poucas nuvens no céu. 19ºC"  


Sem escolhas, o treinador se via no carro dos policiais, dando uma volta na cidade, mas dessa vez retornando ao Centro Pokémon. Foram minutos de tensão enquanto o menino pensou em usar o seu Jigglypuff (que não era seu, mas, poderia ser utilizado) para poder retomar o controle da situação. Causar um dano desses, atacando policias em serviços, causaria tanto problema ao menino, com consequências que ele teria que lidar no futuro, que nem se sabe se um dia poderia ter outra oportunidade de resgatar Emma...

Agora, todas as ruas que ele havia passado apareciam mais uma vez na visão do rapaz. Ele seguia olhando firmemente para cada local, esquina e território. Seu olhar atento logo avistou o Centro Pokémon, aquele prédio bem equipado para várias necessidades de diversos treinadores. O menino só tinha que agradecer. O policial loio aproveitou o momento para dar mais um aviso ao rapaz, para mostrar serviço, antes dele passar por aquelas portas automáticas.

Assim, ele conseguia ver aquele mesmo espaço outrora descrito. Joy, detrás do balcão, com sua Chansey (sim, Chansey!) sorria para Nico quando ele chegou com Mightyena e Jigglypuff. A rosada era um amor, com todos, e apenas perguntou como poderia ajuda-lo, como se nunca tivesse visto o loiro... Bem, era óbvio que não era a mesma Joy de mais cedo, mas era tão prestativa quanto. Um Centro Pokémon daquele tamanho precisaria de mais funcionários, não é mesmo?



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Sem delongar muito, chegaram ao centro pokémon, o mesmo que o treinador ficou após uma carona do ônibus que já estava recolhendo. Dera de ombros internamente às instruções do policial, todavia, por fora, tinha de parecer prestativo. Coçava sua nuca com sua mão direita, fingindo-se distraído. Ao terminar de ouvir, passou pelas portas automáticas, adentrando o hospital central.

Joy estava detrás do balcão e algumas poucas pessoas espalhadas pelo recinto; nada que realmente importasse. Chansey acompanhava a enfermeira responsável pela recepção, abordando o trio afavelmente. Seu sorriso e semblante eram convidativos, como se esperava de um centro pokémon — ainda mais em Rustboro. As anfitriãs agiam como se não conhecessem Nicholas, e, quiçá, não conheciam mesmo, pois antes de sair às ruas, o próprio treinador via uma outra enfermeira igual chamando sua amiga para auxiliá-la em um tratamento.

Não fraquejaria àquela hora com sua feição simpática e convidativa, como o fez habilmente até então. Com um sucinto riso e um rápido cerrar de olhos, fitou Chansey, agachando-se para nivelar a altura dos olhos. Afável — por mais que falsamente —, cumprimentava-a. Ergueu seu corpo, arqueando a esfera bicolor de Nincada; o mesmo estava em condições melindrosas devido ao envenenamento. Sem delongas, estendeu-a ao pokémon auxiliar de Joy.

— Poderia cuidar de meu Nincada, por gentileza? Ele está precisando se recuperar — pediu, com um sorriso convidativo. — Se tiver um quarto e alguma coisa para comer, ficaria muito agradecido também. Tem lavanderia por aqui? Minhas roupas estão um pouco sujas e estou precisando de um bom banho.

Seu cenho ilusório não recuava um único instante após lançar tantas perguntas ao pokémon, que, possivelmente, seria respondida pela própria enfermeira Joy. A julgar pelo tamanho do centro pokémon, poderia ter tudo aquilo de uma única vez no interior daquele prédio amplo.

Já que a missão não dera certo, nada melhor que uma refeição, um banho, lavar suas vestes já maltrapilhas desde a rota 101. Descansar a mente para se replanejar para as buscas no outro dia era fundamental era necessário, principalmente se explicar para toda a turma de criaturinhas que o acompanhava.

off. :

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Off escreveu:
Continuo achando o post muito bom. A qualidade não tá no tamanho Wink




Quarta, 02h30min - Rutsboro City
"Lua crescente, poucas nuvens no céu. 19ºC"  


O retorno forçado ao Centro Pokémon parecia desacelerar o loiro que estava frenético desde que pisara na cidade. Na verdade, desde que saiu da rota 101! O menino estava sem comer nada por horas, além de que estava caminhando por ali sem saber o que poderia fazer para encontrar Emma. Até agora, ele tinha que se apegar a uma única coisa: o faro de Mightyena e meninos de rua que passeavam na área sul. Mas agora, ele estava diante da Joy, que estava ali sorrindo para ele.

- Temos sim! Embora nem todos os Centro Pokémons sejam assim, o Centro Pokémon de Rutsboro possui lavanderia, as refeições são servidas às 6h, às 11h e às 19h, mas posso providenciar algo para você. Temos um campo de treino aqui atrás e no terraço uma área de voo para Pokémons. Mas você precisa de um quarto! - dizia a mulher, entregando uma chave-cartão e recebendo a esfera do Nincada. - Amanhã de manhã você pode pegar o seu Pokémon... Em breve eu levo algo para você!

Assim, a esfera era levada por Chansey para a ala de avaliação, enquanto Nico seguia para o seu primeiro andar através das escadas. A porta do quarto se abria mostrando um cômodo médio, com duas camas solteiro, uma do lado da outra, com um banheiro ali dentro, pequeno, mas simples. Havia duas toalhas e sabonete, como de hotel. Bem, o governo de Hoenn estava investido pesado. Entre as duas camas, uma cortina tampando a janela e embaixo um criado mudo. A lavanderia ficava no térreo, ao lado do refeitório.



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Subiu para o quarto. Era um cômodo relativamente simples, contudo, já era excêntrico por portar hospedagens justamente em um centro pokémon, diferente dos demais. Seus olhos ziguezaguearam pelo recinto, já tentando organizar, ainda que mentalmente, onde ficaria ali por aquela noite todas as suas bagagens. Inerte e taciturno na porta, via sua mente pregando-lhe a peça, fazendo uma jovial e loira garota correndo pelo e pulando por cima de uma das camas, com Jigglypuff no seu colo.

Ah, se ela soubesse ao menos o quanto o seu sumiço torturava as lembranças do treinador, jamais teria cedido a si própria em sacrifício. Fato de que ambos haviam criado um laço, contudo, a mente de Nicholas era esfaqueada a cada segunda pela mais ínfima lembrança da silhueta de Emma, agora na mão de Rockets. Cada palavra daquela derradeira carta entregue pela rechonchuda rósea marcavam seu pensamento como uma tatuagem, e latejava a cada segundo que se passava. O tic-tac de um pequeno relógio sob a cabeceira de uma estante no quarto mais parecia como uma bomba relógio, que explodiria Nico de dentro para fora em ainda mais agonia por pensar que fora fraco demais para enefrentar aquele trio de bandidos.

Em passos vagarosos, colocou a fada sobre a primeira cama, e deixou Mightyena mais à vontade. Sem muitas delongas, deixou a embalagem com o ovo em sua mochila na estante, aproveitando para liberar Charmeleon também. Mostrando um cenho decepcionado não com seus pokémons, mas consigo mesmo, Nico olhava de relance para cada um dos monstrinhos, fitando o chão após aqueles segundos infindáveis. Semicerrou seus orbes, pressionando seus punhos levemente. Possivelmente, diante daquela atitude loiro, seus pokémons quiçá entenderiam: ora, dizem as pessoas que o silêncio pode dizer muitas coisas as vezes.

— Descansem, partiremos amanhã pela manhã — exprimiu, sucintamente. Sua voz era baixa, em um claro tom sorumbático e desgostoso diante do fracasso da busca relâmpago.

Os três monstrinhos entreolhavam-se. Não sabiam exatamente o que sentir. Tristeza, decepção, culpa. Apenas aquele semblante de Nicholas traduzia toda uma aura melancólica que era passada automaticamente para os mesmos. Charmeleon e Mightyena sofriam não só pela falta de companhia de Emma que lhes fora tão terna, ademais, sentiam todo aquele âmago já quebrantado de Nico que se traduzia apenas quando estava a sós com suas criaturas, cujas confiava piamente. Quem dirá Jigglypuff: viu a outra face do loiro atônita, não sabendo o que fazer, a não ser chorar para impedir que extravasasse todo o seu furor ainda mais. Seus olhos vultosos, confusos, corriam por toda a expressão caída daquele que agora a guiava até a sua treinadora na esperança de que ele trouxesse a mesma o mais rápido possível com um quê de medo e desconfiança.

Nicholas deu alguns passos até perceber o olhar de Jigglypuff. Parou, abruptamente. Ainda com seu rosto sorumbático, fitou-a. Abriu a sua boca, ensaiando um pedido de desculpas para a fada; todavia, toda aquela melancolia travou as palavras que sairiam por suas cordas vocais. Emudeceu-se enfim, arqueando seu corpo para a direção do banheiro. Por mais que tentasse, nem mesmo o próprio loiro sabia o que dizer para quem alguém um dia confiara nele a ponto de ajudá-lo em uma crucial batalha contra Drilbur. Mas, e agora? Nico tentava afastar toda a sua emoção de sua consciência o máximo possível, em um infindável embate interior contra seus impulsos; em vão.

Vagarosamente, adentrou ao banheiro e fechou a porta logo seguida. Despia-se, deixando suas roupas em um canto remoto do cômodo. Abriu o box e abria o chuveiro.

Posicionou seu corpo logo em baixo da água morna que derramava e molhava seu pálido e atlético corpo. Seus olhos, vazios, fitavam o nada — apenas aquele piso esbranquiçado que cobria o chão do banheiro. Estático, ficou lá por alguns minutos divagando, e que péssimas lembranças corroíam a mente do treinador gradualmente.

Conforme a água caía sobre seu corpo, aquela sensação remetia-o à tempestade na rota 101, que marcava o seu auge e declínio dentro de tão pouco tempo. Suas mãos juntas a da treinadora, tal o sol beijando ao oceano no mais belo pôr do sol em harmonia inexplicável, sob o teto de um casebre abandonado na estrada próxima a Littleroot; acompanhando-os, seu outrora Charmander com a hiena que agora era um escudeiro fiel do rapaz. E sob aquela mesma torrente, todo o seu interior ruíra no instante em que a toupeira comandada pelo Rocket acertava o derradeiro ataque em suas costas, exaurindo toda e qualquer reserva energética que ainda o mantinha de pé após receber um golpe de raspão daquela mesma criatura. A silhueta de Emma partindo, misantropa, arrastada pelas mãos do bandido, tal como o mesmo ameaçara após Nicholas vencê-lo no embate inicial.

Respirava fundo conforme sentia o leve calor das gotículas chocando-se sobre sua cabeça e ombros. Segurava ao máximo suas emoções, abafando-as em um cerrar de punhos súbito. Não se permitia chorar até o momento em que recuperasse a garota dos bandidos; para ele, Nicholas era o culpado de tê-la deixado escapar por ser inábil — por mais que não era uma verdade. Movimentou sua mão fechada em um movimento horizontal em ímpeto, chocando a mesma contra a parede em força moderada. Suas criaturas não poderiam ouvir seus lamentos mais silenciosos; passar uma imagem de liderança era essencial, e, para Nico, tinha de mostrar força e determinação para encontrar com vida aquela garota que lhe era tão terna. Rangeu seus dentes, e naquele impulso, viu uma lágrima escapar de seu olho esquerdo.

Ainda divagando, era como se aquele pequeno corpo de água chocasse contra um oceano que afogava o treinador diante de sua própria lamúria. Nesse corpo aquático colossal, a mesma aura negra de outrora fazia-se presente, enegrecendo o líquido e buscando perpassar a cútis de Nicholas para envolvê-lo por completo. Um cabo de guerra metafórico se estabelecia naquele universo paralelo: de um lado, seu consciente, e de outro, o seu ódio. Como frear um sentimento apenas que emergia vigorosamente dos confins de seu intrínseco apenas usando a razão? Impossível responder.

Lavava seu corpo enfim, em um abrupto chacoalhar da cabeça para afastar seu maior inimigo até então: seu pensamento. Ao fim, secou-se, vestindo a outra muda de roupa em sua mochila: uma calça de sarja preta e uma camiseta branca. Estendeu sua toalha no banheiro, voltando para o quarto onde jaziam seus monstrinhos.

MIghtyena e Charmeleon estavam deitados sob a cama esperando o sono chegar, enquanto a fada fitava Nicholas sair do banheiro. Seus orbes cerúleos passavam a confusão que seu âmago sentia, tanto por ver Nico agir de modo anormal e pela falta de Emma. O loiro desviava o olhar — não sabia se explicar ou ao menos o que exprimir para a fada, de personalidade tão cândida tal àquela que a treinava, o porquê daquele turbilhão.

— Durma também, amanhã vai ser um longo dia — disse enquanto preparava a própria cama para dormir assim que comesse algo e levasse suas roupas para a lavanderia.

Ao fim, sentou sobre a cama. Permanecia taciturno com seu corpo arqueado para frente e com seus dedos entrelaçados apoiados em suas coxas, encarando o nada, ensaiando respirações mais profundas na tentativa de recuperar sua calma. Deu para si mesmo de amanhã ser o último prazo para livrar Emma dos Rockets.

Ah, Nicholas Halstenberg...

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Quarta, 08h30min - Rutsboro City
"Sol quente, poucas nuvens no céu. 24ºC"  


O retorno ao Centro Pokémon deu ao jovem loiro um tempo para relaxar. Nico não relaxaria até Emma retornasse, claro, mas ele estava ali em uma pausa para poder se restabelecer. O corpo fadigado de horas em viagem e vários momentos do seu dia sem comer parecia cobrar ao rapaz, já magro, por tanto esforço feito, sem uma recompensa fisiológica. A obsessão do rapaz o impedia de sentir as necessidades básicas, mas ao chegar naquele quarto, sentir a pressão da água e entender como tudo aquilo funcionava, o rapaz passou pela fome, dores musculares, sono... tudo de uma vez só em uma potência amplificada! O narrador poderia narrar aquilo? Bem, era uma resposta fisiológica do corpo humano...

Ao sair do chuveiro ele viu seus monstrinhos. Eles estavam em melhores estado do que o garoto. A porta batia, Joy deixava uma omelete bem recheado com um copo de suco de laranja. O rapaz comeu e deitou. Jigglypuff ainda com seus olhos marcados de choro e inchado pensava em ser forte como Nico, no entanto, menos psicopata! Ela logo veio a adormecer, enquanto Nico seguia depois... Como não colocou nenhum alarme, bem, o corpo acordaria quando se sentisse melhor...

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Rutsboro City, Terça-feira. 23 horas.
A escuridão do ambiente impedia Emma de seguir uma direção com precisão. Mantinha as duas mãos frente ao rosto com uma função dupla: impedir que qualquer objeto batesse na parte sensível de sua fronte e acariciar a sua bochecha avermelhada na tentativa de fazer a dor passar. As mãos estavam amarradas. Antes de chegar em Rutsboro, a menina tentou uma fuga, na tentativa de recuperar a bolsa com o Ralts dentro, mas recebeu um golpe que a tinha derrubado, fazendo-a acordar dentro do carro roubado, correndo para aquela área que ela não conhecia.

Ela fora empurrada para um quarto, enquanto tiravam o capuz que tampavam a visão dela. O coração acelerado e os olhos cheios de lágrimas forçavam a garota a ser valente, mas suas esperanças flutuavam, afinal, ela tinha escolhido aquele destino, diante das opções que a vida a dera... O que tinha para comer? Um pão e um corpo de leite. O cômodo era pequeno, com um colchão velho no chão, um banheiro sujo e pequeno do lado e a janela estava trancada com várias tábuas. Ela pensou ter visto alguém do lado de fora, entre as frestas. Gritou um pouco, até que veio um cara e a jogou no chão. As forças da menina tinham sido desgastadas e o chute que ele deu na barriga dela a fez contorcer todo os seus olhos, esticando a sua coluna enquanto se mantinha em posição fetal... Pensou em não gritar mais...

A porta era fechada, enquanto a menina permanecia no colchão cheio de ácaros. Os soluços e lágrimas corriam em seu rosto, enquanto tentava se colocar sentada mais uma vez. Surpresa foi a dela quando se deparou com Natu bicando o pão. O Pokémon apareceu ali por algum motivo e ela reconhecera o pássaro... Mas quando sentiu que tinha sido flagrado, o Pokémon sumiu do nada, levando de Emma sua última esperança...

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Quarta-feira, Rutsboro, 8h30
O sol entrava entre as frestas da cortina sobre a janela, fazendo uma linha contra a parede de frente dela. Os olhos de Nico se abriam, sentindo-se totalmente restaurado e sua vida parecia renovada depois do banho, comida e sono. Claro que ele comeria mais e o refeitório do Centro Pokémon daquela metrópole oferecia isso. Mas o foco do menino não era comer, embora fosse necessário.

Jigglypuff na sua cama parecia ter outra aura. Embora seus olhos ainda fossem inchados e marcados pelo choro, a Feérica Pokémon corria de um lado para o outro, inchando seu corpo e cobrando do menino uma posição. A Fairy se sentiu na obrigação e no direito disso quando teve que passar pelo o que passou na noite anterior...


Progresso da Rota - Nico :

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Seu fatigado corpo pedia algum descanso depois de um dia tão intenso. Por mais que a tensão e a adrenalina de não ter a treinadora por perto não o fizeram sentir, aquele descanso revigorara Nico. Lentamente, suas janelas abriam-se, deparando-se com a figura da fada ziguezagueando por sua cama. Os olhos ainda semicerrados fitavam Jigglypuff inchar-se e exprimindo coisas em seu idioma ininteligível, quiçá desesperada para que seguissem as buscas.

Projetava seu corpo para cima, sentando na cama lentamente. Esfregava a sua mão direita sobre seus orbes cerúleos, encarando os demais monstrinhos despertando pouco a pouco. Diante daquele cenário, na estante ao lado de sua cama, fora na direção do relógio digital que marcava por volta das oito e meia da manhã. Reparando no horário, Nicholas matutava de que estava atrasado, mesmo não tendo hora para acordar; a vida de alguém estava em jogo.

— Se preparem, vamos comer alguma coisa, fazer um último treinamento no campo de batalhas daqui e então partiremos — exprimiu, coçando seus olhos mais uma vez.

Levantara-se enfim. Nicholas calcorreou na direção de sua mochila, colocando um par de tênis pretos casuais, tal como os itens de higiene básica — escova de dente, creme dental, fio dental — antes de descer. Já no banheiro, defrontava sua imagem no espelho com a escova em punhos; molhava o creme dental e então iniciara a limpeza bucal matutina. Ao fim, secava suas mãos, levando seu membro esquerdo até suas madeixas, e em um rápido e desordenado movimento, desgrenhava seus cabelos louros lisos, pronto para descer.

Com todos já pronto, bastou um único sinal de cabeça para que sua equipe entendesse. Já com toda a sua mochila nas costas, Nicholas dirigia-se ao hall principal do centro pokémon para falar com Joy acerca de seu Nincada, afinal, o treinamento seria para testá-lo ainda mais em batalhas. Não obstante, suas roupas sujas que lavara no cômodo respectivo, agora já secas, para colocar onde guardava seus pertences e seguir então. Sem esquecer, claro, do café da manhã bem reforçado, afinal, planejava ficar o dia inteiro fora e só retornaria para aquele lugar com Emma — quiçá, estaria em um estado deplorável de saúde.

Em passos largos, calcorreou até o balcão onde encontrou as duas enfermeiras responsável por sua recepção. Acompanhado da fada em seu ombro e seus demais escudeiros cada um ao seu lado, fitou a agora Joy responsável por cuidar da entrada do estabelecimento. Outro sorriso ilusório tingiu seu semblante, afinal, manter aquela imagem era essencial — não se sabe se era alguma Joy que não o conhecesse, portanto, manter-se naquele modo era importante.

— Bom dia, enfermeira — o sorriso emergira ao fim de sua saudação. — Como está meu Nincada?

Ao indagar, aguardaria o que Joy responderia. Manteve-se estático na frente do balcão, afagando hora ou outra Jigglypuff, torcendo para que, mais uma vez, a fada entrasse em sua cena.

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